O julgamento de Lula pelo mundo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Ricardo Nogueira – EFE
 
Jornal GGN – Não é só o Brasil que parou para acompanhar o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) na manhã de hoje (24). Jornais do mundo inteiro anunciaram as expectativas que afetam o cenário do país latino-americano, em ano que o próximo a comandar a política e economia da nação brasilera é interesse e pauta global.
 
Não à toa que 54 dos 300 jornalistas credenciados para acompanhar o julgamento em Porto Alegre são correspondentes internacionais: quase um quinto do total. Artigo do The New York Times intitulado “Democracia brasileira empurrada para o abismo”, publicado pelo pesquisador Mark Weisbrot ainda ontem, dava o tom da importância.
 
“Esta semana, essa democracia pode ser mais corroída, quando um tribunal de apelação de três juízes irá decidir se a figura política mais popular do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, será impedido de disputar as eleições presidenciais de 2018, ou ainda ser preso”, escreveu.
 
Reprodução NYTimes
 
Na manhã de hoje, antes mesmo do início do julgamento, a manchete estampava os principais periódicos de todos os países. 
 
“O Brasil está se preparando para uma decisão judicial histórica que poderia derrubar o líder mais popular da história brasileira moderna de uma eleição que ele está atualmente preparado para vencer – e pode se tornar devastador para o Partido de Trabalhadores que ele fundou”, introduziu da capital gaúcha o correspondente Dom Phillips, do jornal britânico The Guardian.
 

Reprodução The Guardian
 
Na França, o Le Figaro mirou a responsabilidade dos desembargadores do TRF-4: “Três juízes de um Tribunal de Recurso do sul do Brasil têm diante deles certamente o julgamento mais difícil de sua carreira. (…) O que está em jogo: uma possível inadmissibilidade da figura emblemática da esquerda na eleição presidencial de outubro, que ele é o favorito. Este seria provavelmente um jogo final para o homem que dominou a política do Brasil nas últimas duas décadas.”
 

Reprodução Le Figaro
 
“Palácio ou Prisão para Lula”, apontou Von Borin Hermann, direto do Rio de Janeiro, para o alemão Süddeutsche Zeitung, no início da manhã. Mas a análise do diário foi um pouco além do comum, especulando, inclusive, se o ex-presidente com viagem marcada à Etiópia na próxima semana se tornaria o primeiro ex-chefe de Estado na América Latina a fugir de uma condenação.
 
Ao negar o próprio questionamento, os estereótipos marcaram a resposta do jornal alemão: “Há duas respostas a isso. Primeiro, Lula não é alguém qualquer, mas talvez o brasileiro mais famoso que não ganha dinheiro com o futebol. Assim, ele não poderia se esconder. Em segundo lugar, simplesmente não seria seu estilo. Lula, de 72 anos, já anunciou que sua campanha eleitoral presidencial continuará, não importa o que os juízes decidam na quarta-feira”.
 
Reprodução Süddeutsche Zeitung
 
Na página principal do outro jornal alemão Spiegel, um relato mais objetivo do que se via nas ruas de Porto Alegre na manhã de hoje, pela visão do repórter Jens Glüsing, na matéria “A Batalha de Porto Alegre”.
 
“Milhares de apoiantes de seu partido de trabalhadores esquerdistas vieram a Porto Alegre nos últimos dias para apoiar seu ídolo. Grupos de direita também marcharam, eles gostariam muito de ver Lula na prisão. A atmosfera está tão aquecida que conflitos violentos não podem ser descartados. Os jornais brasileiros já alertam sobre a ‘Batalha de Porto Alegre’.”
 
Reprodução Spiegel
 
No The Washington Post, as norte-americanas Anna Jean Kaiser e Anthony Faiola viram no julgamento a mobilização nacional, contra e a favor de Lula, mas chegaram a comparar o caso de Lula com o do atual mandatário Michel Temer, que foi absolvido pela Câmara dos Deputados, e até mesmo com “abusos fiscais” que teriam gerado o impeachment de Dilma, em “uma nação exausta por escândalos políticos sem parar”.
 

