Florestan Fernandes e os Panteras Negras, por Paulo Fernandes Silveira

Desde cedo os trabalhos acadêmicos de Florestan aproximaram-se dos grupos organizados do movimento negro.

 (O escritor e militante Jamu Minka com o sociólogo Florestan Fernandes, no lançamento dos Cadernos Negros, na Livraria Teixeira, São Paulo, 1978).

Florestan Fernandes e os Panteras Negras – excerto de uma entrevista a Paulo Moreira Leite

por Paulo Fernandes Silveira

Em julho e agosto de 1995, poucos dias antes do erro médico que tiraria a vida de Florestan Fernandes, o jornalista Paulo Moreira Leite fez duas instigantes entrevistas com o sociólogo. Alguns excertos foram publicados nesse mesmo ano: na revista Veja, em 9 de agosto, e no Jornal da Tarde, em 19 de agosto. Anos depois, Leite revisitou esses trabalhos no ensaio “O mestre que veio de baixo”. [i]

Entre os temas analisados por Florestan nessas entrevistas está a perseguição política e policial que os Panteras Negras sofreram nos anos 60 e 70. O excerto que trata dos Panteras Negras não foi incorporado nas publicações de Leite, razão pela qual decidimos publicá-lo a partir do arquivo com as transcrições originais das entrevistas. [ii]

O Partido Panteras Negras para Autodefesa foi criado em outubro de 1966, [iii] após um longo período de protestos pacíficos nos Estados Unidos contra a segregação racial e em defesa dos direitos civis. [iv] Em diversas ocasiões, os grupos supremacistas brancos reagiram com violência. Em resposta às manifestações organizadas por jovens secundaristas e universitários, como as sit-ins e as freedom riders, pessoas associadas à Ku Klux Kan promoveram atentados e assassinados.

Como destacam Kwame Ture (Stokely Carmichael) e Charles Hamilton, autores do livro Black power: a política de libertação nos Estados Unidos, a polícia também coibiu os protestos pacíficos com extrema violência. [v] Num discurso com o título “O voto ou a bala”, realizado em abril de 1964, Malcolm X [vi] questionou a eficácia das estratégias pacíficas de protesto contra a segregação racial. Alguns meses depois, ele foi assassinado.

Inspirados nos discursos de Malcolm X, mas também nos livros de Fantz Fanon, negras e negros dos Panteras Negras, em sua maioria, jovens estudantes universitários, vislumbram outras alternativas de resistência. Tratava-se de defender o poder negro! Num tom de desabafo, afirma Kwame Ture: “de uma vez por todas, as pessoas negras vão usar as palavras que quiserem e não as palavras que os brancos querem ouvir.” [vii] Em seu programa, os Panteras Negras exigem o fim imediato da brutalidade policial e dos assassinatos à população negra. [viii] Pautados pela Segunda Emenda à Constituição, os Panteras Negras justificam o uso da violência como forma de autodefesa, ou melhor, eles advogam pela contraviolência.

No primeiro capítulo de Os Condenados da terra, Frantz Fanon faz uma reflexão cuidadosa sobre a violência dos opressores e a contraviolência dos oprimidos nas lutas históricas pela descolonização. [ix] Na mesma perspectiva, Huey Newton, militante e teórico dos Panteras Negras, aponta para a relação entre a brutalidade policial e o fervor revolucionário da comunidade negra: “quando as coisas apertam, as pessoas oprimidas sentem a necessidade da resistência e da revolução.” [x] Justamente por serem os mais afetados pela opressão, tanto para Fanon quanto para os Panteras Negras, os miseráveis, aqueles que Karl Marx afirma fazer parte do lumpenproletariat, podem se tornar sujeitos fundamentais num processo revolucionário. [xi] Em maio de 1971, quando ainda se encontrava presa numa cadeia da Califórnia, a pantera negra Angela Davis enfatiza: “Já existe nas comunidades negras e pardas, o lumpenproletariat incluído, uma longa tradição de resistência coletiva à opressão nacional.” [xii]

