Coragem civil, qualidade rara nos dias de crise que vivemos, por Eugênio Aragão

no DCM

Coragem civil, qualidade rara nos dias de crise que vivemos

por Eugênio Aragão

Mut auf dem Schlachtfelde ist bei uns Gemeingut, aber Sie werden nicht selten finden, dass es ganz achtbaren Leuten an Zivilcourage fehlt.“ (Otto v. Bismarck, citado por Robert v. Keudel, 1901).

[trad. “Coragem no campo de batalha é entre nós parte do patrimônio comum, mas não raro se constata, que falta coragem civil a pessoas mui respeitáveis.”]

Épocas de crise política são uma oportunidade de recobrar virtudes perdidas ou nunca antes valorizadas. As crises são desencadeadas por destruição de consensos e, para reconstruí-los, é preciso o reforço daquilo que todos prezam porque para si o exigem, mesmo que neguem aos outros.

Virtudes não se encontram no dia a dia “dando sopa” na sarjeta. Ainda que delas falemos de boca cheia como se as possuíssemos em abundância, são preciosidades raras, principalmente quando a polarização moralista torna hábito olhar para o rabo alheio quando se senta sobre o próprio.

O Brasil se encontra numa dessas encruzilhadas da história em que dependerá muito de se acertar em escolhas dramáticas para não cair no abismo. E todos parecem saber o melhor rumo, mas ninguém o quer desbravar. O abismo é o outro, a quem se quer eliminar, mal enxergando que, a cada impulso exterminador, aproxima-se mais a borda do precipício que pode a todos engolir.

Virtudes são o freio ao ímpeto destrutivo e precisamos cultivá-las. Mas, para assim fazermos, temos que nos vestir de coragem civil. Esta consiste sobretudo em não ter medo de fazer o que, no íntimo, ouvido nosso Eu histórico, sabemos que é certo, pouco nos importando com as furiosas críticas que advirão para afetar nossa autoestima e nos fazer vacilar.

Ter opinião e atitude em tempos de polarização exige determinação e não impressionar-se com os maus olhares, as broncas e as maledicências daqueles que, por oportunismo, por fraqueza ou por comodidade, preferem seguir a manada no seu estouro picada afora.

Ter opinião e atitude implica receber crítica e causar desconforto. Quem, nestes tempos, opta por dizer o que pensa pode ter a certeza de que vai arrumar muitos inimigos, mas vai também receber apoios, encontrar aliados e companheiros de caminhada, imprescindíveis para a superação da crise que afeta a cada um de nós.

Há carência de verdades indisfarçadas e apresentadas de forma simples e direta; verdades amplamente assimiláveis e mobilizadoras. Portanto, tê-las e externá-las, por mais bronca que atraia, encontra eco imediato por atender a enorme demanda.

Já a covardia de não querer tomar partido fortalece o dos celerados, dos narcisistas e dos mal intencionados. Querer estar de bem com todos é buscar desconfianças contra si e leva fatalmente ao isolamento e à solidão do insignificante na manada.

Coragem civil é dar a cara à tapa, mas também é dar impulso às transformações necessárias para um tempo melhor. Faz mais sentido do que se esconder na turba, como uma avestruz a enterrar sua cabeça na terra.

É preciso dizer hoje em alto e bom tom que nossas instituições fracassaram no cumprimento de seu papel constitucional. O Congresso, por ambição e cobiça, deu, com a ampla maioria de gente sem caráter e contaminada pelo ódio político e de classe, sustentação a um bando de corruptos sem princípios, que se apossaram do governo na traição ao eleitorado e à sociedade.

Permitiu-se vender a preço de banana os ativos estratégicos do País, destruir o parque tecnológico, rifar direitos conquistados a duras penas ao longo de décadas de história sofrida e sanguinolenta e tirar do Brasil sua invejável posição de respeito e altivez no concerto das nações.

O judiciário e o ministério público foram mais que coniventes, foram co-autores na empreitada. Portaram-se mal e escolheram o lado do golpe contra a democracia. Reforçaram, com discurso moralista barato e tom exaltado de falsa indignação, a polarização política. Jogaram para a plateia. Quiseram-se bonitos e cheirosos, à busca narcisista de aplauso.

Esqueceram-se convenientemente do seu dever de defesa  do Estado de Direito e da democracia. Traíram repetidamente a letra da Constituição. No auge da crise por eles sustentada pediram aumento de seus ganhos, indiferentes com a gravidade do momento: repetiram a saga dos soldados romanos a jogarem dados na disputa pela túnica de Jesus ao pé do crucifixo.

