“Não fui à delegacia para não prejudicar a Igreja”, diz jovem que denunciou Feliciano

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Na íntegra da gravação da conversa que Patrícia Lélis, 22, teve com Talma Bauer, chefe de gabinete do deputado federal Marco Feliciano (PSC) sobre a acusação de agressão e tentativa de estupro, a jornalista disse que não queria procurar a polícia para evitar danos à imagem da Igreja Evangélica, instituição a qual é ligada. Num dos trechos, Patrícia também reconhece que sua denúncia tem potencial para prejudicar politicamente o PSC e Feliciano. 

“Eu não fui na delegacia porque isso era uma coisa aberta para eles caírem em cima da Igreja. O Feliciano, por mim, poderia ser preso. Eu não estou nem ai. Já passou para outro estágio”, disparou a jornalista e estudante de Direito. Em outra passagem, ela disse: “Eu sou cristã, eu perdôo [o Feliciano]. Mas eu não posso trabalhar no erro. Eu não posso ficar no prejuízo.”

Enviado para “consertar os danos” que Feliciano tenha causado à jovem, Bauer, então, indicou que admirava a postura da jovem, sob o argumento de que o segmento evangélico precisa se unir contra “outras ameaças”. Ele citou o “Islamismo” neste contexto pelo menos duas vezes, com a concordância de Patrícia.

A jovem disse ainda que reconhece que Feliciano exerce grande influência sobre milhares de fiéis. “Ele como pastor, meu deus, não tenho autoridade para falar dele como pastor. Mas estou falando de um homem”.

https://www.youtube.com/watch?v=lq8bnonTmZc&t=1632s width:700 height:392

Na segunda (8), após levar o caso ao Ministério Público Federal, Patrícia disse à imprensa que sabia desde o começo que não estava “lidando com qualquer pessoa” e, por isso mesmo, teria demorado a buscar as autoridades porque estava coletando provas contra Feliciano.

No áudio, ela reafirmou inúmeras vezes que Feliciano a agrediu e tentou abusar sexualmente dela em seu apartamento funcional, em Brasília. Ela disse que foi atraída ao local em meados de julho, com a promessa de participar de uma reunião da UNE. Chegando lá, não havia ninguém. Feliciano teria usado o momento para oferecer dinheiro e cargo de prestígio no PSC em troca de uma relação extraconjugal. Diante de uma negativa, se exaltou e partiu para a gressão. O estupro não teria sido concluído porque uma mulher teria ouvido os gritos de Patrícia e tocado a campanhia do apartamento para checar a situação.

O caso foi divulgado em primeira mão pelo jornalista Leandro Mazzini (UOL). Nesta terça (9), ele diz que, para as autoridades, a versão de Patrícia está sob rigoroso investigação. Isto porque há alguns pontos obscuros. A Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, averigua se ela aceitou receber dinheiro para ficar em silêncio. Nessa instância, Patrícia acusou o assessor de Feliciano de cárcere privado. Ela alega que ficou presa em São Paulo, teve seu celular apreendido por Bauer e ainda foi obrigada a gravar vídeos para a internet desmentindo a denúncia.

Na conversa gravada com Bauer, Patrícia demonstra preocupação em reparar os danos causados à própria imagem dentro do PSC – ela também citou Pastor Everaldo, presidente nacional da legenda, e o deputado Gilberto Nascimento. Ambos teriam oferecido dinheiro para que ela não denunciasse Feliciano. 

A jovem também pediu ajudar de Bauer para se reaproximar de um jovem chamado Tiago, que seria militante do PSC. Ele, segundo Patrícia, estava “orando” junto com ela há um tempo – uma expressão usada para dizer que eles estavam decidindo se queriam assumir um relacionamento afetivo. De acordo com a versão da jornalista, Feliciano teria contado que teve um caso com Patrícia para Tiago.

“A gente coloca uma pedra nisso, mas quero que a questão do PSC seja resolvida, e com esse menino”, disse Patrícia, referindo-se a Tiago. “Você vai resolver isso pra mim? Posso confiar?”, perguntou a Bauer. O chefe de gabinete respondeu: “Está resolvido.”

