Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx

Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx

cronologia de mais uma capitulação voluntária:

(de como um movimento ascendente reflui em prol do pacto impossível)

muito embora a sucessão de eventos muito bem sucedidos, marcando uma forte ascensão do movimento de massas, numa notável integração de resistências locais num poderoso movimento nacional, por que mais uma vez tudo refluiu subitamente?

15-MAR: grandes manifestações contra as reformas regressivas;

28-ABR: Greve Geral.

10-MAI: Ocupa Curitiba;

17-MAI: vazamento da delação da JBS;

24-MAI: Ocupa Brasília;

28-MAI: Diretas Já, no Rio;

04-JUN: Diretas Já, SP;

11-JUN: Diretas Já, Salvador;

11-JUN: Diretas Já, Recife;

16-JUN: Diretas Já, BH;

{corte}

22-MAR: aprovação da terceirização;

30-JUN: Greve Geral esvaziada;

11-JUL: senado aprova contra-reforma trabalhista;

12-JUL: condenação de Lula, na primeira instância;

– a cada vez que o movimento de massas de levantou contra o golpe a Ex-querda e o Lulismo operaram para revertê-lo. um golpe não pode ser derrotado pela via parlamentar. apenas um amplo movimento de massas é capaz de fazê-lo;

– no Ocupa Brasília, em 24-MAI, ao chegar na Praça dos Três Poderes a gigantesca manifestação pacífica foi violentamente atacada pela repressão. mas boa parte dos manifestantes não se intimidou. chegaram mesmo a fazer recuar a cavalaria. a partir de então a Esplanada se tornou área conflagrada. ao final do dia Temer acionou a GLO (Garantia da Lei e da Ordem). por este dispositivo jurídico fica autorizado o uso das Forças Armadas como tropas de ocupação. ao invés de proteger a soberania nacional, são usadas para reprimir a própria população. entretanto, a regulamentação do dispositivo da GLO se deu  através da Portaria 3.461, assinada por Celso Amorim em 19/12/2013, ainda no Governo Dilma, que se valeu da GLO em diversas ocasiões, como no leilão do Campo de Libra do pré-sal e na ocupação militar do Complexo da Maré (RJ). sob cerco e desmoralizado, o governo usurpador recuou e no dia seguinte revogou a GLO em Brasília. ainda assim, após o Ocupa Brasília a Ex-querda esfria sua ênfase na convocação de novas grandes manifestações de rua, demonstrando jamais ter pretendido contrapor o golpe com um amplo movimento de massas. nem agora, nem antes, nem depois, nem mais tarde;

– apesar de terem mobilizado multidões, as manifestações pelas “Diretas Já” não despertaram grande entusiasmo na cúpula da Ex-querda, para quem o “Fora Temer” jamais passou de bandeira circunstancial, sem jamais ganhar prioridade sobre a campanha pelo “Lula-lá em 2018″. ao esvaziar a luta por “Diretas Já”, postergando um movimento absolutamente necessário, a Ex-querda reafirma sua função desmobilizadora e despolitizadora, ao acorrentar a luta contra o Golpe de 2016 a uma agenda puramente eleitoral. não há, nem nunca existiu, nenhum compromisso da Ex-querda em anular o impeachment. sua estratégia é unicamente focada nas Eleições de 2018 e na candidatura de Lula;

– cada recuo tático concreto se inscreve como parte da estratégia de um acordo imaginário existente apenas no desejo do Lulismo por ainda mais uma conciliação, sempre na tola suposição de uma absolvição de Lula. se a condenação na primeira instância deveria ter sido a definitiva queda no deserto do real, persistiu o Alzheimer político. ficou patente não haver nenhum plano B, nenhuma intenção de romper com a lógica do calendário eleitoral, nada além da via institucional e parlamentar. com a antecipação relâmpago do julgamento do recurso da defesa no TRF-4, marcado para 24-JAN-2018, exatamente um ano após o AVC fatal de Marisa Letícia, o Lulismo parece ter sido novamente pego de surpresa, apesar de todas as evidências em contrário apontarem para a confirmação do pior cenário. no caso de Lula ser preso, o que o Lulismo apresenta como proposta de ação concreta?

– a melhor maneira de superar o Golpe de 2016 não é através da defesa de Lula e de sua candidatura. ao contrário, a melhor maneira de defender Lula e sua candidatura é a luta para superar o Golpe de 2016 através da anulação do impeachment e de todas as contra-reformas regressivas do governo usurpador;

– enredado em contradições de sua estratégia e incapaz de se adaptar uma nova conjuntura global, o Lulismo insiste no sonho impossível de reeditar o pacto firmado em 2003, numa vã pretensão de reconquistar a confiança da plutocracia, para novamente ser nomeado gestor do capital alheio. mas já não há gestão possível, senão a da execução de um brutal processo de expropriação de renda e patrimônio público. viciado em apenas instrumentalizar os movimento sociais, o Lulismo age como se estivesse negociando um novo pacto, enquanto na verdade nunca esteve. e nem poderia. a lumpenburguesia brasileira (banqueiros, rentistas e exportadores de commodities) não precisa de qualquer conciliação. exige rendição incondicional. sócia minoritária, e satisfeita, dos mega interesses globalizados, se coloca como gestora da contra-revolução permanente: a travessia da Ponte para o Futuro com objetivo de consolidar no Brasil a condição neo-colonial e semi-escravocrata. não há, e nunca existiu, nenhuma “burguesia nacional” no Brasil;

após mais um refluxo do movimento de massas, continuamos vagando dentro de um labirinto sem qualquer saída. sem construir um portal de entrada para um novo ciclo, continuaremos caindo cada vez mais fundo no abismo do Golpe de 2016. nenhuma luz se erguerá deste túnel sem fim, apenas as trevas ainda mais devastadoras de um neo-fascismo.

{memória: não é de hoje…

quando eu era bem jovem, todos éramos muito envolvidos com a luta pela redemocratização, com o PT e a CUT.

diante de tanto entusiasmo, um chefe de equipe (ainda não se chamavam “gerentes”) do meu local de trabalho me chamou prá conversar. naquela época, uma diferença de 15 anos fazia o interlocutor nos parecer um “velho senhor”.

ele me contou ter em 01/04/1964 atendido à convocação para a resistência popular ao golpe. bem cedinho pela manhã foi para a Pça. Mauá, centro do Rio de Janeiro. em frente à Rádio Nacional, já havia uma multidão. a orientação era para aguardarem as armas, pois já estavam chegando.

então ele aproximou seu rosto, para com os olhos umedecidos e a voz embargada me dizer: “As armas nunca chegaram…”

nunca me esqueci. jamais esquecerei.

}

não se deixe enganar: parece, mas… é mesmo exatamente o que parece

para quem observa rapidamente a foto abaixo, poderia até supor tratar-se de um combativo contingente de hermanos no Ocupa Brasília em 24-MAI-2017, a fim de impedir as reformas regressivas neoliberais, num admirável movimento latino-americano de solidariedade obrera.

nada disto!

fomos nós mesmos, brasileiros, antes do setor majoritário da Esquerda canalizar o movimento de massas para a centralidade de uma pré campanha de uma hipotética Eleição de 2018, sem haver qualquer programa mínimo definido e na qual um sub judice pré candidato será a única chance de salvação do Brasil.

vídeo: Cavalaria da PM ataca manifestantes em Brasília

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Redação

19 Comentários

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  1. os Brasis: dentro do labirinto

    ao assistir o vídeo abaixo é possível chegar a uma errônea conclusão: a Síria manteve sua soberania e conservou sua unidade territorial apenas em virtude de uma encarniçada resistência armada e do apoio logístico e militar fornecido por Putin.

    nada disto!

    a vitória sobre o terrorismo patrocinado pelo Império se deu justamente por não ter caído na armadilha de resistir. e também por sua sábia e corajosa decisão de ter convocado enésimas coletivas de mídia para denunciar a insuportável, infame, calamitosa intervenção dos Estados Unidos em sua autodeterminação.

    vídeo: It’s a wrap – Putin visits Syria, sorts shit out

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=H1Lg064X4b0%5D

    .

