Juíza aponta “superlativo poder político” para manter prisão de ex-diretores da Dersa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Ao manter a prisão temporária de sete investigados na Operação Pedra no Caminho, entre eles o ex-secretário de Alckmin e ex-diretor da Dersa Laurence Casagrande, a juíza Maria Isabel do Prado afirmou que são “pessoas de superlativo poder de influência econômico e político” no Estado de São Paulo, historicamente dominado pelas gestões tucanas.
 
“Ressalte-se novamente que a investigação cuida da apuração de crimes, em tese, de organização criminosa envolvendo importante empresa pública do Estado de São Paulo, bem como cifras de movimentações financeiras de recursos públicos no patamar de bilhões de reais, tratando-se os alvos das investigações de pessoas de superlativo poder de influência econômico e político”, disse a juíza da 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
 
A decisão foi tomada nesta segunda (25), quando se encerrou o prazo de cinco dias da prisão temporária dos alvos da Operação deflagrada na última quinta-feira (21). Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de prisão temporária e no dia seguinte, sexta-feira, a magistrada revogou a prisão de 8 deles e manteve a custódia de sete.
 
Na lista, o mais influente é o ex-diretor-presidente da estatal paulista Dersa, Laurence Casagrande, que também chegou a ser secretário de Logística e Transportes do governo de Geraldo Alckmin. Também tiveram a prisão mantida pela juíza outros dois funcionários da Dersa: o ex-diretor Pedro da Silva e o atual diretor da estatal paulista Pedro Paulo Dantas Amaral.
 
Os pedidos para manter as prisões foram feitos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF). Eles são acusados por prática de corrupção, organização criminosa, fraude à licitação, crime contra a ordem econômica e desvio de verbas públicas nas obras do trecho norte do Rodoanel Mário Covas. Todos eles negam estar envolvidos nas irregularidades apontadas pelos investigadores.
 
De acordo com os investigadores, forma “centenas de milhões de reais” desviados. As obras que traziam como fonte recursos federais, estaduais e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com corrupção calculada na casa dos R$ 33 milhões, segundo o TCU.
 
“As obras são divididas em seis lotes, tiveram início em 2013 e ainda estão em andamento. Apurações do Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) identificaram diversas irregularidades e superfaturamento de centenas de milhões de reais, por meio da celebração de aditivos contratuais desnecessários, visando a apropriação indevida de recursos públicos em prejuízo da União, do Estado de São Paulo e do BID”, havia informado a Procuradoria, na última semana.
 
Já os diversos aditivos nos contratos, que prolongaram sem necessidade as contratações para as obras, comaram mais de R$ 600 milhões de superfaturamento, apontou o Tribunal: “O TCU constatou superfaturamento na casa dos R$ 33 milhões e manipulação proposital de quantitativos nos contratos, que acabaram por ocultar impacto financeiro consistente em acréscimos indevidos que somam mais de R$ 600 milhões”.
 
Leia mais: Operação prende ex-presidente da Dersa nomeado por Alckmin
 
Em sua decisão de manter presos os ex-diretores da Dersa, entre eles o ex-secretário de Alckmin, Maria Isabel do Prado ressaltou a necessidade de “proteger as provas”. “A prisão é necessária, sim, para garantir a proteção das provas ainda não produzidas pela autoridade policial e decorrentes de informações que devem ser obtidas após o competente exame pericial ou documental em curso”, informou.
 
A influência política e econômica dos investigados foi observada pela juíza: “o fato de que alguns dos investigados não mais trabalham em funções que orbitem os locais dos fatos não afasta a necessidade da prisão”, entendeu.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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