JBS pressiona: prisões são riscos menores do que engavetar investigações

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Entenda quais são os próximos passos da negociação que pode afetar os maiores indícios já levantados na Operação Lava Jato contra Michel Temer e políticos
 

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Foi desenhada uma nova estratégia de defesa dos irmãos Batista e executivos da J&F: romper, ainda que aparentemente, com a relação amigável que caracterizou as negociações para o acordo de delação premiada, iniciando enfrentamentos com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
 
Ainda que são grandes as chances desse confronto serem parte de simulações para os próximos passos do acordo já fechado e agora sob revisão, os donos da JBS e funcionários da J&F receberam a ameaça de um fim dos benefícios alcançados no acordo com a prisão neste domingo (10) de Joesley Batista e Ricardo Saud.
 
Neste cenário, o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixou a épica denúncia do atual presidente da República Michel Temer como um feito histórico para concluir o seu mandato. Carregada de acusações dos empresários da J&F, para a empreitada, Janot defendeu a legalidade do acordo – combatida pela defesa de Temer – até o último minuto. 
 
Conscientes do peso das informações que os empresários tinham a entregar com os depoimentos, arquivos e revelações, e dos cuidados já tomados para não se colocar a perder tais provas não somente pelo procurador-geral, como também pelos investigadores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo também o ministro relator Edson Fachin, a J&F decidiu fazer uma reviravolta na atuação da defesa.
 
Ao passo que pretendem reconquistar pelo menos parte dos benefícios aos delatores, o grupo passou a confrontar as medidas tomadas pelo procurador-geral Rodrigo Janot com dois caminhos: um, na contratação do combativo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que publicamente se posiciona contra Janot na defesa de outros réus da Lava Jato; e liberando cartas na maga, outras informações que poderiam endossar a Lava Jato.
 
A prisão de Saud e Joesley Batista, neste domingo, foi marcada por cenários atípicos: a entrega espontânea dos executivos à Polícia Federal, a fim de evitar uma imagem ainda mais negativa contra os delatores da JBS e do grupo J&F; e o encontro informal deflagrado entre Pierpaolo Bottini, um dos advogados dos empresários, e Rodrigo Janot em um boteco em Brasília.
 
Bottini foi quem assinou a petição protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF), colocando os passaportes de Joesley e Ricardo Saud à disposição da Justiça. No domingo, imediatamente após os investigados se entregarem espontaneamente à Polícia Federal, o novo advogado Kakay emite comunicado à impresa.
 
No texto, o advogado confirma os riscos adotados por Janot e pela Lava Jato, incluindo o STF, com a prisão e um possível fim do acordo de delação premiada: “Não pode o Dr. Janot agir com falta de lealdade e, insinuar que o acordo de delação foi descumprido. (…) Este é mais um elemento forte que levara a descrença e a falta de credibilidade do instituto da delação.”
 
E expôs as consequências com a detenção provisória de dois dos maiores delatores do grupo: “Sempre ressalto a importância deste instituto, mas é necessário que seja revisto o seu uso. A proposta de quebra unilateral, sem motivo, por parte do Estado, no caso representado pelo Procurador Geral, gera uma insegurança geral para todos os delatores.”
 
A resposta de Kakay foi uma cobrança pública de que Rodrigo Janot e os procuradores que comandam as investigações no âmbito do Supremo se comprometam com a moeda de troca da Justiça no instituto de delação premiada para que eles possam seguir colaborando. Caso contrário, a ameaça da prisão dos empresários é risco menor em comparação ao engavetamento de incontáveis acusações. 
 
