A relação entre a CIA e a intervenção militar, por jns

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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DERRUBANDO GOVERNOS
 

A TFP taí ….

 

OPERAÇÕES DE DESESTABILIZAÇÃO INTERNA

A relação de governos que foram derrubados pela CIA: Irã (1953), Tibet (1950), Guatemala (1954), Cuba (1959), Congo (1960), Iraque (1963), Brasil (1964), Gana (1966), Iraque (1968), Chile (1973), Afeganistão (1973-1974), Iraque (1973-1975), Argentina (1976), Irã (1980), Nicarágua (1981-1990), El Salvador (1980-1992), Camboja (1980-1995), Angola (1980), Filipinas (1986), Irã (2001- até o presente), Iraque (1992-1995), Guatemala (1993), Sérvia (2000), Venezuela (2002), Haiti (2004), Ucrânia (2014).

Observando os acontecimentos envolvendo o Irã e a Líbia, nota-se uma repetição de um “modus operandi” de comprovado sucesso , quando se deseja justificar uma intervenção militar ou a imposição de bloqueio econômico em um determinado país, visando enfraquecê-lo e assim tornar possível a queda do regime vigente, para ser, posteriormente, substituído por uma equipe de governo aliado aos da nação (ou grupo) que mantém interesses no chamado ‘país-alvo’.

As motivações para tais operações são:

Interesses de ordem econômica;

Interesses de ordem política;

Manutenção ou obtenção de áreas de influência, entre outras.

O ex-agente da CIA, Philip Agee reconheceu, em seu livro Inside the Company: Cia Diary, que essas operações são arriscadas porque quase sempre significam intervenção, pois visam a influenciar, por meios encobertos, os assuntos internos de outro país, com o qual os Estados Unidos mantêm relações diplomáticas. A técnica consiste essencialmente na “penetration” (inserção de agentes no país), buscando aliados desejosos de colaborar com a CIA e dissidentes do governo estabelecido. Daí que a regra mais importante na sua execução é a possibilidade de “plausible denial” (capacidade de negar um fato ou alegação), ou seja, negar convincentemente a responsabilidade e a cumplicidade dos Estados Unidos com o golpe de Estado ou outra operação, uma vez que se fosse descoberto seu patrocínio, as consequências no campo diplomático seriam graves.

Embora as principais potências mundiais (Rússia, China, Inglaterra, França, Espanha e várias outras) utilizem á séculos tal expediente em vários momentos de sua história, analisaremos somente algumas ações atribuídas aos Estados Unidos devido a sua relevância no contexto das Américas Central e Sul, as quais são sua esfera de influência e onde se localiza o nosso país.

 

1.  GOLPES DE ESTADO

Tal medida existe desde os primórdios da civilização humana. A técnica do “golpe de estado”, principalmente quando provocada por um governo externo, sempre foi utilizada quando pretende-se evitar o confronto direto, poupando assim recursos materiais e vidas humanas, além de manter ilibada a reputação da nação estrangeira que provocou (ou somente apoiou) o referido golpe, pois assim torna-se difícil, mas não impossível, a comprovação nos períodos iniciais do golpe, da efetiva participação desta nação estrangeira.

Para tanto, certos elementos são necessários para a eficácia do golpe de estado (não necessariamente obrigatórios, pois cada caso é um caso):

A existência dissidências internas no governo do país-alvo, o que faz com que o referido governo não tenha a coesão necessária para resistir ao golpe;

A centralização do poder decisório do país em um único local;

A realização de políticas pelo país-alvo que desagradem certas parcelas da população em detrimento á outras;

A existência de um clima de deterioração e caos político reinante no país, antecedendo ao golpe;

Hostilidade da população contra o governo, o qual se manifestará a favor da queda do regime;

A perda do crédito nas instituições-chave do país pela população;

Movimentação popular contra o regime a ser deposto.

A reunião de uma ou mais condicionantes fazem com que o país-alvo esteja vulnerável. Estas mesmas condicionantes servem de material a ser manipulado pelo país interessado na queda de regime, o qual se utilizará de técnicas especializadas que visam a produção de um ambiente que favoreça tal operação.

“Ora, um dos remédios mais eficazes que um príncipe possui contra as conspirações é não se tornar odiado pela população, pois quem conspira julga sempre que vai satisfazer os desejos do povo com a morte do príncipe; se julgar, porém, que com isso ofenderá o povo, não terá coragem de tomar tal partido, porque as dificuldades com que os conspiradores teriam que lutar seriam infinitas. A um príncipe pouco devem importar as conspirações se ele é querido do povo, porém se este é seu inimigo e o odeia, deve temer tudo e todos” – Nicolau Maquiavel

Devido a isto, certos governos ditatoriais tiveram seu fim antecipado assim que a população teve acesso a liberdade de expressão e a um estado de direito, os quais são utilizados como pretexto para a consecução de manobras de desestabilização interna do país-alvo (veja doutrina de intervenção humanitária), as quais são movidas quando nações estrangeiras tem interesses econômicos e políticos neste país.

 

2. DESESTABILIZAÇÃO INTERNA

Operações de desestabilização interna são ações que antecipam e fornecem condições para que um golpe de estado ocorra, propiciando o caos político, a agitação social, e a descrença nas instituições nacionais do país-alvo. São por vezes utilizados o terrorismo, operações psicológicas e os chamados “ataques de falsa bandeira’, para confundir e amedrontar a opinião pública (nacional e internacional), criando um clima de guerra civil e justificando assim uma intervenção no referido país.

Um exemplo atual de ataque de falsa bandeira seria a suposta tentativa de assassinato do embaixador saudita por agentes iranianos em território americano, sendo utilizado para isto um traficante mexicano (tentar matar dois pássaros com uma só pedra?), mesmo o Irã tendo assassinos treinados na chamada ‘Força Quds’ que poderiam facilmente levar a cabo a tal missão em qualquer país do oriente médio.  Esta foi uma trama comparada pelo próprio diretor do FBI, Robert Mueller, a “um roteiro de Hollywood”.

E o que dizer sobre as armas nucleares de destruição em massa iraquianas (2003) tão propagadas e que nunca foram de fato encontradas?

E o incidente do Golfo de Tonquim (1965), que iniciou a escalada da guerra do Vietnam?

O afundamento do USS Maine, ancorado em Cuba (1898) resultando na guerra Americano-Espanhola.

As operações Nortwood e Mongoose (1962), as quais não chegaram a ser executadas, quando a invasão da Baía dos Porcos (Girón) orquestrada pela CIA falhou?

Existem até os dias de hoje tentativas de organizações norte-americanas a favor de uma melhor explicação do que aconteceu no 11/09, algo que provavelmente nunca saberemos ao certo o que ocorreu. Existem outras operações do tipo, as quais devido a quantidade não poderiam ser abordadas de forma resumida.

Uma operação de desestabilização interna em um país inicia-se através de várias ações, como por exemplo:

Infiltração de indivíduos especializados na montagem de uma rede subversiva, os quais irão orientar, treinar e equipar a força dissidente do governo, visando a queda do mesmo (operadores do SAS capturados na Líbia);

Montagem de grandes manifestações populares contra o governo (Marcha da Família com Deus pela Liberdade no Brasil);

Estabelecimento de centros de pesquisa de opinião pública, visando analisar as características do público-alvo e definir quais os melhores procedimentos para manipular a formação da opinião pública e a mídia, voltando-as para a finalidade do país interessado (IPES);

Desmoralização nacional e internacional de figuras importantes do governo-alvo (classificação como comunista no passado, nos dias atuais, como terrorista).

São vários exemplos de operações de desestabilização interna na América Latina no passado, como por exemplo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, ocorrida no Brasil no ano de 1964, a qual foi organizada por elementos conservadores e dissidentes do governo João Goulart e o padre católico conhecido como Patrick Peyton chamado de “padre Hollywood”, fundador do Movimento da Cruzada do Rosário pela Família, o qual era ligado a CIA (Central de Inteligência Americana).

Tais manifestações tinham como objetivo desestabilizar o governo de João Goulart, através de características inerentes do brasileiro (religião), propiciando assim um clima favorável a sua derrubada do poder, principalmente depois que o mesmo apresentou seu programa de ‘reformas de base’, os quais eram tidos como revolucionários pelo setor conservador da sociedade brasileira, além dos EUA que consideravam Goulart com tendências de esquerda.

Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – IPES tinha como principal tarefa a organização de estudos e movimentos contra o presidente João Goulart. Era patrocinado por grandes conglomerados empresariais nacionais e multinacionais, e entidades de classe. Realizava levantamento da maneira de expressão do brasileiro de forma a mapear o comportamento social do público alvo, que era a classe média baixa da população, além dos formadores de opinião, como entidades religiosas diversas, para elaborar filmes publicitários, documentários, confecção de panfletos e propagandas.

E o que dizer então das operações Brother Sam e Popeye, as quais praticamente selaram o destino de João Goulart e mergulharam o país em 21 anos de regime militar?

