O índice de desemprego da Folha, ou a arte de engarrafar fumaça

“Algumas pessoas usam a estatística como um bêbado usa um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar” – Andrew Lang – historiador.

Os americanos têm um ditado bem interessante sobre uso de estatística como argumento: “os números não mentem, mas você conhece quem coletou os dados?”.

Há outro também muito interessante: “se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa”.

Essa desconfiança com dados estatísticos veio-me a mente quando dei com a seguinte manchete da Folha de São Paulo deste sábado, 18 de janeiro de 2014, no caderno “Mercado”:

61 milhões estão fora da força de trabalho.”

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/01/1399413-61-milhoes-estao-fora-da-forca-de-trabalho.shtml

Esclarece o primeiro parágrafo: Um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais não trabalha nem procura ocupação – e, portanto, não entra nas estatísticas do desemprego”.

Parece um número absurdo, e o é. Poderia sugerir que nada menos do que 38,5% da população economicamente ativa no Brasil (159,1 milhões de pessoas) está desempregada.

Isso seria particularmente preocupante se levarmos em consideração que a nova pesquisa do IBGE, a PNAD contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) com 3.500 municípios pesquisados aponta para um desemprego de 7,4%, ou seja, 11,8 milhões de pessoas. E a pesquisa realizada até então, a PME (Pesquisa Mensal do Emprego) que mede a taxa de ocupação nas seis maiores regiões metropolitanas aponta para um desemprego da ordem de 5,9%, ou 9,4 milhões de desempregados no país, usando os números da Folha e de seus infográficos.

E a seguir, no texto da Folha: “Referente ao segundo trimestre de 2013, o dado brasileiro ajuda a ilustrar como, apesar das taxas historicamente baixas de desemprego, o mercado de trabalho mostra sinais de precariedade”.

E mais adiante: “… Esse número supera o quádruplo dos 7,3 milhões de brasileiros oficialmente tidos como desempregados nas tabelas do IBGE – o que dá uma ideia de quanto o desemprego poderia crescer se mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas”.

Estariam os números oficiais errados? O governo estaria falseando informações para mostrar um quadro róseo quando na verdade a situação do emprego no Brasil é sombria?

Não, a manchete é apenas fumaça. O Brasil continua em pleno emprego ou bem perto dele.

Basta continuar o texto da Folha para começarmos a ver a manchete ser desmentida.

Analisemos este parágrafo:

“Mesmo tirando da conta os menores de 18 e os maiores de 60 anos, são 29,8 milhões de pessoas fora da força de trabalho, seja porque desistiram de procurar emprego, seja porque nem tentaram, seja porque são amparados por benefícios sociais”.

Para não perder viagem, notemos a insinuação de que o Bolsa Família é incentivador da vagabundagem: “… desistiram de procurar emprego… seja porque são amparados por benefícios sociais”.

Mas como assim? O número de desempregados cai repentinamente de 61,3 milhões para 29,8 milhões? Uma redução de mais de 50%?

E candidamente o jornalista nos explica: é que, na sua contagem inicial, ele considerou a garotada que ainda está na escola e as pessoas que já se aposentaram.

Ou seja, duas boas notícias, os brasileiros estão completando a sua educação básica antes de entrar no mercado de trabalho e os aposentados não estão mais precisando continuar a trabalhar após se aposentarem, passam a ser evidência de que o mercado de trabalho mostra sinais de precariedade”.

Mesmo assim, 29,8 milhões de pessoas é um número díspar em relação aos 11,8 milhões oficiais pela PNAD. Seria, caso não houvesse um outro “pequeno detalhe” apresentado no texto da Folha logo a seguir:

“Os dados sugerem que grande parte dos que estão fora da força de trabalho é dona de casa: 40,9 milhões são mulheres”. 

Esse “detalhe” é muito importante, porque a PNAD contínua, agora, considera também as áreas rurais, onde o trabalho da mulher é ainda, em muito, o trabalho doméstico.

Resumo da ópera, na estatística da Folha, até dona de casa entra na composição do número de desempregados.