Desde cedo os trabalhos acadêmicos de Florestan aproximaram-se dos grupos organizados do movimento negro. Em 1950, Florestan fez parte da comitiva paulista que participou, no Rio de Janeiro, do 1º Colóquio do Negro Brasileiro, coordenado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN). [xiii] No início dos anos 50, Roger Bastide e Florestan foram encarregados de dirigir a pesquisa UNESCO sobre as relações raciais na cidade de São Paulo. Essa pesquisa contou com a contribuição de diversos militantes do movimento negro. [xiv]

A primeira edição do Caderno de Cultura da Associação Cultural do Negro (ACN), publicado em 1958, registra um agradecimento a Florestan por uma conferência sua realizada na associação. [xv] Além de orientar as pesquisas de doutorado de alguns dos seus principais alunos sobre a questão racial no Brasil, [xvi] Florestan divulgou e analisou no meio acadêmico e na grande imprensa as demandas e as produções de intelectuais ligados ao movimento negro. [xvii]

No final dos anos 1970, ao voltar do exílio nos Estados Unidos e no Canadá, Florestan participou de encontros com jovens universitários ligados ao efervescente movimento negro socialista que começava e despontar naquele momento no Brasil. [xviii] Entre outros escândalos de racismo e de violência policial, a tortura e assassinato do comerciante negro Robson Silveira da Luz, retratada num artigo do jornalista e militante Hamilton Cardoso, [xix] motivaria uma enorme manifestação de protesto, no dia 7 de julho de 1978, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.  Com a presença de lideranças negras de diversas gerações, essa manifestação foi um passo importante para a criação do Movimento Negro Unificado (MNU).

            É provável que as posições defendidas pelos militantes dos Panteras Negras tenham marcado a leitura e a incorporação que Florestan faz dos livros de Fanon. Coordenador da Coleção Grandes Cientistas Sociais, publicada pela editora Ática, Florestan chegou a pedir, no final dos anos 1970, para Renato Ortiz elaborar um volume especial sobre Fanon. [xx] Em 1980, por reinvindicação dos alunos, Florestan ministrou uma aula com o título: “Nos marcos da violência”. No final da sua explanação, Florestan argumenta que o papel do sociólogo militante é ajudar o operário a compreender que: “luta de classes é violência recíproca e que as classes trabalhadoras só podem liberar-se, em qualquer sentido e em qualquer direção, através do emprego maduro de sua capacidade política de usar construtivamente a violência revolucionária.” [xxi]

No ano seguinte, Florestan publica O que é revolução. Nesse livro, Florestan sugere às pessoas revolucionárias que leiam e releiam o Manifesto comunista, de Marx, mas não como se fosse um catecismo, uma vez que, “o mundo histórico para o qual ele foi calibrado não existe mais.” [xxii] Ao ser questionado sobre as condições de uma revolução socialista no Brasil atual, Florestan cita Fanon: “Esse é o grande dilema do cientista social: hoje você não tem como identificar uma classe que pareça vinculada à negação da ordem. Eu acredito que na periferia o problema é mais simples. São os trabalhadores e principalmente os excluídos, os que Frantz Fanon chamou de ‘condenados da terra’. Eles contêm a radicalização maior, aquela que exige que a ordem existente seja virada de cabeça para baixo.” [xxiii]

Excerto da entrevista de Florestan Fernandes a Paulo Moreira Leite, dia 2 de agosto de 1995. [xxiv]

            “Florestan Fernandes – Num país como os Estados Unidos, a severidade com que operam as forças da ordem é esmagadora. Eu estava no Canadá quando os Panteras Negras foram perseguidos, pude acompanhar o que de fato estava acontecendo através dos jornais do Canadá e dos Estados Unidos, através de fontes pessoais e nas minhas idas aos Estados Unidos.

Os Panteras usavam aquela arma como símbolo de autodeterminação, quer dizer, aquela era a marca de que eles se defenderiam e poderiam também atacar na defesa de certos princípios. Mas aqueles eram símbolos, na verdade, a atividade prática deles era muito mais assistencial, por exemplo, no Harlem. [xxv]

            Paulo Moreira Leite – Eles faziam trabalho assistencial no Harlem?

            Florestan Fernandes – Em várias regiões. Eles tinham consciência de que constituíam um grupo pequeno e que não poderiam propor uma solução revolucionária efetiva e imediata.