Ontem, Patricia disse à imprensa no Senado que continua mantendo suas posições de mulher “conservadora de direita”, mas que reconhece que não fosse o movimento feminista nas redes sociais, o caso não teria ganhado repercussão na internet.

Patrícia também pediu que a imprensa ajude na investigação e evite que provas sejam deletadas. Ela disse que a defesa de Feliciano pretende atacar as imagens de vídeos do hotel dele em Brasília, que comprovariam a tentativa de estupro.

O Estadão publicou que Feliciano deve ser afastado da liderança do PSC na Câmara e uma sindicância deve investigar Everaldo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1.  
    Não sei qual o mais safado,

     

    Não sei qual o mais safado, dessas 3 personagens. Mas, de uma coisa não tenho dúvida, nenhum deles vale absolutamente nada.

    Orlando

  2. Esqueci-me de colocar no meu

    Esqueci-me de colocar no meu comentario anterior.Nesse episodio deprimente,ia faltar medalhas para premiar o mais descarado.

  3. GGN, o que aconteceu com o
    GGN, o que aconteceu com o comentário que estou enviando pra publiquem desde as 12:21 de hoje? Leva tanto tempo pra avaliar e liberar ou fui bloqueada?

    16:55

  4. O plano para os pastores dominarem a republica

    Eu quero mais que esse pseudo pastor, explorador do povo, seja preso e condenado.

    Infelizmente com o poder que igrejas evangelicas têm não tenho muita esperança.

    Eles estão aos poucos controlando todas as instituições logo logo o Brasil está no bolso deles.

    Explico como:

    Têm um imenso rebanho para lhes dar votos e dinheiro.

    Com isso compras tv radios e jornais. Conquistam cargos publicos, Legislam em causa propria.

    Com dinheiro pagam faculdades de direito etc para os membros mais intelegentes. 

    Pagam os cursos para concorrer para os concursos para delegados, procuradores, juizes,  escrivões, auditores etc.

    Logo logo terão uma bancada maior ainda no parlamento nacional, judiciario, tribunais superiores, executivo nos 3 niveis.

    O cerco estará feito e esta republica dominada!!!!

    Adeus estado laico! Adeus diversidade,  adeus liberdades politicas!

    Não estou exagerando, Acredito que isso pode sim acontecer e não vai haver força que possa impedir.

    Tudo dentro da lei! Tudo Legal!

    É só ver a força de Cunha, só caiu porque é corrupto e a Suissa deu as provas!

    Vamos abrir os olhos! Vamos parar de ser inocentes!

    1. Teocracia

      É um temor que também manifesto, do Brasil se tornar uma teocracia

      Num estado laico, nem era para pastor poder assumir cargo publico. Muito menos ter uma cruz no plenário do supremo.

      Isenção de impostos para igreja por que? Para igrejas se tornarem lavadoras de dinheiro sujo? Afinal é só “depositar na conta da igreja” qualquer quantia e está automaticamente esquentada, afinal, foi “doação” ou “dizimo”.

      Olha o tipo de exemplo que temos:

      http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-caso-do-procurador-da-republica-que-torturou-a-propria-esposa-em-nome-da-fe-por-leandro-fortes/

      http://luiscardoso.com.br/politica/2015/05/marido-da-mulher-que-transou-com-o-pastor-se-mata/

      http://tvdiario.verdesmares.com.br/noticias/policia/pastor-evangelico-nao-aceita-traicao-e-mata-esposa-a-tiros-no-conjunto-ceara-1.1425896

  5. Tutti buona gente

    Não foi à delegacia para não prejudicar a Igreja!!!

    Que bom que ela disse isso!!!

    Agora fica tudo escancarado sobre a relação dessas Igrejas e seus seguidores com a Lei. Ou seja: ficam toodos com a mesma carinha fofa que a máfia.

  6. “Chegando lá, não havia

    “Chegando lá, não havia ninguém. Feliciano teria usado o momento para oferecer dinheiro e cargo de prestígio no PSC em troca de uma relação extraconjugal”:

    Eh que TODA evangelica solta a buceta pra pastor em troca de “dinheiro e cargo”, sabe como eh…  Sempre foi assim.  Tudo galinha.  Tudo piranh…

    Nao basta a pastor evangelico ser puta nao.  Tem que ter cara de puta tambem.