Mas, então, se descontarmos dos números da Folha as senhoras que ainda são “donas de casa”, ou seja, cuidam do lar e não trabalham fora, restaria um número de desempregados maior do que o que oficialmente é informado?

A Folha não nos diz, desconversa e sai-se com essa:

“O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que a pasta ainda está avaliando os resultados da nova pesquisa. Ele ressaltou que não é possível dizer que houve alta do desemprego, já que se trata de nova metodologia”.

Voltando ao ditado americano “os números não mentem, mas você conhece quem coletou os dados?”, eu conheço, pelo menos, a Folha de São Paulo eu conheço.

Redação

26 Comentários

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  1. Interessante li essa materia

    Interessante li essa materia hoje e simplesmente ignorei,justamente por esse vies pessimista da folha, e,por incrivel que possa parecer,por ter visto uma reportagem do jornal hoje em novembro de 2013(Acho que foi a primeira vez que assisti algo da emissora depois de anos sem ver) falando justamente o que o texto acima diz.A maioria dessas pessoas que nao procuram emprego sao donas de casa que nao precisam mais trabalhar,pois o ganho do marido garante conforto a familia.Entao elas preferem se dedicar a educacao dos filhos.Tentei achar essa reportagem e nao consegui,infelizmente.

    1. Tá bom Marcio Machista, então

      Tá bom Marcio Machista, então vc acha que mulheres em idade produtiva devem ficar em casa cuidando da educação das crianças, lavando roupa, limpando a casa esperando seus  maridos trabalhadores com a janta pronta assistindo a novela da oito? Se o marido não chegar bêbado elas até conseguem uma trepadinha legal…ou serem estupradas por um bafo de cachaça. Conheço o pais em que vivo. 

      As mulheres do lar, se tivessem a oportunidade econômica da escolha jamais se submeteriam a esso processo infame.

      Muito lindo isso., desde que seja para diminuir o índice de desemprego oficial..

      Mesmo que vc ache a reportagem e que nela tenha algum conteúdo, nada justifica essa tua posição, ou desculpa.

       

      1. Aonde que diz no que escrevi

        Aonde que diz no que escrevi sobre essa posicao machista que sua ignorancia destila?So comparo a materia da rede globo com o que foi escrito acima.O machismo esta na sua forma de ver ou viver o mundo.Como diria Confucio:”Olhos de porcos veem lama”.Se for eesa sua realidade me mira e me erra.

         

      2. Pergunte as mulheres… Se

        Pergunte as mulheres… Se elas pudessem escolher, seriam donas de casa ou estariam trabalhando fora de casa? vai ver que sua visão não corresponde aos fatos.

        1. Mulheres trabalhando em casa

          Vivo na Nova Zelândia há 6 anos, e agora com 2 filhos pequenos afirmo com orgulho que a minha companheira Nara escolheu deixar o mercado de trabalho corporativo por um trabalho muito melhor: cuidar de nossos filhos. Como ela fez, também várias outras fizeram, e isso é muito comum aqui, entre brasileiros, europeus e kiwis. Trabalhar em favor dos filhos não é em nada inferior ao trabalho corporativo típico. Seja bem-vindo ao século XXI.

      3. Vc mesmo respondeu a sua

        Vc mesmo respondeu a sua pergunta. Vc sabe como o governo coleta dados?

         

        http://www.institutoliberal.org.br/blog/taxa-de-desemprego-brasil-e-bem-maior-que-divulgada-2/

         

        beneficiario de bolsa familia nao entra no calculo, se vc trbalhou um dia no ultimo ano, tb nao entra, e se vc desistiu de procurar emprego pq pagam muito mal, tb nao entra. Por isso q dona de casa nao entra no calculo.

         

        ah, o reporter da folha foi bonzinho, a aposentadoria no brasil eh com 65 anos, nao 60, e  no serv publico eh com 70.

         

         

        os dados sao mnipulados e soh nao ver quem tem filiacao partidaria, pq se nao fica desempregado.

         

  2. Mentiras, falácias e

    Mentiras, falácias e manipulações. Ou apenas Folha de São Paulo. Ou imprensa brasileira.