 

3. OPERAÇÕES BEM SUCEDIDAS

Guatemala 1954 – Operação PBSUCESS

Jacobo Arbenz Guzman, presidente da Guatemala  eleito democraticamente, foi deposto num golpe orquestrado e financiado pela CIA, que o substituiu por uma brutal ditadura militar. O seu programa de reforma agrária ameaçou os interesses comerciais dos EUA, em particular os da United Fruit Company. As preocupações dos EUA se uniram em planos secretos para destruir o governo de Arbenz.

Jacobo Arbenz Guzman foi eleito democraticamente presidente da Guatemala e governou o país entre 1951 e 1954, quando foi deposto pela junta militar patrocinada pelos EUA.

A United Fruit Company, uma empresa em que tinham interesses pessoais o secretário de estado do governo dos EUA, John Foster Dulles e seu irmão Allen Dulles, então diretor da CIA, além de várias instituições bancárias, trabalharam com a CIA para proteger seus interesses no país, instigando que Arbenz era uma ameaça comunista e criando um clima desestabilizador no país.

A operação PBSUCCESS foi autorizada pelo presidente Eisenhower em agosto de 1953, com um orçamento de US $ 2,7 milhões para “guerra psicológica, ação política e subversão” para poder viabilizar a tomada do poder pelos militares, além de um pequeno exército paramilitar, comandado pelo general Carlos Castillo Armas.

Carlos Castillo Armas (4 de Novembro de 1914 – 26 de Julho de 1957) foi presidente da Guatemala de 8 de Julho de 1954 a 26 de Julho de 1957, data em que foi assassinado.

Depois de uma pequena insurgência desenvolvida na sequência do golpe, os líderes militares da Guatemala, desenvolvidos e aperfeiçoados na “Escola das Américas” com a assistência dos EUA, realizaram uma campanha maciça de contra-insurgência que deixou dezenas de milhares de guatemaltecos mortos, mutilados e desaparecidos. A violência subsequente causou a morte e desaparecimento de mais de 140 mil guatemaltecos. Alguns ativistas de direitos humanos colocam o número de mortos em cerca de 250.000.

United Fruit Company

A United Fruit Company (1889-1970) era uma empresa multinacional americana que enriqueceu explorando o comércio de frutas tropicais (principalmente bananas) em regiões do terceiro mundo. Com a ajuda do governo dos EUA, derrubou vários governos de países do terceiro mundo que iam contra seus interesses, e impondo líderes locais alinhados com sua política empresarial. Daí surgiu o termo ‘República das Bananas’.

Em Cuba, era uma das empresas que controlavam a produção de açúcar e que foram expulsas em 1959, devido á revolução cubana que um ano mais tarde, em 01 de janeiro de 1960, nacionalizaria todas as suas possessões.

Em 1969 foi comprada por Zapata Corporation, empresa relacionada com o ex-presidente americano George H. W. Bush. A empresa modificou sua razão social para Chiquita Brands e até hoje opera com esse nome.

Em 2007, a Chiquita Brands enfrentou um julgamento nos EUA por haver financiado grupos paramilitares na Colômbia que foram responsáveis pelo massacre de sindicalistas e camponeses. A companhia teve que pagar multa às autoridades de seu país. As autoridades colombianas buscam cooperação dos EUA para que extraditem os funcionários responsáveis por esses delitos para que sejam julgados em território colombiano.

Operação Fulbelt

O golpe de estado de 11 de Setembro, ocorrido no Chile em 1973, consistiu na derrubada do governo eleito democraticamente do Chile e de seu presidente, Salvador Allende, tendo sido articulado por oficiais da marinha e do exército chileno, com apoio militar e financeiro do governo dos Estados Unidos através da CIA, bem como de organizações extremistas chilenas, como a Patria y Libertad, de tendências nacionalistas e neofacistas, tendo sido encabeçado pelo general Augusto Pinochet, que se proclamou presidente.

Allende foi o primeiro presidente marxista a ser eleito democraticamente e decidiu tomar medidas para redistribuir riqueza e terras em Chile. Aumento de salários de cerca de 40 por cento foram introduzidas. Ao mesmo tempo, as empresas não foram autorizadas a aumentar os preços. A indústria do cobre foi nacionalizada, assim como os bancos.

Para impedir Allende de chegar ao poder ou para derrubá-lo, o presidente Richard Nixon tinha ordenado a CIA para “fazer gritar de dor” a economia chilena, através de sanções econômicas visando desestabilizar a economia do país.

Com a queda do presidente Salvador Allende, subiu ao poder o general Augusto Pinochet, o qual levou a nação chilena a dezessete anos de regime militar, onde foram mortas cerca de 40 mil pessoas mortas, presas ou torturadas.

Quatro meses depois do golpe, seu balanço já era atroz: quase 20 000 pessoas assassinadas, 30 000 prisioneiros políticos submetidos a torturas selvagens, 25 000 estudantes expulsos de escolas e 200 000 operários demitidos. A etapa mais dura, sem dúvida; ainda não havia terminado.

Operação Ajax

Foi assim chamada a operação de desestabilização que levou á queda do presidente iraniano democraticamente eleito, Mohammed Mosaddeq. Foi realizada uma operação conjunta entre a CIA (EUA) e o MI6 (Inglaterra), apoiados por iranianos pró-ocidentais e militares dissidentes.

Mossadeq nacionalizou a extração de petróleo visando condições mais justas, pois as anteriores favoreciam enormemente a Anglo-Iranian Oil Company (AIOC).  Em 1947, por exemplo, AIOC relatou lucros após impostos de £ 40 milhões (US $ 112 milhões), e foram repassados ao Irã apenas £ 7.000.000. Foram realizadas operações de desestabilização e terrorismo na capital Teerã por operativos da CIA através de movimentação de massas, culminando na derrubada do poder do democraticamente eleito Mossaddeq.

Em seu lugar assumiu o Shah Reza Pahlavi, escolhido pela CIA e pelo MI6 para governar o país com mão de ferro, garantindo os interesses dos EUA e da Inglaterra. Após o golpe de 1953, o governo do Xá formou a Savak (polícia secreta iraniana), cujos agentes foram treinados nos Estados Unidos. A Savak foi dado “carta branca” para torturar dissidentes suspeitos.

Revolução Islâmica

A impopularidade do regime tirânico de Reza Pahlavi e de sua Savak, além de políticas fracassadas voltadas para o povo, foram exploradas pelos clérigos islâmicos, os quais eram a única frente organizada contra o Shah. Através de manifestações contra o ocidente e o governo, Reza Pahlavi fugiu de Teerã e buscou refúgio nos EUA, abrindo caminho assim para o Aiatolá Ruhollah Khomeini, o qual instaurou a República Islâmica do Irã, com forte tendências antiocidentais.

Muitos historiadores entendem que o atual extremismo religioso antiocidental iraniano, é resultado das ações dos EUA/GB no país na década de 50. E o caso de se pensar se o termo “grande satã” cunhado por Khomeini em relação aos EUA seria realmente tão injusto…

Anglo Persian Oil Company

Fundada em 1908, foi rebatizada Anglo-Iranian Oil Company – AIOC, em 1935, e atualmente é conhecida como British Petroleum – BP. Durante a operação Ajax, foi a responsável direta pelo envolvimento da CIA e do MI6 que depuseram o presidente democraticamente eleito Mohammed Mossadeq. Em 2010, foi considerada a terceira maior empresa de energia do mundo e a quarta maior empresa do mundo, com valores agregados de cerca de 308 bilhões de dólares.

Governos Derrubados pela CIA

Irã (1953), Tibet (1950), Guatemala (1954), Cuba (1959), Congo (1960), Iraque (1963), Brasil (1964), Gana (1966), Iraque (1968), Chile (1973), Afeganistão (1973-1974), Iraque (1973-1975), Argentina (1976), Irã (1980), Nicarágua (1981-1990), El Salvador (1980-1992), Camboja (1980-1995), Angola (1980), Filipinas (1986), Irã (2001- até o presente), Iraque (1992-1995), Guatemala (1993), Sérvia (2000), Venezuela (2002), Haiti (2004).

 

4. TRABALHO DE CONVENCIMENTO

Os chamados “trabalhos de convencimento” são operações que visam convencer a mídia nacional e internacional da legitimidade de uma operação militar ou de um bloqueio econômico contra determinado país, mesmo que suas razões não sejam provadas explicitamente. Visam desqualificar o país-alvo e seus governantes em relação as suas políticas de gerenciamento nacional ao mesmo tempo que convencem a mídia nacional e internacional de que “algo precisa ser feito”. A população é exposta diuturnamente á versão que interessa ao país interessado na queda do regime, formando assim opinião favorável á operação.