  2. Sempre a mesma LENGA-LENGA

    Cada vez mais desonesta… Se vcs fracassam nessa tentativa de sublevar as massas, que nao parecem querer ser sublevadas, a culpa é do lulismo? Ora, ora.

  3. A esquerda só é grande quando se junta à Ex-querda e ao Lulismo

     

    Arkx,

    É preciso que a esquerda tome consciência de que ela é ainda uma corrente minoritária. Ela só pode ser gauche na vida e nada mais. Daqui a 100 anos essa perspectiva pode vir a mudarm, mas a realidade hoje é essa.

    Recomendo para a melhor compreensão dessa realidade a leitura dos comentários ao post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” de segunda-feira, 18/04/2016 às 12:04, aqui no blog de Luis Nassif e retirado do blog de Luiz de Queiroz, contendo uma exposição de Gilles Deleuze em um vídeo que já não é mais possível ver (Daí a minha recomendação de se ler os comentários, pois há dois comentários meus, um enviado segunda-feira, 26/05/2017 às 02:09 e outro enviado segunda-feira, 13/11/2017 às 23:29, colocados junto ao comentário de Jair Fonseca de segunda-feira, 18/04/2016 às 17:18 em que ele deixou o vídeo mais completo da exposição de Gilles Deleuze, vídeo também que não se pode ver) e sendo provavelmente oriundo de uma sugestão de Jair Fonseca e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-grande-bacanal-pos-impeachment-por-luis-nassif

    No Brasil, a esquerda só parece grande quando ela se junta à Ex-querda e ao Lulismo. Só que ao se juntar à Ex-querda e ao Lulismo, a esquerda corre o risco de ser levada pela Ex-querda e pelo Lulismo para onde a Ex-querda e o Lulismo a levarem. E aí o risco é duplo, pois a Ex-querda e o Lulismo podem ir para a direita e assim levar a esquerda para onde a esquerda não quer ir, como a Ex-querda e o Lulismo podem recuar e deixar a esquerda sozinha no escuro, sem parede nua, sem cavalo preto, sem teogonia.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 21/12/2017

    1. os Brasis: dentro do labirinto

      -> “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”

      não deixa de ser surpreendente vc citar Deleuze. conheço o vídeo, o texto e o conceito de Esquerda em Deleuze.

      Deleuze e Guattari ainda serão por muito tempo referências obrigatórias. foram dos primeiros a trabalharem com o conceito de globalização capitalista, ainda no início dos anos 1980, chamado por eles de : CMI (Capitalismo Mundial Integrado).

      e foi em 1990 que Deleuze compreendeu que a centralidade capital x trabalho se deslocara para credor x devedor, definindo o cerne da questão de um neoliberalismo ainda em fase de ascensão: nos tornamos (devir) todos nós Homens Endividados.

      uso e abuso (mais abuso do que uso) das ferramentas e instrumentos by Deleuze e Guattari. exemplo maior? arkx é um personagem conceitual. Lulismo e Ex-querda são também exemplos de conceitos by Deleuze: caos -> planos (mil platôs), problemas e conceitos. experimente esta abordagem aplicar no caos brasileiro atual. chegará a resultados muito parecidos com aqueles que aqui compartilho.

      a maior parte dos conceitos parecem criptográficos. mas isto se deve ao estilo peculiar dos autores. seus conceitos são não apenas de fácil compreensão como extremamente úteis, inclusive politicamente.

      p.s.: não confunda o conceito de Minoritário, em Deleuze, com “minoria”. também o conceito de Multiplicidade é muito importante, pois a Multiplicidade nunca é totalizante, é sempre n-1. a Multiplicidade não é o Todo (como binômio do Unitário). trata-se um outro jeito de pensar, do lado de fora da caixa do Platonismo ainda hegemônico no modo de vida atual.

      vídeo: Gilles Deleuze – O que é ser de esquerda?

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=PhaXwi38Cps%5D

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      1. Não creio que a minoria de Gilles Deleuze seja a do seu P.S.

         

        Arkx, (quinta-feira, 21/12/2017 às 21:02),

        Primeiro fico satisfeito por você ter trazido o vídeo da definição de Gilles Deleuze sobre o que é ser de esquerda. Quando voltei ao post quase um ano depois o vídeo não estava mais disponível e eu não consegui acessá-lo de nenhum modo. Vou lá no post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” para deixar um link para este post “Os Brasis= dentro do labirinto_ por Arkx”.

        Segundo eu fiquei surpreso com a sua surpresa. Não creio, entretanto, que isso venha o caso.

        Mencionei a fala de Gilles Deleuze porque eu tenho avaliado que a esquerda, e eu deixo bem claro que eu estou tratando da esquerda e não da Ex-querda e do Lulismo, não percebeu que ela é minoria. E embora a fala de Gilles Deleuze seja de 88 ela é mais do que válida atualmente para reforçar a necessidade de a esquerda perceber o quão ela é minoria.

        Uma esquerda que se engaja em uma luta sem saber as circunstâncias que ela se encontra vai para o campo de batalha apenas para se esfacelar ainda mais.

        Lá no post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”, no segundo comentário meu para Jair Fonseca, enviado seis meses depois do primeiro e um ano e meio depois do post eu deixo o link para o post “Facebookspan, alívio imediato para a dor, por Rui Daher” de domingo, 06/08/2017 às 09:13, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria de Rui Daher e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/blog/rui-daher/facebookspan-alivio-imediato-para-a-dor-por-rui-daher

        No post “Facebookspan, alívio imediato para a dor, por Rui Daher” há um comentário meu enviado domingo, 06/08/2017 às 23:49, para Rui Daher em que transcrevi parte do trecho da exposição de Gilles Deleuze e que interessa aqui e por isso volto a transcrever:

        “Em segundo lugar, ser de esquerda é um problema de se tornar, não é de parar de se tornar uma minoria. A esquerda não é jamais majoritária, sendo esquerda. A maioria supõe um padrão. No Ocidente, o padrão que assume toda maioria é: homem, adulto, macho, cidadãos das cidades … Por natureza, a maioria é aquele que em tal momento ou todo o conjunto que em tal momento realizará esse padrão. Ou seja, a imagem sensível do homem adulto, macho, cidadão das cidades. Assim, no limite, a maioria nunca é alguém, mas é um padrão vazio.”

        A tradução acima não é a do vídeo, mas a que eu fiz com a ajuda do Google Tradutor. Não creio que Gilles Deleuze tenha usado nessa exposição uma acepção diferente do que significa minoria. Minoria ali é a minoria que nós todos entendemos e que me parece estar sendo custoso a esquerda aceitar como sendo uma realidade.

        Mencionei o Gilles Deleuze como um argumento de autoridade haja vista venho dizendo o mesmo há muito tempo e não observo ninguém aquiescendo comigo. Assim, não vejo justificativa para o seu P.S. Se em outros contextos Gilles Deleuze usou o termo minoria em outra acepção é dentro daquele outro contexto que o termo deve ser compreendido. Aqui o conceito foi utilizado quase na sua acepção aritmética.

