A torcida anti-EUA e a fantasia do Urso de Papel

http://www.youtube.com/watch?v=KAuMOK_oJJM]

Ainda há pessoas que pensam que estamos na “Guerra Fria”. Ou torcem para que a mesma volte. Há uma resistência a se perceber que o Mundo passou de bipolar (EUA / URSS) para multipolar, com um dos polos (EUA) extremamente influente (nos campos econômico, ideológico, político, militar e cultural.) Trata-se de um processo longo com alguns ‘milestones’: 1975 (fim da Guerra do Vietnã); 1978 (início das reformas econômicas na China); 1989 (reunificação da Alemanha); 1991 (desmembramento da URSS); 2007 (adesão de Romênia e Bulgária à UE.) Passando pela globalização econômica, Consenso de Washington, crescimento das economias asiáticas, declínio da relevância da ONU.

Já apresentei algumas coisas sobre esse processo de transformação mundial

2010 11 06 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-participacao-do-estado-no-longo-prazo

2011 01 10 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-espectro-politico-norte-americano

2011 01 31 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-caldeirao-do-oriente-medio

2011 02 04 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/agora-e-que-o-brasil-segue-o-mundo

2012 10 01 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/soy-un-pais-latinoamericano

2012 11 04 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-mito-do-declinio-norte-americano

2013 05 23 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/quem-teme-a-china

2014 02 10 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/russia-as-dimensoes-de-uma-pretensao

Hoje o foco das discussões, em função de algumas vicissitudes recentes, e apesar da lista da Forbes, são as dificuldades da Rússia (ou de Putin?) em sua tentativa de ser mais que apenas um grande player (papel condizente ao de uma das 10 maiores economias do Mundo.) E há uma torcida (minoritária mas indisfarçada), que em nenhum momente deve ser confundida com aglutinação real de esforços, para que se rompa com a unipolaridade representada pela simbiose econômica EUA/Europa/Japão/China. E note-se como ideologia pesa pouco hoje em dia, pois o que conta é poder econômico que justamente une os maiores ‘superplayers’.

Aos que esperam que a Rússia desempenhe esse improvável papel de 4º ou 5º poder político, eu faço algumas perguntas, relacionadas a caminhos para esse país ser mais significativo economicamente e/ou influenciador politicamente:

O que seria o “moderno” na Rússia? O que seria invejável por outros povos? Que papel a Rússia poderá ainda representar?

Não é de se estranhar que ninguém responde. Vagamente se diz que há uma alta tecnologia (que não é aproveitada economicamente), que houve uma sofisticada cultura artística no século XIX ou que a Rússia tem armas (mas nem os caças vendeu ao Brasil nem desenvolveu alternativa aos econômicos drones norte-americanos.)

(Não é importante, mas não passou despercebido o esforço, na abertura dos Jogos de Sochi, em se agradar o público ocidental. Apenas músicas e artes já consagradas internacionalmente foram  usadas, o que só ressaltou o quão pouco disso é das últimas décadas. Em geral isso é irrelevante, como também o é para a China, mas uma das ferramentas de influência que os EUA usam, a cultura de entretenimento, a Rússia, definitivamente, não tem.)

http://www.youtube.com/watch?v=A4h76nFSHNU]

Para quem ‘torce’ pelo surgimento de um poder que se contraponha aos EUA, pode ser frustrante reconhecer que o candidato mais próximo desse perfil represente apenas 3% do PIB mundial, e que esse número tende a ser declinante no tempo. Deverá ser mais rápido que países asiáticos e da América Latina alcancem os atuais ‘standards’ russos que a Rússia alcance os (atuais) dos países da OTAN/OCDE.

Se a URSS não conseguiu acompanhar a corrida armamentista dos anos 1970, e isso quando sua população era maior que a dos EUA e sua economia cerca da metade da desse país, muito menos conseguirá a presente Rússia fazer mais que arranhar a hegemonia atual. Não é que a História tenha terminado, longe disso. Mas ela seguiu um caminho diferente do que alguns imaginariam no pós 2a. Guerra.

Há alguns discursos de que a Rússia significaria algo na ‘política externa’ atual, um tanto pela sua postura ‘anti-americana’ (suportada pelo poder dissuasório militar.) Pode-se perceber isso, no Brasil, quando há discussões sobre Síria, Irã, Ucrânia, até mesmo América Latina.

Ou seja, há uma ‘torcida’ (e não se nega que haja) para que alguma força se oponha à unipolaridade determinada pela OTAN, EUA em particular, com a conivência relevante da China. Um certo saudosismo da Guerra Fria, por um pensamento ideologizado distorcido (que se revela quando se omite que o regime russo, ainda que não neoliberal, lembra muitos pontos do conservadorismo econômico e político das décadas de 1930 a 1970. O que torna bizarro quando alguém fala de poder anti-fascista.)

É claro que Alemanha e Japão são satélites dos EUA, apesar de potências econômicas. É claro que China é o maior player após os EUA. Mas com economia totalmente interrelacionada aos EUA e seus satélites. É assim que foi disposto pela História (e pelos permanentes esforços do establishment norte-americano em simultaneamente desenvolver tecnologia, poder bélico, relacionamentos econômicos e disseminação de cultura e valores.)

Mas essa História, que, insistimos, não terminou, fez com que a Rússia, por seu fracasso em obtenção de desenvolvimento e diversificação econômica, se assemelhasse em peso econômico ao Brasil (que não influencia praticamente nada internacionalmente, ainda que isto deixe amuados os pensadores ufanistas.) 

O que diferencia são só as ogivas nucleares? Mas nenhum país usará ogivas e se algum dia porventura usar isso levaria qualquer coisa ao imponderável (imagine-se as duas Coreias e suas enormes disparidades de potencial econômico. Ou Irã x Israel.) O ponto é que não há potencial de mudança no ordenamento econômico global. Nesse sentido estamos mais próximos do quase consenso universal do século XIX.

Sobreavaliar Rússia em função de ogivas e força militar é um erro e é estar preso a um modo antiquado de ver geopolítica. Tanto que quando a economia de países produtores de commodities estava com moedas desvalorizadas e escassez de capitais (anos 1990), a Rússia de Ieltsin também não influenciava em política externa, mas tinha as mesmas ogivas. Quem influencia é quem pode fazer compras, como a China em muitos países africanos.

E agora a Rússia continuará não influenciando. Só teve uma ‘jogada’ temporariamente bem sucedida, a da Síria, que ainda não se resolveu. E não teve voz ativa na questão líbia. Como em nenhum outro país da África ou do Oriente Médio em conflito nos últimos anos.

A Rússia não será capaz de manter o Irã afastado de novas negociações com países ocidentais, por mais que lhe prometa contratos compensatórios. Não deverá ser capaz de manter a Ucrânia em sua área de influência. Não fará nada em relação ao conflito israelo-palestino (o qual não se resolverá enquanto petromonarquias – justamente em tese títeres dos EUA – subsidiarem o Hamas, fato frequentemente omitido em discussões políticas.) E está prestes a acabar a exploração midiática do episódio Snowden, que nada mais foi que a superavaliação do óbvio.

[video:http://www.youtube.com/watch?v=5F6e9mI1bGU

Vale lembrar que a Rússia resistiu a impérios tão distintos como o Napoleônico e Nazista. Como vale lembrar que o Império Otomano nunca se recuperou de sua dissolução. Ou que os EUA venceram a guerra de propaganda da Guerra Fria real.