O Brasil sofreu este tipo de pressão nas décadas de 80 e 90, quando da tentativa de se justificar a internacionalização da Amazônia, chamada na época de ”pulmão do mundo”. Nesse período, a mídia televisiva exibia constantemente a derrubada de árvores e a queimada de partes da floresta, além da questão indígena. A repetição destas imagens na mídia causou uma comoção internacional, resultando em debates acalorados por vários setores da sociedade mundial, sendo que alguns desses setores defendiam uma imediata internacionalização da floresta tropical brasileira. A questão indígena também é explorada por estes países, mesmo que estes tenham exterminado todos os seus índios no passado.

A ameaça direta ao nosso amado Brasil:

“O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”. François Mitterrand, 1989, então presidente da França;

“As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecologistas internacionais que visam à limitação das soberanias nacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região”. John Major, 1992, então primeiro ministro da Inglaterra;

“Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. Al Gore, ex-Vice-Presidente norte-americano:

“A Amazônia é um patrimônio da humanidade. A posse dessa imensa > área pelos países mencionados (Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador) é meramente Circunstancial”. Conselho Mundial de Igrejas Cristãs reunidas em Genebra, 1992.

 

5. INTERESSES GLOBAIS

Os EUA é a nação que dominou o cenário no século XX, com interesses globais que respondem pelo seu modo de vida e sua compreensão com relação ao resto do mundo. Simplesmente nada de novo, pois os grandes impérios sempre fizeram o mesmo em seu auge. Para manter o que consideram a paz em seus termos (Pax Americana), promoveram intervenções em várias nações, muitas delas democráticas ou não, visando defender os seus interesses econômicos e estratégicos. Esse acúmulo de poder e interesses globais gerou uma nação que interfere em todas as grandes questões mundiais, para o bem ou para o mal.

Cabe a nós, brasileiros, entender o que se passa no mundo, pois a verdade está bem além do que se vê na mídia ou que é recebida dos órgãos federais. Devemos, como povo instruído, entender os mecanismos utilizados por aqueles que podem um dia tornar-se o nosso algoz, intervindo nos nossos assuntos internos, sobre os quais só cabem á nós mesmos decidir. Com o potencial energético, humano, industrial e econômico que o Brasil possui, somos alvos da cobiça internacional travestida de “operações humanitárias ou ecológicas” as quais estão em andamento atualmente.

Felizmente o Brasil, possui uma situação um pouco diferente dos demais países que são alvos fáceis para este tipo de operações, por ter uma capacidade real de crescimento e ser uma democracia real, podendo se tornar uma potência com capacidade de decisão em um futuro próximo.

Mas isso não é nada que um bom ‘trabalho de convencimento’ não possa vir a mudar…

Fonte: PLANO BRASIL, 29 OUTUBRO 2011

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  1.  E as elites dos EUA?
     

    E as elites dos EUA? Estarão, talvez, recuperando a sanidade mental?

     20/3/2014, The Saker, Vineyard of the Saker “Are the US elites finally coming back to their senses?” Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu   The Saker  Não me darei o trabalho de discutir o tópico das sanções de EUA e UE contra a Rússia, que não passam de sandices para aplacar alguns lobbies e mostrar ao público em geral que os líderes ocidentais são “durões”. Mas há dois desenvolvimentos interessantes a considerar:   1.- Obama declarou que os EUA não irão à guerra pela Ucrânia. Como sempre, Obama embrulhou as palavras chaves num pacote de bobagens sem sentido, mas disse, que interessa, o seguinte:   Não nos envolveremos numa excursão militar na Ucrânia. O que faremos é mobilizar todos os nossos recursos diplomáticos para assegurar que tenhamos uma forte correlação internacional que envie mensagem clara.   Em outras palavras: nada de opção militar. Falando de Putin, Obama disse também que:     Suas [de Putin] decisões estratégicas não se baseiam, de modo algum, em ter suposto que poderíamos ir à guerra por isso.   Em outras palavras:   Putin não está blefando, nem tem medo de nós.   Bom. Alguém (talvez Dempsey?) afinal conseguiu meter algum juízo na cabeça desse homem.    2. – Um ex-embaixador dos EUA à União Soviética de 1987 a 1991, John Matlock, escreveu um editorial para a revista Time no qual mostra quantidade realmente surpreendente de bom senso básico (ilustrando mais uma vez a minha tese de que a qualidade dos diplomatas norte-americanos é hoje infinitamente pior do que ainda se encontrava há 20 anos). Recomendo que todos leiam o editorial – só para avaliar o homem – mas quero citar aqui a parte que me parece central do editorial:   Embora talvez seja difícil para as partes relevantes aceitarem, as premissas de uma solução para a confusão ucraniana são claras:  1) a nova Constituição ucraniana deve oferecer uma estrutura federal de governo, dando às províncias ucranianas, no mínimo, tantos direitos quantos têm os estados norte-americanos; 2) o idioma russo deve ter assegurado status idêntico ao do idioma ucraniano; e 3) a Ucrânia deve oferecer garantias de que não se tornará membro da OTAN nem de qualquer outra aliança militar que exclua a Rússia.   E querem saber de uma coisa? O homem está absolutamente certo! Por um lado, creio firmemente que a Rússia aceitaria esse programa, se por mais não for, porque, ao contrário do que tantos parecem supor, a Rússia não tem vontade alguma de incorporar o leste da Ucrânia à Rússia. Como já escrevi antes, o que a Rússia quer em sua fronteira leste é uma Ucrânia (a) estável, (b) próspera e (c) independente e não hostil.  Claro que o que a Rússia absolutamente não permitirá é a imposição violenta de um Banderastão no leste da Ucrânia. Isso absolutamente não acontecerá.   Mas uma Ucrânia independente não é ruim para a Rússia; de fato, essa é, claramente, a solução preferida dos russos.    E, só para esclarecer – ainda que as sanções impostas à Rússia não passem de montanhas de bobagens “políticas” e “marketadas” pelo pessoal de Relações Públicas, isso não implica que a Rússia queira uma nova Guerra Fria, nem que a Rússia tenha algo a ganhar de tensões que se criem entre UE e EUA. Hoje, o que a Rússia mais quer e de que mais precisa é paz, estabilidade e prosperidade. Por tudo isso, as ideias de bom senso de Matlock certamente receberiam pleno apoio do Kremlin.  Mas há dois sérios obstáculos à realização desse plano, no momento:   1) Os próprios EUA, com sua mania estúpida de falar mais que a boca, se autoencurralaram numa posição muito fortemente não construtiva, e será muito difícil dar volta de 180 graus e, de fato, desmentir todo aquele seu vasto bobajol imperial e pôr-se, afinal, a trabalhar com a Rússia para estabilizar a situação.   2) Reina hoje o mais total e irrestrito caos em praticamente todo o Banderastão (ex-Ucrânia) controlado por nazistas e gangues de bandidos armados que aterrorizam a população local e saqueiam pequenas (e também as nem tão pequenas) lojas e estabelecimentos comerciais. De todos os relatos que li, fico com a impressão de que haja algo da ordem de várias dezenas de milhares de bandidos armados soltos por todo o Banderastão (20% políticos e 80% bandidos “simples”). Alguém terá de desarmar essas gangues; número não desprezível deles acabarão sendo mortos no processo. Tanto a Rússia como a OTAN podem cuidar disso (sim, a Rússia faria muito melhor e mais rapidamente, mas… deixa p’rá lá), mas, por razões políticas, nem a Rússia nem a OTAN podem mover-se para lá. Assim sendo, não vejo quem, agora, possa cuidar disso. Talvez os restos dos militares ucranianos?    Desgraçadamente, os doidos que estão no comando do novo regime “revolucionário” não apenas não estão tentando reconstruir uma força militar nem algum exército real: estão criando uma “guarda nacional” formada de bandidos armados leais ao regime “revolucionário” banderista.   Conclusão – há sinais de que alguns norte-americanos começam lentamente a despertar das suas grandes alucinações imperiais. Mas já é tarde, muito tarde, talvez tarde demais. Se Obama e Matlock tivessem declarado há um mês o que declararam hoje, teria feito enorme diferença, mas… hoje?!     E há também, desgraçadamente, o espírito grosseiro, nada diplomático e nada profissional que leva aos chiliques ensandecidos de Samantha Powers no Conselho de Segurança da ONU. Lá, ela disse o seguinte:   Samantha PowerA Rússia é conhecida pela grandeza literária. O que vocês acabam de ouvir do embaixador russo mostrou mais imaginação que Tolstoy ou Chekhov. Um ladrão pode roubar propriedade, mas o roubo não dá ao ladrão direito de propriedade. O que a Rússia fez é errado em termos da lei, errado em termos da história, errado em termos da política e perigoso.   Ao que o embaixador da Rússia Vitaly Churkin respondeu:   Durante as discussões, alguns colegas infelizmente falaram de modo excessivo e sou obrigado a retomar, especialmente, o que disse a representante dos EUA. Esses insultos dirigidos ao nosso país são simplesmente inaceitáveis. Se alguma delegação dos EUA espera contar com a cooperação da Rússia em outros temas no Conselho de Segurança, nesse caso a Sra. Powers que cuide de compreender bem claramente o que estou dizendo. Obrigado.   Se James Baker ainda comandasse o Departamento de Estado, Samantha Power teria sido sumariamente demitida daquele posto e mandada ensinar inglês como segunda língua em Kisangani ou Juba. Hoje, na Casa Branca de Obama, aquele tipo de atitude é, de fato, rotina.   Seja como for, agora que o agitar dos sabres parece estar talvez começando a ser substituído por alguma forma básica de pragmatismo, quero crer que o artigo de Matlock seja o primeiro vento de racionalidade que volta a soprar, parece, em Washington DC.   No mínimo, já é bom sinal encontrar coluna em que lê coisa-com-coisa, assinada por membro da nomenklatura norte-americana. The Saker

     

  2. “As motivações para tais

    “As motivações para tais operações são:

    Interesses de ordem econômica;

    Interesses de ordem política”:

    Eh isso que eu sempre disse.  As “motivacoes para tais operacoes” sao a gigolagem e a trairagem.  Sao as duas unicas politicas de Estado aqui.