Mais uma amostra do que eles têm a entregar, caso a Justiça e a PGR de Rodrigo Janot não queiram encerrar os indícios levantados, Joesley Batista admitiu ter ainda outras gravações e materiais inéditos guardados no exterior. O Painel da Folha trouxe a condição explícita: “o dono da JBS avisa agora que só repassará o material à PGR se o acordo da J&F não for rescindido”. Do lado ético e judicial, os advogados tratam de sustentar que não houve omissão de provas, porque as investigações estavam em andamentos e o ministro Edson Fachin havia concedido mais 60 dias para os delatores anexarem informações aos processos.
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. A entrada de Kakay na parada

    A entrada de Kakay na parada embola o jogo,e deixa Janot mais tonto do que efetivamente é.Aliás,posso e devo afrmar peremptoriamente,que nesses ultimos dias,a PGR tem sido impusionada por energia alcoolica,dentre outros bichos.

  2. JBS….

    Vamos definitivamente mudar este país ou ficar com esta perfumaria? Falando nisto, toda esta reviravolta, prisões, escandâlos e flagrantes diários mudou o que na nossa vida? A passagem de ônibus que é 70% propina, como revelada por Cabral/Barata, lá no RJ e de semelhante valor por todo o país, diminuiu em 50%, pelo menos? Ou no Rio de Janeiro, a tal custa R$ 3,50, com a farra da corrupção, aqui em São Paulo ou BH, custa R$ 3,80 ou 4,00, baseada apenas em custos e bons serviços?! E os 70% para sustentar a Cleptocracia Parasitária instalada na Petrobrás, agora escancarada, ainda não produziu a derrocada de preços de combustíveis ou botijão de gás, por que? Se agora o monopólio dos botijões foi novamente devolvido à italiana Agip, e toda sua “competência” privada, sem os tais parasitas, porque apenas depois de 4 meses do tal negócio, o gás de cozinha já aumentou em mais de 30%? 30% em 4 meses, em país de inflação anual de 4%? E estradas extorsivamente pedagiadas, balsas, trens, metrôs, aeroportos, portos…Todos nas mãos das mesmas Empreiteiras destes escandãlos todos, entregues para a continuiudade da farra, agora público-privada, não terão seus preços rebaixados em pelo menos 70%, que descobrimos todos os dias, ser a parte do Sócio Oculto do PIB Brasileiro? AntiCapitalistas, é claro. Não é mesmo, Aécio? Falta dinheiro para tudo, mas nunca para a Elite que jura mudanças urgentes em curso, enquanto propaganda por Biometria Obrigatória aos custo de R$ 180.000.000,00 Cento e oitenta milhões de reais, nos levará às Eleições Ditatorialmente Obrigatórias, ao custo de R$ 500.000.000,00 Quinhentos milhões de reais, com Fundo Partidário de R$ 4.000.000.000,00 Quanto bilhões de reais. Por enquanto é APENAS R$ 1.000.000.000,00 Hum bilhão de reais. O que ser divulgado, aquilo que todos brasileiros já sabiam, que são roubados todos os dias por Bandidos no Poder Público, já mudou imediatamente e de forma concreta nas nossas vidas? Ou a partir de ontem, ainda cremos que somos o País do Futuro?     

  3. Essas delações poderão ser anuladas…

    Ha uma semana da saida de Janot como Procurador-geral da Republica as negociações se derão de fato com Raquel Dodge. E o que sera que pensa a nova procuradora desse festival de febeapa que assola a procuradoria?

  4. a Globo já se tocou!

    Na verdade PGR em fim de mandato, quem dá importância? Ademais, enfrentar que não tem juizes, procuradores e a grande mídia é fácil, agora o PMDB e os tucanos juntos, a coisa é outra. Até a Globo que antes vivia querendo tirar Temer, já se tocou que o negócio agora é outro. É fácil no Brasil resolver as coisas é só investigar a vida de procuradores e juizes, ter ao menos a omissão da mídia e tá no papo. 

    Se alguém dúvida, imagine se existisse uma imprensa investigativa, ou até um GSI ou até parte da PF querendo apurar mesmo, como estaria esta história do espanhol e o dinheiro para padrinho e talvez esposa do Moro? E os grampos em Curitiba? E os vazamentos ilegais? 