Reprodução The Washington Post
 
O El País divulgou em sua versão europeia e da América Latina a transmissão ao vivo. “As acusações são sobre um apartamento em uma praia em São Paulo, de propriedade de uma empresa que fazia negócios com o governo Lula (2003-2010) e que, supostamente, havia dado ao político. Mas, para muitos, esse julgamento tem entendimentos políticos e procura julgar a honestidade e a personalidade de quem foi a referência da esquerda em toda a América Latina”, disse o jornal em sua introdução.
 

Reprodução El Pais
 
“Não há um plano B”, disse um parente de Lula ao diário francês Le Monde. “Aos 72 anos, Lula, que é indestrutível, cuja vida se funde com seu compromisso político, não está pronto para jogar a toalha, mas para desafiar a Justiça até o fim. O seu carisma e gênio político chegaram a  tornar o tema de um sucessor algo problemático”, disse.
 

Reprodução Le Monde
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Mais uma bola tomada pelas

    Mais uma bola tomada pelas costas  ..e do atacante Gebran

    O BRASIl, blogosfera  e a defesa discutindo INOCENTEMENTE se LULA é ou não dono de triplex, se teria recebido recursos indevidos  ..e que então teria ganhado a diferença ´pela troca de outro apto que comprou com Marisa e…

    ..e o Poder Judiciário vem pelas costas  ..todos discipulos de Rosinha Weber do Mensalão ..e dizem do dominio de Fato, que LULA sabia e agia pra roubar a petroleira em prol de todos os partidos

    Confesso que não vi nenhum depoimento de LULA, da acusação e da defesa, que direcionavam o processo pra essse tipo de acusação  ..acusação que, diga-se tb necessitaria de provas pra nos convencer

    1. pra refletir
      Lembro dum

      pra refletir

      Lembro dum depoimento aonde LULA lembrava que, enquanto presidente, NUNCA recebeu qq informação de que haveria um cartel com divisão de propina dado a funcionários da Petrobrás ..nenhuma denuncia da ABIN, Ministério da Justiça, Policia Federal, Ministério Público, Corregedoria, auditorias internas e externas, de funcionários públicos, autoridades, de ninguém, nem da mídia, nem de SERGIO MORO

      .é o domínio de fato continuando a fazer estrago

    1. Vão mais ou menos no ritmo do que quer a oligarquia brasileira

      Acho que os jornais alemães e o El Pais estão melhor bem informados. Na França so o Libération tem dito alguma coisa que vai no sentido de que falamos aqui de perseguição politica. Le Figaro é um jornalão do tipo Estadão com mais escrupulos e a decepção maior é com Le Monde, que tem feito uma cobertura burocratica, press release da imprensa brasileira que não vale um tostão. 

  2.  JUNTAS E MISTURAFS A JUSTIÇA

     JUNTAS E MISTURAFS A JUSTIÇA HUMANA E A DIVINA E AS PSICOGRAFIAS

     

                                                   VIVA JESUS!

     Bom-dia! queridos irmãos.

    “O primeiro e mais fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para patrocinar. Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos preceitos da justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com a parte que me procura é que me ponho à sua disposição.“ – Sobral Pinto, 1944.

     
    No artigo de título longo, “A lição de Sobral Pinto pulveriza a conversa fiada dos bacharéis a favor do Petrolão: o advogado é o juiz inicial da causa. Não pode agir como comparsa de cliente bandido”, chamou-me a atenção quando disse que muitos momentos do Manifesto pareciam psicografia.

    A psicografia pode ser investigada fazendo-se um estudo técnico (grafoscopia) da assinatura do Espírito, quando encarnado, e depois vindo do outro mundo através de um médium.

    No artigo de 19/1/2016, o Espírito “identificado” era o de um advogado que chegou a Ministro da Justiça. O médium seria um dos criminalistas que assinam um “manifesto irrefletido”.

    A assinatura nesse caso não passará pela investigação, até porque hoje os Espíritos estão escrevendo através dos computadores.

     O que o jornalista parece querer dizer, com a palavra psicografia, é que o “médium advogado” foi “formado na mesma escola” do ex-ministro desencarnado.

    Que podemos ter bons médiuns bacharéis em Direito, não tenho dúvidas. Já dei testemunho pessoal sobre a mediunidade do Dr. Reinaldo Leite em “Admiráveis e Poderosos”.