Mas a Rússia participa de cúpulas como as do G-8. E que voz tem nisso? Pelo sistema de rodízio haverá uma cúpula na Rússia agora em 2014, na qual, como sempre, não acontecerá nada dramático para o Mundo, a não ser a busca de novas fórmulas para a manutenção do capitalismo. Um consenso para maior atuação dos Estados, por exemplo. A Rússia também não se pretende um regime de ‘esquerda’, ao contrário do período até os anos 1980, é apenas um país com muitas empresas estatais, como a China e o Brasil. 

A própria participação da Rússia nesse Fórum e no G-20 (onde o último encontro, em 2013, foi justamente na Rússia) é mais sinal de coparticipação em um grande consenso que sinal de rebeldia à hegemonia EUA/Europa/China.

A Rússia não tem como se contrapor aos EUA e seus aliados comerciais (não necessariamente aliados políticos, mas que são, basicamente, quase todo o Mundo.) E não terá no futuro também, porque se distanciou demais economicamente, justo o que importa agora. A força bélica serve para manter sua independência, mas o país não se tornará mais desenvolvido ou influente por isso.

E, principalmente, a Rússia não tem como impedir eventual declínio nos preços de energia nos anos 2010, como não pôde impedir que ficassem baixos nos anos 1990. Se as explorações de xisto prosperarem na América do Norte, se o Irã ampliar suas exportações, se o Brasil, Venezuela e África aumentarem suas produções, se a China reduzir seu ritmo de crescimento ou mover sua economia de industrial para de serviços, tudo isso, que são fatos prováveis, fará a Rússia ansiar pela manutenção de seu fluxo de renda com exportação de hidrocarbonetos (no fundo a base de sua recuperação econômica nos últimos 15 anos) e lhe retirará até mesmo o poder de ‘chantagear’ países com o fornecimento de gás.

Como se diz, Putin tem sim como bater o pé em política interna. Como qualquer líder, autoritário ou não, de país em desenvolvimento tem. Mas, ao precisar utilizar demonizações do Ocidente, políticas arcaicas como a repressão a grupos étnicos ou religiosos, a monitoração de imprensa e até mesmo eventos faraônicos e factoides políticos, demonstra sua fraqueza relativa: nenhum outro big player (com exceção da China) precisa de instrumentos assim. É de uma pobreza política tão grande um regime precisar disso e de outras censuras para manter popularidade interna que faz desconfiar seriamente da capacidade de qualquer outra coisa.

A Rússia aparece sim, muito, na mídia ocidental. Mas não é por representar uma ameaça real à configuração de forças do sistema multipolar. É mais pela pretensão de ser atuante. Não é diferente nisso de Irã, Cuba, Israel, outros países que aparecem muito mais na mídia do que seus respectivos poderes econômicos. Basta que se faça um discurso que de algum modo desafie interesses hegemônicos dos EUA que isso acontecerá. Muito para os públicos internos, porque não se vislumbra mudança no curto prazo em nada. O último movimento político de maior visibilidade, a  “Primavera Árabe”, não retirou nenhum país da esfera de influência norte-americana.

Eventualmente pode haver coincidência entre torcidas. Há quem torça pelo fracasso dos EUA (ou dos sistemas econômicos que o representam.) Há quem torça para que o “Urso de Papel” tenha função nisso. Não tem também os que torcem para que países resolvam seus problemas econômicos apenas com a força das palavras? Não tem quem torce para que, finalmente, aconteça alguma crise do sistema capitalista? (Que provoque as reviravoltas que não aconteceram em 2008?)

É tão fantasioso se imaginar que a Rússia exercerá algum papel relevante e ‘anti-americano’ (e/ou mesmo ‘anti-capitalista’ e/ou mesmo por ‘liberdade de povos’) que análises que levem a essa conclusão sequer aparecem em mídias alternativas (a grande mídia pró-norte-americanos é que não iria perder tempo com isso.)

Realidade de discussão geopolítica e/ou sobre sistemas econômicos comparados é outra coisa.

[video:http://www.youtube.com/watch?v=EjMNNpIksaI

Redação

57 Comentários

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  1. Chocante!  Faca uma coletanea

    Chocante!  Faca uma coletanea de todas as sentencas do item que mencionam a Russia.

    Virtualmente TODAS elas sao depreciativas.

    Agora faca uma coletanea das sentencas que mencionam os EUA.  Advinhe…

    1. Pode ser chocante sim, Ivan.

      Pode significar que eu fui abduzido. rsrs

      Ou, o que é mais realista (e a realidade pode ser chocante também), que o pré-existente gap entre EUA e URSS, que já era muito largo nos anos 1970 (*), aumentou de tal forma em 40 anos que a economia da Rússia ficou o equivalente à da Califórnia. E provavelmente menos diversificada, dada sua dependência do petróleo.

      Você vive há muito tempo nos EUA. Apesar de todos os problemas desse país, seria lutar contra os fatos negar que sua economia e sociedade são mais dinâmicas que a Rússia. Tem dois links citados no texto, no início, sobre os EUA, gostaria que lesse para saber sua opinião. 

      Abs.

      (*) a um ponto que uma das teorias de conspiração da época era a de que a CIA e Pentágono fingiam para o público norte-americano, com vistas a obter maior orçamento, que o poderio bélico da URSS seria bem maior do que realmente era. Seria legal recuperar essa estória, pois nunca obtive confirmação disso.

       

  2. Meu caro Gunther, meus

    Meu caro Gunther, meus parabens pelo brilhante post, uma sintese apurada de cultura e conhecimento das relações internacionais atuais, com plena visão dos desdobramentos do fim da Guerra Fria.

    Lamentavelmente essa visão sofisticada não chega perto do nucleo decisor da politica externa brasileira, toda ela desde 2003 baseada em um diagnostico falho que apontaria uma regionalização do sistema internacionalem torno de um mundo

    fracionado em blocos com o desaparecimento das superpotencias, ignorando a liderança mesmo residual dos EUA.

    Essa analise torta fez o Brasil se jogar sem rede de proteção em subalianças com a Argentina, Cuba e Venezuela, paises de peso muito inferior ao do Brasil mas que passam a puxar o trem brasileiro como uma locomotiva fantasma.

    A ausencia de qualquer estrategia brasileira para as relações com os EUA é a consequencia dessa analise furada.

    O preço que o Brasil vai pagar por essa alienação será alto e a fatura ja foi apresentada com a perd de importancia relativa do Brasil nos foruns internacionais, posição que teve seu pontos culminantes na Conferencia do Rio de Janeiro em 1942, na fundação da ONU em 1945 e na Operação Panamericana do Presidente JK em 1958.

    1. Obrigado, André.

      Não sei se as coisas são tão graves no Brasil. Ou se houve grandes consequências com a política externa.

      Ainda vejo como maior problema no Brasil a falta de Reforma Tributária (que redistribua o ônus tributário que foi montado para uma economia fechada) e a falta de um plano claro para a recuperação da capacidade de investimento.

      Nós temos, acho, um problema mais urgente que a irrelevância em fóruns, que é uma taxa de crescimento econômico menor que o restante da Am. Latina na maioria dos anos. 

      Sds.

  3. Gunter, você não está sendo

    Gunter, você não está sendo um “tantinho” reducionista rotulando todo mundo de anti-EUA?