Desprezaram a segurança jurídica, aniquilaram o devido processo legal, o julgamento justo, a presunção de inocência, o direito à imagem, o direito à esfera privada. Entregaram seus investigados e seus réus à ira pública. Como Pilatos, soltaram Barrabás e crucificaram Jesus: protegeram Temer e Aécio e expõem Lula e os seus à exigência de lustração de falsa moral.

Usaram o tal “Combate à corrupção” como arma seletiva para inviabilizar o governo popular e devolver o País a sua aristocracia cleptomaníaca. Com esta festejam seu poder, seu prestígio e seu bem-estar, às custas das massas desempregadas e desabrigadas.

Ter coragem civil é dizer não a isso tudo, é exigir a devolução do poder à verdadeira soberania popular, aquela que consagrou Dilma Presidenta constitucional do Brasil. Ter coragem civil é assumir a defesa dos injustiçados, pouco ligando para os “Antagonistas” da vida, que sempre vomitarão ódio e falsa indignação.

É acolher com dignidade os que tiveram sua reputação destruída e ajudá-los a recupera-la. É abraçar José Dirceu. É reconhecer a brutalidade de que Ângelo Goulart e Willer Tomás foram vítimas por perseguição corporativa. É exigir respeito a Lula. É estar em luto por Luis Carlos Cancellier. É lutar pela volta de Dilma. É ir às ruas contra o roubo de direitos e contra a entrega aviltada dos ativos nacionais.

Quem quiser ficar em casa, que fique, mas que não pretenda ser tratado com honras dos heróis. Que não queira reconhecimento que se dá aos lutadores. Que se contente com sua insignificante existência covarde e deixe os bravos lutarem! Que não reclame mais tarde, se tudo estiver perdido. Coragem civil é mais que necessária agora. Já!

 

Redação

19 Comentários

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  1. Eugênio Aragão !

    A cada dia que passa, mais e mais aumenta ninha admiração por este dígno e corajoso homem ! E fico me perguntando, onde estava ele esses anos todos, que ninguém viu ?

    Obrigado, dr. Eugênio, que ao lado do Requião, são das pessoas que mais admiro na política. Gosto do estilo deles, sem firulas, direto e reto, como dizem por aqui. E mesmo sem saber se daria um bom político, já que alguém dizia “O Brasil não é para amadores “.

  2. Bravo!
    Bravo ministro!

    Vamos unidos para a luta. O golpe faz água por todos os lados. Não faltam argumentos para seu combate. A classe média formadora de opinião também sangra com as ações regressivas em curso. O nicho do moralismo conservador, mais recente bastião dos golpistas é fácil de ser desmascarado. O povo não vai mais às ruas atrás desses impostores. Em curto e médio prazo, a bandeira popular de nenhum direito a menos. A longo prazo, a superação do sistema capitalista, tão injusto e sem sentido quanto sempre. É preciso militar para eleger uma ampla base parlamentar esquerdista. Coragem e mãos a obra.

  3. Dizer mais, até se pode, mas

    Dizer mais, até se pode, mas qualquer acréscimo não terá o condão de aumentar a força do que está dito. É o sal da Terra com todo o seu sabor.

  4. A angústia de um brasileiro

    Desde quando passei a conhecer Eugênio Aragão (onde ele estava e ninguém viu, só a Dilma sabia, e sem o mínimo de noção não o colocou como seu braço direito, não o aproveitou e o resultado foi a sua queda), percebi a sua inteligência para uso do bem, um verdadeiro brasileiro.

    A sua convocação para o poder civil, o povo, agir de forma contundente, pressionar e expulsar essa quadrilha que se apossou de maneira criminosa o poder, é um chamamento desesperado, angustiante, frente a passividade que tomou conta da maioria da população.

    Eugênio Aragão sozinho não consegue fazer nada. Mas seu poder de dissuasão é grande. Pena que seu texto fique restrito a um blog progressista cujo público frequentador é dos mais qualificados.

    Como ele disse, ter coragem é enfrentar cara feia, enfrentar dissabor, rejeição, brigar com amigos, familiares.

    Mas o jogo tem que ser feito por aqueles que compartilham com as suas ideias, e eu sempre vi nele um cidadão do bem, nacionalista. Me agrada muito ler os seus textos, porque partindo de uma autoridade do seu calibre, aguça a minha esperança de que nós podemos fazer a diferença. É só ter coragem.

  5. Palavras contra Porradas ?

    “Coragem civil é dar a cara à tapa…”. Os fascistas fazem uma interpretação literal dessa assertiva. Espancam, matam, torturam… Ou não é assim que a coisa funciona ?

