Um dos grandes desafios do momento atual é separar a ciência dos fake news. Há duas espécies de fake news: o das redes sociais e dos meios de comunicação.
No Twitter, o ex-deputado Osmar Terra insiste na tal imunização de rebanho, depois de ter errado suas projeções de morte pelo Covid em 40 vezes – previu 5 mil mortes e já se está batendo nas 200 mil.
Pela velocidade de contágio desse vírus podemos estimar que ao chegar em 85% da população infectada ou com imunidade natural(40%), começam a diminuir os casos, as internações e as mortes. Alguns Estados brasileiros já estão próximos disso. https://t.co/ADZyBzu0OU
— Osmar Terra (@OsmarTerra) January 11, 2021
Dias atrás, na Globonews, Demétrio Magnolli fez uma candente defesa do direito do povo se aglomerar nas festas de fim de ano. Hoje, na CNN, Alexandre Garcia comparou a tragédia de Manaus com o suposto sucesso de Belém do Pará, atribuindo-o a uma empresa que distribuiu cloroquina à população, o tal tratamento antecipado coincidentemente defendido pelo Ministro da Saúde general Pazuello.
De fato, há uma polarização que impede uma avaliação mais serena dos limites e virtudes da cloroquina. Mas foi a visão fantasiosa sobre seus poderes miraculosos que serviu de álibi para a campanha anti-vacina de Bolsonaro, que continua empenhado em boicotar a vacinação. Ao afirmar taxativamente que o pacote de cloroquina resolveu os problemas em Belém, há um enfraquecimento da campanha pela vacinação.
O que a Agência Xeque levantou:
- Não há nenhum estudo, nem científico, nem pesquisas, confirmando a hipótese de Alexandre. Sua única evidência é o fato do Pará estar em melhores condições que o Amazonas.
- No entanto, os estados vizinhos do Maranhão têm situação bem melhor do que o Amazonas e o Pará. E não há nenhuma indicação de consumo extensivo de hidroxicloroquina.
- Portanto, a única evidência apresentada por Alexandre Garcia não se sustenta.
Amazonas
Pará
Maranhão
Piaui
Mais que isso. Nos últimos 7 dias, a média diária semanal de novos casos no Pará saltou de 7 mil para 10.756, uma alta de 53%.
A média móvel de óbitos saltou de 147,11 para 205,71, alta de 40%.
Não apenas isso. Foi o 8o estado com maior crescimento de casos nos últimos 28 dias e o 4o estado com maior crescimento nos últimos 14 dias. É também o 5o em crescimento de óbitos nos últimos 28 dias.. Em 17 de dezembro passado, o número de casos do Pará representava 1,8% do total de casos do Brasil. Hoje em dia, representa 2,2%, indicando crescimento maior que a média.
Por tudo isso, seria conveniente que a campanha em defesa da vacinação, lançada pela CNN, fosse reforçada com um esclarecimento sobre o tema, que poderia enfraquecer os argumentos pró-vacinação perante seus assinantes.