        No vídeo que você trouxe aqui, a esquerda não pode ser maioria porque a maioria já é ocupada pelo que ele chama de um conjunto vazio mais fácil de ser percebido como sendo a representação dos cidadãos que se aproximam mais do padrão em nossa sociedade.

        E por último, embora também não venha ao caso dessa questão que é no seu resultado de simples aritmética, isto é, a minoria é menor do que 50%, ou utilizando os ensinamentos de Gustavo Gollo, a minoria é menor do que 49,999…%, eu vou discordar de Gilles Deleuze se ele disse que “a centralidade capital x trabalho se deslocara para credor x devedor”.

        Discordo porque “a centralidade capital x trabalho” é da essência do capitalismo. Só há capitalismo onde se permite a acumulação de capital mediante a apropriação de parte do trabalho de terceiro.

        E não é só isso. O trabalhador dever pouco ou muito é ao trabalhador indiferente. O que ele ganha depois de retirado a parte apropriada pelo capitalista é suficiente apenas para a sua sobrevivência. A dívida grande ou pequena ele leva para o paraíso.

        O que se pode dizer é que há também um vínculo entre o capitalista e o financista. Um vínculo em que se pode supor que na relação capital trabalho o capitalista seria substituído pelo financista. É uma substituição fictícia. A relação dos empregados da Rede Globo é com Roberto Marinho e não com o Bradesco ou o Itau, independentemente de que o capital que Roberto Marinho acumula mediante a apropriação de parte do trabalho dos seus empregados esteja sendo repassado para pagamento das dívidas aos grandes bancos. E tudo isso sem considerar que entre eles, dívida não se paga rola.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 21/12/2017

        1. os Brasis: dentro do labirinto

          -> Não creio que a minoria de Gilles Deleuze seja a do seu P.S.

          -> Se em outros contextos Gilles Deleuze usou o termo minoria em outra acepção é dentro daquele outro contexto que o termo deve ser compreendido. Aqui o conceito foi utilizado quase na sua acepção aritmética.

          caro,

          vc está se confundindo com os conceitos de Deleuze, como eu alertei que poderia acontecer..

          Deleuze jamais afirma que a Esquerda é minoria, e sim Minoritária. o Minoritário é um conceito chave. Minoritário além de não ser um conceito quantitativo e sim qualitativo, não é equivalente a minoria. ao contrário o Minoritário é a maioria. ao Minoritário jamais cabe ser Majoritário, o qual, por sua vez, não é a minoria e muito menos a maioria. o Majoritário é um padrão vazio: é ninguém, apenas uma abstração. um dispositivo de dominação.

          é por isto também que Deleuze rejeita uma governo de Esquerda. pois se é governo não pode ser de Esquerda. é a noção mesma de governo o maior problema. nem as pessoas nem o social precisam serem governados, e sim terem autonomia através de auto-gestão.

          estes são os conceitos de Deleuze. parecem confusos e difíceis por situarem-se numa contra-hegemonia da História da filosofia, sendo esta dominada até hoje pelos conceitos de Platão e suas dicotomias.

          quanto a centralidade da relação credor x devedor no neoliberalismo atual, fica a sugestão da recente tradução em português do excelente “O Homem Endividado”, de Maurizio Lazzarto.

          .

        2. sem salário o capital não é nada

          Brilhante e certeiro escorço, pelo qual agradeço. A imagem na abertura desta página mais parece retratar o movimento do capital, a passos da evaporação.

          1. os Brasis: dentro do labirinto

            -> sem salário o capital não é nada

            enviei um pedido de acesso. não apenas não tive retorno, como agora o blog foi deletado. uma pena. me entristece. tudo o que vi por lá era de rara qualidade. ainda mais as músicas.

            com a financeirização fica exposta a centralidade do neoliberalismo contemporâneo: a divisão de classe passa prioritariamente não mais pela oposição entre Capital x Trabalho, e sim entre Credores e Devedores. este é o modelo que a plutocracia capitalista aplica globalmente.

            a riqueza acumulada não tem mais como e onde se valorizar. uma gigantesca liquidez incapaz de se converter em investimento produtivo. para sugar a produtividade social a renda e o lucro jazem impotentes. esta função passa a ser cumprida pelo imposto.

            esta é a grande transformação que a Esquerda ainda não assimilou, por isto continua sem saber como reagir, suas armas políticas estão obsoletas.

            .

  4. “A ESQUERDA DEVE ATACAR LULA, ESQUEÇAM AÉCIO, GLOBO, MORO, VEJA”

    Os textos seguem sempre a mesma estrrutura:

    1-FAZ UM RODEIO E UMA INTRODUÇÃO CONCILIADORA E POSITIVA

    2-LOGO EM SEGUIDA TENTA FATURAR NO DISCURSO ANTI-PT E ANTI-LULA

    Uso constante de frases de efeito recheadas de desonestidade intelectual… que não se sustentam diante de um questionamento:

    -“o “Fora Temer” jamais passou de bandeira circunstancial, sem jamais ganhar prioridade sobre a campanha pelo “Lula-lá em 2018” “[QUEM ARKX ESPERA ENGANAR COM ESSE PAPO FURADO??? SOMENTE ALGUÉM QUE NÃO ESTAVA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS ANOS. O “FORA TEMER” FOI E É USADO POR TODA ESQUERDA(DENTRO E FORA DO PT) BRASILEIRA SEM JAMAIS CONSEGUIR ADESÃO DA DIREITA OU DA CLASSE-MÉDIA… O “LULA 2018” OCORREU COMO CONSEQUÊNCIA DA PERSEGUIÇÃO À LULA… NÃO FOI NADA PLANEJADO PELA ESQUERDA… ALIÁS, LULA NÃO SERIA MINISTRO DA DILMA SEGUNDO OS PLANOS DA EX-QUERDA??? DETALHES QUE É MELHOR IGNORAR PARA A TEORIA FAZER SENTIDO… ]

    -“não há, nem nunca existiu, nenhum compromisso da Ex-querda em anular o impeachment. sua estratégia é unicamente focada nas Eleições de 2018 e na candidatura de Lula”[DESONESTIDADE COMPLETA!!! MENTIRA DESCARADA!!! ALÉM DE SER MENTIRA, NEM FARIA SENTIDO TAL ESTRATÉGIA: SOFRER IMPEACHMENT PARA SE ELEGER EM 2018… SEM CONTAR COM A PERSEGUIÇÃO DE MORO E COMPANHIA… ÉS UM PIADISTA, ARKX! SEMPRE INSINUANDO QUE O LULISMO SERIA FAVORÁVEL AO IMPEACHMENT OU COISA DO TIPO… É O ESTILO MBL…]

    -“no caso de Lula ser preso, o que o Lulismo apresenta como proposta de ação concreta?” [SE A RESPOSTA FOR “NADA” ESTARÁ EMPATADO COM A SUA PESSOA… POIS ATÉ AGORA A ÚNICA PROPOSTA DE ARKX SE RESUME EM A ESQUERDA ATACAR LULA… COMO SE AÉCIO, TEMER, MORO, GILMAR, SERRA, GLOBO, VEJA, NÃO FOSSEM PROBLEMA… O PROBLEMA É LULA… SE UNAM CONTRA LULA E O LULISMO… ENFRENTAR A GLOBO É INFANTILIDADE… O ALVO É LULA]

    O uso preconceituoso dos termos “ex-querda” e “lulismo” de maneira totalmente caricata e burra. Tática usada à exaustão por nomes da direita como Reinaldo Azevedo. Frases de efeito que lembram MBL e RevoltadosOnline…

    … essa é a escola do Arkx… o “cara da esquerda” que quer a todo custo faturar encima do discurso anti-PT e anti-Lula… mas dentro da própria esquerda.

