
Jornal GGN – A politização da pandemia do novo coronavírus acaba de ganhar um novo capítulo. A Fiocruz – instituição de referência no Brasil e no mundo pela pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas para o SUS, entre outros feitos – atravessa um período eleitoral para definição da próxima presidência. E os bolsonaristas radicais decidiram que está na hora de tirar o compromisso com a ciência da frente, para colocar no lugar seu lugar um nome estritamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro. No caso, o funcionário da Fiocruz Florio Polonini, ex-filiado ao PSL.
Polonini está em campanha para derrubar a socióloga Nisia Trindade, a primeira mulher a presidiar a Fiocruz. Nisia foi indicada pelo ex-presidente Michel Temer a partir de uma listra tríplice. A preocupação agora é que Bolsonaro desrespeite essa lista e escolha o candidato que quiser, como fez com Augusto Aras na eleição para a Procuradoria-Geral da República.
Segundo o jornal Valor Econômico, Polonini tem apoio dos deputados Carlos Jordy (PSL-RJ), Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), além de ser defendido por militantes e blogs de direita.
Para os bolsonaristas, a Fiocruz foi tomada pela “ideologia de esquerda” e precisa ser aparelhada pelo atual governo. Eles criticam o fato da Fiocruz ter recomendado lockdown intermitente ao longo de 2 anos por causa da pandemia, e ter chancelado estudos científicos que apontam os perigos da cloroquina – contrariando Jair Bolsonaro.
Jordy disse que Polonini é “um conservador em um ambiente dominado pelas esquerdas” e que “é justo apoiá-lo para que possamos extirpar a ocupação ideológica de esquerda dos ambientes acadêmicos e de pesquisa.”
Ex-funcionário da Fiocruz, o deputado Márcio Labre (PSL-RJ) já organizou um encontro entre Polonini e Jair Bolsonaro para a próxima semana.
ESTRATÉGIA ELEITORAL
Na tentativa de impedir que Polonini chegue à lista tríplice, Nilse Trindade e seus dois concorrentes se uniram em torno do projeto de continuidade da atual gestão e pedem votos aos funcionários da Fiocruz.
A ideia é garantir, além de Nilse, a presença do vice-presidente de Gestão, Mario Moreira, e do coordenador de Vigilância em Saúde, Rivaldo da Cunha, na lista.
Eles concordaram que a “conjuntura” exige “maturidade política” neste momento. “Estamos unidos em prol da preservação institucional e de um projeto muito caro à sociedade brasileira”, disse Moreira em um debate entre os candidatos.
Ainda de acordo com o Valor, “Polonini se filiou ao PSL após o primeiro turno da eleição de 2018 e se desfiliou em dezembro de 2019, depois de Bolsonaro brigar com o presidente do partido e sair para fundar sua própria legenda, mas disse que ‘está cada vez mais distante’ da política.”
A Fiocruz elege a próxima presidência entre 17 e 19 de novembro. A lista tríplice a ser definida pelo voto dos funcionários será então encaminhada a Bolsonaro.

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