    Eu, particularmente, admiro muito os EUA. Há muitos pontos louváveis na nação e em seu povo, e muita coisa boa na literatura, música, cinema, universidades, pesquisa, inovação, instituições, sociedade organizada, etcétera. Da mesma forma, também gosto de muitas coisas da Rússia, com seus autores clássicos, seu ballet (já tive ex-namorada bailarina) admirado mundo afora, suas sinfônicas e suas idiossincrasias.

    Não sou “anti” nada. Pelo menos não “anti” do modo sectário, como a esquerda que posta Fuck the USA ao bordo de um Macbook. Se fosse assim, não iria querer nem morar no Brasil também, último país do mundo a abolir a escravidão, que promoveu o genocídio dos seus indígenas, destroçou o vizinho Paraguai, e ainda é um dos campeões mundiais em desigualdade social e número de homicídios.

    O problema é que você optou por se enveredar em uma dessas ideologias “anti’s” que, em última instância, não levam a nada.

    Primeiro, você disse que era uma “fantasia” este negócio da Rússia atuante, protagonista no cenário mundial. Teve como resposta um sem número de réplicas, discutindo o que você propôs. Agora, você treplica, só que mudando o tema, querendo comprovar que jamais a Rússia se tornaria pólo hegemônico de poder, sendo que ninguém (ou quase ninguém) sustentou isto.

    Que a Rússia não conseguirá ultrapassar os EUA, parece um consenso. Mas sustentar que a Rússia é insignificante no cenário geopolítico mundial é outra coisa completamente diferente. A própria insistência sua em falar do país eslavo contraria seu vaticínio.

    Se isto realmente fosse verdade, a Rússia seria apenas uma nota de rodapé, igual acontece com outros países que recentemente criminalizaram a homofobia e você sempre menciona de passagem. Você diria algo como “nenhum país de relevância no mundo possui leis discriminatórias, e estes países e governantes logo serão varridos pelo turbilhão da história”. Não perderia, portanto, muito tempo tentando convencer as pessoas da irrelevância da Nigéria no cenário internacional.

    Igualmente, se a Rússia fosse tão insignificante, as grande potências ocidentais não teriam criado o 5 + 1 para solucionar o caso iraniano, incluindo o país no time de negociadores. Teriam é dado uma grande banana e mandado catar coquinho, igual fizeram com Brasil e Turquia. Aliás, o Japão, 3ª economia mundial, ficou de fora do grupo.

    Assim, não é vencendo em um debate de blog que a realidade mudará magicamente, com a Rússia insignificante e assim podermos dormir um pouco menos intranquilos, sabendo que só países de menor importância possuem leis discriminatórias a homossexuais.

    Se Rússia fosse, igual você fala, “só” um Brasil “com armas nucleares”, como se isto fosse um fato de menor monta, a Ucrânia há muito tempo já teria se tornado um Paraguai, Honduras, Líbia, ou até Egito.

    Como já disse, eu acho que você está perdendo muito tempo e energia com esta tese. Não se muda a geopolítica mundial com um post de blog. A realidade é que a Rússia é sim um país importante (embora não hegemônico, claro), ainda conserva suas zonas de influência e, nestes locais específicos, pode exercer uma má influência em alguns assuntos, inclusive quanto a direitos Lgbt’s.

    Reconhecer um fato que é pacífico mesmo entre EUA, China e UE, é o primeiro passo para tentar combater estas leis absurdas de Putin. Tem todo o meu apoio, então, ao criticar Putin por seu tratamento dado a homossexuais. Agora, tentar dizer que a Rússia é um Estado insignificante, geopoliticamente falando, não é defensável sob nenhuma ótica. Nem sobre a do “antiamericanismo”, já que grande parte da população estadunidense (e o próprio Senado) se opôs a incursão militar na Síria.

    1. Claro que não faço isso

      Reducionismo é uma das coisas que mais combato em geral. Eu não estou rotulando ‘todo mundo’ de anti-EUA, portanto. (Nem sei quem você está chamando de ‘todo mundo’ no caso.)

      Ao fazer essa pergunta você é que está me ‘reduzindo’, percebeu? Já redigi uns 200 posts neste blog, você diria que ‘reducionismo’ é uma característica minha? Acho que não.

      Estou dizendo, o que não é nem um pouco irreal, que existe uma ‘torcida anti-EUA’. Vai dizer que não existe isso e que esse grupo não fantasia muito?  Claro que sim, você mesmo citou ‘esquerda sectária que posta Fuck the USA’.

      E uma das fantasias é justamente contar com um (improvável) ressurgimento da força russa para se contrapôr aos EUA em mais de uma questão. Se você percorrer os comentários dos últimos dias encontrará isso.

      Podemos concordar que é um grupo pequeno, isto sim.

      Certamente o ‘soft power’ cultural dos EUA é onipresente. Mas não em música clássica rsrs. (Além do citado Bernstein só consigo lembrar de Copland e Joshua Bell agora.) Razões estas que me levaram a usar composições para cinema, porque mesmo Copland soaria parelho a Villa-Lobos. Mas gosto muito desta:

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=4NjssV8UuVA%5D

      Não sou nem um pouco anti-russos ou anit-Rússia. Sempre foi minha música clássica favorita (especialmente o pessoal do Grupo dos 5 e também Tchaikovsky, mas também os do século XX), gosto de ver o artesanato, compartilho muitas fotos do facebook. Acehi triste o desastre que foi o processo de provatizações lá. Uma pena mesmo que não seguiram o caminho chinês nisso.

      Nunca pude viajar pra lá mas, agora, e não é por culpa minha, mesmo que eu pudesse teria medo.

      Também concordo com você que a História do Brasil não é razão para grandes ufanismos. Mas procurando a gente acha o que falar quando precisa. Desde ser um dos primeiros países a adotar selo postal até ter um sistema de previdência estável e racionalmente montado (que outros países tem isso?)

      (Meu não-ufanismo também é muito combatido neste blog. Acho que você não frequentava quando escrevi estes dois posts: 2012 08 31 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/no-que-o-brasil-muda-com-o-tempo 2013 03 21 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-economia-vai-bem-a-sociedade-nem-tanto )

      “O problema é que você optou por se enveredar em uma dessas ideologias “anti’s” que, em última instância, não levam a nada.”

      Não faço ideia de onde você tirou isso. Eu não optei por enveredar em ideologia nenhuma.

      Eu acredito que há um grande consenso mundial em torno de capitalismo socialmente responsável e que fórmulas ora mais social-democratas ora mais social-liberais serão, mais cedo ou mais tarde (espero que mais cedo) utilizadas para maximizar produção e minimizar concentração de renda.

      Grosso modo, tanto os EUA como a Rússia são regimes/sistemas à minha “direita”. 

      Nos textos ‘fantasia’ são o conjunto de avaliações em torno da ‘Rússia Grande’ como também o papel (e principalmente a direção do mesmo) que a mesma pode exercer. 

      Como você mesmo notou, há os ‘quase ninguém’. Então tornou-se útil repassar rapidamente que a Rússia não pode fazer algumas coisas que alguns imaginam.

      Não é minha insistência em falar do país ‘eslavo’ (que modo peculiar esse de se referir à Rússia… EUA seriam ‘país anglo-saxão’?). Isso já pus no texto (leia a parte sobre Cuba, Irã, Israel.) É antes uma resposta a algumas tolices que li nos últimos tempos que, estas sim, aparecem insistentemente.

      Eu não dou importância à Rússia, nunca dei. Mas você nunca viu a propaganda pró-Rússia em torno de Snowden? Nunca viu alguém falar que “Rússia combaterá os fascistas que querem tomar a Ucrânia”? Ou “que graças a Rússia a Síria foi salva de invasão”? E etc, etc?