    Marcio Thomaz Bastos seria o Espírito, desencarnado em novembro de 2014. Este competente advogado, ainda em vida, diz o jornalista, “transformou o gabinete do Ministro da Justiça em fábrica de truques concebidos para eternizar a impunidade, desde que o cliente topasse pagar os honorários cobrados em dólar, por hora de trabalho”. Nessas condições, “ele enxergava filhos extremosos até em parricidas juramentados”.

    Para contrastar o jornalista, coloca em negrito um trecho de Sobral:

    “A advocacia não se destina à defesa de quaisquer interesses. Não basta a amizade ou honorários de vulto para que um advogado se sinta justificado diante de sua consciência pelo patrocínio de uma causa. O advogado não é, assim, um técnico às ordens desta ou daquela pessoa que se dispõe a comparecer à Justiça. O advogado é, necessariamente, uma consciência escrupulosa ao serviço tão só dos interesses da justiça, incumbindo-lhe, por isto, aconselhar àquelas partes que o procuram a que não discutam aqueles casos nos quais não lhes assiste nenhuma razão”.

    O artista também aconselha: “pensa no que está fazendo, no que está se metendo. Vamos ver a vida sobre outras curvas, outros aspectos. Não quero vê-lo mal, dramas são sempre enrolados, tome mais cuidado, não vá sem razão

    Talvez o ex-ministro esteja na espiritualidade pensando em seguir o som.

    O jornalista Nunes diz que a aula ministrada por Sobral pulveriza o chamado “manifesto irrefletido”. Advogados divulgaram um manifesto com críticas severas à Operação Lava Jato.

    O Estadão, 17/1/2016, disse que o discurso acusatório é um equívoco. “Não é uma expressão de legítimo interesse público, como tenta se apresentar.” Diz ainda que “é grave a distorção dos fatos e que a metralhadora acusatória tem um alvo especial – o juiz Sérgio Moro”. O periódico de São Paulo lembra que “se houve violações e abusos de direitos nas decisões judiciais, a legislação brasileira prevê generosamente amplos caminhos recursais para sua revisão” e que “os Tribunais Superiores têm confirmado em grande porcentual as decisões” de Moro.

    “Necessário reconhecer que poucos réus na história da Justiça brasileira tiveram a possibilidade de ser tão bem assistidos juridicamente. Pelos melhores advogados e mais caros”, diz o jornal.

     
    Esses réus quando enfermos não encaram as filas dos hospitais públicos. Compreensível, pois, até os hospitais do Estado do Rio de Janeiro foram para a emergência do Município.

    Dura a crítica de Nunes: “sempre que Marcio Thomaz Bastos triunfava num tribunal, a Justiça amargava outra derrota, a verdade morria outra vez…”.

                                               Luiz Carlos Formiga

     

    Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/juntas-e-misturadas-a-justica-humana/#ixzz52YyeeAOr

     

     

  3. QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI…A REBELIÃO TORNA-SE UM DEVER”.

    QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI…A REBELIÃO TORNA-SE UM DEVER”.

     

    A HORA É: POVO NAS RUAS.

     

    O ESTADO MODERNO É SIMPLESMENTE UMA INSTITUIÇÃO CRIMINOSA

    “QUE DEU “CERTO”.

              A prova inequívoca da veracidade desse pensamento é o desfecho do golpe institucional, sofrido por um governo legítimo e democrático, referendado pela justiça cega, parlamento corrupto e pela mídia aristocrática. A quadrilha do Jaburu,tomou o pais de assalto, em um golpe sorrateiro, com o apoio das instituições criminalizadas e da imprensa aristocrática tradicionalmente golpista. Atentou contra a democracia ,desrespeitou-se a opção referendada nas urnas por 54 milhões cidadãos brasileiros, que votaram  em um projeto de governo e foram subestimados pela iniciativa de 360 deputados 61 senadores, majoritariamente investigados e denunciados em atos generalizados de corrupção.

             Equivocaram-se, acreditaram na ingênua possibilidade da renúncia da Presidente eleita Dilma. Historicamente mal acostumados, quebraram a cara. Esqueceram que a dona é que nem vara verde, enverga mas não quebra. Grande exemplo de liderança feminina a ser  seguida, incondicionalmente, por todos nós.