    Quando já deveriamos estar discutindo os aumentos dos valores desses benefícios sociais, graças à essa imprensa maldita, ainda estamos na pré-história do bem-estar social, com uma elite remediada tentando posar de “trabalhadora” contra pobres “vagabundos”. Isso é uma vergonha para o país.

    A defesa só pode ser feita exibindo a VERDADE.

    Alguns mitos sobre os benefícios sociais na Europa

    Juremir Machado da Silva

    Alguns mitos sobre os benefícios sociais na Europa

    Adoramos mentir sobre o Brasil.
    Os críticos do Bolsa-Família, campeões do egoísmo e da visão mesquinha, adoram dizer que na Europa é diferente.
    Já os nossos neoliberais gostam de afirmar que a França é um país quebrado por excesso de generosidade social.
    Mentem todos.
    Nem a França está quebrada, nem é o país mais generoso em termos de benefícios sociais.
    A França tem um sistema de proteção social generoso.
    Mas não é o mais generoso da Europa.
    O bolsa-família não foi inventado por Lula.
    É praticado na maioria dos países europeus.
    Em 2005, segundo o Instituto de Pesquisa e Documentação em Economia da Saúde, a França estava na segunda linha, em se tratando de proteção social, entre os membros da OCDE.
    A França tem em torno de dez instrumentos de ajuda social aos desfavorecidos.
    Dez tipos de bolsa-família.
    Os impostos e o Estado devem servir para o bem-estar de todos.
    Mais de 3,5 milhões de pessoas foram favorecidas em 2009 por alguma ajuda pública, um crescimento de 6,2% em relação a 2001.
    Dois desses mecanismos são o RSA (renda de solidariedade ativa) e o RMI (renda mínima de inserção).
    Em 2006, 2% da população francesa recebia o RMI contra 6% da Finlândia, 3,4% da Alemanha e 5.,6% no Reino Unido.
    O valor recebido varia de 324 euros para as benefícios de inserção a 711 euros para adultos deficientes.
    A ajuda aposentadoria para desfavorecidos pode chegar a 994 euros.
    Segundo o Ministério da Saúde, em 2003, um homem solteiro precisando de benefícios sociais recebia 44% do salário médio, superior ao pago na Bélgica (39%) e inferior ao pago na Alemanha (46%), na Grã-Bretanha (51%), na Irlanda (62%) e nos Países-Baixos (77%).
    Desde 2009, na França, a Renda Mínima de Inserção não pode ultrapassar 62% do salário mínimo.
    Os beneficiários dessas ajudas governamentais podem ainda receber outros benefícios de prefeituras e departamentos, entre os quais vale-transporte integral ou parcial, eletricidade a preço reduzido, alimentação mais barata para crianças, creches gratuitas e outras tarifas a preços menores.
    É simples assim.
    O contrário disso é a famosa lei da selva.
    O Brasil tenta sair do atraso social.
    O Bolsa-Família foi um salto para a civilização.
    O ProUni também.
    As cotas idem.
    A decisão do STF em favor da união estável de homossexuais chegou atrasada.
    Ainda bem que chegou.
    Falta revisar a Lei da Anistia de 1979, condenada por organismos internacionais, para permitir o julgamento dos torturadores do regime militar.
    Argentina, Uruguai e Chile estão muito mais adiantados nesse quesito.
    E não me venham com a conversa reacionária de que a ditadura brasileira foi branda.
    Expliquem isso para as famílias dos mortos, dos desaparecidos e dos torturados.
    O Estado não pode torturar.
    O resto é papo para aliviar torturador e justificar a ganância.
    Os dados citados acima fazem parte de uma polêmica entre direita e esquerda na França.

     

     

  3. A real notícia sobre desemprego…

    …ainda não apareceu aqui.

    Com a PNAD contínua, realizada pelo IBGE, o Brasil tem praticamente a mesma taxa de desemprego dos EUA: 7,4% no segundo trimestre do ano passado. Bem acima da pílula dourada da PME.

    Agora dá para começar a entender o porquê do orçamento do seguro-desemprego ter estourado em 30% no ano passado.