    Por isso muitos aqui o associam Arkx ao PSOL, o partido de “esquerda” que prefere dedicar seu tempo a combater Lula e o PT do que enfrentar alguns nomes como Aécio, Temer, Globo, Veja, Serra, Moro, USA, etc…

     

     

    1. os Brasis: dentro do labirinto

      -> prefere dedicar seu tempo a combater Lula e o PT do que enfrentar alguns nomes como Aécio, Temer, Globo, Veja, Serra, Moro, USA, etc…

      ao se olhar a foto acima fica claro nela estarem muitos daqueles que devemos enfrentar: Temer, Moreira Franco, Romero Jucá, FHC, Henrique Meirelles, Aécio Neves, Paulo Maluf, Sarney, Roberto Marinho (Globo), Fernando Collor, Gilmar Mendes, Renan Calheiros, Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Anthony Garotinho, Pezão, Pedro Paulo…

      e ao lado deles, sempre faceiro e sorridente, o Lulismo. como enfrentar um sem enfrentar o outro, se estão sempre de mãos dadas?

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      1. Análises políticas baseadas em foto? É sério isso???

        “e ao lado deles, sempre faceiro e sorridente, o Lulismo. como enfrentar um sem enfrentar o outro, se estão sempre de mãos dadas?”

        1-Talvez no Facebook esse seu argumento funcione… aqui não… acho que 100% das pessoas minimamente politizadas sabem perfeitamente que a ÚNICA maneira de concorrer eleitoralmente em um sistema de coalisão é obviamente fazendo alianças… muitas infelizmente são desprezíveis mas necessárias. Critica-las é pura hipocrisia. Se quiser mude o sistema político… ou critique o sistema político… aliás… o fim dessas alianças nos trouxe a esse cenário de caos total! Um governo de esquerda não dura 6 meses sem alianças… prova disso: Dilma!

        2-Muitas dessas fotos não representam absolutamente NADA! Por exemplo a de Lula junto com FHC… mais uma foto de ex-presidentes juntos de forma educada em algum evento. O certo seria fazer o que??? Lula e FHC nunca se encontrarem ou marcarem uma luta de boxe? Foto de Lula conversando com Gilmar Mendes significa o que??? Que eles fingem que são inimigos mas no fundo são amiguinhos??? Mais um argumento típico de MBL que gosta de pinçar fotos e tirar conclusões baseadas nas imagens. 

        3-Mais uma vez você colaborou com meu argumento: PREFERIU CRITICAR O “LULISMO”. Em dezenas de fotos de políticos confraternizando você seletivamente criticou apenas o tal “Lulismo”… poderia criticar Moro por confraternizar com Aécio envolvido na Lava-Jato… poderia criticar a IstoÉ por dar prêmios para políticos bandidos… preferiu criticar Lula por fazer alianças em um sistema político onde as alianças são indispensáveis… ou por simplesmente apertar a mão de alguém educadamente em algum evento.

        1. os Brasis: dentro do labirinto

          -> Por exemplo a de Lula junto com FHC… mais uma foto de ex-presidentes juntos de forma educada em algum evento.

          para se contrapor é preciso compreender o ponto de vista alheio. e vc não consegue entender quase nada do que escrevo. isto ocorre por se tratar de paradigmas diferentes. embora eu compreenda muito bem o paradigma do Lulismo, vc nem compreende, como sequer aceita, que possam haver outros.

          não são fotos colhidas ao acaso. cada uma delas tem uma história e ilustra um momento da capitulação voluntária do Lulismo ao setor dominante, para se converter no braço esquerdo do partido da ordem no Brasil.

          por exemplo:

          a foto de Lula com FHC ilustra o repulsivo momento em que Lula recebeu os algozes de sua esposa, quando esta já com morte cerebral ainda era mantida viva conectada a aparelhos. embora a comitiva dos membros do governo usurpador tenha sido hostilizada na entrada do hospital, Lula fez questão de tratá-los como velhos e fiéis amigos, aceitando suas condolências cínicas e hipócritas.

          os que as fotos ilustram é uma dura e triste verdade: Lula não tem nem o vigor físico, nem o perfil psicológico, nem a postura política e muito menos a estatura ética para liderar a guerra pela libertação do Brasil.

          e é esta guerra que precisamos mais do que nunca travar.

          .

  5. os Brasis: dentro do labirinto

    – mesmo a maior greve geral já realizada no Brasil, 28-ABR, não foi suficiente para deflagrar um poderoso ciclo de grandes manifestações de massa para derrubar nas ruas o processo de confisco de direitos, o qual vem a ser um dos principais objetivos do Golpe de 2016. ao contrário, a Ex-querda sempre se manteve obediente à sua função de manter sob rígida tutela os movimentos de luta direta, para estes nunca romperem a fronteira rumo a um confronto aberto com os interesses políticos e econômicos responsáveis e beneficiados pelo Golpeachment. em plena apropriação brutal e selvagem da renda e do patrimônio público, persistem as intenções de renovação dos falidos pactos de conciliação;

  6. Na democracia representativa a qualidade é a quantidade

     

    Arkx,

    Era para replicar suas respostas antes, mas demorei a encontrar o texto original do vídeo e acabei desistindo. Agora com mais folga posso completar o que havia pensado. Primeiro queria mencionar que como Carlos Drummond de Andrade acho vã a luta com palavras. E, no entanto, lutamos mal rompe a manhã.

    Você talvez não perceba, mas nos seus escritos em que você renega os números, muitas vezes você clama pelos números no seu sentido quantitativo. Um exemplo dessa valorização dos números em ser valor quantitativo se observa quando quando você diz:

    “Após o Ocupa Brasília a Ex-querda esfria sua ênfase na convocação de novas grandes manifestações de rua, demonstrando jamais ter pretendido contrapor o golpe com um amplo movimento de massas. Nem agora, nem antes, nem depois, nem mais tarde”

    Amplo e grande não são qualitativos, mas quantitativos. Em suma, a saída da ex-querda enfraquece o movimento. Enfraquece como, a não ser que numericamente? Na verdade, não se pode esquecer nunca um dos princípios lógicos da dialética marxista de que a quantidade gera qualidade.

    Você cria acertadamente a distinção entre a esquerda e a ex-querda e ao mesmo tempo quer equivocadamente que os dois grupos tenham objetivo comum. Assim, sua distinção serve apenas a desempenhar um papel pejorativo, para quem acha que a es-querda ao assumir o poder representa um estorvo para a esquerda.

    Só que quem lê Gilles Deleuze e sabe que a esquerda não pode alcançar o poder, o termo es-querda passa a ser um elogio, pois se refere à esquerda que sabe que como esquerda ela não pode alcançar o poder, até mesmo porque o exercício do poder não é próprio à esquerda e, portanto, só lhe resta alcançar o poder via ex-querda.

    Esquerda e ex-querda são diferentes, e a entrevista de Gilles Deleuze serve muito bem para compreender essas duas distinções e só há duas alternativas: ou a esquerda fica dependendo da ex-querda ou a esquerda se afasta da ex-querda. Não há a possibilidade de a ex-querda ser guiada pela esquerda.

    Essa ideia da ex-querda abrir mão de sua força, você deixa explícito aqui e mais ainda em post mais à frente com título semelhante “Os Brasis: Lula deveria ser candidato?, por Arkx” de quarta-feira, 03/01/2018 às 14:52, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/arkx/os-brasis-lula-deveria-ser-candidato-por-arkx

    Ora a força da ex-querda é o que a difere da esquerda que não tem força exatamente por ser esquerda. Só que você quer dar força a esquerda, mas para alguém que já leu e ouviu Gilles Deleuze, você se vê forçado a esquecer que o que precisamente a esquerda não tem é a força.

