Irã sabe o que tem a perder em guerra contra Israel e está preparado para arcar com os custos

Dissidentes, crise interna e consolidação de sanções internacionais eram entraves para a entrada do país em conflito com israelenses

Crédito: Reprodução/ TV Estataç Iraniana

Shahram Akbarzadeh, coordenador do Fórum de Estudos do Oriente Médio da Universidade Deakin, na Austrália, avalia que o Irã enfrenta sérios riscos ao entrar na guerra contra Israel: preservar a identidade estatal e a influência que exerce no Golfo Pérsico, lidar com os próprios dissidentes e garantir a sobrevivência do regime. 

Isso porque o próprio regime político do país sofre com uma grave crise de legitimidade, tendo em vista a morte, por exemplo, de Mahsa Amini durante custódia policial. Ela foi detida por não cobrir a cabeça com um hijab, vestimenta da doutrina islâmica.

A morte da jovem de 22 anos, em setembro de 2022, desencadeou o movimento Women, Life, Freedom – apenas uma das diversas revoltas populares que eclodiram nos últimos anos. 

O confronto com Israel, então, pode desencadear dissidentes internos que podem colocar em risco a sobrevivência do regime iraniano, na avaliação de  Akbarzadeh.

Outro risco assumido pelo Irã é assumir um compromisso com o conflito perpétuo com os Estados Unidos e Israel. Apesar de assumir a identidade de estado anti-EUA e anti-Israel, o novo presidente, Masoud Pezeshkian, tinha uma agenda para melhorar as relações com o Ocidente, a fim de aliviar as sanções internacionais. 

Considerado pária desde 2015, o Irã tinha enviado sinais para estabelecer uma conversa com os americanos. Porém, os países ocidentais não consideravam apropriado ou politicamente conveniente firmar negociações nucleares com o Irã, especialmente depois do início do conflito entre Israel e Hamas, há quase um ano.

Os ataques de Israel ao Hamas, em Gaza,  Hezbollah, no Líbano, e Houthis, no Iêmen, todos aliados do Irã, fizeram com que o Irã tivesse de sair de cima do muro e assumir a liderança dos ataques contra Israel, uma vez que o país se coloca como líder o chamado “eixo de resistência”. 

A estratégia de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, é arrastar os Estados Unidos para o conflito. 

E o Irã está preparado para ver todo o Golfo Pérsico envolvido no conflito, assim como além de esperar retaliações aos mísseis disparados contra Israel no último dia 1°, também se preparou para arcar com os custos de uma prolongada guerra. 

*Com informações do The Conversation Brasil. 

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