      Não dava importância até essas fantasias prosperarem. Como em tantos outros assuntos só escrevo se for para agregar informação. Como quando escrevi sobre IsraelxPalestina : só o fiz porque percebi que as pessoas omitiam nas discussões quem sustentava o Hamas e que o mesmo não era mais apoiado pela Síria.

      Sobre o papel geopolítico da Rússia só fiz um post ontem, porque esses assuntos todos aparecem ao mesmo tempo. Então estou explicando que não é assim, as coisas não irão se desenrolar para esse lado de ‘torcida’. A Rússia não irá impedir que EUA aumentem sua influência no Oriente Médio, não fará nada pela Palestina, não impedirá que Ucrânia e Casaquistão prefiram comerciar diretamente com UE do que pela (não sei quão relevante é) CEI.

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=tBO7F0PJP48%5D

      A questão Rússia x LGBTs é toda uma outra coisa.

      Não tem muito a ver com geopolítica (tanto que não aparece diretamente neste post e apenas indiretamente em outro), tem a ver com o uso de preconceitos boçais e cruéis na política. É uma questão pungente de Direitos Humanos e que deve ser denunciada quantas vezes for necessário. Se não se conseguir impedir o governo russo dessa barbaridade, pelo menos se mostra que não há disposição a se aceitar isso em outros países.

      E isso dá resultado. Três países da Europa Oriental, se não me engano Moldávia, Lituânia e Azerbaijão, voltaram atrás nos respectivos projetos idiotas (isto é: os políticos locais desistiram de manipular o sentimento homofóbico fundamentalista.) Chipre (destino turístico de russos) descriminalizou a homossexualidade no lado turco (última porção da Europa a fazê-lo) e criminalizou a homofobia no lado greco-ortodoxo. Foi acaso e coincidência?

      Não. É consequência de tanta gente estar criticando. Também não é coincidência que nenhum homofóbico brasileiro teve a ousadia de elogiar o projeto de lei russo. Essa lei foi um desastre de opinião pública (fora da Rússia) e é bom que assim seja visto. Com o tempo os próprios russos cansarão de serem chamados de atrasados nas notícias e voltarão atrás. Não é verdade que os russos não dão bola para o que pensa o Ocidente (já ouvi isso…). Políticos dizem que não, mas provavelmente muita gente lá (como na América Latina e mesmo em países islâmicos) almeja emular a liberdade e respeito típicos dos ocidentais.

      E, desse modo, ao falarmos da lei russa, sedimentamos as posições no próprio Brasil. Se Bolsonaro se meter a valentão na CDHM, será associado a Putin em cartazes, falas, etc. 

      Como você mesmo notou, a Rússia exercia uma atuação nefasta e é graças a mobilização internacional que se conseguem coisas. Não apenas no cancelamento de leis, mas em posicionamentos de pessoas relevantes. Ou Ban Ki-Moon não é relevante?

      A Rússia ser simultaneamente objeto de fantasias geopolíticas (apesar de ser um país de ‘direita’) e ser um dos poucos países da Europa a proibir Paradas Gays é uma coincidência infeliz. Ou não… (Há uma certa correlação entre a esquerda sectária que você mencionou, homofobia e antissemitismo. Isso não é novidade.)

      Mas, como expliquei no post de 08.02, a homofobia de Putin é de conveniência. Quando deixar de ser conveniente, Putin deixará de defender a homofobia. O impacto é negativo para ele mesmo: a imagem da Rússia, dos russos, do regime russo ficou tão ruim por conta disso que até apagou as referências positivas que ainda eram feitas pela concessão de asilo a Snowden ou ter participado do acordo na Síria. (Notei isso no meu facebook: quem fazia elogios às posições russas se calou completamente a partir da lei anti-gay. Em outras palavras, se antes circulava propaganda pró e contra, agora só circula a contra. Assim, mesmo que os pró-Rússia digam que não, de um modo indireto a lei imbecil prejudicou um pouco os interesses russos, pelo menos no nível de formaçao do inconsciente coletivo.)

      Para encerrar este assunto: as queixas contra a Rússia na questão LGBT são por a legislação ser muito idiota e cruel para um país europeu com renda de 18 mil doláres. E também por esse país se pretender ‘líder’ (pretensão que Irã, Nigéria, Arábia, Uganda e Bielorússia não têm, e aí somem do noticiário apesar da homofobia.) E também porque isso surgiu de uma hora para outra, 20 anos após a descriminalização. Ficou evidente que foi por uso político, não tradição religiosa (como Irã e Arábia) e que isso deve ser contestado.

      Não é por esse país ser anti-americano ou por Obama ser ‘aliado’, portanto. 

      E, no fundo, há uma ligação geopolítica sim… O fato de um governante precisar usar esses recursos estapafúrdios para ser popular significa que já não se sente tão sólido como antes, o que dá margens a dúvidas sobre o que pode mesmo realizar e qual seu verdadeiro poder. A significância de Putin está mais em xeque que a do país.

      Se ocorre de fazer isso no mesmo momento em que Obama faz o contrário, é outro erro político de Putin. 

      No fim foi Putin que associou algo muito ruim como a homofobia ao antiamericanismo. Quem precisa lidar com esse dano de imagem é ele próprio e os antiamericanos em geral. LGBTs e Obama não precisam fazer mais do que já fazem a respeito, pois nem a imagem da causa nem dele foram arranhadas, certo? (Relembrando: o caso Snowden sumiu…)

      Acho que Obama é político mais vivo que Putin, ainda não achei o artigo da Forbes para descobrir de onde saiu o contrário…

      Mas em janeiro (Moscou) e em fevereiro (S. Petersburgo) já ocorreram manifestações de rua com bandeiras do arcoíris que não foram reprimidas (eu não omiti isso, trouxe os links na matéria da Revista Fórum) e, ao contrário de Madonna e Lady Gaga, Elton John falou o que quis sem ser processado.

      Isso junto com outras liberações indica que não há essa decantada indiferença em relação ao que o Ocidente pensa, o que é mais um sinal de fraqueza relativa.

      (Momento aplausos para Elton John)

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=-f0UbWRMq1A%5D 

      “Teve como resposta um sem número de réplicas, discutindo o que você propôs.”

      Teve sim. Nenhuma rebatendo nada dos posts. Mas serviu para evolução. Ao incorporar os elementos mais usados nessas réplicas montei este post.

      E eu não falei em nenhum momento que a Rússia é ou será um país insignificante. Longe disso, falei que é e será um grande player, como Brasil. Só que não atenderá às ‘fantasias’ (que já apontei.)

      E, como você mesmo notou ao citar a Nigéria (que eventualmente será um grande player também), vale a pena reforçar o repúdio à homofobia russa antes que ela inspire ainda mais a homofobia brasileira. (Veja de novo o texto do dia 08.02.)

      Infelizmente tem gente no Brasil que gostaria muito de copiar as estratégias de Putin, quando já não o faz. Discurso conservador moral e religioso é uma das estratégias da ‘esquerda beata’ da América Latina, já houve artigos sobre isso em publicações internacionais. Um que sugeri não virou post:

      http://internacional.elpais.com/internacional/2013/10/26/actualidad/1382753986_992167.html

      Mas eu acho também que essa participação no caso iraniano têm muito mais a ver pela localização geográfica e porque a Rússia é grande parceiro comercial desse país. Não tem mesmo porque envolver Brasil ou Japão.

