O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, vai retomar o seu depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (28). Esse será o segundo dia de oitiva por videoconferência, iniciada ontem (27).
Durante o interrogatório desta terça, que durou cerca de cinco horas, Lessa voltou a apontar o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Domingos Brazão, como os mandantes do crime que chocou o país em março de 2018. As defesas da dupla negam as acusações.
O ex-policial, preso desde março de 2019, reafirmou conhecer os irmãos Brazão há mais de 20 anos e os classificou como pessoas perigosas. Essa foi a primeira vez que Lessa falou sobre o caso, após delatar os envolvidos em acordo firmado com a Polícia Federal (PF), no início do deste ano.
Ganância
No primeiro dia de oitiva, Lessa não demonstrou arrependimento pelo assassinato e declarou que foi movido pela “ganância”, uma vez que o valor oferecido pela execução da vereadora beirava R$ 25 milhões.
O montante seria referente ao valor estimado de dois loteamentos de terras griladas prometidos pelos irmãos Brazão, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Eu me deixei levar. Foi ganância. Eu, na verdade, nem precisava. Estava numa fase muito tranquila da minha vida, e eu caí nessa asneira. Foi ganância. Realmente, foi uma ilusão danada que eu caí”, declarou.
Segundo o ex-policial, ele se reuniu com os irmãos Brazão três vezes para tratar da morte de Marielle, sendo duas delas antes do crime. Já o terceiro encontro foi após a morte da vereadora e seu motorista.
Lessa disse que Domingos Brazão garantia que ele não deveria se preocupar com a elucidação do caso, uma vez que o então chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa “viraria o canhão para o outro lado“.
“[Ele disse:] ‘Fica tranquilo. O Rivaldo (Barbosa) está vendo isso aí. Se não der, nós temos promotores, juízes, desembargadores. Se for o caso nós vamos por cima“, contou Lessa, no 12º dia de audiência de instrução e julgamento do caso Marielle no STF. ,
Hoje, o representante da Procuradoria Geral da República (PGR), o promotor Olavo Pezzoti, retorna para continuar o interrogatório do ex-policial, que está preso na penitenciária 1 do Complexo de Tremembé, em São Paulo, desde 20 de junho.
Depois, as assistentes de acusação e defensores públicos do Rio fazem perguntas a Lessa. Se houver tempo, também haverá manifestação das defesas dos réus Domingos e Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa, o major Ronald Paulo Araújo Pereira e do policial militar Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe.
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