  3. Da Bomba Atômica ao Vinagre

    O oficial da Força Aérea Paul Tibbits – o piloto do avião que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima – foi convocado para organizar algumas das logísticas do golpe de 1964 no Brasil.

    Hope Amidst Utter Decimation (Blogs)

    O financiamento secreto para opercionalizar o golpe e alcançar o ‘poder popular’, em 1964, veio de mais de trezentas empresas multinacionais.

    A Rede Globo, acreditava, inicialmente, que os protestos eram de esquerda e denunciou-os como terrorismo. Em seguida, ao perceber que os protestos tinham uma orientação completamente diferente – um ataque ao governo petista e sua ideologia de esquerda, em particular – ela passou a apoiar e incentivar os manifestantes.

    O objetivo da desestabilização imperialista é quebrar o patrimonialismo estatal do Brasil, para destruir as tradicionais  estruturas governamentais dirigistas  que dificultam a penetração desenfreada de investidores estrangeiros.

    A mensagem de Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, “IT’S NOT 20 CENTS! #CHANGEBRAZIL”, foi retransmitida no Brasil e se tornou um dos slogans iniciais do que muitos estão chamando agora de a “Revolução do Vinagre”, que teria sido disparada por um protesto provocado pelo aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus na cidade de São Paulo, no dia 20 de junho de 2013.

    A simples menção de Zuckerberg aos protestos em massa deve, imediatamente, acionar o alarme entre aqueles que seguem de perto a fomentação das ‘revoluções coloridas’ através do Facebook e do Twitter, que abalaram vários países e foram direcionadas para sa mudanças de regimes encobertas pelo imperialismo dos EUA na última década. 

    As revoluções coloridas são, essencialmente, as falsas revoluções orquestradas por ONGs que são organizados em países governados por uma liderança que ameaça ou apresenta um obstáculo à prossecução dos interesses dos EUA.

    Zuckerberg é um colaborador muito próximo do presidente dos EUA, Barack Obama, e é do conhecimento geral, desde a revelação dos recentes escândalos da vigilância da NSA, que o Facebook é uma parte fundamental da comunidade de inteligência dos EUA. O seu endosso aos protestos deve, portanto, levar ao questionamento das verdadeiras origens e os motivos por trás de algumas das maiores manifestações que Brasil tem visto em mais de 20 anos.

    "It's not 20 cents! Change Brasil!" Mark Zuckerberg, criador do facebook - via @andresalvejorge   

    “Não são apenas cerca de 20 centavos de dólar”, Zuckerberg. Como a ferramenta mais poderosa para o controle da população, o Facebook reduziu drasticamente os custos do serviço secreto americano.

    O ex-governador da Califórnia, Arnold Schwartznegger, estrelas pop como Beyoncé, Lady Gaga e Britney Spears e estrelas de novela do Brasil, foram fotografadas exibindo slogans de apoio aos protestos no Brasil.

    “Não são apenas cerca de 20 centavos. Trata-se de muito mais…”, dizem os manifestantes. A corrupção, o aumento do custo de vida, a má infraestrutura pública e questões relacionadas à saúde e educação, são colocadas como a motivação e como questões do descontentamento em cidades populosas do Brasil onde impera a pobreza e a desigualdade. Ninguém pode negar o caráter genuíno de tais reclamações, afinal, o Brasil é uma sociedade capitalista no mundo em desenvolvimento.

    Desde a ascensão ao poder do presidente Lula, em 2002, a economia do Brasil passou por um período de rápido crescimento. O país deve ultrapassar a França e a Alemanha tornando-se a quinta maior economia do mundo. Mas a orientação política de esquerda de Lula foi acompanhada, em grande medida, por políticas econômicas que abriram o país para outros níveis de exploração por multinacionais estrangeiras. Na verdade, Lula foi tão bom para as multinacionais estrangeiras que conseguiu evitar a sua demonização pela elite do poder ocidental e foi promovido como uma alternativa adequada para a política de esquerda mais radical de Hugo Chávez na Venezuela.

    No entanto, apesar da cooperação de Lula com o FMI, a economia brasileira manteve-se, de forma significativa, sob o controle nacional, provocando o processo de desestabilização em curso, impulsionado por Wall Street para abalar a hegemonia de um país que se moveu para mais perto da Rússia e da China, com políticas fiscais afastadas da manipulação da agenda americana de livre comércio.

    Não surpreende que centenas de milhares de cidadãos estejam protestando contra as desigualdades obscenas em um país que está investindo fortunas para construir complexos esportivos de luxo para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, enquanto milhões continuam a viver em favelas. No entanto, a revolta, a despeito de suas demandas por serviços públicos, não teve nada de orientação de esquerda. Na verdade, muitos dos que lideraram os protestos atacaram comunistas e socialistas, entoando slogans contra Cuba e a Venezuela. Os partidos de oposição e a mídia saíram, imediatamente, em apoio aos protestos.

    A Rede Globo, o grupo de mídia de direita que domina as comunicações no Brasil, acreditava, inicialmente, que os protestos eram de esquerda e denunciou-os como terrorismo. Em seguida, ao perceber que os protestos tinham uma orientação completamente diferente, encobrindo um ataque ao governo petista e sua a ideologia de esquerda, em particular, ela passou a apoiar e incentivar os manifestantes.

    Os protestos são realizados contra o capitalismo neoliberal ou são os óbvios males do capitalismo que estão sendo aproveitados, secretamente, por forças externas para mudar a geopolítica do país e impedir a aproximação com a Rússia, a China e outros governos latino-americanos de esquerda, contribuindo assim para a possível formação de um novo bloco de economias emergentes anti-imperialistas?

    Os Interesses Nacionais

    Lenin, no seu livro Imperialismo, fase superior do capitalismo, cita um autor alemão que, em relação à América do Sul, assinala que “é tão dependente financeiramente de Londres, que deveria ser quase uma colônia comercial britânica”.

    Os interesses financeiros anglo-americanos dominaram o Brasil até a revolução de 1930 que alçou Getúlio Vargas ao poder. Vargas, um personagem controverso, que transitava entre a esquerda liberal e a extrema-direita e vice-versa, recebeu os créditos por ter nacionalizado setores chaves da economia, para industrializar e modernizar o Brasil. Vargas atraiu amplo apoio da petite bourgeoisie, mas foi rejeitado pela classe latifundiária conservadora, centrada em São Paulo, que se levantou em rebelião contra ele, em 1932.

    Desde 1930 a política no Brasil tem se caracterizado por uma luta entre a burguesia compradora – defende o livre comércio e a especulação financeira, uma classe cujos interesses coincidem com o das empresas estrangeiras e dos centros de poder financeiro, como os de Wall Street e os da City de Londres – e a crescente burguesia nacional, cujos interesses exigem tarifas protecionistas sobre as importações, o investimento em infraestrutura e um forte intervencionismo estatal para regular e promover a indústria nacional.

    Este conflito tem, muitas vezes, complicado a gestão de sucessivos governos brasileiros e suas políticas econômicas administradas pelo Banco do Brasil, ligado à burguesia compradora, e o Ministério das Finanças ligado à burguesia nacional. A burguesia compradora no Brasil sempre implementou ‘políticas nacionais’ de interesse dos EUA, enquanto a burguesia nacional tende a favorecer a política interna e externa mais independente.

    Getúlio Vargas foi deposto, em um golpe em 1954, por elementos da burguesia compradora apoiados por Washington. No mesmo ano, ele escreveu uma carta ao povo brasileiro em que denunciou os grupos financeiros internacionais que estavam unindo forças com os grupos nacionais para derrubá-lo.  .

    Da mesma forma, os recentes acontecimentos no Brasil devem ser vistos como uma tentativa da burguesia compradora, composta por especuladores e capitalistas abutres, que trabalham para os interesses de Wall Street, através de ONGs financiadas por esta última, e mobilizaram a classe média baixa ou a petite bourgeoisie contra as instituições que constituem a base de poder da burguesia nacional, isto é, o Legislativo e os órgãos executivos do Estado-nação.

