Brasil tem pior nota no Índice de Percepção da Corrupção

Diretor da Transparência Internacional no Brasil vê risco de a Lava Jato se tornar um ato isolado no país 
 
Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – O Brasil apresenta sua pior nota desde 2012 no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) e cai da 96ª para a 105ª posição no ranking elaborado pela Transparência Internacional. O levantamento da ferramenta para medir a corrupção mais abrangente e duradoura no mundo foi divulgado nesta terça-feira (29). 
 
Em uma escala de 0 a 100, onde 0 significa que o país é considerado altamente corrupto e 100 significa que é considerado muito íntegro, o Brasil marcou 35 pontos, em 2018. Em 2017, a pontuação foi 37. A mudança, levou o Brasil a cair 9 pontos no IPC em um ano, o pior resultado desde 2012, quando os dados passaram a ser comparáveis ano a ano.
 
Os entrevistados pela Transparência Internacional são especialistas e executivos de empresas. Na lista mais recente, o Brasil está empatado com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. 
 
Os países com as notas mais altas no ranking são Dinamarca (88), seguida por Nova Zelândia (87), Finlândia, Singapura, Suécia, Suíça (85) e Noruega (84). As piores posições no IPC são da Coreia do Norte, Iêmen (14), Sudão do Sul, Síria (13) e Somália (10). A média global também preocupa a Transparência Internacional que, em 2018, ficou em 43,1. Dois terços dos países analisados estão abaixo de 50 pontos, revelando que o combate à corrupção na maior parte deles é falho. 
 
A entidade destaca, ainda, que o Brasil sofre a 3ª queda anual seguida. No primeiro ano do ranking, em 2012, o país registrou 43 pontos. No no ano seguinte, caiu para 42, voltado para 43 em 2014. Em 2015. sofreu queda de quatro pontos, passando para 38. Em 2016, absorveu melhora de dois pontos e, em 2017, voltou a cair, ficando em 37. 
 
A Transparência Internacional entende que a Lava Jato foi um instrumento “crucial para romper com o histórico de impunidade da corrupção no Brasil”. “Mas para o país efetivamente avançar e mudar de patamar no controle da corrupção, são necessárias reformas legais e institucionais”, escreveu na divulgação do IPC no site oficial.
 
Em entrevista para a Folha de S.Paulo, Bruno Brandão, diretor-executivo da entidade no Brasil, destacou que é comum haver um aumento do nível de percepção da corrupção quando existem ações de enfrentamento iguais as da Lava Jato. Mas isso acontece em um primeiro momento. Para ele a ausência de inflexão preocupa.
 
“Isso aponta para o risco de a Lava Jato ter ficado um ato isolado no país. O que nós vimos como principal causa dessa sequência de pioras é a falta de reformas estruturais, legais e institucionais que ataquem de fato a raiz do problema”, disse ao repórter Rodrigo Borges Delfim. 
 
Vale destacar que a Transparência Internacional é a autora, junto com a Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV) das “Novas medidas contra a corrupção”, um pacote com 70 proposta lançado em junho do ano passado.
 
Segundo Brandão, o movimento conta com o comprometimento de 50 parlamentares. “Esperamos obter adesões para criar uma frente parlamentar contra a corrupção”, disse à Folha. 
 
O diretor avaliou como positiva a participação do ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro no novo governo, agora ministro da Justiça. Por outro lado, a entidade ficou preocupada com o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 24, tornando o aval para sigilo mais amplo do que na época da ditadura militar, isso porque aumentou o número de funcionários do governo com a competência para atribuir a classificação de sigilo de um documento.
 
“Sem dúvida, o decreto vai na contramão do anseio da sociedade e das necessidades que temos de ampliar a transparência. E é uma ironia um decreto sobre transparência ter sido feito sem discussão, a portas fechadas”, pontuou Brandão.
 
 
 
Redação

6 Comentários

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  1. Corrijam-me se eu estiver

    Corrijam-me se eu estiver errado. Diminuindo a nota aumenta a PERCEPÇÃO da corrupção e não propriamente a corrupção. Se for isso a notícia é boa, desmistificando a balela lavajatista. Outra dúvida: Parece-me que o foco dos entrevistados é o setor público. Se for isso como responderiam os entrevistados sobre corrupção nas empresas onde atuam como executivos ? E os especialistas sobre a corrupção no setor privado ? 

  2. A percepção da transparência

    A percepção que a Transparência Internacional tem do país é estranha,

    Tenho dúvidas sinceras
    A Transparência Internacional entende que a Lava Jato foi um instrumento “crucial para romper com o histórico de impunidade da corrupção no Brasil”.

    Afinal temos casos como todo o PSDB, de Serra e sua família, a FHC e seu filho, a Alckmin e o rodoanel etc… Temos ainda todos os delatores que mostram que ela não foi este instrumento,  mas sim instrumento para perpetuação de uma mesma casta no poder. Temos ainda as violações dos direitos de indiciados e ou acusados, o que é abuso de autoridade e a abertura para corrupções, como as acusações de Tacla Duran

    “Mas para o país efetivamente avançar e mudar de patamar no controle da corrupção, são necessárias reformas legais e institucionais”, escreveu na divulgação do IPC no site oficial.

    O pedido de reformas é simplesmente superficial, pois bastava seguir a lei e a constituição, e a Lava Jato e alguns ministros tem tergiversado e sugerido que a constituição pode ser violado em casos especiais.  Se os homens da lei não defendem a lei, temos um problema que não é de reformas.

    “Isso aponta para o risco de a Lava Jato ter ficado um ato isolado no país.

    A Lava Jato não foi um ato isolado mas sim uma arma do golpe, com suas filigranas jurídicas de PowerPoints. O seu resultado não foi e nem pretendeu   acabar com a corrupção. Mas pretendeu sim  aumentar a percepção da corrupção, para implantar com o punitivismo, facilidades para afrouxar as garantias do cidadão e assassinar moralmente grupos sociais, partidos e lideranças políticas. De quebra assassinar moralmente o país criando o ambiente propício para uma visão fascista de sociedade

    O que nós vimos como principal causa dessa sequência de pioras é a falta de reformas estruturais, legais e institucionais que ataquem de fato a raiz do problema”,

    Esta s tais reformas parecem fazer coro com o discurso de Moro e outros, que pretendem estabelecer leis tirando garantias dos cidadão. E’  no mínimo uma leviandade  esta frase. Não são reformas estruturais legais e institucionais que atacam a raiz do problema. Este parece mais o discurso dos que ora estão no poder. Sempre as tais reformas que tiram direitos e enfraquecem as defesas do cidadão.

    Depois deste discurso piorou minha percepção sobre a Transparência Internacional

    Para a Transparência Internacional vale a frase: As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam.

  3. Pois é, vejam só, evo Morales
    Pois é, vejam só, evo Morales quer concorrer só ao quarto mandato….

    Já estou contando os minutos em que o coiso irá declarar a Bolívia uma ditadura e o Orange hair pedir intervenção militar no país…..

  4. nada sobre a percepção de que

    nada sobre a percepção de que o combate a corrupção era uma dfalácia

    e um insrtrumento de perseguição ao pt e à  esquerda e aos movimentos sociais…

    desde a infaia do menaALÃO, onde se  iniciou o estado de exceção do judiciario opressor….

  5. plim

    A globo trabalhou intensamente e dioturnamente para que esse índice fosse atingido. E fez a diferença!

    A Mossac-Fonseca (1977-2018) que o diga!

    plim

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