    Janolt dançou porque o que unifica todo mundo é Lula e o PT, só isso. Janot viajou na maionese e não entendeu que e parte de um jogo, onde Temer tem muito mais poder do que ele. Agora, perdeu e para não ser triturado, terá que sair de fininho, parecendo ter feito tudo errado, inclusive sua ida ao boteco. Ora, até uma criança sabe que isso daria errado. Fez porque isso faz parte do jogo de cena. 

    Judiciário, MP, e Congresso e agora o executivo, todos querem uma coisa só e isso é o que os unifica. Aprenda com Moro gente! Só lhe interessa o que os unifica. 

  5. Fico impressionado com o que é divulgado.

    O motivo do escandalo, foram documentos e gravações, entregues à procuradoria pelos tais “colaboradores”. Mas me parece que os “colaboradores” ao entregar e não omitir deixaram escapar o que  deveria ser omitido. Me parece que o que foi entregue, entregava, doutas e probas figuras  da procuradoria e do judiciário. E quando isto acontece a lei não é para todos. Como no caso Delcidio, o simples mencionar juizes do supremo levou um senador a prisão, enquanto vários outros piores ou iguais a Delcidio, continuam soltos. Não que tenha pena de Delcidio, mas sim da nossa instituição justiça. Assim Kakay está certo ao afirmar, que não houve omissões, e portanto fica a pergunta no ar, : Porque tanta tempestade  num aparente copo d ‘agua”” ( vejam que cicuta é transparente.)  Veja que  o procurador que Janot entregou, sequer foi acusado das acusações. Segundo Fachhin , apenas um uso indevido, sujeito a uma admoestação, de sua posição. Agora um Janot histérico pela perda de poder, e temeroso pelo futuro, monta um verdadeiro circo de horrores em cima do maior circo de horrores que já havia montado anteriormente.   Eu imagino os esqueletos que Janot deixou na procuradoria.  Mas ainda não sei se  Dodge é do Brasil ou de Veneza.

  6. O inspetor Clouseau

    Só os idiotas da PGR, sr Janot, procuradores e acho até que a Globo entrou de gaiato nessa história, poderiam acreditar que o “ignorante” Joesley iria entregar tudo de mão beijada para eles sem guardar as gravações bombásticas, que agora se sabe, segundo o Joesley, estão guardadas no exterior.

    Essa turma do MPF, Janot como chefe, juízes que estão chafurdados nessa montanha de excremento estão levando um pialo do bandido Joesley que seguramente tem nas mãos um monte de boçais que viram na fortuna dele um jeito de fazer extorção por vias ilegais ( com pleonasmo e tudo); caixa dois de campanhas políticas (Joesley disse que comprou mais de mil políticos), propinas na cara dura para Aécio, Temer e demais quadrilheiros que assaltaram o poder, mais autoridades do MPF e judiciário. 

    Porque Janot anunciou uma bomba atômica envolvendo pessoas dessas instituições e só citou o ex procurador Macelo Miller?

    Será que Joesley prometeu a ele gravações (podem ser essas guardadas no exterior) e ao final entregou um peido de véia?

    Joesley tirou a escada do Janot e ele ainda se segura não sei em que. Deve estar levitando, ou então se segurando em alguma pequena saliencia do último andar do prédio da PGR.

    Mas os dias estão contados e ele desabará e vai se esborrachar no chão espalhando um monte de banha. Os garis terão um trabalho imenso para limpar a sujeira.

    Subestimaram a inteligência do Joesley.

    Ninguém fica bilionário da noite para o dia num passe de mágica.

    Será que ninguém pensou  quem era JBS há 15 anos atrás.

    Será que só competência traria essa fortuna a ele?

    E os idiotas achando que vão encurrala-lo prendendo-o, desfazendo o acordo de leniência e ficar tudo bem.

    Escrevam ai.

    Não vai virar nada essa história porque ele tem em suas mãos um monte de picaretas da política, gente do MPF e juízes para todos os gostos. De primeira e segunda instânacias e até do STF e a Globo, já que o Palocci cagou nas calças.

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