Aécio prova o cálice amargo da Inquisição que ele instaurou, por Luis Nassif

Quando Aécio decidiu comandar o golpe do impeachment, desarticular todo o sistema institucional brasileiro, abrir as jaulas para a população sedenta de sangue, devia saber que aquilo deu nisso

Quando Aécio Neves decidiu comandar o golpe do impeachment, desarticular todo o sistema institucional brasileiro, abrir as jaulas para a população sedenta de sangue, devia saber que aquilo deu nisso.

 

 

Primeiro, o jacobino teve seu poder capado, tombando sob mesma lógica que ceifou todos os sanguinários da história, de Robespierre a Joseph McCarthy e outros vultos infames da história, a mesma lógica que levou à execução de Marat, e ao mesmo bordão que inspirou Tomás de Torquemada, apenas trocando a palavra judeu por petista.

“Se observar que os seus vizinhos vestem roupas limpas e coloridas no sábado, eles são judeus.
Se eles limpam as suas casas às sextas-feiras e acendem velas mais cedo do que o normal naquela noite, eles são judeus.
Se eles comem pão ázimo e iniciam a sua refeição com aipo e alface durante a Semana Santa, eles são judeus.
Se eles recitam as suas preces diante de um muro, inclinando-se para frente e para trás, eles são judeus.”
Sessão do Supremo Tribunal Federal. Brasilia, 16-08-2018. Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Foi poupado pelo sentimento de solidariedade que acometeu aliados no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria Geral da República (PGR).

Mas, despido do manto de rei, teve que sair dos palácios e enfrentar os pequenos políticos que passaram a usá-lo de escada, a exemplo do que ele próprio fizera com o antilulismo. Agora, nas suas próprias hostes, a escada passou a se chamar antiaecismo.

E foi assim que o prefeito de São Paulo, o minúsculo Bruno Covas, político que vive exclusivamente do sobrenome, incapaz de um lance de brilho, de ousadia, uma marca que o aproximasse do avô ilustre, mira no pequeno Aécio, encolhido em um canto, e dispara: “Ou ele ou eu”.

E os aecistas, revoltados, denunciam o tribunal de exceção do partido que criou o tribunal de exceção graças a Aécio (aqui).

 

O deputado Paulinho Abi-Ackel, cujo pai Ibrahim Abi-Ackel foi vítima de uma campanha infame na Globo, nos anos 90, um monumento de fake news, mostrou que o mineiro é definitivamente solidário no câncer e bebeu na sabedoria política do pai: “A presunção de inocência é uma conquista do Estado democrático de Direito e no PSDB essa regra não será diferente”. O pai foi acusado de ter colocado a Policia Federal para investigar um avião que, supostamente traria equipamentos para a rede Globo. Foi alvo de uma campanha terrível da Globo, acusado até de contrabandear pedras preciosas. A comprovação da inocência viria anos depois, quando o mal estava feito.

Agora, Paulinho se comporta como um grande democrata à brasileira que descobre, depois de muito sangue derramado, que o devido processo legal é essencial, mas para os nossos; para os outros, a Lei de Moro.

No início da década, em um almoço no Massimo, na época o restaurante mais caro de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso se autodefiniu a ele, Aécio e José Serra como os “malacas”, os espertos, em contraposição a Geraldo Alckmin, o provinciano.

Agora, se tem Aécio escorraçado por seus pares, Serra escondido e fugindo até de golpe de ar, e Fernando Henrique se agarrando como náufrago à boia de Sérgio Moro, o juiz que o poupou por tê-lo como aliado.

É apenas um dos capítulos que se segue à instauração do caos.

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Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Os tucanos agiram como Lacerda em 64 : por se acharem a última embalagem do pacote linha certeza que a força golpista de plantão ( em 64 os militares; agora o judiciario) iria fazer o serviço sujo de dar o golpe pra dar o poder de bandeja pra ele. Mas ambos não perceberam que a força golpista não via neles uma solução mas sim como parte do problema. Pelo mal que fez ao país Aécio tinha que morrer embalado só tendo o direito de escolher em qual orifício seria iniciado o castigo.

  2. Não se pode esquecer a contribuição de Aloysio Nunes Ferreira, talvez incensado por – ou meramente puxando o saco, mesmo – do à época, presidente de seu partido, Aécio Neves, dando ritmo e tom aos que se tornariam bolsonaristas, coxinhas, MBLs e similares:

    “Não quero o impeachment, quero ver Dilma sangrar.”

    Barbárie e vandalismo que resultaram nisso aí, que temos agora. Essa turma do PSDB, FHC inclusive, foi burra, os exemplos de que, em se alimentando cão raivoso uma hora ele te morde são muitos.

    Quanto ao Geraldo Alckmin, o mais tucano e mineiro por manter-se quieto e em cima do muro… ora, se se manteve quieto mesmo, prevaricou. Mas se agiu nas sobras, é pior: não viu a Sabesp sendo vendida? Não viu a turma espetando -e cobrando por isso – colunas para um monotrilho que jamais seria construído? Porque quis decretar sigilo sobre documentos do estado? Porque queimou – ou dando o benefício da dúvida, deixou “queimarem” – documentos do metrô? Não viu o que acontecia, também em obras viárias, com o rodoanel, Paulo Preto, José Serra?

    https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,incendio-criminoso-destruiu-papeis-do-metro-imp-,968856

    https://www.brasildefato.com.br/node/17707/

    Não, de “provinciano” Alckmin não tem nada. É só mais um do PSDB.