    E ai você se esconde no jogo de palavras, para negar aquilo que você alega, ou seja, você diz que a ex-querda enfraqueceu o movimento ao não insistir no movimento, mas ao mesmo tempo quer que se tome a ideia de Gilles Deleuze de que a esquerda é minoritária apenas sob o aspecto qualitativo. Daí que você insista em ver distinção na entrevista de Gilles Deleuze do uso dos termos minoria e minoritário, maioria e minoritário.

    O texto original em francês da entrevista de Gilles Deleuze que você em boa hora trouxe o vídeo, sendo que o texto tem até uma parte anterior que não está no vídeo, pode ser visto no seguinte endereço:

    https://www.oeuvresouvertes.net/spip.php?article910

    No final do texto, gilles Deleuze diz algo como “La majorité c’est personne, la minorité c’est tout le monde” (No Google Tradutor tem-se o seguinte: “a maioria é ninguém, a minoria é todo mundo”). Quantitativamente todo mundo é maior do que ninguém, mas na hora de votar o que se vai escolher é ninguém que é o homem, adulto, macho, cidadão, ou seja, o padrão vazio. O que importa aqui é perceber que a minoria não se faz representar. Ela se torna minoria na representação. E a minoria aqui se torna numérica. A esquerda precisa compreender esse aspecto da sua existência: ela é minoritária numericamente ou minoria numérica na democracia representativa.

    E é indiferente se se usa o termo minoritário ou minoria. O uso do termo minoritário visa a criar uma distinção apenas no sentido de que a posição da mulher é uma posição frágil, inerme. Nem seria propriamente um termo qualitativo, mas de intensidade no sentido de que é desprovido de força, de poder.

    Também não se vê esse apego de Gilles Deleuze em fazer a distinção entre minoria e minoritário, tendo você optado pelo termo minoritário, que fica parecendo mais nome comercial de sócio em sociedade anônima. (actionnaires minoritaires et majoritaires)

    Você pode ver no original em francês que Gilles Deleuze não se preocupa muito em se ater a um só vocábulo para expressar a ideia dele. Nesse sentido, vou transcrever dois trechos do texto em francês para evidenciar que não há o interesse por parte de Gilles Deleuze em diferenciar minoria de minoritário. Entre parênteses está a indicação do tempo a partir de quando o trecho transcrito pode ser visto no vídeo (negritei as expressões minoritaire e minorité ou majorité ou majoritaire):

    (4:09) “Et deuxièmement, être de gauche, c’est être par nature – ou plutôt devenir, c’est un problème de devenir -. C’est : ne pas cesser de devenir minoritaire. C’est dire que la gauche n’est jamais majoritaire en tant que gauche. Et pour une raison très simple : c’est que la majorité, c’est un truc qui suppose un étalon. Même quand on vote, ce n’est pas tellement la plus grande quantité qui vote pour telle chose… En occident, l’étalon que suppose tout majorité, c’est : homme, adulte mâle citoyen des villes.”

    (6:18) “L’homme mâle adulte, il n’a pas un devenir. Il peut devenir femme, alors il s’engage dans les processus minoritaires. La gauche, c’est l’ensemble des processus de devenir minoritaires. Donc, je peux dire, à la lettre : la majorité c’est personne, la minorité c’est tout le monde. C’est ça, être de gauche : savoir que la minorité, c’est tout le monde.” (Com ajuda do Google Tradutor tem-se o seguinte:

    (4:09) “E, em segundo lugar, ser de esquerda, é ser por natureza – ou melhor se tornar, é um problema de se tornar -. Não é de deixar de se tornar uma minoria. Isso significa que a esquerda nunca é a maioria, uma vez que ela é esquerda. E por uma razão muito simples: a maioria é algo que assume um padrão. Mesmo quando votamos, não é tanto a maior quantidade que vota por tal coisa … No Ocidente, o padrão que assume toda a maioria é: homem, cidadão adulto masculino das cidades”.

    (6:18) “O homem masculino adulto, ele não tem em que se tornar. Ele pode se tornar uma mulher, então ele se engaja em processos minoritários. A esquerda é todo o processo de se tornar uma minoria. Então, posso dizer, ao pé da letra: a maioria não é ninguém, a minoria é todo mundo. É isso ser de esquerda: saber que a minoria é todo o mundo”.)

    O que ele tenta mostrar é a diferença entre ser homem em uma sociedade machista e ser mulher na sociedade machista. E para o homem ser de esquerda ele tem de ser mulher. É minoria no sentido de não ter força, não ter poder. E até seria mais um conceito de intensidade do que um conceito qualitativo se ao mesmo tempo o sentido de não ter força, não ter poder não fosse o desejável. Sob esse aspecto, você está certo em dizer que minoria ou minoritário (embora você só aceite o termo minoritário) para Gilles Deleuze traz uma qualificação, uma qualidade, isto é, expressa uma qualidade. Por ser o desejável na visão de Gilles Deleuze, um defensor da esquerda, mas que, diga-se de passagem, não combate a ex-querda, a caracterização que ele dá à esquerda pode ser tomada ao pé da letra como um conceito qualitativo, mas a ideia primordial é a da ausência da força, do poder, requisitos essenciais ao exercício do governo.

    Então, não é só a ideia de qualidade que há na minoria que interessa na longa entrevista. Ao escolher os termos minoritário ou minoria (aqui lhe é facultativo a escolha do termo em português do que ele está dizendo em francês), ele está estabelecendo uma comparação. A mulher apesar de numericamente ser maioria, ela é minoria porque tem menos força, menos poder em uma sociedade que é machista que tem como padrão o homem adulto, macho, cidadão. Agora é qualidade porque ser desprovido de força, de poder é o desejável no processo civilizatório.

    A idéia mais importante no termo que ele pode empregar ora “minorité” ora “minoritaire” é que o termo empregado, mais do que o seu significado qualitativo ou de intensidade em si, estabelece uma comparação. A esquerda é minoritária na representação. Ainda que pela qualidade inerente na esquerda, ou seja, ainda que ser minoritária seja uma qualidade, o que interessa é que ser minoritária faz a esquerda menor na disputa pelo poder. Aliás, o próprio exercício do poder não é próprio da esquerda.

    Observe que ele poderia usar outro termo. Pequeno, por exemplo. Pequeno é um termo suficiente. Minoritário ou minoria não são termos suficientes, pois qualquer que seja um dos dois termos empregados, se minoritário ou se minoria, o termo se relaciona com um segundo termo que expressa uma ideia de ser maior que é o majoritário ou maioria. Por isso eu falei em menor que 50 e para retirar um pouco a expressão numérica eu utilizei a forma do post de Gustavo Gollo, menor que 49,999…

    Então a entrevista de Gilles Deleuze é para mostrar que embora a humanidade caminhe, pelo menos na visão de um pensador de esquerda para o devir mulher, isto é, para o devir minoria ou minoritário, ou seja, a humanidade caminhe em direção à civilização, ou seja, a direção da humanidade é a direção da esquerda, esta é uma situação minoritária, de menor força, de menor poder que a expressão da direita que é a expressão do homem, adulto, macho, cidadão e, portanto, da maioria ou da porção majoritária.

    É preciso então que a esquerda perceba essa encruzilhada em que ela se encontra. Ser de esquerda é o devir minoritário ou minoria no sentido de vir a ser desprovido de força e de poder e de ter que enfrentar um lado maior ou majoritário, isto é, um lado que tem a força e o poder.