A elaboração do pensamento deles era complexa, porque fazia uma síntese entre conhecimentos da África e conhecimentos ocidentais. Em longo prazo, eles eram revolucionários, porque diziam que a alternativa do negro era atingir a igualdade que não estava na mudança gradual, mas em transformações profundas da ordem existente. Uma coisa é o que se pensa com relação a um futuro que é remoto e que pode definir princípios gerais de uma filosofia política, e outra coisa é pôr isso em prática com a ideia de estabelecer uma ponte entre o presente e o futuro de uma forma funcional, de modo que atingisse a população branca.

            O que veio em seguida? Veio a insubordinação dos Panteras, que não aceitavam de uma forma passiva a dominação racial, eles acabaram sendo definidos como inimigos da ordem que deveriam ser destruídos. Então, o raciocínio básico era: o bom Pantera é o Pantera morto.

            Paulo Moreira Leite – Eles mataram muitos.

            Florestan Fernandes – A polícia era chamada e sobre isso tem muito material na imprensa norte-americana e canadense, nas revistas e agora também em análises.

            Paulo Moreira Leite – Uma vez esteve um Pantera Negra na casa do senhor?

            Florestan Fernandes – Eu omito.

Com essa ideia macabra de que o bom Pantera é um Pantera morto, quando os Panteras se reuniam em um local, em prédios de apartamentos, por exemplo, a polícia já era avisada e surgia ali para prender e levar para a cadeia, submeter a processo jurídico. Surgia atirando para exterminar.” [xxvi]

Paulo Fernandes Silveira é professor da Faculdade de Educação da USP e pesquisador no Grupo de Direitos Humanos do Instituto de Estudos Avançados da USP.


[i] LEITE, Paulo Moreira. O mestre que veio de baixo. In. LEITE, P. A mulher que era o general da casa: histórias da resistência civil à ditadura. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2012, p. 76-91.

[ii] A transcrição das entrevistas está acessível para consulta na Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos. A cópia digitalizada desse arquivo me foi presenteada pelo meu amigo Diogo Valença de Azevedo Costa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

[iii] Seu nome original era Black Panther Party for Self-Defense. Sobre a história do movimento Black Power, conferir o livro: OGBAR, Jeffrey. Black power: radical politics and african american identity. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2019.

[iv] Conferir sobre o tema dos protestos não-violentos: SILVEIRA, Paulo. Lutas e canções contra a segregação racial nos Estados Unidos, Jornal GGN, 19/02/2022. Disponível em: https://jornalggn.com.br/eua-canada/lutas-e-cancoes-contra-a-segregacao-racial-nos-estados-unidos-por-paulo-fernandes-silveira/

[v] TURE, Kwame (Stokely Carmichael); HAMILTON, Charles. Black Power: a política de libertação nos Estados Unidos. São Paulo: Jandaíra, 2021.

[vi]  X, Malcolm. O voto ou a bala. In: X, Malcolm. Fala. São Paulo: UBU editora, 2021, p. 44-85.

[vii] TURE, Kwame (Stokely Carmichael). Que queremos, Cuadernos de Marcha, (edição especial sobre “El poder Negro”), n. 12, 119-125, abril de 1968. Disponível em: https://anaforas.fic.edu.uy/jspui/handle/123456789/38806

[viii] NEWTON, Huey. To die for the people. The writings of Huey P. Newton. New York: Vintage Books, 1972, p. 4.

[ix] FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. Sobre a contraviolência em Fanon, conferir o texto: BUTLER, Judith. Violencia, no violência. Sartre en torno a Fanon. In. FANON, Frantz. Piel negra, máscaras blancas. Madrid: Ediciones Akal, 2009, p. 193-216.

[x] NEWTON, Huey. To die for the people. The writings of Huey P. Newton. New York: Vintage Books, 1972, p. 18. Sobre a influência de Fanon nas posições de Huey Newton, conferir o livro: SEALE, Bobby. Agarrar el tiempo. La historia del Black Panther Party y Huey P. Newton. Madrid: Postmetropolis Editorial; Euro-Mediterranean University Institute, 2018, p. 39-49.

