Acordo do Janot ameaça a soberania e os interesses do Brasil, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto: O Globo

Acordo do Janot ameaça a soberania e os interesses do Brasil

por Jeferson Miola

O encontro promovido pelo ministério público com procuradores de 10 países onde a Odebrecht atua, indica um ativismo internacional questionável da força-tarefa da Lava Jato – fato verificável também na cooperação descabida com o Departamento de Justiça dos EUA.

Na “Declaração de Brasília sobre a cooperação jurídica internacional contra a corrupção” [16/02/2017], os procuradores assumiram o compromisso “com a mais ampla, célere e eficaz cooperação jurídica internacional no caso Odebrecht e no caso Lava Jato, em geral”.

O acordo assinado por Rodrigo Janot deve ser analisado e acompanhado com rigor máximo pelo Congresso Nacional e pelo Conselho de Defesa Nacional, uma vez que envolve razões de Estado, proteção da soberania nacional e a defesa dos interesses do Brasil.

A Odebrecht, única empreiteira citada nominalmente na “Declaração de Brasília”, não é, todavia, a única implicada na Lava Jato; e tampouco é a única empresa brasileira competitiva no mercado internacional de obras, serviços, engenharia e tecnologia.

Além disso, os procedimentos e estratégias adotados pela Odebrecht para corromper o sistema político, em nada diferem daqueles empregados pelas poderosas empresas dos EUA, da Alemanha, França, Inglaterra, Japão para abocanhar mercados no exterior.

A Odebrecht era, antes de começar a ser detonada pela Lava Jato, a principal empresa de engenharia de ponta do Brasil, e também aquela com maior conhecimento, domínio tecnológico e competitividade capaz de disputar os mercados de áreas mais avançadas com as companhias estrangeiras, sobretudo as norte-americanas.

O desenvolvimento desta multinacional brasileira a habilitou a atuar em áreas sensíveis e de altíssimo interesse estratégico para o Brasil, como o enriquecimento de urânio, construção de tecnologia de submarino nuclear, projetos militares, associação na fabricação dos caças Gripen, extração de petróleo de águas profundas [pré-sal], setor petroquímico, de óleo e gás; geração energética, mega-obras de infra-estrutura etc etc.

Com a guerra de ocupação de George W. Bush para roubar o petróleo do Iraque, a Odebrecht foi uma das principais perdedoras de contratos de obras de infra-estrutura e de exploração de petróleo naquele país. O cartel da máfia liderada pela família Bush e o então vice-presidente Dick Cheney se apoderou da “reconstrução” do país que eles próprios tinham arrasado.

É muito estranho, em vista disso tudo, o acordo assinado pelo procurador-geral – que poderá implodir a Odebrecht e, em conseqüência, afetar projetos estratégicos e o desenvolvimento do país. Se tivesse um mínimo de patriotismo, Janot buscaria auxílio internacional para combater a corrupção que multinacionais como a Alstom e a Siemens promovem no Brasil através dos governos tucanos.

Ao assinar um acordo que ameaça a soberania nacional e contraria os interesses do Brasil, Janot rasga a Constituição. No inciso I do artigo 21, está definida como competência da União [do Poder Executivo] “manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais”. E no artigo 84, a Carta Magna define como competência privativa do Presidente da República:

“VII – manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos”;

“VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”.

A representação do Estado brasileiro, como se vê, nem de longe é atribuição do chefe do ministério público. Mesmo sob a vigência do regime de exceção e com o país comandado por um presidente ilegítimo, cabe ao usurpador que ocupa de fato o Poder de Estado responder formalmente pelo país perante outras nações e organismos internacionais.

É dever constitucional do usurpador Michel Temer convocar com urgência o Conselho de Defesa Nacional para evitar o desfecho desta que poderá ser a jogada terminal da Lava Jato para satisfazer interesses estrangeiros e escusos, que não os do Brasil e do povo brasileiro.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Janot, ou os limites intelectuais do moralismo puro

    O André Araújo, com a sagacidade de sempre, já falou todo o essencial da lógica moralista de Janot. Mas tem um detalhinho aí.