      Eu não estou pensando em mudar nada da realidade, estou é a seguindo. Apenas podemos estar com diagnósticos diferentes de qual seria essa realidade.

      E o que eu escrevo é justamente para aproveitar energia. Daqui para frente a cada vez que aparecer a ‘fantasia russa’ eu já tenho os posts prontos para linkar como resposta (e assim evitar dissipar energia em discussões.) Eu faço isso para muitos assuntos.

      “tentar dizer que a Rússia é um Estado insignificante, geopoliticamente falando, não é defensável sob nenhuma ótica.”

      Isso são suas palavras. Eu disse que a Rússia é um país com economia não diversificada, dependente de exportações de hidrocarbonetos, de população não muito maior que a do Japão, sem projeto de desenvolvimento econômico, com renda similar a 40% da de países desenvolvidos (ou similar à dos mais ricos da Am. Latina), sem aliados relevantes para questões geopoliticas e que por tudo isso não conseguirá se contrapôr aos EUA em quase nada.

      Onde está a diferença de diagnóstico? Você mesmo disse no outro post que as ogivas servem para política interna. Como a Rússia (e nenhum país) pode atacar outro com ogivas, isso da força militar deve ser muito relativizado. Como eu falei neste texto, colocar ogivas em discussão é ir para o imponderável e aí nem estaríamos escrevendo…

      Fiquemos nas forças convencionais, portanto.

      Força militar serve para os EUA invadirem o Iraque. E para os EUA impedirem que a Rússia invada qualquer país. Logo, os EUA estão em uma posição confortável. E a Rússia não pode impor nada. Não pode, por exemplo, impedir o Casaquistão, seu último quintal, de assinar um tratado com a OMC ou UE. Como você citou, não pôde impor na Síria algo que já não fosse popular nos EUA (ou seja, foi propaganda mesmo essa estória de que a Rússia ajudou na paz… Ajudou, mais uma vez, Obama, isso sim.)

      Oras, a Rússia encolheu em poder e vai se preocupar com movimentos independentistas. Problema que os EUA obviamente não têm.

      Vamos inverter a questão:

      O que, na sua opinião, a Rússia pode, geopoliticamente falando?

      Não virou um ‘Urso de Papel’?

  4. Uma análise da Rússia sem paixões pró e contra:

    Os EUA estão numa escolha de Sofia:

    Ruim com Putin, pior sem Putin 

    Caso o partido de Putin saia do poder, quem tem mais chance de substituir-lo é o Partido Comunista (com a proximidade dos 100 anos da revolução em 2017, seria sensacional).

    Vale lembrar que a Rússia é um país onde a taxa de natalidade é baixíssima, a população está diminuindo (10 anos atrás era 146 milhões de habitantes, hoje é 140 milhões) e o governo oferece bolsas para casais gerarem bebês.

    Putin crítica hábitos considerados “ocidentais”, como russos que abrem mão de terem filhos taxados como contrários a família e o chamado lobby gay apontado como uma das causas da redução populacional, suas críticas acabam agradando a igreja ortodoxa e até de seus adversários (mulçumanos).

    Muitas intenções do governo são até positivas, mas que infelizmente acabam indo para o lado da discriminação, Putin tem interesses na sua cruzada pró-família:

    Étnicos: Como a direita americana, teme o crescimento da população não branca no país, já que os islâmicos se reproduzem mais que os brancos, e isso é uma ameaça pois pode fortalecer os movimentos separatistas num país traumatizado com o que ocorreu após o fim da União Soviética;

    Políticos: A maioria da população russa tem mais de 40 anos, ou seja viveram a época do comunismo e há um saudosismo crescente após a atual crise econômica, o sonho de Putin é que venha ao mundo uma nova geração livre das influências comunistas.

    Na época do comunismo não havia discriminação racial, os demais povos (Uzbeques, Armênios, Eslavos, Caucasianos, etc) tinham o mesmo tratamento oferecido ao povo de Moscou e São Peterburgo. Sei que na Alemanha Oriental o homossexualismo era visto com naturalidade e um comportamento “revolucionário” (como naquela famosa foto do selinho entre Brejnev e Hornecker).

    O partido Comunista foi muito incompetente em conquistar o apoio dos mais jovens, que em toda crise são os que mais sofrem como pudemos perceber em movimentos pelo mundo (Indignados, Occupy, revoltas árabes), desde o fim da URSS sempre disputa eleições presidenciais com Guennadi Ziuganov (herdeiro do espólio soviético), que completará 70 anos em 2014.

    Seria o momento do Partidão passar o bastão para alguém mais jovem, nascido nos anos 60, que viveu a infância no comunismo (beneficiado pelo que o regime tinha de melhor) e apoiou as reformas de Gorbatchev mesmo não tendo sido suficientes para impedir o fim da URSS e a independência de suas Repúblicas. Além de tentar entender a atual crise do capitalismo, a incapacidade progressista nos países centrais e as alternativas em curso na América Latina.

    1. Mas que diferença faria para os EUA tudo isso?

      Você listou uma série de dificuldades e contradições da Rússia, mas nada que afete aos EUA ou resto do Mundo.

      Quem vai se preocupar, hoje em dia, com um partido que se chame comunista? O que interessa já é estatal mesmo. (E a eleição será em 2018.) E, como você disse, apesar de chegar perto de ganhar (quando da reeleição de Ieltsin) não se rejuvenece e não faria nada diferente do que qualquer partido social-democrata ocidental.

      Quem está numa escolha de Sofia, no caso, não seria o próprio povo russo?

      Isso da homossexualidade ser tolerada na Al. Oriental é um mito que já foi descontruído, outro dia procuramos os links disso. Foi no blog da Socialista Morena que teve post a respeito. Houve apenas a descriminalização um ano antes da Al. Oc. e só.

      O racismo é um problema para a Rússia, concordo. Dificulta a absorção de mão-de-obra de ex-repúblicas mais orientais, cuja religião conflita com a vontade da Igreja Ortodoxa de aumentar sua influência. Fora os riscos de separatismo.

      Por seu turno, os EUA (e a referência a West Side Story tem a ver com isso) não têm essa preocupação, absorvem por ano, legalmente, 1 milhão de imigrantes. Quase 15% dos norte-americanos são hoje nascidos fora (versus 5% em 1970), 25% das crianças são nascidas fora ou filhos de imigrantes e 25% dos eleitores são negros, asiáticos ou hispânicos. A direita dos EUA que se preocupe em melhorar o discurso, o que já está fazendo em relação a hispânicos.

      A cruzada anti-LGBT não ajuda em nada a família. Ao contrário, ajudará a separá-las. Ninguém terá mais filhos por isso e aumentará a emigração. É questão de anos para esse engodo ser desmontado. Mas isso não é relevante para os EUA ou capitalismo (a menos que aproveitem a situação para absorver mão-de-obra imigrante.)

      A população continuará a cair, portanto. E pode piorar o perfil para a situação de Bulgária, Romênia e Ucrânia. 

       

       

       

      1. Faria muita diferença

        Se os EUA reclamam de Putin, imagina então com um governo do partido Comunista? Não se pode ignorar um país com grande arsenal nuclear.

        Ieltsin sempre foi capitalista e conduziu uma péssima transição econômica, Gorbatchev era social-democrata, o “novo” PC russo se aproximaria do Bolivarianismo, para os EUA seria péssimo pois a Rússia é muito mais influente que a Venezuela.