[xi] Segundo Marx, nas insurreições de 1848, pessoas do lumpemproletariado lutaram por dinheiro contra operários franceses: “Com essa finalidade o governo provisório instituiu os 24 batalhões da Guarda Móvel, cada um composto de mil homens recrutados entre os jovens de quinze a vinte anos oriundos, em grande parte, do lumpemproletariado, que, em todas as grandes cidades, compunha uma massa que se distinguia claramente do proletariado industrial e na qual eram recrutados ladrões e criminosos de todo tipo, que viviam das sobras da sociedade, gente sem trabalho fixo, vadios (…), capazes dos maiores heroísmos e da mais exaltada abnegação, bem como do mais ordinário banditismo e da mais nojenta venalidade.” MARX, Karl. As lutas de classes na França. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012, p. 55.

[xii] DAVIS, Angela. (Ed.). If they come in the morning: voices of resistance. London; New York: Verso, 2016, p. 36. Tradução do capítulo citado disponível em: https://revistageni.org/11/prisioneirxs-politicxs-prisoes-e-libertacao-negra/?fbclid=IwAR2m6qHT1MtIdArJ-joeSis3OLcRfN3GGBoEhh6ah5i4vm2RUySP4SCTQ0E Os Panteras Negras pretendiam ser representantes da massa proletária (lumpemproletariat): TURE, Kwame (Stokely Carmichael). Stokely fala. Do poder preto ao pan-africanismo. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2017, p. 219. Sobre o poder revolucionário do lumpremproletariat para os Panteras Negras, conferir o texto: CLEAVER, Eldridge. On the ideology of the Black Panther. Part 1. São Francisco: Ministry of Information Black Panther Party, 1967. Disponível em: http://www.freedomarchives.org/Documents/Finder/Black%20Liberation%20Disk/Black%20Power%21/SugahData/Books/Cleaver.S.pdf Tradução disponível em: https://traduagindo.com/2019/05/26/sobre-a-ideologia-do-partido-dos-panteras-negras/

Os Panteras Negras chegaram a ter uma banda de soul com o nome The Lumpen, conferir o livro: VINCENT, Rickey. Party music: the inside story of the Black Panthers’ band and how black power transformed soul music. Chicago: Chicago Review Press, 2013. Entre 1970 e 1972, em apoio aos Panteras Negras, universitários alemães editaram o periódico Voice of the Lumpen. Disponível em: https://content.wisconsinhistory.org/digital/collection/p15932coll8/id/35459 Em 1971, um grupo de Mizrahi, judeus pobres de origem oriental que enfrentavam a política segregacionista de Israel, decidiram se autodenominar: Black Panthers. Sobre esse tema, conferir o livro: ROBY, Bryan. The Mizrahi era of rebellion: Israel’s forgotten civil rights struggle, 1948–1966. New York: Syracuse University Press, 2015.

[xiii] Conferir reportagem: “1º Colóquio do Negro Brasileiro”, Jornal Quilombo, ano II, n.10, 3, jun-jul 1950. Disponível em: https://ipeafro.org.br/acervo-digital/leituras/ten-publicacoes/jornal-quilombo-no-10/ Nessa edição, o nome de Florestan Fernandes está registrado como: Florestino Fernandes.

[xiv] Conferir o livro: BASTIDE, Roger; FERNANDES, Florestan. Relações raciais entre negros e brancos em São Paulo. São Paulo: Anhembi, 1955.

[xv] Conferir o texto assinado pela Diretoria executiva da Associação Cultural do Negro: “O ano 70 da Abolição”, Cadernos de Cultura da ACN, n. 1, 4, 1958. Disponível em: https://lemad.fflch.usp.br/node/43

[xvi] Entre os doutorados orientados por Florestan sobre o tema destacam-se: CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003; IANNI, Octávio. As metaformoses do escravo: apogeo e crise da escravatura no Brasil Meridional. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962.  

[xvii] Alguns desses textos de Florestan encontram-se nas coletâneas: FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Divisão Europeia do Livro, 1972; FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1989.