  7. ‘House of Feliciano’, mais uma virada do jogo.

    Observação:

    A matéria destrói a versão da moça sobre sequestro e cárcere privado, até porque é difícil imaginar, que alguém usaria um hotel movimentado no centro de São Paulo, para tal finalidade, soa como piada lusitana. Mas isto não alivia em nada a barra do pastor picareta, pois cabe perguntar, sobre a razão dele enviar seu subordinado para negociar com a garota.

    Aí tem. Se a denuncia é descabida, não cabe negociação nenhuma. Se amanhã aparecer um doido qualquer pedindo trezentos paus e espalhando que o pastor assassinou arquiduque Francisco Fernando, basta ele dizer: não me chamo Gavrilo, nunca estive na Bósnia e nasci mais de cinquenta anos depois do assassinato; e não mandar assessor para negociar com tal maluco.

    Mulher que acusa Feliciano é suspeita de negociar R$ 300 mil; advogado nega

    por Leandro Mazzini

    09/08/2016 18:49

    O jogo virou em mais um capítulo do caso Marco Feliciano – ou ‘House of Feliciano’, como espalha-se nas redes sociais – e agora quem se tornou alvo é a jornalista Patrícia Lélis, que acusa o deputado federal de agressão, assédio sexual e tentativa de estupro.

    Enquanto Feliciano na esfera brasiliense é potencial suspeito de agressão na jurisdição paulista, a mulher que o acusou agora é suspeita de ter negociado seu silêncio por R$ 300 mil – que seriam pagos em seis parcelas de R$ 50 mil.

    Quem entregou o suposto esquema foi Emerson Biazon, que Patrícia também denunciou em B.O. em Brasília por suposto sequestro em SP. Foi Emerson que a convenceu a ir para a capital paulista, e onde eles se encontraram com Talma Bauer, o chefe de gabinete de Feliciano.

    Durante toda a tarde desta terça-feira, Emerson depôs ao delegado Luís Hellmeister, na 3ª DP, e entregou fotos e prints de trocas de mensagens atribuídas ao celular de Patrícia Lélis, nas quais fica evidente que ambos negociavam um pagamento até algo dar errado – apareceu em SP a mãe de Patrícia, Maria Aparecida Lélis, que a convenceu a ir à delegacia.

    AS EVIDÊNCIAS

    Emerson entregou à Polícia os prints de supostas conversas dele com Patrícia Lélis enquanto estavam em São Paulo, desde que chegaram no último dia 30 de julho, um sábado.

    Nas conversas, fica evidente que Emerson e Patrícia aguardam os desdobramentos de uma negociação financeira. E envolvem um terceiro personagem, do Rio, um homem chamado Arthur Mangabeira – até aqui identificado pela Coluna apenas como A.M. Foi ele quem se passou por agente da Abin com proposta de ajudar Patrícia a ‘resolver sua situação’ com Feliciano e Bauer, segundo relata a jovem, após questionada pela Coluna hoje.

    No diálogo com Emerson, Patrícia alerta que Emerson pode revelar tudo à polícia, mas não diz sobre o quê. Para a polícia, é a respeito do pagamento pelo silêncio da garota. Ele seria um intermediador para receber o dinheiro.

     

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    Prints das conversas de whatsapp atribuídas a Patrícia

    Prints das conversas de whatsapp atribuídas a Patrícia

    A polícia também já tem documentos que indicam gastos de Patrícia de R$ 700 para uma maquiagem, antes de gravar um dos vídeos que desmentiriam sua própria denúncia contra Feliciano, e uma foto em que ela, o namorado, Bauer e Emerson aparecem alegres numa mesa da churrascaria Boi de Ouro – além das imagens do saguão do hotel nas quais vê-se ela em tratamento cortês com Emerson e o assessor de Feliciano.