              Cabe aqui salientar que, aqui no nosso Brasil, golpe institucional é meramente uma trágica tradição. Com 500 anos de existência, 120 anos de independência enquanto pais, nossa República da Bananada, nossa adolescente democracia, tem apenas 50 anos, sendo porem,constantemente interrompida por sucessivos golpes institucional de estado. Tais fatos, possivelmente nòs ajude a compreender o motivo, pelo qual, sejamos de fato uma economia pujante, (9º maior PIB), ao passo de determos o vergonhoso Índice de desenvolvimento Humano (62o IDH), do nosso planeta. Em se tratando da América Latina ficamos em situação confortável somente quando comparado à Venezuela.

              Mas por que devemos nòs permitir ser governado pela Quadrilha do Jaburu, por um governo ilegítimo, cujo vice- presidente, sem aprovação popular, rotineiramente se esconde do povo, se borra com poucas vaias ?. Por que acreditar na capacidade técnica e política de um governo usurpador, formado por um ministério com 13 notáveis ministros denunciados em inquéritos da Lava Jato.?. Por que permitir que a conta da roubalheira patrocinado por esses “notáveis” corruptos recaiam sobre o bolso do humilde trabalhador??.

              Difícil entender  como o cidadão brasileiro é capaz de matar  par subtrair um simples aparelho  celular do seu próximo, é capaz de se armar-se  até os dentes para traficar drogas, mas é incapaz de armar-se politicamente par defender-se de um ESTADO CRIMINOSO DE DIREITO.  A Quadrilha do Jaburu tomouo Brasil de assalto e agora já não sabem exatamente o que fazer. A economia se dissolve, a sociedade se marginaliza. O jogo de improviso é a regra. A ordem por hora é o caus. notavelmente estabelecido.

              Mas o barulho dos indignados e mais forte que o silêncio dos omissos. Em respeito e reconhecimento a todos aqueles que deram suas vidas pela DEMOCRACIA, à dor dos familiares, que não tiveram a oportunidade de enterrar os corpos  dos seus filhos, vitimados pelo GOLPE MILITAR, mas sobretudo por um compromisso maior, por um futuro mais digno para os nossos filhos, devemos sim fechar esse trágico livro e escrever uma nova história. Os novos versos a serem escritos propõem ao povo ocuparem as ruas, em forma de manifestações, sem pedir licença e autorização a nenhuma instituição criminosa que representa o aparelho de segurança desse estado criminoso. Afinal de contas é um direito absolutamente constitucional e como tal, está a disposição para ser exercido por todo e quaisquer cidadão minimamente consciente.

              Caso a aventura evolua para a segunda fase do golpe jurídico-parlamentar e este venha a se concretizar, tornando o Presidente Lula um preso político, ou que tenha seus direitos políticos cassado pela justiça politizada, esse seguramente será tratado como herói. A partir desse momento o AI-5, sob uma nova configuração do golpe institucional jurídico-parlamentar estará instaurado. Sendo assim esgotará toda possibilidade de discursão pela vias políticas, dando assim margens para que todo tipo de revolta e indignaçãoocupem os espaços públicos e privados. Novas formas de instrumentação e intervenção política, aconvencionaisseguramente surgirão e serão aplicadas, seguindo a receita das medidas amplamente adotadas e aplicadas pela resistência ao golpe militar instaurado no nosso pais, em passado recente.

              Quanto a repressão, não devemos nos preocupar, a história da humanidade resume-se aos conflitos de classes sociais. Fazer oposição política a um governo ilegítimo, usurpador, como todos sabem, é uma tarefa bem mais fácil do que governar. As eventuais sequelas provocadas pela máquina estatal de repressão, a despeito das que já veem sendo utilizadas, ficarão mais uma vez registradas nos autos da história da Republica da Bananada e dessa forma deverão ser objeto de preocupação daqueles que as praticam. Que o Estado Criminoso recorra a todas elas. O tempo e a história lhes darão a avaliação e as credencias necessárias.

    “Quando a injustiça se torna lei… a rebelião torna-se um dever”.

     

    NÃO DEVER, NÃO TEMER!!!.

    Abraços, a todos que se permitem indignar-se

     

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