  4. Padrões de manipulação

    A lógica é: se a realidade corrobora nossa tese (“o fim está próximo”), a gente mostra. Se os fatos contradizem nossa tese, a gente esconde (manipula e distorce)…

    Esse padrão de interpretação (e distorção) dos fatos parece muito com as manipulações que a Folha e o Financial Times fizeram recentemente… 

    A Folha incluiu na lista de supermercado dela “empregada doméstica” e “passagem aérea” para ilustrar como os brasileiros voltaram a fazer “compras de mês”…

    O FT distorceu a proporção das barrinhas para mostrar como o Brasil está vulnerável (e não está).

     

    Saiu no Viomundo, republicando este blog:

    http://novascartaspersas.wordpress.com/2014/01/16/truque-das-barrinhas-midia-manipula-infograficos-para-mostrar-quadro-pior-do-que-a-realidade/

     

     

  5. Não é que o governo minta. É

    Não é que o governo minta. É que a taxa de desemprego é – e sempre foi medida – com base nas pessoas que procuram emprego e não encontraram. Uma pessoa que não tem emprego mas não está buscando um não é considerada desempregada.

    Em um conjunto de 10 pessoas, se 3 estão empregadas, 5 não tem emprego mas também não procuram, e apenas 2 procuraram emprego e não conseguiram, a taxa de desemprego será de 20%, e não 70%.

    O que ocorre hoje no Brasil é que há um grande contingente de pessoas que não tem emprego mas também não estáo procurando, em razão dos benefícios sociais.

    Não estou entrando no mérito desses benefícios, mas citando um fato.

    É uma pergunta comum hoje, pra quem não entende como é medida a taxa de desemprego: se a taxa é tão baixa, por que há milhões recebendo o bolsa família?

    A resposta é que há milhões de pessoas que não tem emprego mas também não estão buscando um, e isso distorce nossa taxa de desemprego, principalmente quando é comparada a países que não tem a mesma política de benefícios sociais.

    1. Resposta errada. A certa é
      Resposta errada. A certa é que, apesar do baixo desemprego, muita gente está em atividades de baixa remuneração.
      Bolsa Família tem a ver com renda, não com desemprego.

      1. Totalmente evasivo

        Digna resposta petista, em que não responde nada com nada e fomenta dados que não existem para tentar explicar o que não conseguem explicar. Responda a pergunta do cara com argumentos plausíveis e não com achismos descontrolados e vís.

        1. Deixa que eu respondo então

          Faço questão de repetir o texto para os que não sabem (ou não querem) interpretar logo na 1ª vez. Se nosso amigo que repete a ladaínha, resumida, da folha, é respondido resumidamente, e depois defendido por algum anti-petista que ataca uma resposta resumida (dane-se se você não entendeu, hombre), então vai a “minha” ladaínha por extenso:

          “Um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos OU (?!?!?) mais não trabalha nem procura ocupação – e, portanto, não entra nas estatísticas do desemprego”.

          E DEVERIA?!?!?! COM 14 ANOS OU (?!?!) MAIS?!?! MAIS QUANTO!?!?!? 15?! 16?! 17?! 18?!

          E aí cai loucamente…

          Mesmo tirando da conta os menores de 18 e os maiores de 60 anos, são 29,8 (?!?!!?) milhões de pessoas fora da força de trabalho

          Quer dizer… tirando essa galera o número cai à metade?!!?!?!

          Só aí eu já deveria parar de ler. No seu caso, pensar 2 vezes antes de abrir a boca.

          Mas como o masoquismo me sobe à cabeça…

          “seja porque desistiram de procurar emprego, seja porque nem tentaram, seja porque são amparados por benefícios sociais.”

          Cadê o “seja porque não querem E não precisam”?!!? Cadê os que fogem à estatística!?!?

          – assalariados sem carteira assinada e residentes em locais onde as pesquisas não sondam;

          – trabalhadores autônomos que não contribuem para a previdência, lavradores (ô como tem…);

          – estudantes universitários;

          – DONAS DE CASA, sobretudo, sem carteira assinada e residentes em locais onde as pesquisas não sondam (“Os dados sugerem que grande parte dos que estão fora da força de trabalho é dona de casa: 40,9 milhões são mulheres”. ) – tinha esquecido: um partido que é apoiado por Bolsonaro não poderia dizer que dona de casa trabalha jamais.

