A atual corrente política mundial de extrema-direita é um “salto qualitativo” do nazifascismo do início do século XX. É o que diz João Cezar de Castro Rocha, intelectual e especialista no tema.
A atual onda da extrema-direita, que é transnacional, tem feito em relação ao nazifascimo um salto de qualidade que nós precisamos reconhecer, até mesmo para superar o fenômeno. O nazifascimo basicamente se impôs pela força, já a extrema-direita aprendeu a conquistar corações e mentes.
pontuou ele
Na análise, ele recorre à ascenção dos movimentos fascista e nazista, entre as décadas de 1920 e 1930. Os líderes autoritários desta corrente utilizaram os novos meios de comunicação da época para criarem a imagem dos políticos.
No caso, o rádio e a televisão, com imagens sem cores, eram as inovações tecnológicas daqueles tempos. Por exemplo, o documentário realizado pela equipe de Goebbles, chefe da propaganda nazista: Triunfo da Vontade, de 1935.
O ponto comum é que o nazifascismo teria sido impossível se eles não tivessem se apropriado com muita habilidade dos meios de comunicação à época mais modernos: o rádio, o cinema e algo que pouco valorizamos – o sistema de microfonia moderno. Sempre quando nós pensamos na imagem do Hitler ou do Mussolini… a estatura do Hitler, que era um homem pequeno, com uma voz um tanto estridente, desagradável. Mas, nós imaginamos um homem ilha cercado de microfone por todos os lados. Essa é a nossa imagem do inconsciente. Sem a microfonia moderna, não haveria a capacidade de ampliar a voz.
explicou
Castro Rocha argumentou que a esquerda progressista, à época, ficou para trás. O mesmo teria ocorrido nos tempos atuais, a partir dos anos 2000. Dessa vez, o fenômeno teria se dado através dos smartphones.
É como se as pessoas tivessem uma extensão grudada na mão, que é o telefone. E elas ficam o tempo todo conectadas. A extrema-direita cresceu porque se conectou, compreendeu a dinâmica do universo digital muito antes da esquerda.
Mudança recente
No entanto, o especialista reconheceu que o campo progressita aprendeu a utilizar os meios digitais nestas eleições brasileiras de 2022. Ele disse que isso o dá “esperança”.
Rocha acredita que a esquerda tradicionalmente se comunica através do texto, seja oral ou escrito. Já a direita autoritária discursa através de “memes, vídeos curtos”.
Nós já escrevemos, nós falamos, nós argumentamos. Já a extrema-direita é audiovisual. A militância são memes, vídeos curtos. O meme é a negação da linguagem enquanto prosa elaborada, articulada. O meme é o oposto a linguagem, fossiliza a linguagem.
Na visão do especialista, a esquerda precisa trazer sua “especialidade”: “pensar refletir, argumentar”.
Assista à entrevista de João Cezar de Castro Rocha à TV GGN, com Luis Nassif.
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“Ele disse que isso o dá ‘esperança'” ??! Que português, hem! Escreva direitinho, filho, assim: “Ele disse que isso lhe dá ‘esperança'”. Não ficou mais bonitinho?