    Eles estão fazendo isso, por um lado, através da manipulação do poder Judiciário e, por outro, através da manipulação dos desejos e egos da nova classe média baixa ou pequena burguesia, que foram levantados pelo fim da dieta de consumismo e de cultura pop. O foco de tudo isso é usar os mais desclassificados manifestantes da classe média como um aríete para destruir as instituições do Estado, proporcionando assim um país sob o controle total de Washington.

    Há também, outro pólo de desestabilização no Brasil, que envolve a manipulação das comunidades indígenas e o ambientalismo financiado e orientado por interesses corporativos. O objetivo desta manipulação é tomar o controle dos recursos naturais do Estado Federal brasileiro e submetê-lo ao controle de entidades empresariais internacionais, como o World Wildlife Fund.

    Quando a presidente Dilma Rousseff sugeriu convocar um plebiscito para identificar quais as mudanças eram pretendidas pelos manifestantes, a proposta foi duramente criticada pelos mesmos membros da oposição que apoiaram os protestos. Ela propôs reformas que melhorariam muito o processo democrático no Brasil, mas a maioria dos manifestantes rejeitou a proposta porque eles “enxergavam os políticos como sendo parte do problema e criticaram tanto os congressistas como a líder do país”.

    Isso ocorre porque os manifestantes não têm um programa consciente e de coerência política. O objetivo desta desestabilização imperialista é quebrar o patrimonialismo estatal do Brasil, isto é, romper as tradicionais  estruturas governamentais dirigistas  que dificultam a penetração desenfreada de investidores estrangeiros, enfraquecendo assim a soberania do Estado federal brasileiro. Este seria, então, a fase preparatória para um ataque de direita ao poder pelos militares que reorientariam a política interna e externa do Brasil para alinhar com a dos Estados Unidos, pondo fim ao eixo multipolar do BRICS em favor do eixo unipolar anglo-americano dominado pela Nova Ordem Mundial.

    A fim de compreender o mecanismo do poder dos EUA na atual fase de desestabilização do Brasil, é interessante revisitar as condições que convergiram para o golpe militar de 1964.

    Organizando a ‘Revolution’

    A Agência Central de Inteligência organizou o golpe militar contra o governo do ex-presidente, João Goulart, protegido por Getúlio Vargas, em 1964. Como Lula e o Partido dos Trabalhadores, Goulart era um liberal anticomunista que tentou implementar modestas reformas sociais e trabalhistas, destinadas a modernizar o país. As reformas de Goulart receberam o apoio da classe operária e da burguesia nacional, ao incluir uma campanha de alfabetização em massa, a reforma agrária, que permitia ao governo assumir propriedades de mais de 600 hectares considerados improdutivos, e promover a reforma eleitoral estendendo o direito de voto aos analfabetos.

    Como a atual administração brasileira, Goulart também havia perseguido uma política externa mais independente de Washington. Ele relaxou a perseguição aos comunistas e isto perturbou Washington. Goulart promoveu a carreira de oficiais militares nacionalistas sobre aqueles treinados pelos Estados Unidos e começou a comprar equipamentos militares de países do Bloco Oriental, como a Polônia. Leis que limitavam a quantidade de lucros que as multinacionais poderiam levar para fora do país, também foram promulgadas pelo governo Goulart. Esta intervenção do Estado no ‘livre mercado’ perturbou os diretores das empresas multinacionais, que imediatamente começaram a sonhar com um ‘governo de transição’.

    Goulart havia sido o vice-presidente de Jânio Quadros, que foi derrubado em 1961, por um golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos, depois que ele se recusou a apoiar os planos do presidente Kennedy para a invasão de Cuba. No entanto, o golpe, apoiado pelos EUA contra Quadros, não conseguiu impedir a eleição de Goulart em 1964. Goulart não apadrinhava as causas de esquerda. Ele apoiou Washington durante a Crise dos Mísseis de Cuba, mas perseguia uma política diplomática normal com outras nações e implementou as reformas necessárias para industrializar o país, contrariando os Estados Unidos. Este direcionamento era um anátema para Washington, que considerava o Brasil como uma colônia dos Estados Unidos e, portanto, sujeito a receber ordens diretas em matéria de política externa e interna.

    Para destruir o país, a Agência Central de Inteligência foi convocada para trabalhar e a American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations e a Agency for International Development foram usadas ​​como organizações de fachada para a CIA.

    Manifestações de massa foram organizadas por agentes da CIA em todo o país. Mais de um milhão de pessoas foram às ruas pedindo uma revolução nacional. A histeria anticomunista foi reverberada pela Igreja Católica em conjunto com a CIA. O padre católico irlandês Patrick Peyton, um agente da CIA, ajudou a organizar a famosa Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade. O financiamento para o golpe secreto para alcançar o ‘poder popular’ veio de mais de trezentas empresas multinacionais.

    A fim de criar a impressão de que a ‘revolução’ era popular e teve o apoio dos diversos setores da população, a CIA ajudou a criar inúmeras organizações na sociedade civil. As feministas foram representadas pela Campanha da Mulher Pela Democracia, que se ramificou em miríades de agrupamentos em todo o país, tais como a Liga das Mulheres para a Democracia, em Belo Horizonte, a Ação Gaúcha Democrática, no Rio Grande do Sul, o Movimento Cívico no Ceará, a União Cívica Feminina em São Paulo e a Cruzada das Mulheres em Pernambuco. Estas organizações trabalharam nas favelas, a fim de manipular as comunidades da classe trabalhadora para se juntar aos protestos que faziam a defesa da classe dominante.

    Como parte da sua ‘estratégia revolucionária’ de mudança de regime, em 196, o governo dos EUA ajudou a criar o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – IPES, no Rio de Janeiro. O instituto trabalhou para coletar dados sobre as tendências sociais e o comportamento da população brasileira, a fim de criar uma propaganda anticomunista e antipopulista eficaz, através de campanhas publicitárias veiculadas no cinema e nos outros meios de comunicação de massa. O IPES patrocinou muitas palestras destinadas a advertir as donas de casa sobre os perigos do comunismo em relação aos valores familiares. O instituto também alvejou estudantes com documentários do tipo ‘Deixem o Estudante estudar ‘.

    Os levantes em massa, de 1964 reuniram mais de um milhão de pessoas nas ruas, usando slogans ‘apolíticos’ ou simplesmente pedindo mais ‘liberdade e democracia’, com a finalidade de disfarçar a sua agenda de extrema direita.

    Uma indicação da importância que os EUA atribuíram ao funcionamento da operação de desestabilização foi a convocação dos serviços do oficial da Força Aérea Paul Tibbits, o piloto do avião que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima, para organizar algumas logísticas e dar suporte ao plano de contingência que preparado para o caso de fracasso dos militares brasileiros. Imediatamente após o golpe, um funcionário da CIA telegrafou a seguinte mensagem para Washington:

    “A mudança de governo vai criar um clima muito melhor para os investimentos estrangeiros.”

    A Operação Brother Sam, vendida como uma ‘revolução’ pela grande imprensa, resultou no que William Blum descreveu como uma das piores ditaduras fascistas do século XX. Blum descreveu a ‘democratização’ americana do Brasil, da seguinte forma:

    “Dentro de poucos dias o general Castello Branco assumiu a presidência e ao longo dos próximos anos, o regime instituído usou todos os recursos da ditadura militar que a América Latina tem vindo a conhecer e amar: o Congresso foi fechado, a oposição política foi reduzida e virtualmente extinta, os habeas corpus para políticos foram suspensos, a crítica ao presidente era proibida por lei, os sindicatos foram tomados por interventores do governo, os protestos de trabalhadores foram respondidos pela polícia atirando em multidões, as casas de camponeses foram queimadas, os sacerdotes foram brutalizados e o foi implementado o uso sistemático de desaparecimentos criminosos como uma forma de repressão naquele estágio da América Latina. O governo tinha um nome para o seu programa: a ‘reabilitação moral’ do Brasil. Então houve a prática da tortura e os esquadrões da morte, integrados por grande parte dos policiais e militares, subscritos pelos Estados Unidos.”

    Edson Luís foi a primeira vítima da Ditadura Militar nas mobilizações estudantis contra o regime em 1968.

    A ênfase na falta de ‘moral’ em um governo de esquerda é, precisamente, o caráter dos recentes protestos em todo o Brasil.

    O regime militar foi composto por bonecos de empresas multinacionais que dirigiam o país em seu nome, esmagando os sindicatos e os direitos de negociação coletiva, com a manutenção das condições de escravidão em muitas partes do país. Uma assessora do Partido dos Trabalhadores, Maria Helena Moreira Alves, em entrevista ao Multinational Monitor, em 1982, disse:

    “Todo o sistema brasileiro, todo o governo brasileiro é para o benefício de corporações multinacionais. É um paraíso para as multinacionais: o governo criou um sistema de incentivos fiscais, que é fenomenal.”

