Regime sionista tortura e mata médicos palestinos
por Ruben Rosenthal
Os testemunhos indicam que as autoridades prisionais israelenses infringiram diversos artigos da Convenção de Genebra, caracterizando o cometimento de Crimes de Guerra.
Horror! O horror da destruição de Gaza, das bombas que matam indiscriminadamente crianças, mulheres, idosos e a população civil em geral. O horror da fome e das doenças que grassam em Gaza. O horror dos assassinatos na Cisjordânia. O horror das torturas e mortes de palestinos nas prisões israelenses. Enfim, o horror do genocídio de um povo, enquanto o mundo assiste às ações ainda impunes do regime sionista de Israel. Ações que já deveriam ter levado ao indiciamento de políticos, militares e colonos ultranacionalistas pelo Tribunal Penal Internacional. O horror das mortes e sequestros de judeus israelenses pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 não justifica as atrocidades que vêm sendo cometidas contra os palestinos pelo regime sionista.
A cada novo relatório das organizações de direitos humanos que é publicado, novas revelações surgem dos crimes que vem sendo cometidos pelo regime sionista, seja como parte de um processo de limpeza étnica nos territórios ocupados ou de uma política de subjugação e dominação da população palestina. No mês de agosto, foram publicados dois relatórios sobre as condições carcerárias a que são submetidos palestinos, que muitas das vezes foram detidos sem qualquer acusação formal, em verdadeiros sequestros.
No início de agosto, a ONG israelense de direitos humanos, B´Tselem, publicou o relatório “Bem-vindos ao Inferno”, em que descreve o sistema prisional israelense como uma rede de campos de tortura. Nas 120 páginas do relatório é detalhado o abuso e o tratamento desumano de palestinos mantidos em instalações prisionais israelenses, militares e civis, agravado a partir do início das hostilidades em 7 de outubro de 2023.
São constantes os atos de violência arbitrária, agressão sexual incluindo estupro, privação de sono, humilhação, degradação, inanição, condições não higiênicas, proibição e punição por prática religiosa, negação de tratamento médico, levando inclusive a amputações e morte.
Em 26 de agosto, a ONG Human Rights Watch publicou o relatório “Israel: Trabalhadores de Saúde Palestinos Torturados”. Trata-se de um relatório não tão extenso como o da B´Tselem, mas cuja leitura é de embrulhar o estômago. As forças israelenses detiveram arbitrariamente cerca de 259 profissionais de saúde palestinos em Gaza, desde de 7 de outubro de 2023. Médicos, enfermeiros, terapeutas e motoristas de ambulância foram deportados para centros de detenção em Israel, onde foram submetidos a maus tratos e torturas, conforme diversos relatos. Eles permaneceram algemados e com os olhos vendados por semanas, para confessarem pertencer ao Hamas.
A ONG entrevistou 8 trabalhadores de saúde palestinos detidos após o 7 de Outubro, e que foram libertados sem que qualquer acusação fosse formalizada. Os testemunhos indicam que as autoridades prisionais israelenses infringiram diversos artigos da Convenção de Genebra, caracterizando o cometimento de Crimes de Guerra.
Segundo o relato de um paramédico detido na base militar de Sde Teiman, situada no deserto de Negev, mesmo estando com algumas costelas fraturadas devido às agressões sofridas, ele ficou suspenso por correntes atadas nas algemas, enquanto recebia eletrochoques. Sde Teiman ganhou notoriedade recentemente, pelo vazamento de imagens de uma câmera de vídeo que mostram um prisioneiro palestino sendo submetido a estupro.
Relato no Dropsitenews descreve o caso do sequestro e prisão do respeitado cirurgião palestino, Khaled Alser, autor principal de um artigo no periódico The Lancet, em são detalhados casos de trauma entre pacientes e profissionais médicos de Gaza. Ele foi sequestrado pelo IDF, as Forças de Defesa de Israel, quando realizava uma cirurgia, e se encontra em cativeiro no Centro de Detenção de Ofer, após ter passado pelo menos três meses no já mencionado campo de tortura de Sde Teiman.
O jornal israelense Haaretz informou que os militares israelenses estavam conduzindo investigações sobre as mortes de 48 palestinos em centros de detenção desde 7 de outubro. Dentre estas se incluem as mortes do Dr. Adnan al-Bursh, que era cirurgião e chefe de ortopedia do Hospital al-Shifa, e do Dr. Eyad al-Rantisi, então diretor de um centro de saúde feminina no Hospital Kamal Adwan em Beit Lahia.
Anteriormente, o Haaretz já relatara que as autópsias de palestinos mortos quando em detenção após o 7 de outubro indicaram sinais evidentes de maus tratos, como lesões e fraturas ósseas, mas que também ficou evidenciada a ocorrência de negligência no atendimento médico dos detentos. Tal negligência constitui uma infração do artigo 91 da Quarta Convenção de Genebra.
A tortura e os maus tratos a que os profissionais de saúde palestinos foram submetidos precisam ser investigados e punidos pelo Tribunal Penal Internacional, assim como o genocídio e os crimes de guerra que vem sendo cometidos pelo regime sionista. Mais dia, menos dia, a conta vai chegar, e vai ser salgada como a água do Mar Morto.
Ruben Rosenthal é professor aposentado da UENF, responsável pelo blogue Chacoalhando e pelo programa deentrevistas Agenda Mundo, veiculado no canal da TV GGN e da TV Chacoalhando.
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