
A recente onda de calor no Brasil, que atinge marcas históricas dos últimos 80 anos, é uma consequência do aquecimento global e mudanças climáticas de ação humana, segundo especialistas. O fenômeno surge às vésperas da COP28, como um convite sensorial a mudanças concretas para enfrentar o problema.
As altas temperaturas na América Latina nas últimas semanas superaram o que os metereologistas esperavam da influência do El Niño, em agosto e setembro. No Brasil, São Paulo bateu recorde de 80 anos das temperaturas do mês de novembro nesta segunda (13), e mais 40°C são esperados para esta terça (14) no Rio de Janeiro, Cuiabá e Teresina, de acordo com o Instituto Nacional de Metereologia.
Ação humana aumentou 100 vezes chances de calor
Um breve estudo da World Weather Attribution (WWA) [leia ao final] já martelou que essas medições no continente não são influência apenas do fenômeno El Niño, mas também da mudança climática.
Intitulado “Forte influência das mudanças climáticas no calor incomum do início da primavera na América do Sul”, a conclusão de 12 cientistas da região é clara:
“Descobrimos que, devido às alterações climáticas induzidas pelo homem, o evento [El Niño] teria sido 1,4 a 4,3 °C mais frio se os humanos não tivessem aquecido o planeta, queimando combustível fossíl. [As ações humanas] aumentaram, pelo menos, 100 vezes a probabilidade de altas temperaturas.”
“Embora o ENOS [El Niño] possa ter influenciado os padrões climáticos em grande escala, a contribuição direta para o calor extremo é pequena, em comparação ao sinal das alterações climáticas”, completaram.
Chegamos ao calor da era pré-industrial
O calor que os brasileiros estão vivenciando nestes dias é uma amostra do que já está ocorrendo do chamado “ponto de não retorno”, momento em que os efeitos das mudanças climáticas já são irreversíveis.
Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas de 2021 alertava para o aumento na temperatura do planeta a níveis da era pré-industrial, sendo possível mudar o futuro, mas com marcos irreversíveis.
E o documento atual do World Weather Attribution prova: “Com o aquecimento global, eventos de calor como este irão se tornar ainda mais comuns e ainda mais quentes. Com temperaturas de médias globais 2°C acima dos níveis pré-industriais, eventos de calor como este serão 5 vezes mais prováveis, com elevações 1,1 a 1,6° C mais quentes do que o esperado.”
O papa vai à COP28
Lideranças mundiais estão atentas, faltando 15 dias para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, que será realizada em Dubai.
Em gesto inédito, o papa Francisco confirmou presença no evento e o Vaticano chegou a organizar a sua própria conferência este ano, expondo as preocupações da crise climática e mobilizando líderes religiosos em todo o mundo a disseminar a mensagem.
As movimentações que se iniciam de representantes mundiais indicam que o evento climático mirará conclusões mais concretas e menos promessas, prevendo uma onda de discussões não menos amenas em Dubai.
O relatório da World Weather Attribution:
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Estamos em pleno “Máximo Solar”, o que amplia as condições extremas do clima e do tempo. Não é somente a ação do homem nessa parolagem toda. A questão deve ser tratada sobre a ótica geofísica e geomagnética, também.
Estamos em pleno “Máximo Solar”, o que amplia as condições do clima e tempo