    Bauer e Emerson (E) e Patrícia com o namorado - Para delegado, não houve sequestro

    Bauer e Emerson (E) e Patrícia com o namorado – Para delegado, não houve sequestro

    Na última quarta-feira, em entrevista com a mãe da jovem – que soube deste repórter da suposta agressão de Feliciano – Maria Aparecida Lélis revelou para a Coluna que Patrícia, já em SP, pedira uma conta com CNPJ para um depósito que não a identificasse – ou seja, sem rastros.

    Naquele mesmo momento da conversa, quando a mãe telefonou para a filha a fim de saber o que se passava e supostamente revelou que conversava com a Coluna, Patrícia telefonou ao repórter e gritou, incontrolável, repetidas vezes, que ‘Não quero mais saber de você, você acabou com minha vida’. Foi quando a Coluna decidiu prosseguir com as reportagens e apurações até a bomba estourar na sexta – ela foge do hotel com a mãe, que viajara para SP, e denuncia Bauer e Feliciano. Começou assim, a guerra de versões.

    INVESTIGAÇÕES

    Há dois cenários sob investigação, vale ressaltar: em Brasília, a Delegacia da Mulher e a Procuradoria Geral da República vão cercar Feliciano. Há evidências do crime no apartamento funcional, o qual foi denunciado pela jovem de 22 anos.

    Em São Paulo, o 3º DP está concluindo até esta quarta-feira pela manhã o inquérito em que Patrícia acusa o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, de cárcere privado e coação, para que gravasse vídeos a favor do deputado e desmentindo a própria denúncia que fizera informalmente e publicada pela Coluna Esplanada.

    O delegado Hellmeister já está certo, com as evidências entregues por Emerson Biazon, de que não houve coação e sequestro da jovem.

    DEFESA

    Em contato com a Coluna há pouco, Patrícia revelou, numa versão ainda mal explicada, que liberou Emerson para negociar pagamentos de Bauer, mas sem que a envolvessem. “Eu não queria dinheiro, nunca quis, e disse que se ele quisesse negociar que não me envolvesse nisso”, defende-se.

    Durante exatos 40 minutos, a mãe de Patrícia, Maria Aparecida Lélis, conversou com o repórter e deu sua versão em ordem cronológica desde que chegou a SP para ver a filha até a saída do hotel e registros na delegacia. Vamos publicar a íntegra até esta quarta.

    O advogado de Patrícia, José Carlos Carvalho, informou à Coluna que acredita na inocência da cliente, suspeita de armação de Emerson e Bauer contra Patrícia, acredita no cárcere privado detalhado para ele, e que está tomando as providências para oficializar sua defesa jurídica, assim que conhecer

    Leia aqui – os 15 mistérios do caso para a Polícia desvendar

    Confira aqui a primeira denúncia

    Ouça aqui o áudio em que ela confirma a agressão

    Assista o vídeo que comprova encontro da garota com assessor

    Veja aqui o cronograma da denúncia

    1. Caraca!!!

      E eu antes havia intitulado um comentário abaixo como “Tutti buona gente”…

      Caraca! Tutti buona gente mesmo!!!! Gente che sporca!

  8. Ate agora podemos concluir

    Ate agora podemos concluir algumas coisas.

    1- não houve estupro.

    2-Patricia e Marco estão mentindo.

    3- A esquerda vai faturar politicamente.

    4-A direita não sabe lutar a guerra politica.

    1. Bobagem!

      1- Considerados os indícios circustanciais, sexo sem consentimento é o mais provável que tenha acontecido. Legalmente, isso se chama estupro.

      2- (Não sou íntimo dessa gente para chamá-los pelo primeiro nome). Feliciano e Lélis parecem, ambos, movidos fortemente por interesses predatórios. Isso torna bastante evidente uma ética comum na qual se movem muitas pessoas que compartilham os valores morais de referência dessa gente.

      3- O Feliciano torna-se apenas mais uma peça descartável pela direita.

      4- A direita não é burra. Ela foi hábil e competente para tomar o poder por um golpe de Estado sem ter que pôr um único tanque na rua. A direita é tão intuitivamente marota que vai apenas mandar esse pastorzinho imprudente ir pastar. A cabeça política dele vai rolar facilmente. Até o Bolsonaro já tomou distância dele.

      Agora, o que me impressiona nisso tudo é o quanto o poder torna tão depudorados os medíocres.

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