    A foto revela tudo: a dignidade e coragem da mulher frente aos brutamontes armados. Mas a integridade demonstrada por essa mulher não é suficiente para derrotar um poder tirânico, violento.

    O povo também teria o direito de poder usar armas para reagir em legítima defesa ? Ou o povo só tem o direito de gritar de indignação ou gritar de dor ?

  6. M A R A V I L H A !!!

    M A R A V I L H A !!! Parabéns Eugênio Aragão. Não é fácil mas ando seguindo “à risca” essa recomendação. Obrigada pelo apoio.

  7. A ficha cai cada dia mais. A

    A ficha cai cada dia mais. A gente percebe que tem coragem sim e algumas pessoas são capazes de nos surpreender.  Eugênio Aragão é de uma dignidade para ninguém botar defeito. Ele é conhecido ou já se faz conhecido por sua coragem e capacidade de dizer e agir nas horas certas.  Eu já conhecia a qualidade dele, embora de longe. Como já foi dito pela Lenita, Requião também está presente. Ontem numa clínica, com a TV golpe ligada na sala de espera, comentavam a vergonhosa absolvição de Aécio. Uma senhora falou em claro e alto som: Eles vão ver o que os espera. Disse que nunca vendeu seu voto . (a cidade tem fama disso, é um reduto de coronéis do PMDB) e que as pessoas tinham de ter consciência para defender seu voto e seus direitos. Fiquei supercontente porque aqui o que se ouve é o contrário.  Cada reação é um sinal de fumaça na panela de pressão social. O desemprego está cada dia mais visível. Soube hoje de amigos que estão sendo perseguidos no emprego.  As pessoas estão atentas, pelo menos conheço muitas assim. E tem uma hora que a coisa arrebenta e a coragem reaparece. 

  8. Vale a Luta

    “É luta sempre, né? Nunca nos foi dada outra alternativa. Mas que me dá uma ojeriza, de usar esse hino…aquele outro lado…é como uma coisa que vem por dentro e vai formando…uma vontade de cuspir, cuspir mesmo, forte!” – Renina Valejo

    “A luta do povo brasileiro começou desde quando os invasores chegaram aqui na nossa terra, continuou com a escravidão que só acabou depois de muita luta…a gente foi pra cima na ditadura militar…a gente tem uma história de resistência popular que não está nos livros de história. A gente tem uma história de luta, de povo, povo que suou e sangrou nesse País para conseguir o que tem hoje; então não tem cabeça baixa aqui não!” – Nátaly Santiago do Levante Popular da Juventude

    A Luta do Povo Belo:

    [video:https://youtu.be/1IagAiOK9go%5D

  9. Falta unificar bandeiras e comando

    Eu já saí em varias marchas aqui em BH e todas elas com motivos diferentes, bandeiras de todo tipo, e grupos meio desencontrados. Lula em 2018 / Volta Dilma / Fora Temer / campanha nacionalista do Requião / Contra reforma trabalhista / Contra reforma de previdência / e por aí vai

    Os golpistas possuem um comando principal, mas muitas ações aparentemente independentes, que nem eles mesmos às vezes compreendem, mas que abrem diversas frentes de aprofundamento do golpe. A chave é enxergar o comando do golpe, os seus objetivos e, depois dessa análise, estabelecer uma frente objetiva e simples para o povo.

    Ataques contra a educação, o trabalho escravo, as privatizações, a fúria conservadora em temas de sexo e família, a lava jato seletiva, a impunidade tucana, a persecução ao Lula, etc., etc. A gente não sabe qual briga comprar, embora devamos comprar todas elas, mas refletido numa bandeira só: de volta de um governo popular, nacionalista e com viés social. Ainda, tiraram de nós as cores verde-amarelas e nos acusam de bolivarianos roxos, como se nós fossemos os vende-pátria.

    Quando falamos que o impeachment é golpe, eles dizem que Dilma errou e que não tinha apoio nem popular nem do congresso. Culpam os problemas atuais a Dilma ou até aos 13 anos de PT. A mídia mantém o povão desinformado.

    Enquanto isso, somos distraídos com assuntos de sexo e família, como cachorro a quem é jogada uma bola de borracha para pegar, a cada instante. Se não são os “modernosos” de esquerda (que graças a Deus tomaram mais cuidado), é o próprio PIG quem turbina estas ações, sabendo que tudo isso repercute contra a esquerda, levando povo pobre e conservador a votar pela direita.