    Se você tivesse compreendido essa entrevista de Gilles Deleuze você não teria dito que “Deleuze rejeita uma governo de Esquerda”. O que ele diz no original em francês e depois com a tradução do Google Tradutor é o seguinte:

    “Je vais te dire : je pense qu’il n’y a pas de gouvernements de gauche. Là aussi, faut pas s’étonner : notre gouvernement qui devrait être un gouvernement de gauche et qui n’est pas un gouvernement de gauche… Ce n’est pas qu’il n’y ait pas de différences entre les gouvernements… Au mieux, ce qu’on peut espérer, c’est un gouvernement favorable à certaines exigences ou réclamations de la gauche. Mais un gouvernement de gauche, ça n’existe pas, car que la gauche n’est pas affaire de gouvernement.” (Traduzindo pelo Google Tradutor tem-se, observando que negritei umas partes que a esquerda que não a ex-querda deveria mais bem acompanhar e compreender: “Eu vou dizer-lhe: eu não acho que haja governos de esquerda. Novamente, não se surpreenda: nosso governo que devia ser um governo de esquerda e que não é um governo de esquerda … Não é que não há diferenças entre os governos. Na melhor das hipóteses, o que podemos esperar é um governo a favor de certas reivindicações ou reivindicações da esquerda. Mas um governo de esquerda não existe, porque a esquerda não é um negócio governamental.”)

    Esta entrevista é do final da década de 80. No início da década de 80 quando Miterrand assumia a presidência do governo francês eu já falava dessa impossibilidade da esquerda assumir o poder uma vez uma das primeiras medidas que a esquerda, como esquerda, deveria adotar seria acabar com o exército. O exército é uma manifestação explícita do homem, adulto, macho, cidadão. É claro que Miterrand não acabou com o exército francês. Isso, no entanto não significa que o governo de Miterrand é equivalente a um governo de direita.

    E é claro que governar que é um exercício de autoridade não é uma atividade própria da esquerda. A esquerda precisa estar consciente disso. E ao mesmo tempo a esquerda precisa entender que no atual momento ela é minoria. Minoria no sentido de ser menor quando comparada com a direita.

    Não é por outra que, aproveitando de uns versos de Olavo Bilac, em “O Caçador de Esmeraldas”, eu finalizei assim um comentário que enviei quinta-feira, 03/08/2017 às 00:24, para Luis Nassif lá no post “Xadrez da prova que sumiu da Lava Jato, por Luís Nassif”:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    ““E um dia, . . . . quando aos beijos dos sol, sobrarem as colheitas,

    Quando, aos beijos do amor, crescerem, as famílias”,

    e a esquerda for maioria, e estiver no comando do poder ela terá que perceber que não poderá agir como age a direita diante dos mais fracos.

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Esse trecho do meu comentário, eu reproduzi em um comentário meu enviado domingo, 06/08/2017 às 23:49, para Rui Daher no post “Facebookspan, alívio imediato para a dor, por Rui Daher” que eu mencionei acima deixando o link e que eu já havia mencionado lá no post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”.

    E o que está implícito no meu comentário e que pode ser inferido da entrevista de Gilles Deleuze é que não há como no atual estágio a esquerda alcançar o poder. No atual estágio da humanidade em que o o percurso para a civilização ainda não foi totalmente percorrido, quem pode alcançar o poder é a ex-querda.

    A questão resultante do seu discurso é se seria correto a esquerda considerar que o alcance do poder pela ex-querda não representa avanço civilizatório. A resposta que se vê em outros posts seus ou aqui, principalmente nos seus comentários como no seu comentário para mim enviado sexta-feira, 22/12/2017 15:40, em que você diz “nem as pessoas nem o social precisam serem governados, e sim terem autonomia através de auto-gestão”, é negar validade ao processo civilizatório encimado pela democracia representativa.

    Já em minha avaliação e de muitos outros a esquerda se equivoca ao negar superioridade da democracia representativa. Já há muitos pelo menos entre a ex-querda que consideram a democracia representativa um avanço em relação à democracia direta não só porque a democracia direta não é funcional, mas por que ela ainda é pior por nela haver o império do homem, adulto, macho, cidadão.

    Então em minha avaliação a esquerda tem três dilemas a enfrentar. Primeiro ela precisa ver a democracia representativa como um avanço em direção a civilização e que esse avanço só será realizado mediante a democracia representativa.

    Segundo, ela precisa reconhecer que a esquerda é minoria quantitavia e vai perder na representação da democracia.

    E terceiro, cabe a esquerda não só reconhecer que ela não pode assumir o poder porque o exercício de governar não é próprio à esquerda como também reconhecer que a assunção do poder no atual estágio civilizatório só é viável se se fizer pela es-querda.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 06/01/2018

    1. os Brasis: dentro do labirinto

      Clever,

      vc está fazendo uma confusão tremenda com os conceitos de Deleuze e Guattari. não são conceitos fáceis, porque fogem ao modelo dominante da história da filosofia: o platonismo.

      o Minoritário é um conceito fundamental em Deleuze, assim como o Devir. o Minoritário não se confunde de modo algum com a minoria.

      vc pode discordar do que escrevo, e mesmo renegar Deleuze. mas tem que haver equalização conceitual. ou seja, é preciso empregar e discutir os conceitos tal qual foram definidos.

      alguns exemplos do original, sobre Minoritário. seria também necessário outras citações acerca do conceito de Devir. mas cada parágrafo abaixo já é toda uma discussão.

      “Por que há tantos devires do homem, mas não um devir-homem? É primeiro porque o homem é majoritário por excelência, enquanto que os devires são minoritários, todo devir é um devir-minoritário.

      Por maioria nós não entendemos uma quantidade relativa maior, mas a determinação de um estado ou de um padrão em relação ao qual tanto as quantidades maiores quanto as menores serão ditas minoritárias: homem-branco, adulto-macho, etc.

      É nesse sentido que as mulheres, as crianças, e também os animais, os vegetais, as moléculas são minoritários.

      Maioria supõe um estado de dominação, não o inverso.

      No entanto, é preciso não confundir “minoritário” enquanto devir ou processo, e “minoria” como conjunto ou estado. “

      Gilles Deleuze Félix Guattari

      MIL PLATÔS – Capitalismo e Esquizofrenia – Vol. 4

      ” É por isso que devemos distinguir: o majoritário como sistema homogêneo e constante, as minorias como subsistemas, e o minoritário como devir potencial e criado, criativo.

      O problema não é nunca o de obter a maioria, mesmo instaurando uma nova constante. Não existe devir majoritário, maioria não é nunca um devir. Só existe devir minoritário.

      As mulheres, independentemente de seu número, são uma minoria, definível como estado ou subconjunto; mas só criam tornando possível um devir, do qual não são proprietárias, no qual elas mesmas têm que entrar, um devir-mulher que concerne a todos os homens, incluindo-se aí homens e mulheres.

      O mesmo ocorre com as línguas menores: não são simplesmente sublínguas, idioletos ou dialetos, mas agentes potenciais para fazer entrar a língua maior em um devir minoritário de todas as suas dimensões, de todos os seus elementos.

      Podem-se distinguir línguas menores, a língua maior, e o devir-menor da língua maior.

      Certamente as minorias são estados que podem ser definidos objetivamente, estados de língua, de etnia, de sexo, com suas territorialidades de gueto; mas devem ser consideradas também como germes, cristais de devir, que só valem enquanto detonadores de movimentos incontroláveis e de desterritorializações da média ou da maioria.

      O devir minoritário como figura universal da consciência é denominado autonomia.