          – e etc…

          Tendenciouuuuso…

          E mais adiante: “… Esse número supera o quádruplo dos 7,3 milhões de brasileiros oficialmente tidos como desempregados nas tabelas do IBGE – o que dá uma ideia de quanto o desemprego poderia crescer se mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas”.

          Pst, nem comento. Ah… comento sim: quanto o desemprego poderia crescer “SE” mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas.

          A pa pqp…

          E o Bolsa Família é que faz da galera um bando de vababundos:

          “… desistiram de procurar emprego… seja porque são amparados por benefícios sociais”.

          Pessoa que recebe Bolsa família não é sinônimo de desempregada. Enfiem isso na cabeça de uma vez por todas PELAMORDEZEUS.

          Gente, das duas uma. Ou vcs abrem os olhos ou deixam de ser escrotos.

          As pessoas só falham umas com as outras por um de dois motivos: por ignorância no entendimento da situação alheia ou por defender seus próprios interesses em contraponto à interesses alheios. Pick up a choice and get the fuck outta here.

  6. A correçao do indice de

    A correçao do indice de desemprego foi feita pelo IBGE e nao pela Folha, que apenas deu a noticia.

    O antigo indice otimista nao batia com o seguro desemprego. Se tanta gente esta empregada porque o seguro desemprego esta gastando muito mais que o previsto pelo proprio Governo?

    1. Aumento dos gastos com seguro

      Porque cresceram o número de empregos formais e o nível de informação dos trabalhadores. Como consequência, todo o aparato de direitos trabalhistas passou a ser mais intensamente requerido.

  7. Excelente comentário.

    Excelente comentário. Antigamente, ou seja, AEI-Antes da Era da Internet, matérias mentirosas como essas ficariam sem as devidas reparações. 

    É a velha mídia dando seus últimos suspiros. 

  8. As três pesquisas possuem metodologias diferentes

    —–O IBGE, com o objetivo de propiciar a máxima compreensão dos dados da PNAD Contínua, assegurou um período de produção paralela da nova pesquisa com aquelas que substituirá, a PME e a PNAD anual. As três pesquisas possuem metodologias diferentes e os resultados não são comparáveis.—

    PNAD Contínua fornecerá informações inéditas sobre mercado de trabalho brasileiro

    IBGE—Comunicação Social—–13 de janeiro de 2014

    O IBGE realiza hoje, 13 de janeiro de 2014, um seminário para jornalistas sobre a metodologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), cujos primeiros resultados sobre o tema trabalho serão divulgados na próxima sexta-feira (17), com dados inéditos, apresentando informações trimestrais para Brasil e grandes regiões.

    A PNAD Contínua vai substituir as atuais Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), potencializando os resultados produzidos por ambas. Em relação à primeira, agrega a cobertura do território nacional; e, em relação à segunda, a disponibilização de informações sobre trabalho com periodicidade de divulgação que permitirá a análise conjuntural do tema.

    A partir da PNAD Contínua serão produzidas informações contínuas sobre a inserção da população no mercado de trabalho, segundo características tais como idade, sexo e nível de instrução. A pesquisa permitirá também o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país através da produção de dados anuais sobre outras formas de trabalho, trabalho infantil, migração, entre outros.

    É preciso enfatizar que, mesmo em relação à PNAD anual, a PNAD Contínua propicia uma cobertura territorial mais abrangente. A cada trimestre, a PNAD Contínua investiga 211.344 domicílios em aproximadamente 16.000 setores censitários, distribuídos em cerca de 3.500 municípios – a PNAD anual, por exemplo, visita 1.100 municípios ao ano. Essa abrangência geográfica implica operação de campo e apuração de resultados complexos, e exige processo de implantação por etapas.

    Atualmente, o IBGE produz informações mensais sobre trabalho e rendimento por meio da PME, que investiga seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre. Já a PNAD, que disponibiliza estas informações englobando o país inteiro, é realizada anualmente e não possui caráter de acompanhamento de curto prazo ou conjuntural.

