De Rita Lee à Glória Maria, a retrospectiva das perdas no mundo artístico em 2023

Grandes nomes da música, cinema, literatura e futebol nos deixaram ao longo do ano; confira a lista

Reprodução: GGN

Com o fim de 2023 na porta, é hora de olhar para trás e relembrar todas as perdas que a cultura e as artes passaram. O Jornal GGN preparou uma retrospectiva. Veja abaixo a lista completa.

Rita Lee: Ícone da música brasileira, Rita Lee morreu em uma segunda-feira, no dia 8 de maio de 2023, em São Paulo, aos 75 anos. A artista lutava contra um câncer de pulmão.

Rita Lee explodiu na década de 60 com a banda Os Mutantes, grupo formado durante o Movimento Tropicalista, reverenciado no Brasil e no mundo.  

Ao longo de 60 anos de carreira, Rita foi consagrada estrela da música brasileira por meio de sua carreira solo, com composições criativas, que destacam a liberdade feminina. 

A artista morreu em casa, cercada de amigos e familiares. 

Negô Bispo: O intelectual e ativista negro, Negô Bispo, morreu aos 64 anos devido uma parada cardiorespiratória. Primeiro membro de sua família a ser alfabetizado, Bispo, que, formalmente, só completou o ensino fundamental, era considerado por muitos um dos maiores intelectuais quilombolas do Brasil.

Bispo publicou dois livros, sendo Quilombos, modos e significados (2007) e Colonização, Quilombos: modos e significados (2015), além de vários artigos e poemas. 

Vovó Palmirinha: A apresentadora Palmira Nery da Silva Onofre, morreu aos 91 anos, em decorrência de um agravamento de problemas renais crônicos.

Palmirinha marcou a história da TV brasileira com suas participações em programas culinários. Estreou na TV em 1994, aos 63 anos, ao participar de uma matéria do programa da Silvia Popovic, na TV Bandeirantes.

Ana Maria Braga, vendo o carisma de Palmira, a convida para seu programa e é ela, inclusive, que a transforma em Palmirinha, que é como Ana a chamava. Elas se referiam uma a outra assim, no diminutivo. “Aninha e Palmirinha”.

Em 1999, foi contratada pela TV Gazeta para apresentar o TV Culinária. Depois, teve oportunidade de apresentar o “Programa da Palmirinha” no canal fechado Bem Simples/FOX Life que ficou no ar até 2015.

Alberto da Costa e Silva: Ocupante da cadeira nº 9 na Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros, era especialista na cultura e na história da África, onde foi embaixador do Brasil por quatro anos, na Nigéria e no Benin. Escreveu mais de 40 livros, entre poesia, ensaio, história, infanto-juvenil, memória, antologia, versão e adaptação.

Morreu de causas naturais em sua casa, no Rio de Janeiro.

Enrique Dussel: Nasceu em Mendoza, Argentina, em 24 de dezembro de 1934, e em 1975 chegou ao México em exílio, onde posteriormente obteve a nacionalidade. Dussel é reconhecido internacionalmente por seu trabalho no campo da Ética, Filosofia Política e Pensamento Latino-Americano em geral e por ser um dos fundadores da Filosofia da Libertação, corrente de pensamento considerado o fundador principal. 

Dussel morreu aos 88 anos, na Cidade do México. Não foi informada a causa da morte.

Fernando Botero: Considerado o maior nome da história da arte colombiana, pintor e escultor faleceu por conta de uma pneumonia em sua casa em Monaco, aos 91 anos. Nascido em Medellín, Botero quebrou todos os recordes artísticos, levando um total de 300 mil pessoas a visitar sua exposição no Palácio de Belas Artes do México ou as 155 mil no Museu de Belas Artes de Bilbao.

Entre suas obras mais conhecidas destacam-se as releituras para a Mona Lisa (Leonardo da Vinci) e O Casal Amolfini (Jan Van Eyck), além de pinturas destacando a violência policial na Colômbia e a questão do narcotráfico – como as obras que mostram a morte de Pablo Escobar.