        A União Soviética sempre desempenhou um papel de colocar um freio no radicalismo islâmico na região, o país se meteu num atoleiro no Afeganistão (com os EUA financiando a resistência afegã).

        Gorbatchev alertou os EUA sobre os problemas no Afeganistão e que era preciso um rendição negociada, os EUA ignoraram e a consequência foi a queda das torres gêmeas (11/09).

         

        1. Não dá para mudar o passado

          E assim não dá para fazer o que poderia ter sido sem a falta de habilidade de Gorbatchev e o desastre da gestão Ieltsin.

          O próprio governo atual tem traços de bolivarianismo, não? E o PC caiu muito em resultados eleitorais ao longo do tempo. De mais de 40% no fim dos anos Ieltsin para menos de 20% agora, não é assim?

          Não será que os EUA tentariam agora estimular uma oposição liberal? Pode ser que sim, mas não terão resultado. Putin é muito sólido, apesar dos problemas recentes. Ele teve a oportunidade de governar justo no tempo da explosão das commodities e após o desastre de Ieltsin. Até os russos perceberem que uma coisa não tem relação com a outra, ficarão nisso.

          Mas a questão não é se haverá sucessão, mas se a Rússia, com menores taxas de crescimento econômico daqui para a frente e com a presença residual do problema islâmico dentro de suas próprias fronteiras irá se aventurar em algo fora.

          Eu acho que não, e aí não incomoda os EUA. E a subordinação econômica fica a mesma.

           

  5. Impossível ler tudo, seria

    Impossível ler tudo, seria overdose de bobagens. É sem dúvida importante enviar este artigo para Washington. Depois de tomar conhecimento do pensamento do articulista, talvez os EUA abandonassem a obsessão em imprensar a Rússia. Ou será que ele acha que o Afeganistão, o Iraque, a Síria, o escudo anti-mísseis, a Ucránia, etc, etc, etc, são realmente “luta pela democracia”  ?

    Já que foi citado o respeito à realidade, que tal encarar o fato de que a Rússia é o ÚNICO país do mundo com capacidade para arrasar os EUA amanhã, se assim desejasse ?  E nada do que os EUA possam fazer evitaria isto, restando o consolo de que também poderia arrasar a Rússia em seguida.  Será que este “pequeno detalhe” não tem importância na geopolítica mundial ?  Não me faça rir.

    1. Como você mesmo notou.

      As pressões se dão muito próximas fisicamente à Rússia. Em relação ao quê esse país não pôde fazer nada.

      A palavra ‘democracia’ é você quem está usando.

      E o fato da Rússia poder arrasar os EUA (ou quem quer que seja) foi citado, mas, como você não leu…

      Continue na torcida.

       

  6. Essa sua raiva não seria

    Essa sua raiva não seria porque foram, justamente, os repórteres russos que desmontaram a armadilha, estilo Iuguslavia, Venezuela, Líbia, Síria, etc, etc, etc…..?

    Por pouco, muito pouco, aquele rojão não atingiu um soldado. O Rio viraria uma praça de Guerra e algum milico togado poria ordem no pais.

    Nao imagino quem a essa altura do campeonato acredite que a Rússia desempenhara o papel que desempenhou a União Soviética, agora o conhecimento que eles teem dos métodos da Cia e seus capachos podem fazer os golpes ficarem mais 

    difíceis. A cada golpe desses que da errado, abre o olho de muito bobo e desespera muito golpista.

  7. Russia

    Exceção ao fato q, gostemos ou não, achemos ou não, quem tem poder militar – influencia  e continuará influenciando na política internacional, sim! E à previsão (previsões em área social é sempre furo n’água rs) referente à Ucrânia, d resto, por hora, é isto mesmo. 

    1. Sem dúvida, Marko

      Mas não é uma correlação perfeita. E outro ponto é: a influência que puder ser feita o será na direção pretendida pelas torcidas?

       

  8. Muito wishful thinking

    Saber distinguir  desejos de realidade é fundamental na análise.

    Não é mais guerra fria, mas ainda existem esferas de influência.

    Subestimar a capacidade militar da Russia é um erro. E  em realpolitk megatons e ICBMs são uma força de dissuação considerável.

    Para os EUA o eixo mudou: hoje é Ásia-Pacífico. Como consequencia  muito do papel representado pela antiga URSS quem incorpora hodiernamente é a China.

     

  9. “… houve uma sofisticada cultura artística no século XIX”

    Informe-se um pouco mais. Prokofiev, Shostakovich, Stravinski e Rachmaninoff são todos do século XX, isso na música erudita. No século XX, o cinema teve Tarkóvski, Mikhail Romm, Kulechov, Eisenstein, Kalatozov, Chukhrai, …; na literatura, Isaak Babel, Aleksey Tolstoy, Boris Pasternak, Mikhail Bulgakov, Aleksandr Solzhenitsyn, Anna Akhmatova, Marina Tsvetaeva, Osip Mandelstam, Maxim Gorky, Alexander Blok, Vladimir Mayakovsky, Sergei Yesenin …

    Vou deixar abaixo o documentário Concerto  Bolshoi, de Vera Stroeva, apresenta o elenco do Teatro Bolshoi, em 1951. É uma pequena amostra do que mamãe Rodina criou para a ópera e o ballet no século XX, e continua criando.

     

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=4b8i81LMzSs%5D

    1. Oi Almeida,

      Eu me referi às respostas recebidas em outro post.  Mais ‘circulavam’ em torno do século XIX que do XX.

      E é por isso mesmo que escolhi Prokofiev de propósito para este post, no outro havia sido Korsakow.

       

  10. Não sei porque o GGN

    Não sei porque o GGN republica este artigo bem escrito, mas puramente pró-americano. Pouco difere do que ouvimos no Jornal da Globo toda noite.

    Qual a alternativa para o Brasil. Se entregar e deixar os americanos fazerem o que fazem em série, em todo o mundo, que é tirarem os governantes que não são do seu interesse e colocarem um fantoche e aceitar a espionagem e o lixo que eles nos mandam? Mais prudente é ficar longe deles.

    Pelo menos por enquanto a Rússia é sim um fator de equilíbrio, embora os colonizados desde a infância não achem vejam assim.

    Talvez seja melhor ser aliado da Argentina, Cuba, Venezuela e África em geral do que estar aliado a este pessoal

    que só pensa em lucros fácieis a ponto de estar empobrecendo seu próprio país.

    Mas para isso tem que ter coragem e fechar as brechas de envio fácil de lucros e financiamentos previlegiados pela TJPL, reduzir as taxas de juros entre outras medidas.

     

    1. “”Os EUA fazerem o que

      “”Os EUA fazerem o que quiserem, tirarem os governantes””, isso poderia ser há 40 ou 50 anos, hoje os EUA não tem o poder , a intenção e a necessidade de fazer isso, está ai a Venezuela, outrora seu territorio, com um governo alucinado e eles nada fazem. É inacreditavel como as pessoas não atualizam seus conceitos aprendem com 18 anos e levam os mesmos conceitos até os 70 anos.

  11. A torcida anti-Russia e a fantasia da Águia de Papel

    Gunter está com raivinha dos que não rezam por sua cartilha e que não choram nas novelas da Globo. A Ásia não foi, não é, não será nunca o Lebensraum dos EUA e da decadente Europa que se volta, celeremente, para seu fascismo atávico de exportar seus problemas para o resto do mundo. Os ingleses chamaram a disputa pelo centro do mundo de o “grande jogo”. Mas só quem pode vencê-lo é quem nasceu ali. O resto está condenado à humilhação. Sugiro que leia Toynbee sobre o cerco do ocidente ao oriente e o inevitável refluxo deste movimento.

