Em Bristol, no Reino Unido, manifestantes derrubam estátua de comerciante de escravos

O historiador David Olusoga comparou a ação com a queda da estátua de Saddam Hussein no Iraque. Mas a secretária do Interior, Priti Patel, pediu à polícia que respondesse.

Protesters throw the statue into Bristol harbour on Sunday. Photograph: Ben Birchall/PA

Jornal GGN – Os manifestantes do Black Lives Matters, em Bristol, no Reino Unidos, derrubaram uma estátua do comerciante de escravos Edward Colstom. Esta estátua, por muito tempo, foi um foco da raiva local, e foi abatida.

Os manifestantes amarraram uma corda à estátua, que ficava na Avenida Colston, neste domingo, dia 7, antes de puxá-la para o chão a multidão aplaudia. Então derrubaram e rolaram pela rua até o porto de Bristol.

O historiador David Olusoga comparou a ação com a queda da estátua de Saddam Hussein no Iraque. Mas a secretária do Interior, Priti Patel, pediu à polícia que respondesse.

O prefeito de Bristol, Marvin REes, disse saber que a remoção da estátua dividirá opiniões, assim como aconteceu com a própria estátua há muitos anos. ‘No entanto, é importante ouvir aqueles que decidiram que a estátua representa uma afronta à humanidade’, completou.

A estátua de bronze foi erguida em 1895, e é um ponto de raiva pelo papel da cidade no tráfico de escravos e pela contínua comemoração daqueles que estiveram envolvidos nela.

Fizeram uma petição para remover a estátua que angariou 11 mil assinaturas. “Embora a história não deva ser esquecida, essas pessoas que se beneficiaram da escravidão de indivíduos não merecem a honra de uma estátua. Isso deve ser reservado para aqueles que trazem mudanças positivas e que lutam pela paz, igualdade e unidade social”, diz a petição.

A empresa de Colston transportou mais de 100.000 escravos da África Ocidental para o Caribe e as Américas entre 1672 e 1689, amontoando-os em navios para maximizar o lucro.

Os escravos, incluindo mulheres e crianças, foram marcados no peito com as iniciais da empresa, RAC. Condições anti-higiênicas, desidratação, disenteria e escorbuto mataram mais de 20.000 durante as travessias e seus corpos foram jogados ao mar.

Colston deu grandes somas de dinheiro a Bristol, mas foi ganho com a escravidão. A parlamentar Thangam Debbonaire disse: “Ter estátuas de pessoas que nos oprimiram não é uma coisa boa a dizer às pessoas negras nesta cidade.”

Foram tomadas medidas para apagar o nome de Colston de outras partes da cidade. Colston Hall, a maior sala de concertos de Bristol, anunciou planos para mudar seu nome em 2017, e o conselho da cidade de Bristol determinou em janeiro de 2018 que uma segunda placa deveria ser colocada na estátua de Colston, destacando seu papel no tráfico de escravos, mas a discussão atrasou. Um retrato de Colston foi removido do gabinete do prefeito no final do mesmo ano.

A oposição à estátua de Colston cresceu aproximadamente na mesma época que a campanha de Rhodes Must Fall, que pedia a remoção da estátua de Cecil Rhodes, um ardente imperialista, do Oriel College, Oxford. A faculdade recusou-se a aceitar as demandas.

A derrubada da estátua segue a derrubada de várias estátuas confederadas durante os protestos da Black Lives Matter nos EUA.

Explicando o motivo da lista de grau II, a Historic England diz: “A estátua é de particular interesse histórico, sendo o assunto Edward Colston, o filantropo mais famoso de Bristol, agora também conhecido por seu envolvimento no tráfico de escravos”.

Com informações do The Guardian.

Redação

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