
A morte do advogado e político Alexey Navalny tem repercutido como um novo ‘golpe’ a todos aqueles que tentam fazer oposição ao presidente Vladimir Putin e seus aliados na Rússia.
Apontado como um dos principais nomes da oposição, Navalny morreu aos 47 anos em uma prisão localizada na cidade de Kharp, região próxima do Círculo Polar Ártico.
Ativista anticorrupção, o advogado fundou a Fundação Anticorrupção e chegou a se candidatar à presidência pelo partido Rússia do Futuro, o qual era um dos líderes.
“Putin é o homem que roubou o futuro da Rússia. Estou tomando parte nesta eleição para lutar contra ele”, disse Navalny em 2017, quando anunciou sua decisão em concorrer à Presidência da Rússia.
Como lembra a CNN norte-americana, Navalny “há muito tempo é uma pedra no sapato do presidente Vladimir Putin”, por conta de seu trabalho em expor a corrupção nos altos escalões, além das campanhas contra o governo e de organizar alguns dos maiores manifestos contra o Kremlin vistos nos últimos anos.
A morte do crítico mais ferrenho de Putin deixou muitos russos em choque e, para analistas, deverá ser interpretada como um recado do governo e sinalizar uma repressão mais intensa contra aqueles que se opõem ao governo, uma tendência que cresceu durante a guerra contra a Ucrânia.
Vale lembrar que Alexey Navalny denunciou a invasão russa à Ucrânia pelas redes sociais, e chegou a convocar manifestações contra as ações militares russas.
O falecimento de Navalny vem se somar à morte de diversos outros opositores do governo Putin, como o empresário Boris Berezovsky, o político Boris Nemtsov e, mais recentemente, o líder do grupo Wagner Yevgeny Prigozhin.
Prisão em 2021
O advogado foi detido pelas autoridades russas em 2021, após voltar de um período em que passou por tratamentos na Alemanha após ser envenenado por novichok – em ação que atribuiu ao governo russo e prontamente negada pelo Kremlin.
A detenção de Navalny, que se negou a permanecer na Alemanha, desencadeou diversas manifestações pela Rússia, culminando em milhares de prisões.
A ação também foi alvo de críticas no Ocidente, por ter se tratado de uma ação direta do governo de Putin contra um de seus críticos mais conhecidos.
Depois de passar um período preso em Moscou, o ativista foi transferido para uma colônia prisional na Sibéria no mês de dezembro, um movimento não anunciado pelo governo e que desencadeou buscas por seu paradeiro.
Premiações no Ocidente
Navalny recebeu uma série de premiações e reconhecimentos por conta de seu trabalho político contra o governo de Putin e seus aliados, tanto dentro como fora da Rússia.
Dentre as diversas condecorações, o advogado foi World Fellow no Programa World Fellows da Universidade de Yale, com o objetivo de “criar uma rede global de líderes emergentes e ampliar a compreensão internacional” em 2010.
Em 2011, a revista Foreign Policy nomeou Navalny para o FP Top 100 Global Thinkers, juntamente com Daniel Domscheit-Berg e Sami Ben Gharbia da Tunísia, por “moldar o novo mundo da transparência governamental”.
Em 2012, ele foi listado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, sendo o único russo na lista – em 2017, a publicação colocou Navalny como uma das 25 pessoas mais influentes do mundo na Internet. Ele voltou a figurar na lista das 100 pessoas mais influentes em 2021.
Navalny foi nomeado para o Prêmio Nobel da Paz de 2021 por vários membros, e uma petição em apoio à sua candidatura foi assinada por mais de 38 mil pessoas.
Após sua prisão em 2021, Alexey Navalny recebeu o Prêmio Boris Nemtsov de Coragem, concedido pela Fundação Boris Nemtsov para a Liberdade, além do Prêmio Sakharov pelo Parlamento Europeu em reconhecimento ao seu trabalho “contra a corrupção do regime de Vladimir Putin”.
Em 2023, o documentário sobre ele, Navalny, ganhou o prêmio de Melhor Documentário no 76º British Academy Film Awards e de Melhor Documentário no 95º Oscar.
Com Washington Post, Al Jazeera e Wikipedia

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