    Claro que a Rússia é a grande meretriz do planeta que invadiu a África, colonizou o sul da Ásia, e destroçou os povos da América. E infelizmente não dependem do resto do mundo para nada. Ao contrário da veneranda Europa que não existiria sem o saque, sem a pirataria e a pilhagem das riquezas alheias. Os verdadeiros bárbaros.
    Tudo porque não tem uma São Francisco, luz do universo multicolorido LGBT. Me poupe.

    Farisaísmo pouco é bobagem. O que importa é o glamour da purpurina. A história que se lasque.

     

    1. O post em si já é resposta ao comentário

      Você não colocou nenhum argumento novo, lembrou de fatos históricos que ninguém nega (o que não acrescentou nada à questão), não rebateu absolutamente nada do texto, não apresenta nenhum cenário alternativo (nem teria justificativas para isso.)

      E ainda mostra raivinha porque o autor do artigo gosta de ver novelas e é LGBT (o que não tem a ver com a análise geopolítica, além do fato de pôr a opinião pública mundial contra Putin), reforçando o desastre de mídia que é levar à associação automática de antiamericanismos a coisas ruins como a homofobia.

      Parabéns. Faltou lembrar do sertanejo universitário.

      Está infeliz porque a História não caminhou para o que imaginava. 

      É exatamente o perfil de torcedor fantasioso relatado.

       

       

    2. Concordo com Marroni.
      Quando

      Concordo com Marroni.

      Quando não da para criticar a politica externa do Brasil, em seus efeitos imediatos, usa-se previsões pessimistas sobre o futuro, o que é lamentável de se ler.

      Corcordo também com Delfim Netto, alguns que falam da economia e politica externa do Brasil passaram de pessimistas a paranoicos.

       

      Critica-se a relação Brasil / Africa sem aprofundamento ou conhecimento de causa.

      Quem se dedicar a conhecer o trabalho da Petrobras (Empresa Estatal com muito orgulho, pioneira…), verá o salto tecnologico único que teve em quatro decadas, se associar isso com o fato do Brasil ter adquirido caças da Suecia (e a forma que se deu o negócio), e ligar o fato do país estar, ha dois anos, adaptando seu sistema de armamento e radar em caça identico na Africa, não precisa ser genio em matematica para calcular o ganho tecnologico e de tempo que ira ganhar, entre diversos outros fatores.

      Infelizmente um texto bem fundamentado, mas como diria um juiz federal, “Willian Douglas” fundamentado e legal até o nazismo foi, fato é que o texto é retrogrado em muitos pontos alinhados com a visão da direita desse país, que é retrograta e acima de tudo anti nacionalista.

       

  12. Prezado Gunter
    Interessante

    Prezado Gunter

    Interessante as suas reflexões .Mas não esqueça que a geopolítica no mundo, em sua vertente rude e brutal , ainda é moldada pela destruição(lembre-se da Alemanha Nazista e o império Japonês da WWII) . E como o Ocidente não tem (ainda ?) mecanismos de defesa “guerra nas estrelas” para salvaguardar-se de salvos de bombas nucleares em massa , e a  Rússia pode enlouquecer ou ser levada a enlouquecer e assim se suicidar ,mas matando  ao mesmo tempo redundantemente dez vezes toda a população urbana americana e portanto  fazendo desaparecer da história a civilização americana (quiça da civilização ) , faz-se necessário o jogo geopolítico combinado ;seja na Ucrania , como no Iraque ou na Síria . O JFKennedy sentiu na pele este “Impasse” por ocasião  do incidente cubano .

  13. Água e óleo

    Comparar a situação econômica e política da URSS dos anos 30 com os anos 70 do século passado é como comparar água e óleo. Nos anos 30, sob a liderança de J. Stálin, a URSS crescia a taxas de 20% ao ano. Eu disse 20% ao ano!…Nenhuma nação ao longo da história  em termos de construção econômica conseguiu tal proeza; a não ser os EUA nos anos da segunda guerra, sob a liderança de F. D. Roosevelt, que dobrou sua econômia. O esforço soviético na década de 30 possibilitou, pra sorte do mundo, a construção da musculatura necessária para a derrota do nazi-fascismo  e o fim dos sonhos loucos de Hilter e seus associados. Nada haver,, portanto,  com a condução que se seguiu após a ascensão de N. Kruschev e seus asseclas ao poder.

    1. Crescia sim

      Não 20 mas 15% talvez. E foi um grande importador de máquinas dos EUA na época.

      Isso é feito com poupança forçada, em taxas de 40 a 50%, como em muito da construção recente do poencial produtivo da China. 

      Mas isso nunca é indefinido e é dependente da presença de capacidade ociosa preexistente.

      E a colega neide (abaixo) trouxe as projeções do FMI para o ano de 2030. Por elas o Brasil chegaria a quase dobrar o PIB da Rússia, apesar de hoje ser parelho.

      Essa projeção é boa?

       

  14. Receita para uma torta de

    Receita para uma torta de abobrinhas: elenque uma série de sofismas, quanto mais capengas melhor,  misture com aquele blábláblá politacamente correto e cegueta, pra poder “acusar” de algum “ismo/fobia” os que discordam de você, leve ao forno por três minutos, a iguaria tem que ter a consistência de suflê, e pronto. É só bater palma pra maluco dançar. A nação com a maior população carcerária do mundo, majoritariamente negra e masculina, vira o farol democrático do mundo. O mesmo país que financiou/financia esquadrões da morte ao redor do mundo, ditaduras sanguinárias, ataques a civis indefefesos e tudo mais que estamos carecas de saber. Por quê? Nos EUA os gays viveriam numa boa. É só isso que interessa. Já o Putin, esse cara é o próprio aniticristo. A Rússia é isso e aquilo. São ortodoxos, no Brasil são os evangélicos, não gostam dos glbts, enfim. Isso é tão profundo quanto um pires.

    1. Eu não perco mais meu tempo.

      Você resumiu direitinho o que eu penso a respeito do posicionamento geopolítico do Gunter. Para ele, TUDO gira em torno dele mesmo (conte quantos “eu” aparecem em tudo o que ele escreve) e da questão LGBT, mesmo que o mundo seja muito maior que somente a questão LGBT. E de resto, como você também disse, ele é raso como um pires. Não parece que ele estude o passado para tentar compreender (e portanto mudar) o presente. Além disso, a verborragia dele não me engana mais, pois não passa de um artifício para desestimular qualquer tipo de contraponto à sua argumentação incoerente.

      De resto, um dos motivos pelos quais a Rússia rejeita muitos dos valores culturais do ocidente foi justamente a política de terra arrasada promovida no país durante a década de 1990 – as “terapias de choque”, propostas por Jeffrey Sachs, os EUA e o FMI – e que causaram aumento de criminalidade, pobreza, concentração de renda e fuga de capitais do país. E para o bem e para o mal, Putin foi a resposta encontrada pelo povo russo para dar fim a esse caos, quando Boris Ieltsin renunciou à presidência em 1999.

      1. E você fala de um episódio do passado

        que já foi abordado e que justamente confirma a situação atual de dependência econômica da Rússia e sua dificuldade de influenciar externamente daqui para frente?

        E eu que sou raso?

        Quando tiver capacidade de argumentar sobre o que é incoerente no artigo, por favor avise.