    Vamos pra rua como? Para que? Contra as malas do Geddel? Contra o helicóptero do Perrella? Contra os 2 milhões do Aecim? Contra Temer? Contra Roucha Loures? O golpe e o PIG geram fatos e distraem a opinião pública a toda hora.

    Vou me arriscar de colocar aqui uma bandeira e uma atitude de unificação:

    Contra: o golpe do impeachment (e tudo o que ele simbolizou), contra os seus autores e apoiadores, contra as ações políticas e econômicas ilegítimas sancionadas neste período, contra o comando do golpe, incluindo os EUA, o PIG, o judiciário, o MPF, a PF, os tucanos e a quadrilha do Temer. Contra o monopólio dos meios de comunicação.

    A favor: Da candidatura Lula em 2018, do desconhecimento de qualquer ação política e econômica tomada pelo governo golpista sem apoio popular (reverter privatizações e leis perversas); revisão da divida brasileira.

    Assim, as bandeiras de hoje deverão ser unificadas em favor da candidatura popular. O candidato popular (Lula, no caso) deverá representar todo este campo, sendo mais abrangente que o PT; Os movimentos populares deverão sair contra o golpe, contra as ações do golpe e, ainda, anunciando que tudo será desfeito uma vez que o governo popular chegue novamente ao poder, desta vez com maioria popular nas duas câmaras (isso é fundamental).

    Comando único e um discurso só. Menos bandeiras levam mais gente para as ruas. A Torre de Babel é esperta e colocada em nossas mentes pelo mesmo poder que nos domina.

    1. Falta unificar bandeiras e comando

      Muito bom, alexis.

      Pergunte pelas ruas sobre a caravana do Lula pelo nordeste.

      Ninguém sabe.

      “Ah, é mesmo? Não sabia.”

      “Verdade? Não vi.”

      Então, a bandeira é pau na mídia, principalmente a rede esgoto da famiglia, o cancro a corroer o Brasil há décadas.

      Qualquer outra é permanecer nos guetos informados, como aqui e nos raros da web.

      Há que se furar o bloqueio da mídia.

      (15 comentários…; triste e revoltante)

  10. Poucos são os que têm coragem civil

    Porque é mais dificil dizer o que se pensa do que apenas abanar a cabeça. Eh menos perigoso seguir a manada do que ir contra a maré. Eh mais facil e conveniente calar-se e até rir-se com o que dizem colegas, amigos ou familiares. Mas dizer que Sergio Moro age fora da lei pode gerar conflito e até se desfazerem amizades. Como disse outro dia à uma amiga de longa data, que por trabalhar num meio conservador, se cala sempre: se mostrar neutro ou apolitico todo o tempo so ajuda aqueles que gritam mais forte.

  11. VONTADE de VOMITAR
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    Neste

    VONTADE de VOMITAR

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    Neste sábado a ROLHA de SP publíca entrevista com o sub do sub do sub  ..ou melhor, com o ex diretor comercial da empresa do SÒCIO do filho do LULA, Suassuna

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    Não gosto de defender homens, mas idéias  ..mas vamos refletir sobre o que foi publicado que, deduz-se, é a NATA do extrato dum diálogo que não tem nada de inocente e que, em tese, seus autores saberiam que poderia ser usado politicamente.

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    O EX DIRETOR diz que trablhou SETE anos na empresa de Suassuna  ..chegou a narrar episódio em que foi “aconselhado” a não trabalhar tanto, no qual retrucou que estava preocupado com os CONTRATOS com a GOL (empresa da OI)

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    Disse não ter tido acesso aos contratos e/ou tratativas havidas entre OI-Suassuna e LULINHA  ..que só viu o ex presidente ali, DEPOIS de sair da presidência  ..que OUVIU dizer, UM EX DIRETOR OUVIU DIZER,  que a Receita auferida pela empresa com a OI SERIA paga por favores prestados no passado ..que os projetos da empresa não se justificavam (isso, depos dele se dedicar SETE anos como DIRETOR COMERCIAL da empresa ?!).

