Elon Musk passando para lembrar que no próximo golpe haverá apoio externo
por Hugo Souza
No fim de maio de 2022, enquanto Jair Bolsonaro, Dias Toffoli e militares comiam filé com risoto de parmesão no hotel Fasano Boa Vista com Elon Musk, Janio de Freitas, ainda na Folha, chamava as coisas pelos nomes que elas têm, só pra variar um pouco.
No caso, o ato de lesa-pátria, com participação das Forças Armadas e de Toffoli, que era a entrega da Amazônia, ao arrepio de trâmites, instâncias e da lei – e em contradição com a ideologia militar brasileira -, à tutela de um homem que tem a força de países e que poderia, caso prosperasse a ignomínia, devassar e minerar dados sobre o Brasil e os brasileiros, usando, nas palavras de Janio, seus “meios conhecidos e desconhecidos”:
“O que emergirá da contradição não se prevê, e não cabem otimismos. Nem se sabe o que esperar dos poderes do Congresso desconsiderado e do Judiciário na guarda da Constituição. Sabe-se, isso sim, que a fortuna excessiva e os meios conhecidos e desconhecidos de Musk estarão muito interessados em vitória de Bolsonaro sobre Lula. Aos golpes militares sobreveio o golpe parlamentar contra Dilma; Moro e Dallagnol deram o golpe eleitoral com incentivos externos, e agora prenuncia-se o golpe financeiro-eleitoral. Sempre disseram que o brasileiro é muito criativo”.
Naquela altura, o brigadeiro Baptista Junior, hoje tido como herói da pátria por supostamente não embarcar no golpe do bolsonarismo militar, o brigadeiro Baptista Junior, dizíamos, circulava sorridente com Musk na base de Alcântara, para arregaçar Alcântara para a SpaceX. Fotos da época mostram Musk exibindo pendurada no pescoço alguma comenda militar do Brasil. Naquela altura, Bolsonaro dizia: “a base de lançamento de Alcântara está disponível, como conversado entre ele [Musk] e o comandante da Força Aérea”.
Naquela altura, Bolsonaro classificava Elon Musk de “mito da liberdade” e dizia que “a compra do Twitter para nós aqui foi como um sopro de esperança”. Naquela altura, os que minimizavam o risco de golpe de Estado no Brasil davam de ombros dizendo que não havia apoio externo, por mais que o próprio Musk fosse um senhor apoio externo em potencial.
Nesta altura, a de agora, Donald Trump parece imbatível em seus esforços para retornar à Casa Branca. Esqueça o “em potencial”: o “bilete” de Elon Musk para Alexandre de Moraes é o homem que tem a força de países passando para lembrar que no próximo golpe haverá apoio externo, em nome da Primeira Emenda da Constituição dos… EUA, porque não é só o brasileiro que é muito criativo.
Hugo Souza é jornalista.
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