    Como todo moralista, Janot e seu séquito é um deslumbrado com as macumbas pra turista que são feitas toda hora no exterior. Um exemplo é a devoção à igreja que mais cresce no mundo ocidental, a Igreja Universal do Reino das Startups.

    “Ora, vamos destruir uma grande empresa nacional, e dos seus escombros surgirão startups dos empregados honestos e sem máculas”.

    Se lançar uma startup é uma atividade de risco e que, na sua maioria, dá errado, não é problema de Janot.

    Se ninguém lança uma startup em áreas com grandes necessidades de capital e retorno baixíssimo porque o retorno não interessa aos investidores, não é problema de Janot.

    Se, na prática, as únicas atividades econômicas que não envolvem Estado ou coisas ilegais que sobrarão no Brasil são a monocultura e a produção de jogadores de futebol, não é problema de Janot.

    Pelo contrário, o Brasil será purificado e será a liderança moral do mundo (pausa para gargalhadas) com um país fervilhando de startups éticas, honestas  e que conquistarão o mundo por serem éticas e honestas. “Brasil, liderança moral do mundo, pátria do Evangelho”.

    Não por acaso a ficha está caindo para os mais jovens e com algum talento, que o caminho é emigrar e aproveitar sua capacidade em países onde as pessoas acreditam menos em baboseiras tipo as que Janot acredita.

    1. Desculpem

      Desculpem mas sem discordar já discordando, eu não creio que Janot,  ( o que ajudou a condenar um amigo inocente), tenha alguma lógica moralista. Ele usa uma retórica moralista mas com objetivos que não tem nada a ver com moral. Ninguém faz o papel que está fazendo nestes seus périplos ao exterior, sem estar a mando ou a soldo de ninguém. 

      Esta conversa de que o Brasil é o país da corrupção é uma piada lucrativa. Os CEOs de Wall Street,  entre eles Soros e todos que vem ganhando com a nossa crise estão rindo às gargalhadas. Estas  efetivamente não são as pessoas mais honestas da face da Terra. Janot tanto sabe disto que sempre é fotografado com este sorriso de deboche. 

  2. “É dever constitucional do

    “É dever constitucional do usurpador Michel Temer convocar com urgência o Conselho de Defesa Nacional para evitar…”

    Imagem relacionada

  3. O que dizer desse daí…? O que todos já sabem..

    O cara é vassalo declarado dos interessses internacionais. Ponto. Todas as suas manobras são coerentes com a escolha que ele e os “seus”[ os comparsas golpistas] fezeram de entregar o “serviço” – o Br servido na bandeja. Até agora ninguém consegiu parar esse e os outros caras que estão junto com ele na empreitada.. Tem gente que é assim mesmo, faz a opção de passar por essa vida abraçado com o que não presta, com o que não tem decência, honradez e honestidade. É nas mãos dessa gente imunda que o BR está, Está tudo muito escancarado e isso é assustador.. Agem aberttamente,sem receio algum, é tudo muito explícito demais porque sabem que nada lhes acontecerá. 

     

  4. Tenho um amigo Investigador de Polícia aposentado

    que participa de um grupo que apóia Sergio Moro, são contra o PT, Lula e por aí vai…

       Esse amigo quando toca no assunto “patriotismo” é duramente contestado, tratado com deboche.  

       Coxinha não se importa com patriotismo, querem a divisão do país e que se foda a miséria.

       Estou lendo o livro do Marechal Floriano de Lima Brayner “A verdade sobre a FEB”. É interessante que em dado momento ele escreve sobre “a quinta-coluna nazista” existente no Brasil.

       A traição sempre esteve presente na História do Brasil. Os entreguistas estão aí em “arrancos triunfais de cachorro atropelado”.  

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