      Sem dúvida não é utilizando uma língua menor como dialeto, produzindo regionalismo ou gueto que nos tornamos revolucionários; é utilizando muitos dos elementos de minoria, conectando-os, conjugando-os, que inventamos um devir específico autônomo, imprevisto.”

      Gilles Deleuze Félix Guattari

      MIL PLATÔS – Capitalismo e Esquizofrenia – Vol. 2

      .

      1. A mim parece que a confusão, se não na teoria, na prática é sua.

         

        Arkx (segunda-feira, 08/01/2018 às 15:41),

        De acordo com você, eu estaria “fazendo uma confusão tremenda com os conceitos de Deleuze e Guattari. não são conceitos fáceis, porque fogem ao modelo dominante da história da filosofia: o platonismo.”

        Primeiro o modelo dominante da história da filosofia não é o platonismo, principalmente para os filósofos que, ao contrário de Platão, colocam a Política à frente da Filosofia.

        Segundo, parece-me mais que se confusão existe ela ocorre é entre o seu entendimento teórico do discurso de Gilles Deleuze e, levando em conta também o texto do livro, de Felix Guattari, e a aplicação do discurso de Gilles Deleuze. Se tivesse já compreendido o discurso de Gilles Deleuze na prática eleitoral você não iria batalhar para a esquerda se tornar majoritária ou maioria ou mesmo para retirar do poder, por retirar do poder, o homem padrão, adulto, macho, cidadão, dominante.

        Enquanto para o homem não se der o devir minoritário, no lugar do padrão: homem adulto, macho, cidadão, dominante virá outro padrão: homem adulto, macho, cidadão.

        Sem dúvida que Gilles Deleuze faz distinção entre minoria contada quantitativamente e minoria como representação de menor força. E do mesmo modo ele faz a distinção entre maioria contada em termos quantitativo e maioria como representação de maior força, maior potência, ou seja, de representação de dominação.

        Ocorre que esta distinção não se faz com palavras, mas com ideias. A ideia de desprovido de potência, de dominação, do padrão que se impõe é refletida na ideia de minoria que tanto pode ser expressa com a palavra minoria como com a palavra minoritário.

        O homem padrão que é a ideia que se espraia na sociedade com força de dominação pode ser expresso tanto com termo maioria como com o termo majoritário.

        No início da década de 90 a revista The Economist fez uma reportagem mostrando que a mulher, mesmo sendo maioria numérica ou majoritária numericamente, nas eleições distritais (são eleições majoritárias), onde a escolha recaia sobre o mais votado, ela – a mulher – ainda que fosse numericamente maioria, tinha uma representação menor do que nas eleições proporcionais.

        É fácil ver a aplicação prática da teoria de Gilles Deleuze nos dados numéricos da revista The Economist. Nas eleições majoritárias, o padrão da dominação é mais visível e ai, o homem, adulto, macho, cidadão se impõe. Nas eleições proporcionais, o homem adulto, macho, cidadão fica um tanto dissipado e a representação das minorias no sentido de força, ainda que sejam maioria contadas numericamente, como é o caso da mulher, não se perde completamente e pode-se fazer mais presente.

        É claro que o devir só pode ser em direção a ideia de menor força, de menor potência de menor dominação. O devir é o que se deseja. E um filósofo como Gilles Deleuze só quer o devir sem poder, sem força, sem dominação. É o devir da esquerda. É o devir que requer a transformação do homem. Dai a ideia do homem devir mulher, isto é, devir minoria, isto é devir minoritário, isto é, devir não o padrão: homem, adulto, macho, cidadão, que sequer existe, mas no entanto, é o que majoritário no sentido de dominação e que na representação eleitoral é majoritário no sentido quantitativo.

        E como eu disse desde o início, a esquerda precisa compreender que no processo eleitoral ela é minoria. Ela é minoria no sentido de ser destituída de força, potência, espirito de dominação. Minoria ou minoritário carregam então esse sentido de não representar o padrão, homem, adulto, macho, cidadão. E que dai decorre uma representação minoritária ou em minoria no sentido numérico do termo.

        Para a esquerda então não há muito alternativa. Ela não tem como alcançar o poder, e caso o alcançasse ela não é apta a o exercer. Daí a frase de Gilles Deleuze e que você tomou a meu ver equivocadamente como sendo uma rejeição de Gilles Deleuze a um governo de esquerda:

        “… Ce n’est pas qu’il n’y ait pas de différences entre les gouvernements… Au mieux, ce qu’on peut espérer, c’est un gouvernement favorable à certaines exigences ou réclamations de la gauche. Mais un gouvernement de gauche, ça n’existe pas, car que la gauche n’est pas affaire de gouvernement”. (No Google Tradutor tem-se: “… Não é que não existam diferenças entre os governos. Ou melhor, o que se pode esperar é um governo favorável a algumas exigências ou reivindicações da esquerda. Mas governo de esquerda, isto não existe, pois a esquerda não tem nada a ver com governo”.)

        A alternativa da Esquerda então é aceitar ser minoria ou minoritária na representação e se dedicar, em um longo percurso, a transformar o homem no devir minoritário ou minoria, dependendo da palavra que você utiliza para expressar a ideia de desprovido do espírito de dominação que se encontra no padrão: homem, adulto, macho, cidadão.

        E também atenta as palavras de Gilles Deleuze, a esquerda pode apoiar um governo da ex-querda “favorável a algumas exigências ou reivindicações da esquerda”. Não há como ela tomar a frente, pois no campo da representação não só ela é minoria no sentido quantitativo como não há como a esquerda desempenhar o papel de governar que ela sabe que não lhe cai bem.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 08/01/2018

        1. os Brasis: dentro do labirinto

          melhorou bem no manejo dos conceitos de Deleuze.

          não ainda o suficiente para compreender porque “não poder haver um governo de Esquerda”. para Deleuze, se é governo, não pode ser de Esquerda. pois toda a questão é que os homens não devem ser governados, e sim haver auto-gestão.

          não se trata de uma impossibilidade da Esquerda ser governo, e sim da impossibilidade de havendo governo isto poder ser considerado de Esquerda.

          dito em outras palavras: o objetivo da Esquerda no governo não deve ser nunca governar, e sim gerar condições para uma auto-gestão, para autonomia.

          portanto, também nada mais distante da filosofia de Deleuze do que o conceito de representação, inclusive politicamente. a representação é um conceito do platonismo, com o mundo das idéias representadas no mundo das coisas.

          continuando com os conceitos:

           

          as mulheres podem ser numericamente superior aos homens. ou seja: há quantitativamente mais mulheres do que homens.

          por que as mulheres são então consideradas uma “minoria”? porque são minoritárias na relação de poder.

          não se nasce mulher, torna-se. o fazer-se mulher é o devir-mulher. o devir-mulher é sempre minoritário.

          o minoritário não é a minoria. é o processo através do qual a minoria se constitui autonomamente para se impor na relação de poder, libertando-se de sua condição de sujeitada para vir a ser sujeito.

          contudo, não se trata de estabelecer uma inversão na relação de dominação. o objetivo do devir-minoritário não é se tornar majoritário.

          por isto, o resultado do devir-mulher jamais é a mulher. a mulher é a minoria, e não o minoritário: o devir-mulher é um processo e não a constituição de uma nova identidade.

          o devir-mulher é um processamento não para constituir um substantivo (a mulher), e sim autoconstituindo-se em si próprio através do verbo: vir a ser mulher. fazendo da palavra mulher um verbo.

          não a mulher, mas mulher-ser. não a árvore, mas o arvorecer (árvore-ser). não o verde, mas o verde ser (enverdecer). não a tarde, mas a tarde-ser (entardecer). não o ser, mas o vir-a-ser.

          não uma identidade unitária, imutável e totalizada. mas um movimento de auto-constituição permanente, o que implica em constante e continua auto-transformação.

          o minoritário sempre é um devir, um tornar-se, um fazer-se, um vir a ser, sem jamais se completar, sem nunca estancar seu movimento.

          o devir-mulher é o processamento contínuo e constante de fazer-se mulher. caso se interrompa ou se paralise, ou se recai novamente na condição de minoria ou é porque se estabeleceu um novo majoritário.

          e no caso de se estabelecer como majoritário apenas se inverteu a relação de poder, enquanto o devir-minoritário vem a ser a superação de uma relação de poder constituída como dicotomia sujeito/sujeitado. uma superação alcançada não como resultado final do processamento, e sim através de seu próprio movimento.

