Advogados e juristas pedem investigação contra delegado da Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, investigue abuso de autoridade pelo delegado Igor Romário de Paula, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, que em entrevista disse que o “timing para prender Lula pode surgir em 30 ou 60 dias”.
 
De acordo com os advogados Valmir Batista, Cristiano Zanin Martins e outros seis juristas, é “inaceitável violação de direitos constitucionais do ex-Presidente pelo delegado-chefe da Operação Lava Jato, comportamento que fere a ética e responsabilidade institucional da Polícia Federal”.
 
Na entrevista concedida ao Uol, publicada no dia 27 de janeiro, o delegado admitiu estar prestes a concluir dois dos inquéritos contra Lula e que em no máximo um ou dois meses o ex-presidente seria preso pela Operação Lava Jato.
 
Ao ser questionado se os investigadores já haviam “pedido o timing” para a prisão, considerando as investigações e os mandados já expedidos, como a condução coercitiva, em março do último ano, e as seguidas buscas e apreensões, o delegado respondeu que não e que esse tempo limite “pode ser daqui a 30 dias, daqui a 60 dias”.
 
Na mesma entrevista, o delegado criticou os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba por fecharem o acordo de delação com os 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht sem a presença da Polícia Federal. Afirmou que, com relação a isso, “é bem provável que haja a necessidade de um recall no caso da Odebrecht”.
 
Os advogados e juristas que assinaram o pedido de investigação na PGR contra Igor Romário de Paula lembraram que o investigador ignorou, ainda, o estado de saúde de dona Marisa, concedendo tal entrevista durante um quadro frágil de saúde da ex-primeira-dama.
 
“O arroubo midiático do delegado ignorou o estado de D. Marisa Letícia, em coma após o AVC que sofreu, um total desrespeito à sua condição. Registra-se que esse é mais um de vários abusos cometidos pela Operação contra Lula e seus familiares”, afirmaram.
 
Na petição, ainda destacam que o mesmo delegado foi o que realizou campanha para o então candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), contra a então presidente Dilma Rousseff, o que explicita “posição partidária contrária a do ex-Presidente”.
 
Assinaram o documento Zanin Martins, Valmir Batista, além dos juristas Lenio Luiz Streck, Celso Antonio Bandeira de Mello, da professora de Direito Weida Zancaner, o professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, o pesquisador Paulo Petri, e o procurador aposentado Jacques Alfonsin.
 
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Gente…tudo o que ele quer é

    Gente…tudo o que ele quer é ser afastado da Operação Lava Jato a essa altura do campeonato !!!

    Por isso ele está forçando a barra nas declarações!!!

    Ele sabe que a operação saiu do controle e que a situação dele não é das mais confortáveis, logo, quer ser afastado para sair como “vítima” da situação.

    E o pior é que o PT não consegue (mais uma vez) fazer essa leitura do jogo.

    Não tem que pedir o afastamento dele não!!!

    Isso será visto como uma tentativa do PT parar a operação.

    Coisa muito pior já foi dita e feita na Lava Jato e ninguém foi afastado.

    Tentar afastá-lo, como se isso freiasse a prisão do Lula, é bobagem.

    Quando o Moro quiser ele pede a prisão com ou sem a presença desse delegado mequetrefe.

    Tem que deixar esse delegado dentro da operação para ele se enrolar cada vez mais.

    O outro delegado, que fez campanha para o Aético, já pediu penico e saiu da operação.

    Agora, esse daí está seguindo o mesmo caminho…

    1. Em outras circunstancias sua

      Em outras circunstancias sua opiniao se aplicaria, NAO DURANTE LAWFARE.  Quando em lawfare, voce tem que responder aa altura no momento exato da agressao.

      Isso fica registrado no judiciario mundial, em caso voce nao sabe.  Ate mesmo na Palestina.

    1. O silêncio dos paneleiros é aplauso à corrupção

      O silêncio dos paneleiros é aplauso à corrupção.

      Não sendo do PT pode acabar com o País que está tudo certo.

      Isso sim é militância! Uma militância imbecil, uma militãncia “anti”, porque é muito difícil se dizer pro golpistas e corruptos, então se dizem “anti”, mas é sempre uma militância.

      A militância “anti” é burra.

      Não tendo a cara de pau necessária para se dizerem pro golpistas, se dizem anti-PT.  

  2. Quando os procuradores da

    Quando os procuradores da Vaza Jato colocam os delegados para escanteio no caso das delações da Odebrecht, tentam colocar sobre os ombros dos delegados o ônus dos vazamentos. Este procedimento explicita o racha na operação. Delegados e procuradores andaram juntos até o desfecho do golpe. Agora, é cada lado buscando o seu.

    As declarações do delegado aecista demonstram que os delegados não estão dispostos a aceitar o título de Vazadores.

    Querem se mostrar atuantes na operação pega-Lula.

    No fundo, guerra de vaidades.

  3. Inaceitável a atitude. . .

    Inaceitável a atitude desse “funcionário da justiça brasileira”, se isso acontecesse num país sério, esse indivíduo seria demitido a bem do serviço público no dia seguinte a de sua entrevista aos jornalistas.

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