TJ-RJ escolhe o corporativismo ao reeleger Zveiter, por Marcelo Auler

Do blog de Marcelo Auler

Entre as ruas e o corporativismo, o TJ-RJ fez sua escolha
 
Marcelo Auler

A frase do desembargador Luiz Zveiter, pronunciada logo após o pleno do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ter lhe reconduzido à presidência com 113 votos, reflete o que de fato aconteceu. Conforme noticiou o próprio site do TJ-RJ, emocionado, ele agradeceu e prometeu:

“preservar a independência do Tribunal, valorizando os magistrados e os servidores desta casa”. (o grifamos)

No fundo, mais uma vez, venceu o corporativismo. Ele conseguiu derrotar a desembargadora Maria Inês da Penha Gaspar (47 votos) por ser identificado como o presidente que melhor garantirá as benesses para o corpo de magistrados e de servidores do Judiciário fluminense.

“Na minha opinião, o Dr. Zveiter foi um dos presidentes do TJ que mais se preocupou com os servidores do TJERJ.“, destacou uma de nossas leitoras nos comentários deste blog.

O curioso é a sua reeleição – cuja legalidade terá que ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), provavelmente na próxima sessão – ocorrer poucas horas depois de a ministra Carmen Lúcia, em encontro de magistrados em Brasília, ter vaticinado:
 

“É preciso estarmos atentos ao que o Brasil espera de nós e o que fazer para atender essas demandas. Qualquer servidor público atua para atender à população. Julgamos conflitos na sociedade e vivemos um momento particularmente grave” — disse a ministra.

Ao eleger Zveiter, os 113 desembargadores do Rio, ao que parece não se preocuparam com a voz vinda das ruas. Conforme amplamente noticiado nas redes sociais e na reportagem que postamos na manhã de segunda-feira (05/12) – “Luiz Zveiter: o dilema do Tribunal de Justiça do Rio (2)” -, no domingo, manifestantes que foram à Praia de Icaraí, em Niterói, protestar contra a corrupção e a favor da Lava Jato, ao se depararem com ele na calçada em frente ao prédio que reside e cantaram em coro:

“Luiz Zveiter, poder esperar. A sua hora vai chegar!“

Verdade que, no tempo de barbárie que estamos vivendo, a manifestação extrapolou quando passaram a tentar agredi-lo, inclusive não respeitando uma criança ao lado dele. É o chamado efeito “manada” que a grande mídia anda incentivando, ainda que indiretamente. Mas, de qualquer forma, tirando a agressão, o recado foi dado. A população fluminense já sabe das relações próximas que Zveiter e sua família com o ex-governador Sérgio Cabral e ainda dos negócios suspeitos na sua gestão no TJ com a Delta Engenharia. Aguarda apenas que tudo venha à tona e seja posto em pratos limpos.

A propósito, vale repetir aqui parte da nota oficial emitida pelo presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro, Álvaro Quintão, no mesmo dia em que ocorreram as manifestações (a íntegra pode ser lida aqui):

“O Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro repudia os atos de violência perpetrados contra o ex-presidente do TJ-RJ, desembargador Luiz Zveiter, hoje (04), em Niterói, por populares que participavam de manifestações em favor da Lava Jato e dos procuradores.

Por mais que existam denúncias graves contra o desembargador, ele tem direito a um julgamento dentro da lei, dentro do que o código penal e a nossa Constituição regem –  de resto todas as pessoas têm esse direito.

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Redação

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