          .

          1. Você me ecoa, disse truísmo e afirmou nonsense, mas se redime

             

            Arkx (terça-feira, 09/01/2018 às 15:36),

            Eu comecei o debate que se fixou aqui neste seu post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” de quinta-feira, 21/12/2017 às 08:31, porque considerei que havia uma incoerência no seu texto: reclamar do Lulismo por não ter salvo a esquerda e defender que a esquerda não pode ir a reboque do Lulismo. Em meu entendimento é incoerente culpar o Lulismo por não ter salvo a esquerda e rejeitar o Lulismo como protagonista.

            E recomendei o post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” de segunda-feira, 18/04/2016 às 11:04, que fora sugerido por Jair Fonseca ao trazer texto do blog de Luiz de Queiroz, e publicado aqui no blog de Luis Nassif porque o post continha um vídeo com entrevista de Gilles Deleuze em que ele definiria o que seria ser de esquerda.

            E não só a definição de Gilles Deleuze era importante. Pareceu-me que era também preciso compreender o caráter minoritário no sentido quantitativo que é a esquerda e entender essa condição minoritária da esquerda também com o sentido que Gilles Deleuze dá a palavra.

            E mais ainda, como o post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” já não apresentava o vídeo com a entrevista de Gilles Deleuze, restava os comentários que me pareceram importantes, culminando com o do comentarista Horridus Bendegó, enviado segunda-feira, 18/04/2016 às 12:41, em que ele diz na última frase:

            “A Esquerda é o preço que se paga pela civilização.”

            Não bastasse ela ser minoritária no sentido quantitativo, e ser minoritária no sentido de Gilles Deleuze, isto é, ser destituída de poder, a esquerda ainda detém o fardo de levar a civilização onde ela não existisse no mundo, ou seja, em toda a parte.

            Infelizmente, ao deixar o link do post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”, eu acabei indicando o link para o post “Xadrez da grande bacanal pós-impeachment, por Luís Nassif” de quinta-feira, 14/12/2017 às 21:43, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele.

            Fiz a confusão porque estivera envolvido com o post “Xadrez da grande bacanal pós-impeachment, por Luís Nassif”, uma vez que me dedicara no dia anterior em enviar um comentário mais detalhado para junto do comentário de Margot Riemann enviado sexta-feira, 15/12/2017 às 14:44, mas que eu só pudera responder na quarta-feira, 20/12/2017 às 12:51.

            Talvez, enquanto elaborava o meu comentário para você, eu pensasse ao mesmo tempo em enviar para Margot Riemann não só referência ao post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”, ainda que não mais houvesse a entrevista de Gilles Deleuze como também uma referência a este seu post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” de quinta-feira, 21/12/2017 às 08:31. Era preciso que Margot Riemann tomasse consciência da condição de inferioridade da esquerda para chegar ao poder não só por ser numericamente minoria como também porque a esquerda representa uma ideia que não se vincula com naturalidade à prática de governar.

            Assim, primeiramente eu quero deixar o link para o post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção”. Ele pode ser visto no seguinte endereço:

            https://jornalggn.com.br/noticia/para-deleuze-esquerda-ou-direita-e-uma-questao-de-percepcao

            Muito provavelmente lá no post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” eu deixarei um link para este seu post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx”, pois agora aqui há (havia, pois aqui também já não os há mais) muitos links para vídeos que antes só existiam lá e já não o há mais e aqui há também textos que complementam bastante o que se pretendeu mostrar lá.

            E devo também encaminhar lá no post “Xadrez da grande bacanal pós-impeachment, por Luís Nassif”  um comentário meu para Margot Riemann fazendo referência a este seu post na medida que entendo que o caminho que você proclama para a esquerda não me pareça que seja o caminho que a esquerda devesse adotar e este é um engano fácil de ser cometido àqueles que se põe como de esquerda não busca compreender todas as dificuldades inerentes a ser de esquerda.

            É claro que a vinda a este post serve também para ver o bom vídeo com a entrevista de Gilles Deleuze que você trouxe (Infelizmente parece que existe alguém encarregado de apagar este vídeo onde quer que ele apareça, pois ele já desapareceu daqui) e serve também para que daqui se possa ir até o seu post “Os Brasis: o devir-Esquerda como o vir-a-ser Brasil, por Arkx” de quinta-feira, 11/01/2018 às 15:45, para o qual há indicação sua aqui neste seu post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx”, em comentário que você enviou quinta-feira, 11/01/2018 às 06:34.

            Então havia razões de sobra para que eu recomendasse o post com a entrevista de Gilles Deleuze em que a entrevista não mais aparecia, mas havia os comentários que não só serviam como orientação à esquerda que precisava dar conta da inferioridade numérica dela, como também mostravam como era penosa a carga sob a incumbência da esquerda, qual seja, levar para todos os cantos do mundo a civilização.

            Além disso, havia em mim a percepção de que não me parecia certo que a esquerda devesse adotar o procedimento que você recomendava neste post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx. Era uma percepção, entretanto que tinha por base apenas uma despretensiosa incoerência sua: não querer o protagonismo do PT e reclamar que o PT não agisse com protagonismo.

            Depois de muitos comentários eu vejo que você apenas me repete. Repete-me, entretanto, um tanto cabisbaixo e evitando expor-se e apenas dizendo que eu melhorara os meus conhecimentos a respeito da compreensão de Gilles Deleuze sobre o termo minoritário.

            Ora para a debate político o entendimento de Gilles Deleuze que importava era de que nas urnas o voto majoritário era aquele conferido ao padrão: homem, adulto, macho, cidadão, que sequer existe, mas, no entanto, é o majoritário no sentido de dominação e que na representação eleitoral é majoritário no sentido quantitativo e que tal voto não se trata de um voto de esquerda.

            E que se ressalve que você não me repetiu quando diz que “não se nasce mulher, torna-se”. Não me repetiu porque eu não me dediquei a dizer truísmo, ainda que a percepção de que a esquerda é minoritária quantitativamente já devesse ser um truísmo.

            E ainda mais, você não só não me repetiu como diz um disparate quando afirma que “o minoritário . . .  é o processo através do qual a minoria se constitui autonomamente para se impor na relação de poder”. Não creio que seja uma ideia de esquerda se impor na relação do poder.

            Tenho que reconhecer que ao fim você se redime desse disparate, mas retira da esquerda toda a esperança, pois confere à ideia de ser de esquerda a condição de um processo em movimento que não se findará nem mesmo no fim dos tempos. Não me deixarei contaminar por este pessimismo implícito, ainda que possa ser que você tenha razão e aquilo que eu esperava que exigiriam pelo menos cem anos, não tenha fim, e, portanto, nunca se realize.

            Clever Mendes de Oliveira

            BH, 19/03/2017

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