    As empresas também não usam os mesmos tipos de requisitos de segurança no Brasil como em casa. Foi realizado um estudo sobre a Ford e a Volkswagen e verificou-se que tinham desligado os equipamentos de segurança nas linhas de montagem, em especial nas operações de torno mecânico, que, como resultado, colocou o Brasil com uma das maiores taxas de acidentes industriais no mundo (com muito dedos cortados). Lula (o líder sindical mais importante do Brasil) não tem um de seus dedos, que é típico dos operadores de torno.

    Trabalhadores faziam greves apenas para obter máscaras e luvas de proteção, um equipamento, absolutamente, essencial para a segurança pessoal, e dado que as greves eram ilegais, enfrentavam a prisão e o julgamento, apenas por reivindicarem a capacidade de ter equipamentos de segurança.

    A Fiat deve o seu sucesso no Brasil às criminosas políticas financeiras da ditadura militar. Segundo Helena Alves, falando ao Monitor, em 1982:

    “A Fiat veio para o Brasil por volta de 1975 ou por aí, e localizou-se em duas áreas; no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No Rio, a Fiat adquiriu a Fabrica Nacional de Motores, uma fábrica de propriedade brasileira, que empregava 6.000 trabalhadores e sempre operava muito bem. Ela recebeu um empréstimo subsidiado do governo brasileiro para a compra da fábrica. O empréstimo foi obtido pelo governo brasileiro fora do país, aumentando, assim, a dívida externa, e o dinheiro foi repassado à Fiat a uma taxa de juros bonificada, para comprar uma empresa brasileira que já existia no Brasil. Foi um negócio ridículo. A primeira coisa que a Fiat fez foi demitir 3.000 trabalhadores e automatizar a linha de montagem. A Fiat também abriu uma nova fábrica em Minas Gerais, em um acordo generoso: eles não iriam pagar nenhum imposto durante 10 anos, além de empréstimos subsidiados por outro número de anos semelhante. Depois de tudo isso, eles decidiram que não estavam recebendo empréstimos e benefícios suficientes do governo de Minas Gerais e fecharam a planta (de caminhões da FNM, na foto abaixo), recentemente.”.

    fnm 008

    O papel oculto da Fiat, da General Motors e outras empresas gigantes nos eventos atuais deveriam ser investigados.

    Durante a ditadura fascista, as leis trabalhistas progressistas – iniciadas em 1943 sob a Consolidação das Leis do Trabalho – foram abolidas. A CLT tinha tornado difícil para os empregadores demitir trabalhadores. Durante a ditadura foram aprovadas novas leis tornando muito mais fácil para os empregadores demitir trabalhadores sem justa causa. Nos termos da Lei de Ajuste salarial de 1965, o regime militar fixou o salário mínimo dos trabalhadores.

    A Constituição Brasileira de 1988 melhorou muito os direitos coletivos dos trabalhadores; as horas máximas de trabalho dos trabalhadores foram reduzidas de 48 para 44; o pagamento mínimo para o tempo extra trabalhado aumentou de 20% a 50% dos salários, os turnos de trabalho foram reduzidos de 8 para 6 horas por dia, um subsídio de férias composto por um terço dos salários dos trabalhadores foi introduzido e os custos de demissão para os empregadores foram elevados em 30%.

    Um relatório escrito em conjunto com o Banco Mundial, em 2000, intitulado ‘Brasil: os pontos de pressão na Legislação Trabalhista’, defende um retorno às leis trabalhistas do regime fascista, citando o ‘viés pró-trabalhista’ na constituição e nas leis trabalhistas do Brasil como uma causa séria do ‘Custo Brasil’ e dos ‘custos anormalmente elevados de fazer negócios no Brasil’.

    O comentário é uma interpretação do texto publicado pela Dissident Voice Org

    http://en.mercopress.com/2012/04/15/the-1964-made-in-brazil-coup-and-us-contingency-support-plan-if-the-plot-stalled

    http://www.multinationalmonitor.org/hyper/issues/1982/06/interview-alves.html

    http://www.multinationalmonitor.org/hyper/issues/1982/06/interview-alves.html

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-historia-da-fabrica-nacional-de-motores

    1. O Governo Militar criou 208

      O Governo Militar criou 208 estatais, foi o regime mais ESTATIZANTE da historia do Pais, a participação do Estado na economia chegou a 60% como dizer que a revolução de 64 visou “”destruir o patrimonialismo do Estado ? “

  4. É muita alucinação. Se a CIA

    É muita alucinação. Se a CIA tivesse 10% dessa capacidade ficariam muito felizes e poderiam pedir muito mais verba ao Congresso, eles simplesmente não tem um magico em Langley para operar tantas desestabilizações pelo mundo, se conhecessem alguns tipos que trabalham lá ficariam bem mais tranquilos.

    A incapacidade é a mesma da antiga NKVD que dizem tentou destabilizar o Brasil em 1935 e só deu m…., calçando Getulio para dar o autogolpe de 10 de novembro de 1937.

    A quantidade de lendas tolas que os serviços secretos geram servem de alimento intelectual para os pobres de espirito,

    é uma derivação da grande escola da “”teoria da conspiração” que dispensa analises de circunstancia para atribui a apenas um ator resultados que dependem de 500 variaveis incontrolaveis, que é o que existe em cada revolução, golpe, insurgencia, tremores politicos em cada Pais.

    1. A lavagem cerebral com ácido (qualquer ácido)

      O colega desmente até documentários americanos (antigos e atuais) que contam as estratégias, táticas, operações e fatos desta história toda de interferência. Narrada desde militares, políticos e diplomatas até agentes e traidores aliciados.

      Bem diz um deles que inteligência e espionagem é basicamente conseguir aliciar traidores.

      O que será que o comentarista pensa sobre esta frase?

      O resto é só imprimir cédula verdinha e espahar pelo mundo para pagar as operações.

      Hey, buddy, vai ser brainwashed assim lá em Cape Cod!

      Whore that gave birth!!!

      1. Na lista do post está COMO

        Na lista do post está COMO GOVERNOS DERRUBADOS, Cuba 1959, mas quem derrubou Baptista não foi Fudel ?

        Consta tambem ANGOLA em 1980, a familia Santos está lá firme e rica , quem derrubou o MPLA em 1980? O Grupo no poder é o mesmissimo desde 1975, quem derrubou quem ?

        Tamebm consta que derrubaram o governo do Irã em 2001, como foi? O Governo do Irã é dos aitolás desde 1979.

        Quem fez essa lista tem alguma noção de alguma coisa?

        Como se fala bobagem a partir de conversas de bar.

        1. Problema de memória ou de ideologia?

          1) Fidel assumiu em 16 de fevereiro de 1959. Imediatamente se iniciou uma contra-revolução que levou a uma guerra civil de seis anos, financiada pela CIA e cubanos que fugiram para Miami. E a Baía dos Porcos em 1961?

          2) Reagan determinou à CIA que financiasse e treinasse o grupo UNITA, chefiado por Jonas Savimbi, o que provocou até a retirada do contingente de soldados cubanos de Angola em 1980.

          3) Na Guerra Irã-Iraque os USA ficaram inicialmente neutros, logo a seguir trabalharam via CIA para desestabilizar ambos os países, até que Reagan resolveu defender o Iraque, que estava perdendo a guerra. E logo após o final da mesma a CIA armou um grupode rebeldes para desestabilizar o governo dos aiatolás.

          Com um pouco de conhecimento de história não é possível sofismar e inventar argumentos contra as verdades.

  5. Essa narrativa é uma especie

    Essa narrativa é uma especie da “”cartilha” da esquerda anti-americana do começo da Guerra Fria. A CIA, como todo serviço de inteligencia de grande potencia, tentou muita coisa mas realizou muito menos do que queria, a CIA não tinha massa critica de capacidade e recursos para fazer tanta coisa, o pessoal nunca foi tão eficiente assim, existe alguma coisa de verdade em uma grande espuma de invencionices por cima, eles não são pessoas brilhantes, fizeram enorme numero de bobagens na Diretoria de Operações, a parte de coleta de informações é a que funcionava melhor, a agencia perdeu muito prestigio, começou a ser muito fiscalizada pelo Congresso a partir do governo Carter e ter que dividir budget com outras novas agencias concorrentes.

    As pessoas que escrevem sobre esse tema leram Eduardo Galeado, René Dreyfuss (ambos uruguaios)  e outros ícones

    da literatura de esquerda mas não tem muita informação real, repetem de 3ª mão o que ouviram falar, essas informações desse post são muito antigas, vem da vasta literatura da esquerda latino americana, é estoria datada, sem valor nos dias de hoje. Nem a CIA e nem a KGB podem fazer hoje o que faziam em 1954 ou 1963, o mundo mudou, há outras forças e atores, hoje estorias desse tipo só funcionam como enredo de Hollywood.

