Em 22 de outubro, publiquei nesse site matéria intitulada
Morte de voluntário aumenta desconfiança sobre teste de vacina.
No dia seguinte, a publicação foi retirada do site, o que faz parecer haver sobre ela a suspeita de qualquer incorreção, ou falsidade.
Não tendo nada a esconder, mas preferindo, ao contrário, esclarecer qualquer equívoco, republico a matéria, alertando o leitor de possível falha minha, mas empenhado em reiterar tudo o que ali escrevi e eliminar dúvidas geradas pelo texto. Para tal, acrescentarei novos comentários em itálico.
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Morte de voluntário aumenta desconfiança sobre teste de vacina
Foi divulgado ontem, 21 de outubro de 2020, o falecimento de um dos 2.000 voluntários brasileiros participantes do teste de vacina da AstraZeneca/Oxford. João Pedro Rodrigues Feitosa era um jovem saudável de 28 anos.
Em 20 de julho, a BBC já havia informado a ocorrência de efeitos colaterais sobre 1.077 voluntários, quando
Cerca de 70% das pessoas envolvidas nos testes tiveram febre ou dor de cabeça.
A informação encontra-se no link:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-53477483
Posteriormente, os testes com a vacina foram suspensos após diagnóstico de mielite transversa, uma síndrome inflamatória grave que afeta a medula espinhal, em um dos voluntários no Reino Unido.
Referência no link:
https://www.frontliner.com.br/vacina-da-oxford-nao-protege-contra-covid/
Apesar de um segundo caso de mielite transversa entre os participantes do estudo ter sido relatado, os testes foram retomados no Brasil. A mielite transversa costuma deixar o paciente tetraplégico.
Referências nos links:
Existência de 2 casos:
https://www.tsf.pt/mundo/astrazeneca-debaixo-de-fogo-duas-voluntarias-da-vacina-desenvolvem-sintomas-neurologicos-graves-12742742.html
Mielite transversa (gostei do texto):
https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2020/09/14/mielite-transversa-foi-um-dos-efeitos-adversos-da-vacina-da-covid-19-de-oxford-em-teste-e-quem-deveria-vir-a-publico-explicar-o-quao-grave-e-isso-foi-incapaz-de-faze-lo-e-absurdo
A benevolente Astrazeneca já havia se resguardado contra casos assim, tendo estabelecido acordos garantindo que
“a AstraZeneca não responderá por quaisquer danos caso efeitos colaterais da vacina Covid-19 apareçam meses, anos ou décadas depois.
“Esta é uma situação única em que nós, como empresa, simplesmente não podemos correr o risco se … em quatro anos a vacina apresentar efeitos colaterais”, disse o executivo da AstraZeneca Ruud Dobber à Reuters. “Para a maioria dos países, é aceitável assumir esse risco, porque é do seu interesse nacional”.”
Referência:
https://www.frontliner.com.br/vacina-da-astrazeneca-obtem-imunidade-contra-acoes-judiciais/
Ontem, 21 de outubro, no entanto, a Reuters correu para alardear a fake news de que o falecimento do voluntário no teste não seria decorrente da vacina. Sob o título:
Testes com vacina de Oxford seguem; fonte indica que voluntário que morreu recebeu placebo,
a Reuters informa que:
Não há informações oficiais sobre se o voluntário que morreu foi inoculado com a potencial vacina ou se recebeu uma substância placebo. Entretanto, uma fonte familiarizada com a situação disse que o teste com a potencial vacina teria sido suspenso se o voluntário que morreu estivesse no braço ativo do estudo — que aplica a vacina. A afirmação sugere que o voluntário estava no grupo controle, que recebe um placebo.
Referência:
https://br.reuters.com/article/saude-coronavirus-voluntario-morre-idBRKBN2762NK-OBRDN
A fake news omite informação surpreendente divulgada anteriormente pela BBC em 12 de junho de que nenhum dos participantes recebeu placebo.
De acordo com a corporação britânica:
Uma parcela dos voluntários vai receber uma outra vacina, usada comumente contra meningite, que provoca sintomas parecidos. Este será o grupo de controle, usado para comparar e contrastar as duas vacinas. Os voluntários não serão informados sobre qual vacina estão recebendo.
Referência
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53027318
A informação — ou denúncia —, aliás, é estranhíssima, significa que os testes da vacina prosseguem com um falso grupo de controle capaz de encobrir problemas gravíssimos ocorridos durante os testes.
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Confesso só ter descoberto após a publicação que a prática de aplicar uma outra vacina em lugar de um placebo neutro em testes de vacina não é incomum, o que me surpreendeu. A constatação esvazia a frase contundente com que encerrei o texto:
“Mais difícil será explicar a aprovação de testes usando outra vacina como falso placebo, gerando um “grupo de controle” que nada controla.”
Se tal prática já se encontra estabelecida, em testes de vacina, nenhuma explicação adicional para tal seria necessária.
A constatação, no entanto, não invalida a argumentação que desenvolvi no texto citado: a utilização de vacina análoga como grupo de controle elimina qualquer possibilidade de controle sobre os efeitos do veículo da vacina, no caso, um adenovírus. Note que a ocorrência de efeitos inesperados e incompreendidos não chega a ser, nesse sentido, surpreendente, como a ocorrência inexplicada de aumento na suscetibilidade a HIV decorrente de vacina similar.
A vacina em questão está sendo desenvolvida com vistas a aplicação generalizada em bilhões de pessoas por todo o planeta, propondo-se inclusive, em diversos países, sua obrigatoriedade, inclusive em crianças.
Sabe-se que a letalidade do vírus sobre os mais jovens é muito próxima de zero. Dificilmente uma vacina causadora de efeitos colaterais em 70% dos indivíduos testados terá efeitos tão desprezíveis quanto o coronavírus sobre tal contingente, tornando-se difícil justificar a aplicação da vacina em crianças. A dificuldade aumenta se lembramos que assintomáticos não transmitem o vírus, conforme estabelecido em diversos estudos realizados em diversos países referidos por Maria van Kerkhove da OMS.
Atente que o mascaramento dos efeitos do veículo resultante da utilização de vacina análoga como grupo de controle permite a aprovação de vacina causadora de adversidades muitíssimo mais intensas que as relatadas por jovens infectados pela doença.
Sou obrigado a conceder, de qualquer modo, que minhas suspeitas sobre a idoneidade dos testes foram exageradas. Creio agora que o vício não seja uma peculiaridade desse teste específico, mas uma prática já corriqueira, embora duvidosa.
O caso já havia sido denunciado aqui:
A ocorrência de óbitos e sequelas gravíssimas em testes de remédios ou vacinas não surpreende. Testes são efetuados, exatamente, em decorrência da existência de tais riscos.
Mais difícil será explicar a aprovação de testes usando outra vacina como falso placebo, gerando um “grupo de controle” que nada controla.
Reconheço agora o exagero da frase acima, conforme assumido anteriormente.
Leia também: https://jornalggn.com.br/blog/gustavo-gollo/nao-apressem-a-fabricacao-da-vacina-por-gustavo-gollo/
Publiquei também, antes dessa, matéria denunciando fake news plantada com o propósito de desvincular a morte do participante nos testes da vacina.
Espero com isso ter dirimido as dúvidas ou desconfianças que tenham justificado a retirada da matéria original do site.
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