Jornal GGN – O Quebrando o Tabu reproduziu no Twitter um trecho da reportagem da Rede Globo que mostra a reação desesperada e indignada do avô de Ágatha Félix. A menina de 8 anos faleceu na madrugada de sábado (21), após levar um tiro de fuzil nas costas, disparados por policiais que atuam no Complexo do Alemão.
Em nota, a Polícia Militar argumentou que núcleos da UPP estavam sendo atacados ao mesmo tempo em vários pontos da região e decidiram revidar com tiros. Não há, contudo, informações sobre agentes feridos.
Na contramão, moradores negaram os alegados ataques simultâneos à imprensa e informaram que os agentes abriram fogo numa rua movimentada porque tentavam acertar uma moto em movimento, mas acabaram atingindo uma kombi onde Ágatha estava com um familiar.
O avô de Ágatha reagiu afirmando que a menina era “filha de trabalhador” e que foi assassinada por uma polícia irresponsável que atira em “qualquer pessoa na rua”.
Assista:
“Foi a filha de um trabalhador, tá? Minha neta fala inglês, tem aula de balé, tem aula de tudo. Ela é estudiosa. O polícia atirou em quem? Foi em traficante? Foi na filha dele? Não! Foi na minha neta. Agora tá aí, perdi minha neta. Não era pra perder, nem eu nem ninguém.” pic.twitter.com/txewse4I0f
— Quebrando o Tabu (@QuebrandoOTabu) September 22, 2019
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Em 1965 fui com meu pai ao Rio de Janeiro quatrocentão. Criança ainda, mesmo assim anotei na retina o incômodo da Baixada Fluminense vista da Av. Brasil. A Cidade Maravilhosa já era então a Ilha da Fantasia denunciada pelo escritor Lima Barreto no início do século passado. Repito: Ilha da Fantasia.
Tanto que o carnaval, o MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA, ainda hoje, brotava sua alegoria saída das entranhas estranhas ao urbanismo maravilhoso que desenhava o Aterro do Flamengo em contraste com o Morro do Pinto, esse binômio asfalto-favela que timbra o a cartografia das cidades brasileiras. E não vou falar de sol, praia e mar. Estou falando de sangue e cidadania.
Falar nisso, outra maravilha é a canhestra Curitiba, a Cidade européia e suas 220 favelas, sem contar sua pobreza, ou melhor, miséria cultural, aonde a democracia brasileira está enclausurada, não sem heróica resistência. E por aí vai.
Voltando ao “humor carioca”, cortina de fumaça tapando o pau puro do dia a dia, Geraldo Pereira compôs a abolição de sua “nega” escravizada na “cozinha da madame em Copacabana”, quando Getúlio Vargas criou o Ministério da Economia. Aí o clichê que não tem graça nenhuma, muito pelo contrário. Com o Flamengo embalado a Festa na Favela desvia o olhar do Ninho do Urubu, da Maré, Alemão, Fallet etc. Ali a elite carioca comemora com fogos sem nenhum artifício o sacrifício da galera e o topônimo dissimula discriminação.
É a cidade horrorosa e sua marcha marcial que pisoteia a gente preta e pobre, confinada nos currais compulsórios (a bala) de concentração. A intuição da criança alcançou o velho.
beleza de comentário…
parabéns