    1. ” a regra mais importante na

      ” a regra mais importante na sua execução é a possibilidade de “plausible denial” (capacidade de negar um fato ou alegação), ou seja, negar convincentemente a responsabilidade e a cumplicidade dos Estados Unidos com o golpe de Estado ou outra operação, uma vez que se fosse descoberto seu patrocínio, as consequências no campo diplomático seriam graves.”

    2. É estoria datada!

      ‘Nem a CIA e nem a KGB podem fazer hoje o que faziam em 1954 ou 1963, o mundo mudou, há outras forças e atores, [ SEM O AUXÍLIO LUXUOSO E O SUPORTE FINANCEIRO DE 300 GIGANTES DA ECONOMIA AMERICANA ] hoje estorias desse tipo só funcionam como enredo de Hollywood.’

      Falou e disse quase tudo!

      Prá frente Brasil!

       

       

  6. Tá faltando coisa aí!!

    Lembrando:

    Honduras – Golpe Contra Zelaya

    Paraguai – Golpe Contra Lugo

    Venezuela – Golpe Contra Chavez – Sabotando Maduro

    Bolívia – Sabotando Evo

    Equador – Sabotando Correa

    E o perigo é a Al-qaeda?

    A SS é fichinha!

    Stasi, KGB? Nem existia.

    Hezzbolah? com pedras?

    Mossad? Café pequeno.

  7. tem um artigo da heloísa

    tem um artigo da heloísa vilela no viomundo pós-mrchas de junho sw 2013 muito interessante….

    atualiza as antigas ações da cia, hoje fundacão nacional pela democracia – a NED – junto com a sempre presente usaid, que participam ativamente no golpe de estado dito suave na venezuela, ajudado pelos eua.

    A  USAID, por exempo, manda seus representantes äs universidades venezuelas para digamos formar-contratar interessados em participar do golpe, talvez daí o número de estudantes nas marchas contra maduro…

    mas hoje em dia a prática pró-golpe como oem 2002 tem adendo violento que os vnezuelanos dizem que pode ser estadunidense também, sabe-se lá….franco atiradores de altos de edifícios alvejam ambos os lados em disputa nas praças e viadutos tomados por manifestantes pró e anti-chaves…quanto maior  o número de mortes,segundo eles, melhor para a imprensa coronelista local e a mídia hegemônica mundial ancorada no tesouro e nos interesses norte-americanos repercutir e culpar  obviamente o governo, que passam a chamar de ditatorial, embora 80% da mídia local seja hegemônicamente pró-oposição, pró-golpe….

    e tem a tal de guerrra psicológica ampliada nesse sentido para o brasil, já que o mesmo esquema é e pode ser usado aqui com mais violência….como sempre, o objetivo é desarticular as instituições – , criminalizar os movimentos sociais, a política, o congresso,o poder executivo – querem o tal do estado-mínimo,né…

    aqui, o esquema de sempre, judicialização da política – remember o golpe dito suave contra lugo…

    abaixo o comentáro de heloísa:

    Olho no dinheiro. Em síntese, esse é o conselho de quem conhece de perto décadas de truques e artimanhas usados pela CIA e por outras organizações do governo estadunidense para virar o jogo político alheio.

    William Blum, mais conhecido como Bill, é norte-americano e anti-imperialista convicto, graças à guerra do Vietnã.

    Foi quando ele se tornou funcionário do Departamento de Estado, durante a guerra, que teve um choque de consciência. O que já era uma convicção se tornou conhecimento ainda mais profundo quando acompanhou, no Chile, o golpe de estado orquestrado pela CIA contra o governo de Salvador Allende, em 1973.

    Por enquanto, não há qualquer indício de ação externa nas manifestações brasileiras, embora — estranhamente — brasileiros tenham tomado a iniciativa de denunciar o Brasil, em vídeo, no Exterior.

    Porém, momentos de instabilidade política — como os enfrentados agora pelos governos da Turquia e do Brasil — prenunciam mudanças e atores externos muitas vezes se aproveitam da conjuntura para enfiar sua colher. Por isso, fomos ouvir Blum.

    Escritor, historiador e crítico contumaz da política externa dos Estados Unidos, Bill Blum não usa meias palavras para descrever a atuação da superpotência.

    No livro Killing Hope: U.S. Military and CIA Intervention since World War II, ele faz um relato detalhado da intervenção estadunidense em vários países. Blum dedica um capítulo a cada nação, começando com a China. Depois de percorrer todos os continentes, ele termina, no capítulo 55, com o Haiti. Passa, claro, pelo golpe militar no Brasil e pelos similares na vizinhança.

    Blum se encaixa na longa lista de “dissidentes” do império, que inclui do ex-agente da CIA Philip Agee ao soldado Bradley Manning e, mais recentemente, o ex-funcionário terceirizado da NSA, a agência de segurança nacional dos Estados Unidos, Edward Snowden, que vazou dados sobre os programas de espionagem em massa do governo de Barack Obama.

    Por conta de ter denunciado o poder, Blum vive uma espécie de “exílio branco”: seus livros nunca são resenhados e suas ideias nunca são reproduzidas na mídia local. A não ser em circunstâncias extraordinárias: em 2006, num audio tape, Osama bin Laden citou um dos livros de Blum, Rogue State, e o autor foi parar na capa do Washington Post.

    No trecho do livro mencionado por Osama, Blum descreve o que faria para acabar com os ataques terroristas se fosse eleito presidente dos Estados Unidos:

    “Primeiro eu pediria desculpas — publica e sinceramente — a todas as viúvas e órfãos, os empobrecidos e torturados e todas as milhões de vítimas do imperialismo norte-americano. Depois eu anunciaria que todas as intervenções globais dos Estados Unidos — inclusive os terríveis bombardeios — teriam fim. E informaria Israel que o país deixaria de ser tratado como um estado da União, mas — estranhamente — como um país estrangeiro. Depois eu reduziria o orçamento militar em pelo menos 90% e usaria o dinheiro para pagar reparações às vítimas e reconstruir os danos das invasões e bombardeios norte-americanos. O dinheiro seria suficiente. Sabe qual é o orçamento militar de um ano dos Estados Unidos? É mais que 20 mil dólares por hora para cada hora desde que Jesus Cristo nasceu. Isso é o que faria em meus primeiros três dias na Casa Branca. No quarto dia, eu seria assassinado”.

    Aos 70 anos de idade, Blum continua muito ativo. Agora, toca o site http://www.williamblum.org.

    Na entrevista, ele disse que não sabe se organizações norte-americanas (National Endowment for DemocracyFreedom House e semelhantes) tiveram algum contato com manifestantes no Brasil. Mas acha importante que os brasileiros fiquem atentos. Ao se depararem com um grupo, um site, uma organização nova, tentem descobrir quem está financiando o grupo.

    Só assim, seguindo a trilha do dinheiro, é possível descobrir quem está por trás de certas palavras de ordem e campanhas.

    No caso das organizações dos Estados Unidos, o objetivo segundo Blum é sempre o mesmo, há décadas. Garantir, no poder, representantes fiéis aos interesses econômicos de Washington. A ideologia pouco importa. Contanto que o mercado, e as mercadorias, continuem circulando na direção certa. “Os Estados Unidos não estão nada preocupados com liberdade e democracia e sim com a dominação do mundo. Esta é a política externa dos Estados Unidos”.

    William Blum é autor de vários livros sobre a política externa dos Estados Unidos e suas consequências. Antenado nas movimentações e protestos em diferentes países do mundo, ele nos deu a seguinte entrevista:

    Viomundo – Sobre os protestos no Brasil e na Turquia, o senhor vê alguma dessas organizações – National Endowment for Democracy (NED), United States Agency for International Development (USAID) ou Freedom House – tentando participar, direcionar o movimento político?

    BB – Não sei quão ativas essas organizações são no Brasil. Mas parto do princípio de que são porque todas elas são a mesma coisa. Todas seguem o exemplo da National Endowment for Democracy, que foi criado claramente para ser uma fachada da CIA. E esse é o papel que vem desempenhando nos últimos 25 anos, mais ou menos. Estão no mundo inteiro. E têm vários braços, como o National Democratic Institute e oInternational Republic Institute, que são todos parte do NED, criado nos anos 80 para fazer, abertamente, o que a CIA estava fazendo secretamente. O NED é simplesmente uma organização de fachada para a CIA. Mas não sei quão ativos eles são hoje no Brasil. Não estou acompanhando de perto.

    Viomundo – Então, me permita reformular a pergunta. Se o senhor fosse brasileiro, sabendo tudo que sabe a respeito da maneira como o império opera, em que sinais estaria de olho, agora, enquanto estão acontecendo todos esses protestos no país?

    BB – Eu procuraria saber quem está pagando as contas. Quem está financiando isso ou aquilo. Que Organizações Não Governamentais estão ativas. Pode ser que surjam nomes conhecidos, ou alguns mais obscuros. Mas é preciso pesquisar para descobrir quem está financiando essas organizações mais obscuras. Pode ser que você encontre a ligação com o NED.