Domenico De Masi: O sociólogo italiano, que pensou o conceito de “ócio criativo”, morreu em Roma, aos 85 anos. No dia 15 de setembro, De Masi descobriu que estava doente enquanto estava de férias em Ravello, sua cidade natal, segundo o jornal italiano “Il Fatto Quotidiano”. A causa do óbito, no entanto, não foi divulgada.

O sociólogo formulou o conceito de “ócio criativo”, que propõe a fusão entre trabalho, estudo e lazer como forma de criação de riqueza em uma sociedade pós-industrial.

Léa Garcia: A atriz brasileira Léa Garcia, que foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, em 1957, por seu papel em Orfeu Negro, morreu na cidade de Gramado, aos 90 anos de idade, vítima de um infarto.

Nascida em 1933, no Rio de Janeiro, os planos iniciais da atriz eram de cursar letras e ser escritora. Mas a vida tomou outro rumo e, em 1952, Léa subia aos palcos pela primeira vez na peça “Rapsódia Negra”, pela companhia Teatro Experimental Negro. 

Já em 1957, ela interpretou a personagem “Serafina” no longa-metragem “Orfeu Negro”, dirigido pelo francês Marcel Camys. O filme foi indicado ao Palma de Ouro em Cannes em 1957 e venceu o Oscar de “Melhor Filme Estrangeiro”, no ano seguinte.

José Murilo de Carvalho: Estudioso de temas como Império e militares na política brasileira, historiador e cientista político morreu aos 83 anos, no Rio de Janeiro. 

José Murilo de Carvalho era integrante da Academia Brasileira de Letras e também fazia parte também da Academia Brasileira de Ciências. Considerado um dos maiores historiadores e intelectuais brasileiros, José Murilo era mineiro, bacharel em sociologia e política pela UFMG, mestre em ciência política pela Universidade de Stanford, na Califórnia, onde defendeu tese sobre o Império Brasileiro. 

João Donato: Guru da música brasileira, o compositor morreu aos 88 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de uma infecção pulmonar.

Com 74 anos de carreira, Donato lançou seu primeiro álbum em 1959 e desde então foram lançados mais de 20 compilados de suas faixas. Ao longo de sua trajetória musical fez diversas parcerias com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Aldir Blanc, Arnaldo Antunes, Cazuza, Gilberto Gil.

Donato nasceu em Belém do Pará, em 1931. Ele começou a tocar piano aos 5 anos de idade e aos 15 anos já tocava profissionalmente. Os prêmios foram muitos, incluindo o Grammy Latino à Excelência Musical em 2010 e o Lifetime Achievement Award na 20ª edição do Brazilian International Press Award.

Jane Birkin: A atriz, cantora e ativista britânica morreu aos 76 anos em sua residência em Paris, segundo informações do Ministério da Cultura da França.

Jane começou a carreira como atriz e modelo na Londres dos anos 60 e foi uma figura conhecida pelo seu ativismo pelos direitos das mulheres, LGBT+, passando pelo apoio aos refugiados e por sua atuação junto à Anistia Internacional.

Milan Kundera: Autor do best seller mundial, “A insustentável leveza do ser”, Kundera morreu no seu apartamento, em Paris, e tinha 94 anos. 

O escritor nasceu na cidade tcheca de Brno, mas emigrou para a França em 1975 para se exilar por críticas à invasão soviética da Tchecoslováquia. Kundera perdeu a cidadania tcheca 4 anos depois.

Teve outras publicações com notoriedade, como “O livro do riso e do esquecimento”, e os romances “As valsas dos adeuses”, “A vida está em outro lugar” e “A ignorância”. O autor é publicado no Brasil pela Companhia das Letras, que lançou sua obra em ebook pela primeira vez em 2023. Kundera era contra a ideia.

Milan Kundera se tornou novamente cidadão tcheco em 2019.

