Mais uma semana em que não poderei voltar aos números da Pesquisa Brasileira de Mídia-2015 (PBM-2015), da Secom. Não comemore, porém – vai ter numeralha sim, mas sobre um dos assuntos top da semana no nosso setor (junto com o anúncio d’ O Boticário): a nova rodada de cortes da Abril, cuja crise tem se tornado uma habituéedaqui.
Primeiro, a boa notícia. Há uma possibilidade de os Civita terem terminado de passar a faca nos postos de trabalho, ao menos por enquanto. É que a Abril praticamente abriu mão de ter revistas semanais de entretenimento. Com a nova “reestruturação”, a editora ficou apenas com a “Veja” entre os 10 títulos semanais mais vendidas no país em março, o último dado que obtive (em amarelo, os da Editora Caras, incluindo os seis que obteve da Abril nesta última leva) :
Não é bolinho. Se você juntar as revistas semanais detonadas pela Abril, verá que elas somavam, em março, a circulação total de 762.698 exemplares (incluindo edições digitais), 20,51% dos 3.719.028 (também incluindo o mundo digital) de semanais que circularam naquele mês. Os Civita passaram, nos últimos meses, para a Editora Caras – da qual também são acionistas (o que você queria?) -, as revistas colocadas entre a segunda e a sexta colocações no ranking das semanais de Entretenimento (“Ana Maria”, “Ttititi”, “Contigo”, “Viva Mais” e “Minha Novela”, respectivamente). Como a Caras já era dona da líder (a publicação com o mesmo nome da editora), tornou-se dominante no segmento.
A Abril, assim, concentrou-se nas revistas mensais, onde nada de braçada:
Por que toda essa prestidigitação com os títulos? Bom, essa é a notícia ruim.
Na página 5 do balanço de 2014, os auditores da PWC fizeram questão de abrir o intertítulo “Ênfase”, no qual destacam que a companhia a Editoria Abril teve prejuízo de R$ 139,2 milhões (contra R$ 166,6 milhões em 2013), apresentando ainda um patrimônio líquido negativo de R$ 265 milhões (ou seja, as dívidas da empresa superam o seu patrimônio nesse valor) e também excesso de passivos sobre o ativo circulante no montante de R$ 386,7 milhões (isso quer dizer que se todos os credores da Abril resolverem cobrar seus créditos durante o ano de 2015, mesmo aqueles que vencem no futuro, haverá um buraco de quase R$ 400 milhões). E há ainda os impostos diferidos (reconhecidos, mas ainda não pagos, como permitido em lei), no valor de R$ 111,7 milhões.
Na mesma nota, os auditores da PWC garantem ter ouvido dos Civita que, caso necessário, eles aportarão capital para sanar 70%, o percentual que lhes pertence do capital da empresa, das dívidas. O resto? Bom, os credores teriam que correr atrás dos sul-africanos do Naspers que compraram 30% da Abril em 2006. Mas quem trabalha na companhia não precisa ficar nervoso – ninguém vai cobrar porque pior do que uma empresa com um buraco de R$ 400 milhões na contabilidade é uma empresa em concordata com um buraco de R$ 400 milhões na contabilidade
Para você ter uma ideia de como a Abril chegou a essa situação, segue um apanhado dos resultados da companhia desde 2011, ano em que foi adotado no Brasil o International Financial Reporting Standards (IFRS), as normas internacionais de contabilidade:
Da maneira que vejo a coisa, a manobra dos Civita de passarem os títulos das semanais para a Caras e focarem a Abril nas revistas mensais tem dois alvos:
Estratégico: Vai que a situação piora (o motivo principal para a deterioração seria o que está no último parágrafo) e ter títulos valiosos fora do seu controle (em termos legais, embora não reais) é uma espécie de poupança num HSBC da Suíça, pois os títulos valem uma bela grana.
Operacional: Revistas semanais são, vamos dizer, de “alta intensidade” – precisam de uma produção mais veloz e, portanto, com maior número de profissionais envolvidos (jornalistas, gráficos, administrativos etc) e uma logística mais complicada do que as mensais, cujo prazo de produção menor permite a sua realização por equipes fixas menores. De outro lado, as mensais (pelo menos as que a Abril manteve) possuem um valor maior no mercado publicitário por serem fortemente segmentadas e terem uma vida útil bem maior.
Nesse caso último por que não passar a “Veja” nos cobres também? Por dois motivos básicos:
1. A revista é a joia da coroa e sua venda tenderia a ser considerada o fim da linha da Abril. Aí, aqueles credores lá de cima correriam o mais rápido possível para pegar um bom lugar no cartório de protestos, e os Civita para longe o mais rápido que seus jatinhos o permitissem;
2. A “Veja” é a única arma de grosso calibre que os Civita ainda têm para chegar aos cofres públicos, como já acontece em São Paulo e voltaria a ocorrer caso um tucano vença as eleições presidenciais em 2018, em nível federal.
Se o PSDB amargar a quinta derrota consecutiva para o PT? Bem, aí duvido muito que a Abril sobreviva à terceira década do Século XXI.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
1º de Abril
1º de Abril é achar que Fábio Barbosa foi contratado para salvar a pessoa jurídica da Abril e não certas pessoas físicas dela…
A frase final do texto
A frase final do texto deveria chocar:
“Se o PSDB amargar a quinta derrota consecutiva para o PT? Bem, aí duvido muito que a Abril sobreviva à terceira década do Século XXI.”
O mais impressionante é que não choca ninguém.
E por que deveria?
E por que deveria?
Ou seja, apenas fraude contra
Ou seja, apenas fraude contra credores que, de sua parte, ou aceitam e “micam” ou, já atrasados, devem começar a procurar seus direitos na justiça (justiça?).
O que choca mesmo é o PT ter
O que choca mesmo é o PT ter esperado quatro eleições para parar de bancar esse esgoto a céu aberto.
O pessoal mais conservador
O pessoal mais conservador não vive choramingando que escola e ideologia não combinam, que “abaixo Pauo Freire” etc.? Que bobagem é essa do governo de Geraldo Alckmin assinar 5.200 exemplares da revista Veja para as escolas estaduais, então? Ou alguém em sã consciência consegue dizer que essa revista não tem ideologia?
Esse Quadro Aponta Muita Maracutaia
…feita para manter todos estes anos de mentiras publicadas. Muta grana pública conforme varias denúncias de assinaturas pelo governo paulista.
Há 10 anos a Abril foi identificada responsável pelo mau jornalismo de esgoto e inimiga da democracia pelo simples fato de ignorá-la.
Deveria chocar uma noticia dessa pois considero não uma vitória, mas um alívio para a sociedade.
E também nao chega a ser a justiça sendo feita. Pois na minha opinião alguns desta editora podre deveriam estar na cadeia.
TODOS SOLTOS.
Por isso, torço muito para que esse governo tenha êxito e que o pessoal da cidade onde moro e vivo abra os olhos e defenestrem esses tucanos parasitas do governo de São Paulo.