Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, será homenageado pela ABL em 2025

Escritor curitibano morreu na última segunda-feira (9), aos 99 anos; vencedor de quatro Jabutis, ele vivia recluso desde 1970

Crédito: Arquivo pessoal

Morreu, na última segunda-feira (9), o escritor Dalton Trevisan, também conhecido pelo apelido de “Vampiro de Curitiba”, nome de uma de suas obras mais famosas. 

Ele tinha 99 anos, a causa da morte não foi informada, e o corpo será levado diretamente para o crematório Vaticano, na Região Metropolitana de Curitiba. 

Nascido na capital paranaense em 14 de junho de 1925, Trevisan ganhou vários prêmios importantes, entre eles o Jabuti e o Camões, este último concedido aos mais importantes autores em língua portuguesa. 

Além de “O Vampiro de Curitiba”, o escritor lançou “Sonada ao Luar” e ganhou projeção nacional com “Novelas Nada Exemplares”. 

Ainda que ficasse conhecido por explorar tramas psicológicas, costumes urbanos e o cotidiano popular, Trevisan vivia de forma reclusa. Sua última entrevista foi concedida ainda nos anos 1970 e poucas pessoas tinham acesso a ele.

“Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano”, informou a Secretaria de Cultura do Paraná, que também divulgou a morte do escritor.

“Mestre do conto, desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados”,  continuou a secretaria em nota.

Outras obras de destaque de Dalton Trevisan:

  • Novelas nada Exemplares (1959)
  • Cemitério de Elefantes (1964)
  • O Vampiro de Curitiba (1965)
  • Mistérios de Curitiba (1968)
  • A Guerra Conjugal (1969)
  • A Polaquinha (1985)
  • Ah, é? (1994)
  • Pico na Veia (2002)
  • Macho não ganha flor (2006)
  • Quem tem medo de vampiro? (1998)
  • 111 Ais (2000)
  • Arara Bêbada (2004)
  • O Anão e a Ninfeta (2011)
  • O beijo na nuca (2014)

Prêmios

Trevisan venceu o Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, quatro vezes: 1960, 1965, 1995 e 2011. 

Este ano, o escritor fechou um acordo com a editora Todavia para  relançar sua obra completa, a fim de comemorar seu centenário. 

“Em sua obra, [Dalton] explora as aventuras cotidianas das pessoas comuns de Curitiba, conforme vagam asfixiadas pelo desejo, se encontrando e se perdendo, em pequenos e comoventes retratos”, afirmou a editora. 

Homenagens

A Academia Brasileira de Letras também lamentou a morte de Dalton Trevisan, a quem descreveu como “um dos maiores narradores da ficção brasileira”. “Por mais de oito décadas, ele fascinou seus leitores com uma linguagem peculiar e minimalista.”

Para homenageá-lo, a ABL vai promover ciclos de palestras no próximo ano. 

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