    Nesta primeira divulgação do dia 17/01, haverá informações para os quatro trimestres de 2012 e para os dois primeiros trimestres de 2013. Os demais resultados serão divulgados até dezembro de 2014, conforme cronograma apresentado no quadro a seguir. Nas primeiras divulgações será priorizado um conjunto de indicadores básicos relativos à análise do mercado de trabalho, envolvendo pessoas em idade de trabalhar, condição de ocupação, força de trabalho, categoria do emprego (trabalhadores com e sem carteira assinada, militares e funcionários públicos estatutários), posição na ocupação (empregado, trabalhador doméstico, empregador, conta própria e trabalhador familiar auxiliar), taxa de atividade, taxa de desocupação, nível da ocupação e nível da desocupação.

    Os indicadores conjunturais de mercado de trabalho serão divulgados trimestralmente. Já os temas estruturais, como educação e migração, terão periodicidade anual. A PNAD Contínua permitirá também aprimorar o levantamento anual de informações sobre temas ligados ao mercado de trabalho e que não são de curto prazo, como trabalho infantil. Temas suplementares poderão ser investigados e divulgados com outra periodicidade.

    O IBGE está estudando alternativas para produção de indicadores de divulgação mensal de mercado de trabalho para o nível Brasil.

    Processo de transição termina em dezembro de 2014

    O IBGE, com o objetivo de propiciar a máxima compreensão dos dados da PNAD Contínua, assegurou um período de produção paralela da nova pesquisa com aquelas que substituirá, a PME e a PNAD anual. As três pesquisas possuem metodologias diferentes e os resultados não são comparáveis.

    A transição no processo de implantação da PNAD Contínua só termina em dezembro de 2014, último mês em que a PME será realizada. Já a realização da PNAD 2014 ainda está sendo avaliada pelo IBGE.

    A PNAD Contínua é parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD), novo modelo de produção de pesquisas amostrais domiciliares do IBGE, em que o planejamento, a execução, a análise e a disseminação dos resultados das diversas pesquisas que o compõem ocorrerão de forma integrada, facilitando o atendimento de demandas e a otimização dos recursos.

    Comunicação Social—–13 de janeiro de 2014

    URL:

    http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2569

     

  9. O copom e o indíce de desemprego Brasil da PNAD Contínua

    Muito provavelmente os dados das regiões metropolitanas da PNAD contínua,  que serão divulgados em 18 de dezembro de 2014 devem indicar um índice de desemprego semelhante aos da PME, mesmo considerando algumas diferenças metodológicas, como a PME considerar pessoas a partir de 10 anos e PNAD contínua considerar pessoas a partir de 14 anos de idade.

    O fato é que a nova pesquisa do IBGE indica um índice de desemprego maior no Brasil do que era projetado a partir dos dados da PME, o que pode impor uma revisão da atual política monetária.

    O primeira grande implicação,  é de que os dados da PNAD Contínua  anula a tese de que há margem estreita de ociosidade no mercado de trabalho,  defendido pelo pelo copom,

    como  consta do Relatório de Inflação de dezembro de 2013 página 76/128

    “No mercado de fatores, o Copom pondera que um risco importante para a inflação advém do mercado de trabalho, que mostra margem estreita de ociosidade. O Comitê reafirma que um aspecto crucial nessas circunstâncias é a possibilidade de concessão de aumentos reais de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, com repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. Neste ponto, cumpre registrar que a teoria – no que é respaldada pela experiência internacional – ensina que moderação salarial constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços.”

    ou como consta na ata da 179ª Reunião.do copom de   26 e 27/11/2013….. parágrafo 23 

    “23. No mercado de fatores, o Copom destaca a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho e pondera que, em tais circunstâncias, um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a inflação. Não obstante sinais de moderação, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos.”

    anexos

    ata da 179ª Reunião.do copom

    URL:(http://www.bcb.gov.br/?COPOM179)

    Dezembro/2013 – Relatório de inflação——-Publicado na Internet em 19/12/2013

    Publicação Completa (PDF – 3,1 Mb)