[xviii] Sobre esses encontros de Florestan com o movimento negro, conferir a entrevista de Milton Barbosa (Miltão): DALLE, Isaías. Miltão, do Movimento Negro Unificado: “Com certeza, vamos avançar”, Periferias. Fundação Perseu Abramo, 29/12/2020. Disponível em: https://fpabramo.org.br/2020/12/29/miltao-do-movimento-negro-unificado-com-certeza-vamos-avancar/

[xix] CARDOSO, Hamilton. Cerimônias para o assassinato de um negro, Jornal Versus, n. 22, 38-39, jun-jul, 1978. Disponível em: http://www.marcosfaerman.jor.br/Versus22.html?vis=facsimile Sobre os trabalhos e a militância de Hamilton Cardoso, conferir o artigo: OLIVEIRA, Fábio; RIOS, Flávia. Consciência Negra e Socialismo: a trajetória de Hamilton Cardoso (1953-1999), Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 4, n. 2, 507-530, 2014. Disponível em: https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/249

[xx] Conferir sobre esse tema: ORTIZ, Renato. Frantz Fanon: um itinerário político e intelectual, Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar,v. 4, n. 2, 425-442, 2014. Disponível em: https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/241 Sobre a obra de Fanon e sua relação com o debate acadêmico brasileiro, conferir o livro fundamental de Deivison Faustino: A disputa em torno de Frantz Fanon: a teoria e a política dos fanonismos contemporâneos. São Paulo: Intermeios, 2020.

[xxi] FERNANDES, Florestan. Nos marcos da violência. In. FERNANDES, F. A ditadura em questão, São Paulo: T. A. Queiroz, 1982, p. 162. Sobre a contraviolência em Fanon e Florestan, conferir o texto: SILVEIRA, Paulo. A contraviolência em Fanon e Florestan, Psicanalistas pela democracia, janeiro de 2019. Disponível em: https://psicanalisedemocracia.com.br/2019/01/a-contraviolencia-em-fanon-e-florestan-por-paulo-henrique-fernandes-siqueira/

[xxii] FERNANDES, Florestan. O que é revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2018, p. 50.

[xxiii] FERNANDES, Florestan. Florestan Fernandes por Paulo de Tarso Venceslau. In: AZEVEDO, R.; MAUÉS, F. (Orgs.). Rememória: entrevistas sobre o Brasil do século XX. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1997, p. 23. Disponível em: https://fpabramo.org.br/publicacoes/estante/rememoria-entrevistas-sobre-o-brasil-do-seculo-xx/

[xxiv] LEITE, Paulo Moreira. Entrevista: Florestan Fernandes [19950802]. São Carlos: Fundo Florestan Fernandes (FFF). Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos, 1995, p. 13-15.

[xxv] Entre os programas sociais desenvolvidos pelos Panteras Negras estão as refeições gratuitas para jovens estudantes carentes e os atendimentos médicos comunitários. Sobre esse tema, conferir o livro: HILLIARD, David (Ed.). The Black Panther Party: service to the people programs. Albuquerque: University of New Mexico Press, 2008. Disponível em: https://caringlabor.wordpress.com/ Influenciados pelos Panteras Negras, Steve Biko e o movimento da Consciência Negra também desenvolveram programas sociais na África do Sul: HADFIELD, Leslie. Restoring human dignity and building self-reliance: youth, woman, and churches and Black consciousness community development, South Africa, 1969-1977. Tese de Doutorado, Michigan State University, 2010. Disponível em: https://d.lib.msu.edu/etd/10269. Conferir também: SILVEIRA, Paulo. Paulo Freire e Steve Biko, A Terra é Redonda, 19/12/2021. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/paulo-freire-e-steve-biko/

[xxvi] Na edição de 13 de dezembro de 1969 da revista The Black Panther, as principais lideranças dos Panteras Negras prestam homenagens aos militantes Fred Hampton e Mark Clark, assassinados em seus apartamentos por agentes da polícia. Disponível em: https://www.marxists.org/history/usa/pubs/black-panther/04%20no%202%201-20%20dec%2013%201969.pdf  Nesse mesmo ano, Hannah Arendt publicou um ensaio a partir dos seus artigos redigidos para a grande imprensa em que analisa a violência estudantil nas universidades americanas: “A violência séria tomou conta da cena apenas com a aparição do movimento Black Power nos campi. Estudantes negros, a maioria dos quais admitida sem qualificação acadêmica, conceberam-se e organizaram-se  como grupo de interesse, os representantes da comunidade negra.” ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994, p. 22. Na sequência do ensaio, Arendt critica a leitura que Fanon e os estudantes fizeram dos textos de Marx e Engels, pelo fato de tomarem o lumpenproletariat como uma classe social revolucionária e, mesmo assim, se afirmarem marxistas.   

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