    Viomundo – Como o senhor com certeza sabe, existe essa nova “coalizão” entre o Departamento de Estado e as grandes empresas da internet, como o Google, para desenvolver ativismo digital no mundo. Todos participando com o mesmo objetivo que, dizem, é promover a democracia.

    BB – Eu escrevi sobre o homem do Google, que era do Departamento de Estado. No Google ele se encarrega, entre aspas, de promover a democracia aqui e ali. Mas para essas organizações e o NED, o que eles chamam de democracia é simplesmente capitalismo. Eles trabalham contra qualquer movimento socialista que veem, por definição, como antidemocrático. E promovem o mercado livre, que na definição deles é democracia. Então, você tem que prestar atenção no que eles dizem porque frequentemente usam os mesmos termos quando defendem a democracia.

    Viomundo – Que semelhanças o senhor vê entre o que está acontecendo no Brasil e na Turquia? Com toda essa insatisfação dos jovens, que não estão vendo perspectiva? O senhor vê uma insatisfação com a vida que estamos levando hoje? Um esgotamento do modelo neoliberal?

    BB – Olha, não sei qual é o grau de sofisticação dos manifestantes, desses jovens. Acho que muitos talvez tenham dificuldades de explicar contra o que são e a favor do que, apesar de terem uma boa reação intuitiva. Eles sabem que a sociedade os frustrou porque não conseguem encontrar um emprego, não lhes deu uma educação adequada pela qual possam pagar, não lhes deu um padrão de vida adequado. Eles sabem disso tudo, mas não necessariamente sabem exatamente qual é a conexão com o neoconservadorismo ou o liberalismo. Mas o instinto está lá e deveria acontecer o mesmo aqui nos Estados Unidos. Mas os jovens aqui, em sua maioria, ainda não acordaram. Com exceção do movimento Occupy que foi bom enquanto durou. Mas não chegou ao ponto de fazer demandas específicas.

    Viomundo – E o movimento Occupy não conseguiu mobilizar um número grande de pessoas…

    BB – O movimento Occupy foi esmagado pela polícia. Eles esmagaram um local ocupado após o outro. Prenderam mais de mil pessoas. Bateram em centenas de pessoas. Muitas tiveram sérios problemas de saúde por conta disso. Então, não é tão ruim como parece. Os jovens aqui não são tão apolíticos como se pensa. Eles têm que se recuperar do esmagamento do movimento. A polícia tomou até as bibliotecas deles e jogou os livros fora. Isso é um comportamento fascista. O governo americano hoje, na minha opinião, é um estado policial. Então, não é tão ruim como se pensa. Não sei o que vai ser preciso para que o movimento Occupy acorde novamente. Mas estou esperando por isso.

    [Gostou do conteúdo? Ajude Heloisa Villela a fazer o documentário sobre a CIA e o golpe de 64]

    Viomundo – O senhor acha que é por conta desse estado policial que é ainda mais difícil, aqui, brigar por mudanças?

    BB – A polícia no Egito ou na Turquia não foi exatamente boazinha e gentil. A polícia, no mundo todo, é  bem ruim. Mas os jovens da Turquia, do Brasil e do Egito têm sido bem mais corajosos, continuam voltando. Foram espancados, seus acampamentos esmagados, e continuam voltando. Aqui, depois que foram esmagados, no fim de 2011, ainda não voltaram. Mas estou esperando que algo aconteça.

    Viomundo – E as revoluções coloridas na Georgia, na Ucrânia e na Bielorrússia, quando a participação das organizações norte-americanas foi muito bem documentada? Elas investiram uma boa quantidade de dinheiro para unir a oposição ou garantir a vitória deste ou daquele candidato. Qual foi o resultado?

    BB – Se a democracia era o grande objetivo dessas revoluções coloridas, não temos muito do que falar. A Georgia é um dos muito exemplos e não é exatamente uma sociedade muito livre. E o homem que era o líder da revolução, [Mikheil] Saakashvili, não é muito bem quisto agora. Mas eles todos aprenderam, uns com os outros. As organizações norte-americanas que se envolveram, como NED e Open Society [do especulador George Soros], levaram pessoas da Iugoslávia para ensinar os manifestantes da Georgia, por exemplo, para dividir com eles a experiência a respeito de como derrubaram o governo [de Slobodan] Milosevic [na Sérvia, em 2000]. Você pode chamar a isso de conspiração internacional, o uso de um país para derrubar o sistema de outro. E isso tudo foi coordenado pela organização que mencionei, o NED, e pelo Departamento de Estado.

    Viomundo – No fim, qual foi o resultado? O que os Estados Unidos ganharam?

    BB – O propósito é sempre instalar governos que serão ativos confiáveis para Washington. O objetivo, certamente, não é democracia e liberdade. O objetivo é garantir que os que estão no poder sejam bons clientes de Washington. É nisso que você tem que prestar atenção em todos esses lugares. Não examine quem está mais ou menos feliz. Olhe apenas quão subserviente aos Estados Unidos ou à OTAN é o novo governo.

    Mais e mais, esses governos estão entrando na OTAN. Nesse sentido, tem sido um sucesso do ponto de vista de Washington. Os Estados Unidos cercaram a Rússia de membros da OTAN. E eles ainda não terminaram. Ainda querem colocar a Georgia e a Ucrânia na OTAN. É um processo em andamento para cercar a Rússia de amigos da OTAN. E é um dos motivos pelos quais a Rússia não entrega o Edward Snowden a Washington [Snowden é o ex-funcionário terceirizado da CIA que denunciou o programa secreto dos Estados Unidos de coleta de dados telefônicos e da internet, no mundo]. Eles têm muito motivo para estarem com raiva de Washington. Parece até que a Guerra Fria não terminou.

    Viomundo – Considerando a sua história, em particular, quando deixou o Departamento de Estado, o senhor revelou os nomes e endereços de 200 funcionários da CIA, em 1969. O que teria acontecido com o senhor em 69, se as coisas estivessem como estão hoje, haja visto o que está acontecendo com Bradley Manning, Julian Assange, Edward Snowden…

    BB – Não tinha pensado nisso. Consegui não ser punido. A mesma coisa hoje me deixaria com problemas graves. Não sei nem se faria a mesma coisa hoje. Talvez tivesse medo. Não sei. Mas se fizesse, sofreria sérias acusações na justiça.

    Viomundo – Como foi que essa mudança aconteceu no país? Ela foi gradual?

    BB – A transformação dos Estados Unidos em um estado policial foi gradual, mas se acelerou com o Obama. Ele se tornou um grande adversário de várias liberdades civis. O governo dele processou mais gente responsável por vazamento de informações do que todas as administrações anteriores somadas. E ainda não parou. Agora, um general [reformado, James Cartwright] está sendo processado porque vazou informações sobre o que os Estados Unidos fizeram com o programa nuclear do Irã. Eles puseram vários vírus no sistema de computador do programa. O general pode ter sido a fonte que revelou o programa há alguns anos e agora está sendo atacado. Obama parece obcecado em barrar todo tipo de vazamento de informação.

    Viomundo – O senhor acha que isso é responsabilidade do presidente Obama? Não teria acontecido no governo de outro presidente? Isso não é um processo que ocorre nos Estados Unidos, não importa quem seja o presidente ou o presidente tem condições de barrar esse processo?

    BB – Ele pode barrar. Ele tem o poder. Ele tem o poder de soltar todos os presos de Guantánamo. Tem o poder de suspender todos os ataques com drones e todas as guerras. Ele não usou esse poder. Ele vai entrar para a história como o responsável por todas essas coisas. Não pode fugir dessa responsabilidade.

    Viomundo – Uma vez que você tem todas essas organizações (NED, Freedom House e outras) operando no mundo, elas ganham vida própria? Ou tudo isso é bem controlado pela Casa Branca?

    BB – Você não pode absolver a Casa Branca de responsabilidade porque se essas organizações não estivessem fazendo o que devem fazer, não receberiam mais dinheiro [o NED é financiado pelo Congresso dos Estados Unidos com dinheiro público]. O fato de continuarem recebendo dinheiro mostra que o trabalho delas está sendo aprovado pela administração. Então, não se pode separar o governo dessas organizações. É a trilha do dinheiro. Sempre.

    PS do Viomundo: No site de William Blum é possível ler alguns capítulos dos livros dele que foram traduzidos para vários idiomas, inclusive o espanhol. Mas não ainda para o português.

    Clique abaixo para ouvir, em inglês, dois trechos da entrevist

  8. Futurologia do passado

    É interessantíssimo ler hoje, em fevereiro de 2018, este artigo publicado em 2014. Infelizmente, tudo o que se disse das ações da CIA em outros países acabou acontecendo no Brasil em 2015, 2016, 2017. Chegamos a ser alertados pela Inteligência da Rússia de que a CIA estava coordenando ações para desestabilizar o governo. Mas o governo Dilma menosprezou e desprezou o alerta.

     

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