    1. Alkmin ficou 14 anos mandando em São Paulo. Não conseguiu criar uma obra que será lembrada no futuro ( roloanel e monotrilho). Só pra efeito de comparação roosevelt com 12 anos impediu a isso dos estados unidos. Merece geraldo acabar trabalhando num programa tão sonolento quanto o tucano.

  3. Enquanto não tiver alguém que “parta pra cima” da globo, as coisas vão ficar sacudindo mas nada vai sair do lugar.

    …E a agenda antissocial vai se impondo…E la nave va.

    As peças vão sendo substituídas, enquanto os donos do jogo seguem a mesma batida…

    Resta ao Aécio ir para o DEM, do Rodrigo Maia, ARENA e UDN de raiz.

      1. Falei brincando, Lucinei. Acho que o PSDB, privatistas enrustidos de social-democratas infiltrados na coisa pública para destruí-la e assim dar a gestão dos cofres públicos às empresas privadas, é o lugar certo de Aécio.

    1. Os bagaços: de Cunha a Moro

      Por Emiliano José

      Fico olhando, de soslaio.

      Quando há crise de hegemonia, a volatilidade das figuras políticas dominantes é altíssima.

      Os de cima navegam entre o pragmatismo e a traição.

      Valer-se de figuras sem princípios para atingir objetivos de um preciso instante torna-se regra.

      Aliada a outra: descartá-las logo que percam utilidade.

      Eduardo Cunha foi essencial no golpe contra Dilma, preservado enquanto conduzia-o “com Supremo e tudo”, no dizer jucaniano.

      Alcançado o objetivo, é jogado à masmorra, como traste imprestável.

      E que não fizesse delação.

      Michel Temer, alçado à presidência pelo mesmo golpe, prepara o terreno para o sucessor, com um pacote de maldades consistente contra os trabalhadores.

      Terminado o serviço, voam no pescoço dele.

      Não serve mais pra nada.

      Como não atrapalha, pode esperar em liberdade – e é da lei que assim seja.

      Como Aécio Neves, tão útil na preparação do golpe.

      Como Serra, escanteado, mas livre.

      Como FHC, um pavão sem serventia atualmente, não obstante aliado da Inquisição.

      São laranjas maduras.

      O próximo tirou licença por alguns dias.

      É laranja madura na beira da estrada.

      Prestou inimitável serviço à destruição dos pilares da Nação.

      Prendeu o principal líder de nossa história, Lula, que ganharia a eleição com um pé nas costas.

      Combinou ganhar em troca a Justiça.

      Tudo que é sólido desmancha no ar.

      Não tem mais nenhuma utilidade.

      Atrapalha, quem diria, até o governo da extrema-direita, morou?

      O jornalismo sério o interceptou – desculpem o trocadilho.

      Moro será uma triste lembrança na história.

      Um bagaço.

      Lula, ainda preso, eterna presença no coração do nosso povo

  4. Que ele se dane……..simplesmente…..

    Porcausa desse senhor e seu incorfomismo por perder uma eleição estranhíssima, cujo presidente do tse ficou fechado durante varias horas com mais alguns capiaus apurando os votos enquanto o país inteiro esperava – se esqueceram desse bizarro episódio?, ninguém quis apurar o que realmente estava acontecendo? – estamos pasaando o pão que o demotucanos amassou, aturando fascistas no governo, vendilhões da patria travestido de ministros, um governo totalmente descolado e contra o povo…..

    Ele que se dane……….

  5. Ééé Nassifão tem muito B.O(problema)pra gente resolver,esquenta não,relaxa, a cidade é nossa !! VIVA AO BRASIL(ou seria Viva o Brasil o correto?)
    Obs: Todo estes estragos no Brasil seriam inevitáveis,a questão é…e agora!
    ASS.:José Marcelo especialista em qq assunto formado pela Faculdade da Vida com GRADUAÇÃO EM HARVARD(não liguem lá pra conferir com o meu suposto orientador)
    Obs2.:Nassif eu tento ser normal aqui mas não consigo resistir à tentação de sair da linha!
    Obs3.:Nassif eu espero ainda poder escrever um belo de um comentário aqui pra vc se orgulhar de mim,só q eu não se esforço me acomodei e adaptei a este estilo q vos escrevo!!

    1. Se bate sim: nunca num cachorro de verdade, mas num humano cachorro que comeu toda a ração, cagou dentro de casa, deixou o ladrão entrar nela, ganhou afago de bandidos e ainda mordeu quando vc chegou…
      Merece uma surra, de espada de São Jorge
      Um chá de “comigo ninguém pode”.
      Quero ver o povo comemorar a morte destes canalhas como fizeram com Thatcher em UK. E que fossem cremados e suas cinzas jogadas no esgoto. Pq se enterrar não nasce nem grama no lugar.

  6. O triste desta coisa toda é que estes sujeitos ainda são a nata do partido dos bicudos. Triste,muito triste.
    O que está vindo,com o boneco de plástico e sua turma, é muito pior.

  7. Nassif,Dilma deveria ter procurado Aecio para propor um pacto político,já que o país estava dividido depois da campanha.Ao contrário de Dilma,Aécio sempre foi conciliador.Ela,como vencedora,deveria o ter procurado.Pelo contrário,o ignorou de forma grosseira e ainda praticou um estelionato eleitoral,a Levy.

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