Dulce Quental: uma artista íntegra, genial, por Aquiles Reis

Com arranjo de força movida a criatividade pop, “Apenas uma Fantasia” (Dulce Quental) inicia o novo álbum da compositora carioca.

Uma artista íntegra, genial.

Por Aquiles Reis

Com arranjo de força movida a criatividade pop, “Apenas uma Fantasia” (Dulce Quental) inicia o novo álbum da compositora carioca. Nela, sua voz está à vontade para se valer da competência fecunda e técnica dos irmãos Pedro Sá (baixos, guitarras base, wah & solo) e Jonas Sá (coros, MPC, piano Fender Rhodes, sintetizadores Grain Sample Manipulator [Reason], Korg Polysix, Minimoog, Yamaha CS-50 & Arp Oddissey), além de Thiago Nassif (guitarra), que lhes apresentam sucessivas variações rítmicas e harmônicas, até desaguarem num rap que condiz com o vigor do gênero.

“Vaga-lumes Fugidios” (DQ) impressiona com um arranjo de pujança lancinante, cuja levada estimula variações detalhistas com todo tipo de sonoridade, o que dá ao ouvinte a certeza de ouvir inovadora riqueza musical. Desde riffs de guitarra até sons tirados de objetos inusuais, seguidos de uma mudança de andamento que conduz a um intermezzo, em tudo sobressai a pulsação da voz de uma mulher que, mais uma vez, graças a Pedro Sá (baixo & guitarras) e a Jonas Sá (MPC, chocalho, garrafas, pandeirolas, reco-reco, corda de violão, sintetizadores Minimoog & Korg Mono/Poly), além de Jaques Morelenbaum (cellos e arranjo para o instrumento), Mariano González (bandoneón e percussão de bandoneón) e Itamar Assiere (piano), se atira de cabeça às inovações que lhe apontam o futuro de sua música.

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“Poeta Assaltante” (DQ) é música que, com versos que pontuam mais a poesia do que o crime, inicia com breve percussão e sons graves, entregando-se para Dulce. Sua voz assume afetuosa beleza, a descrever cenas protagonizadas pelo personagem. Pedro Sá (baixo e guitarras) e Jonas Sá (MPC, órgão Hammond, sintetizador Korg Mono/Poly & Samples) ilustram-nas com sons “imagéticos”. Além da citação de “Alegria, Alegria”, de Caetano, trechos do poema “Washington D.C.”, de George Isso, declamados por Alan Riding, antecedem a parte da letra da música que remete a “Seja marginal, seja herói” (1968), de Hélio Oiticica.

Estas são as três primeiras das nove faixas de Sob o Signo do Amor (Cafezinho Edições & Produções Musicais), todas de autoria de Dulce – apenas uma em parceria com Zé Manoel e outra com Arthur Kunz –, num trabalho que a perpetua na música brasileira como uma artista íntegra, genial.

Suas palavras fecham a tampa: “(…) esse encontro dos tempos é muito poderoso quando acontece nas canções.  Eu acho que isso aconteceu em Sob o Signo do Amor, que quer dizer ‘sob a regência do amor’, na confluência das estrelas, debaixo de um céu grego, na sincronicidade de um presente que encontra o passado e seu eterno retorno”.

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 desde 1965.

Ficha técnica:

Produzido por Jonas Sá e Pedro Sá.
Arranjos por Jonas Sá, Pedro Sá e Dulce Quental.
Edições criativas por Jonas Sá.
Gravado por Jonas e Pedro no TILT.
Mixagem: Duda Mello.
Masterização: Ricardo Garcia.
Capa: Rodrigo Sommer.
Foto: Nana Moraes.
Produção de arte & visage: Rodrigo Bastos.
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena.

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Redação

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