Muro na Cracolândia: Há meses, gestão Ricardo Nunes tenta confinar dependentes químicos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Muro de 40 metros de extensão erguido pela prefeitura pra isolar a Crocolândia não é novidade. Para ativistas, a medida “encarcera” os dependentes

Foto: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Como alternativa para supostamente “delimitar” o fluxo de usuários de drogas na região da chamada “Cracolândia”, a Prefeitura de São Paulo, encabeçada Ricardo Nunes (MDB), construiu um muro de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura na Rua General Couto Magalhães, no centro da cidade, a fim de isolar a área.

O muro não é uma novidade, afinal foi erguido há cerca de oito meses. Documentos da Subprefeitura da Sé apontam que a estrutura começou a ser construída no final de maio e foi concluída no final de junho. Do outro lado do paredão, gradis cercam a área pela Rua dos Protestantes, formando um triângulo que direciona os usuários de drogas ao local isolado.

Ativistas que costumam prestar assistência aos dependentes químicos na região denunciam a medida. Ao g1, representantes do coletivo Craco Resiste afirmaram que o muro cria um “campo de concentração de usuários“, dificulta o trabalho de cuidado feito por voluntários e “esconde” a visão da população sobre a realidade da Cracolândia. 

Esses representantes sociais relatam ainda que os usuários que saem das grades, mas ficam próximos ao local, “é comum receber spray de pimenta na cara para voltar para a grade”. Além disso, para entrar no cerco, os dependentes passam por revistas, que seriam para “retirar coisas ilícitas”.

A prefeitura, por sua vez, alega que a construção ocorreu para “melhorar o atendimento dos usuários, garantir mais segurança para as equipes de saúde e assistência social e facilitar o trânsito de veículos na região”, informou o g1. 

A administração municipal argumenta também que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve redução de cerca de 73% de pessoas no local. Mas, como já noticiado pelo GGN, a própria prefeitura reconhece que houve um crescimento de aglomerações em outras regiões da capital paulista.

Em 2023, o GGN produziu uma reportagem especial sobre a situação da Cracolândia. À época, o psiquiatra e pesquisador em redução de danos, Marcelo Niel, foi enfático ao explicar que as “atitudes higienista” da prefeitura em relação este problema só aprofundam o caos.

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2 Comentários

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  1. Existem trabalhos de assistência nas áreas médica, psicológica, de qualificação profissional, de ajuda para se reinserir no mercado de trabalho ou para retornar a seu lugar de origem?
    Refiro-me à equipe na Prefeitura e no Estado atualmente.

  2. uma maluquice deixar guarda municipal agim como outra polícia, é essa instituição que está dentro da cracolandia,, isso vai trazer um Baita problema num futuro próximo, é impossível num país como o nosso mais uma polícia.

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