
O plano de Israel em bloquear o trabalho da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente) em Gaza é marco da piora das relações entre as Nações Unidas e Israel.
Nesta segunda-feira, o Knesset (parlamento israelense) aprovou um projeto de lei que torna impossível para a agência da ONU operar em Gaza e na Cisjordânia, em sinal de uma nova polarização que pode levar anos para ser revertida.
“As consequências de um grande aliado dos EUA no Oriente Médio ser amplamente desdenhoso da ONU e das instituições jurídicas internacionais que ela defende provavelmente serão duradouras e profundas”, pontua Patrick Wintour, editor diplomático em texto publicado no jornal britânico The Guardian.
A UNRWA tem sido alvo de Israel há um longo tempo e, se o parlamento de Israel conseguir fechar a organização, a canalização de ajuda para 2,4 milhões de pessoas em Gaza e na Cisjordânia vai se tornar um desafio.
Um dos projetos busca barrar a operação da UNRWA dentro do território israelense, o que levaria ao fechamento da sede em Jerusalém Oriental e acabaria com os vistos da equipe de trabalho – segundo a Adalah, um centro legal para os direitos das minorias árabes em Israel, tal medida violaria as ordens do tribunal internacional de justiça que orientam Israel a cooperar com a ONU na entrega de suprimentos humanitários.
Embora esse plano seja condenado inclusive por embaixadores de 123 estados-membros, tudo indica que apenas os Estados Unidos podem persuadir Israel de tal decisão, como indica recente correspondência do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e do secretário de defesa, Lloyd Austin, às autoridades israelenses sobre o impacto de tais restrições.
O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou de forma reiterada que agiu para demitir a equipe envolvida após revisão de alegações de envolvimento no ataque ocorrido em outubro de 2023, mas Israel está mais interessada em mudar o jogo no Oriente Médio, e isso envolve não mais tolerar o que considera interferencia da ONU.
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