        É mais provável que os russos passem a emular ainda mais do que tem feito os valores culturais do Ocidente, como consequência de uma ainda maior integração à economia internacional.

         

    1. SN de que país?

      Se for da Rússia está mais do que garantida, não? Do mesmo modo que a dos EUA e Irã.

      Cada regime toma suas atitudes e recebe elogios e críticas da comunidade internacional do mesmo modo.

      Quanto à Ucrânia é mais difícil, se a cada movimento de autonomia comercial e política desse país, o mais pobre da Europa, o mesmo for chantageado com corte de energia ou suspensão de empréstimos.

  15. O inimigo do meu inimigo é meu amigo!

    As vezes tentamos de todas as formas e até de maneira manipulada justificar o “ódio” que temos contra alguém/algo.

    Endeusamos o diabo e nos aliamos a ele somente porque ele se opõe ao meu inimigo é aquela velha questão: O inimigo do meu inimigo é meu amigo.

    Todo esse discurso ferrenho contra a Rússia é só por uma questão, Putin é homofóbico. E isso é o pecado maior que pode existir. Para mim homofobia é um crime contra a humanidade e não é menor do que os EUA praticam na Palestina quando fecham seus olhos e são coniventes com o massacre que Israel pratica contra aquele povo. Não é menor do que as ações americanas no Sudão, na Síria, no bolqueio a Cuba, em Guantánamo, no Iraque,  não é menor do que a política big stick ainda hoje praticada,etc.

    No seu texto há distorções históricas, há achismos colocados como certezas absolutas, dar a entender que a “Primavera Árabe” foi para romper com a influência americana está muito longe da verdade é um exemplo. Tentar reduzir a importância da Rússia a quase nada no cenário mundial é outra, reduzir a cultura russa a algo como mero acidente que nada tem a contribuir é o fim da picada.

    Sei, que por esse meu comentário, serei taxado de saudosista e mais “torcedor fantasioso”, vacina que já no post você aplicou contra os que se opõe a sua visão.

    Leia  Eric Hobsbawn – A era do extremos –  veja como se desenrolou a história…
    “Vivemos hoje novas formas de vida, novos regimes precisam criar identidades que se adaptem a eles. Daí que é comum hoje governos e meios de comunicação inventarem um passado. Como dizia George Orwell, estamos em uma idade em que o presente controla o passado. Altera-se a História para servir aos interesses de alguns poucos grupos. É vital o historiador lutar contra a mentira. O historiador não pode inventar nada, e sim revelar o passado que controla o presente às ocultas”.

    1. Superficialidade

      A história – ah, a história! – já mostrou que, na maior parte das vezes, quem adere à máxima de “o inimigo de meu inimigo é meu amigo” normalmente acaba aniquilado pelo suposto “amigo inimigo do inimigo”. E só mais uma demonstração de quanto o raciocínio do Gunter peca pela falta de profundidade e, por que não dizer, pela ignorância pura e simples.

      1. Isso não é problema

        Aguardaremos com atenção seus raciocínios profundos e não ignorantes a respeito das perspectivas de atuação da Rússia na geopolítica mundial daqui para a frente.

        Nada o impede de expô-los, certo?

         

    2. Nada disso, João

      Isso de inimigo do meu inimigo é meu amigo quem costuma usar são os defensores de Putin. Não é raro dizerem que “como Putin se opõe ao EUA, deve ser elogiado por dar asilo a Snowden e deve ser acobertado da repressão interna a jornalistas”. Você nunca leu isso em redes sociais?

      Só é fantasioso quem imagina que a Rússia terá determinados papéis daqui para a frente. E existe torcida anti-EUA que fantasia coisas como “Putin (e Rússia) servirão para conter os fascistas”. O que é uma contradição, posto que o regime dele é mais fascista que qualquer outro do G-8 ou G-20.

      Quem é consciente de que a Rússia não tem esses interesses nem essa possibilidades, não estará sendo taxado de nada a não ser de realista.

      Putin ser homofóbico atrapalha as próprias pretensões do mesmo. Como você mesmo percebe, isso é um dos maiores pecados e acaba aparecendo na opinião pública de tal modo que obnubiliza qualquer coisa que tenha feito de positivo (eu não considero dar asilo a Snowden positivo, mas há quem considere, o que é um diagnóstico) e aí o que acontece? Isso some.

      E, de quebra, joga água para o moinho de Obama. Nesse sentido Putin torna-se amigo do inimigo e aí? Para todos esses atos patrocinados pelos EUA a Rússia não obsta nada. Deveríamos então criticar Putin por não falar nada? Talvez sim, não? Por que isso não é feito?

      Então, para se criticar os EUA não é necessário esconder coisas sobre a Rússia nem fantasiar sobre ela. Isso é até contraproducente para a causa “crítica aos EUA”.

      E uma outra coisa, não adianta tentar imputar no texto dos outros coisas que não foram ditas. 

      Não há nenhum ‘discurso ferrenho contra a Rússia’. Há apenas a exposição de suas potencialidades e dificuldades. qual o problema? Por acaso é mentira que a Rússia aparece abaixo da 100ª posição tanto nos relatórios sobre liberdade de imprensa como nos de competitividade internacional? Dizer que há perseguições internas a opositores e ausência de projeto de desenvolvimento é “discurso ferrenho”? É apenas a verdade, oras, ninguém questiona isso.

      Para alguém falar disso agora é obrigado a desfiar todos os problemas do mundo, inclusive do Brasil? Não, né? Tem que haver um mínimo de foco. A questão tratada aqui é uma só: é ilusório colocar a Rússia em discursos antiamericanos, trabalhe-se com dados reais.

      “Tentar reduzir a importância da Rússia a quase nada no cenário mundial é outra, reduzir a cultura russa a algo como mero acidente que nada tem a contribuir é o fim da picada.”

      Isso são outras imputações. Lamento se o ufanismo no exterior em relação à Rússia foi arranhado mas ninguém tentou reduzir coisas aleatoriamente.

      A importância da Rússia no cenário mundial é demonstrada pelo próprio país. Se não há nenhuma participação relevante para ser mostrada, paciência. A Rússia sofreu bancarrotas nos anos 1990 como qualquer outro país em desenvolvimento endividado. Ela é signatária de acordos internacionais de comércio como qualquer economia dependente. Se alguém acha que é diferente, simples, apresente as razões por achar que é. 

      Ninguém disse também que a Primavera Árabe foi para romper a influência americana. O que se disse é que a P.A. foi o único movimento geopolítico de expressão nas últimas décadas e que não alterou a influência dos EUA. Alguma inverdade nisso? Sim, há: talvez tenha aumentado a influência dos EUA, como os casos da Líbia, Egito e Síria sugerem.

      E para que essa citação de Hobsbawn? (Era dos Extremos é um dos melhores livros mesmo para se entender o Século XX) Quem pretende alterar a História com omissão de fatos, com defesas interessadas e parciais ou com especulações irrealistas sobre o futuro?

      Lutemos contra a mentira e pela verdade, pois. É justamente esse o espírito do artigo.

       

  16. trocou avatar???
    ou mera

    trocou avatar???

    ou mera coincidencia,,,,

    ser anti politica colonialista norte amerciana/ingl é ser pro russia/putin???? kkkk

    ser contra crimes da OTAN é ser pro russia/putin, nao pode nem comprar aviazinhos de guerra da nao otan suecia e trocar tecnologia por mercado????

     

     

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