    URL:

    http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/direita.asp?idioma=P&ano=2013&acaoAno=ABRIR&mes=12&acaoMes=ABRIR

  10. Apenas parte do combinado

    Apenas parte do combinado entre o Dr. Otavinho e o PSDB – o já famoso Horário Eleitoral Gratuíto que o PSDB firma com os sócios-fundadores do Instituto Millenium e tem na Folha seu mais insano colaborador. A ideia era apenas essa mesmo, gerar uma manchete a ser explorada eleitoralmente pelo PSDB mas, convenhamos, geraram algo tão idiota e inverossimel que nem mesmo o PSDB deve ter aceitado. E o Nero da Barão de Limeira continuará tentando colocar fogo no Brasil…

  11. O Estadão vai pelo mesmo caminho…

     

    Desoneração do IPI tirou R$ 23 bi de cidades e Estados

    ALEXA SALOMÃO – Agencia Estado

    SÃO PAULO – A desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para sonhos de consumo, como o carro e a máquina de lavar roupa, foi adotada em caráter provisório para combater uma eventual retração da economia a partir da crise financeira de 2008. Boa parte da renúncia fiscal, porém, permanece até hoje, encolhendo o caixa não apenas da União. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a desoneração do IPI desde 2009, já incluindo a estimativa de 2014, provocou uma perda de R$ 23,5 bilhões a Estados e municípios.

    O ministro Guido Mantega defende a desoneração como uma alternativa positiva para elevar o consumo, reverter a retração dos setores beneficiados e preservar empregos – o que, por tabela, no médio prazo, aqueceria a economia e levaria ao aumento da arrecadação, anulando a renúncia fiscal.

    Não foi o que identificou a CNM. Estados e municípios perderam recursos por meio dos fundos criados para a União compartilhar o IPI. O Fundo de Participação dos Estados, que recebe 21,5% do IPI, perdeu R$ 12,4 bilhões. O Fundo de Participação dos Municípios, que fica com 23,6% da arrecadação, tem uma retração estimada em R$ 11,1 bilhões.

    “Foi dinheiro que deixou de ser investido na melhoria da infraestrutura e em serviços básicos: só a saúde perdeu R$ 4 bilhões”, diz Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.
    Insustentável. Na avaliação de Raul Velloso, especialista em contas públicas, há um prejuízo ainda maior, que ainda não foi bem avaliado. Velloso concorda que desonerações deveriam ser bem-vindas, pois aliviam o peso da enorme carga tributária do Brasil. Mas, segundo ele, como o gasto público é engessado por várias obrigações, cortes aleatórios tendem a trazer mais prejuízos do que benefícios.

    Velloso identificou que o crescimento das receitas e das despesas era quase igual até 2008,cerca de 9% ao ano. À medida que a desoneração ganhou espaço, a receita continuou a crescer, mas abaixo da expansão das despesas. Nos 12 meses fechados em novembro de 2013, a receita cresceu 2,6%, abaixo dos 6,1% de alta das despesas.
    “Não é possível que o governo não tenha percebido que a desoneração, sem corte de gastos, é insustentável e coloca em risco a solvência do País, pois afeta não apenas a União, mas também Estados e municípios”, diz Velloso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

     

  12. sr. maurício.
    O Sr. se

    sr. maurício.

    O Sr. se esquece que estatística de emprego serve para COMPARARA COM OUTROS PAÍSES. Se nos EUA e Europa não considerassem mulheres donas de casa, certos jovens e certos velhos como economicamente ativas então as estatísticas estariam certas. Como não é o caso, então as estatísticas brasileiras são falsas e demagógicas. Não adianta entortar o pepino. Isto tudo é um pé na sacanagem.

    Até

    1. No próprio texto se admite

      No próprio texto se admite que o percentual de pessoas “deixada de fora da conta” é muito semelhante nos EUA e no Brasil…. 37 % contra 38 %….. … Se o percentual é semelhante, falar que a estatistica no Brasil é “demagógica” ou “falsa” é má fé ou burrice de quem falou !!

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