    ..FIM  ..ahhh sim, disse que ouviu dizer que o sitio era do LULA

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    Por sua vez Suassuna, em defesa, disse que passou por todo tipo de fiscalização  ..que tem um CANAL de TV com a OI  ..que vendeu os direitos da “BIBLIA na Voz de Cid Morerira” pra OI que o pagou religiosamente  ..que não nega que a sociedade com Lulinha na Game Corp abriu-lhe alguns caminhos ..que metade do sito é DELE  ..que pra ele isso é chantagem de ex funcionário

    Conclusão:

    Sinceramente ? Acho que or “jornalistas da ROLHA” queriam que o Ex presidente LULA se portasse como JESUS CRISTO, que os seus fizessem como São Francisco e jurassem VOTO de POBREZA e de desapego eterno  ..e que todo o seu circulo social fosse composto por APÓSTOLOS, incluso ali Maria Madalena na forma de D.Marisa

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    OLHA, vão pra PQP !!!  ..sequer uma matéria destas deveria ter sido publicada  ..rotular de ridiculo é subestimar a MEDIOCRIDADE que suas linhas carregam  ..realmente BRASIL, assim fica difícil querer acreditar que um arrependimento e/ou reconsideração, distensão, por parte destes GOLPISTAS, um dia será possível

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    acho que não tem jeito  ..PAU nessa turma mesmo  ..ou, se não, aguarde que logo logo eles te devorarão

  12. Esta coragem civil,

    Esta coragem civil, incluiria, se entendi direito, ser capaz de criticar a política de coalisão, o republicanismo e o pragmatismo político que retiraram da sociedade qualquer referência política contrária àquelas que sustentaram ideologicamente o golpe e os consequentes ataques às instituições e ao estado de direito? Seria também constatar que além das instituições e representações políticas, movimentos e organizações sociais também foram seriamente afetadas pela instrumentalização de suas forças, aparelhamento e cooptação de lideranças em favor da ambiguidade esquerdista do pacto social PT/PMDB/PSDB? Seria necessário pensar que o enfrentamento ao golpe e o resgate de conquistas está tão, mas tão distantes, que seria preciso fazer a sociedade acreditar que tudo isto não só é necessário como é de direito?

    Esta noite começa no History Channel o “Guia Politicamente Incorreto de História do Brasil”. Já li o lvro. Vem chumbo grosso contra a identidade nacional, os símbolos, o rigor histórico e os valores que sustentam uma sociedade enquanto nação. Desses valores, a verdade será a mais atacada, sujeita a todas as relativizações, inexatidões e omissões que adornam a historiografia contemporânea no Brasil. A História na visão do coxinhas da Escola sem partido e da horizontalidade do pensamento universitário. Imperdível!

    1. Prezado
      Prezado,

      Peço vênia para comentar criticamente o primeiro parágrafo de sua postagem. Quero crer que pouca gente de esquerda tem a ingenuidade de tomar como ideal o “coalizionismo” de nosso presidencialismo.

      Contudo, sem uma forte base parlamentar de esquerda ele é inevitável e implica em concessões ah direita, face ah realidade objetiva dos poderes constituídos.

      Ou isso ou a passagem da vida entre o purismo de uma esquerda tagarelante, impossibilitada de fazer valer uma gota de mel coado de suas propostas.

      Imaginemos a vitória nas urnas de um presidente progressista sem apoio parlamentar, que não pratique a malfadada coalizão. Recordemos as pautas bombas lançadas contra a Dilma.

      Enquanto a correlação de forças no congresso não for alterada, prescindir da coalizão apenas resulta em perdas efetivas e instrumentalizaveis contra o campo progressista. A questão é espinhosa e suscita escrúpulos legítimos.

      Nesse sentido, creio que o verdadeiro escrúpulo seria deixar claro e escancarado aos eleitores de esquerda tal realidade.

      Contudo, não vejo melhor estratégia do que a união das esquerdas para a eleição de uma forte base parlamentar esquerdista, com vista ah uma coalizão progressista.

      Quanto ao livro do pensamento coxinha, valeu a dica. É preciso conhecer a fundo os argumentos a serem combatidos a fundo.

  13. Servidão Voluntária

    Acrescentando a este excelente artigo, sugiro a quem gosta do assunto um pequeno livro bastante atual e existente nas nossas grandes livrarias, apesar de escrito em 1548, por Etienne de la Boétie: Discurso da Servidão Voluntária. Somos nós, acomodados, que damos todo o poder a quem nos tiraniza.

  14. Candidatura de Eugênio Aragão para o Senado Federal

    Por que a esquerda não lança Eugênio Aragão à deputado federal, ou senador em 2018?

    Precisamos de um Congresso Nacional que respalde Lula, ou quem ele indicar, na presidência da república…

    Vamos divulgar os brasileiros que se destacaram, neste momento tenebroso do nosso país, dando a cara a bater, quando tantos se acovardam no meio político/jurídico.

    1. Alternativa

      Seria ótimo mas a alternativa melhor, a meu ver, seria ele como PGR, sem o “republicanismo” ingênuo de listas para eleição de representantes da casa grande.

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