Astrud Gilberto: A cantora que deu voz à versão em inglês de “Garota de Ipanema”, morreu aos 83 anos, em sua casa, na Filadélfia (EUA), em 06 de junho de 2023. Astrud ganhou fama internacional e se tornou a primeira mulher a vencer o Grammy de música do ano por conta da canção.

“The Girl from Ipanema” se consagrou como a segunda música brasileira mais tocada em todo o mundo, mas Astrud jamais foi compensada pelo sucesso, como repercutiu o GGN em fevereiro de 2022.

De acordo com uma reportagem especial do site The Independent, publicada no início do ano passado, a cantora foi vítima de “misoginia e maus-tratos”. Na publicação, o repórter ainda relatou que aquela que foi o “rosto e a voz da bossa nova para a maioria do planeta” passou a viver “isolada e desconhecida”, um destino trágico para uma artista “tão exuberante”.

Astrud nasceu em Salvador, em 29 de março de 1940, e foi casada com João Gilberto entre 1959 e 1964, quando começou a cantar. 

Theo de Barros: Um dos principais instrumentistas brasileiros e co-autor de ‘Disparada’, morreu aos 80 anos.

Nascido no Rio de Janeiro e radicado em São, Theo foi um dos integrantes do Quarteto Novo. O grupo foi criado inicialmente como trio, com ele, Airto Moreira e Heraldo do Monte. Posteriormente, entrou Hermeto Pascoal. O Quarteto Novo lançou apenas um LP, em 1967, até hoje cultuado. 

O músico também compôs Menino das Laranjas, gravada no primeiro compacto de Elis Regina, em 1964. Vandré também incluiu a obra no seu primeiro LP, no mesmo ano. Menino das Laranjas ganhou outras versões, como a de Mariana Aydar.

Carioca do bairro do Catete, Theo compôs sua primeira música aos 11 anos, o samba Saudade Pequenina. 

Toninho Ramos: O grande violonista brasileiro que fez carreira na Europa, morreu em 28 de fevereiro, em Toulon, na França. 

Antônio Ramos (1942-2023), que  completaria 81 anos no próximo dia 6 de março, a qualidade de compositor-intérprete surgiu aos 13 anos, já em suas primeiras apresentações, em que mesclava obras clássicas e populares com suas primeiras composições e arranjos.

Residindo na França desde a década de 1970, Toninho Ramos nasceu em São Paulo em 1942, mas cresceu em Uberaba, Minas Gerais.

Gloria Maria: Um dos ícones da TV brasileira, Glória Maria morreu aos 73 anos, no Hospital Copa Star, na zona sul do Rio de Janeiro. A jornalista fazia tratamentos para câncer desde 2019.

Gloria Maria foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, e fez coberturas históricas. Nos anos 60, fez seu primeiro estágio no programa do Chacrinha, e ao longo dos últimos anos apresentou diversos programas da TV Globo, como o Jornal Hoje e Fantástico. Desde 2010, integrava a equipe do Globo Repórter.

Há 4 anos, Glória Maria foi diagnosticada com câncer de pulmão, que conseguiu tratar com imunoterapia. Pouco tempo depois, entretanto, ela sofreu metástase no cérebro. Tratamentos e cirurgia impediram o avanço do câncer, mas novas metástases cerebrais apareceram e os tratamentos não surtiram efeitos. Morreu no hospital.

Roberto Dinamite: O jogador morreu aos 68 anos. Desde o final de 2021 ele fazia tratamento para tumores descobertos na região do intestino. 

Dinamite foi o maior artilheiro da história do Vasco e o jogador com mais jogos pelo clube. O ex-atacante também é o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, com 190 gols, e do Campeonato Carioca, com 279.

Ao longo de sua carreira, Dinamite jogou também pelo Barcelona, na Espanha, e teve passagens pela Portuguesa e pelo Campo Grande, no Brasil. Com a camisa da Seleção brasileira, o ex-atacante disputou as Copas do Mundo de 1978 e 1982. Ele se aposentou dos gramados 10 anos mais tarde, em 1993, pelo Vasco.

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