Favoritismo de Lula pode cair com ataques de Bolsonaro no campo das pautas morais, analisa diretor da Quaest

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Na visão de Felipe Nunes, da Quaest Pesquisas, Lula tem que "se preocupar com o efeito negativo que ainda está por vir"

Bolsonaro x Lula
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – Daniel Pinheiro/Agência Brasil

O cientista político e diretor da Quaest Pesquisas, Felipe Nunes, publicou uma thread no Twitter onde analisa os resultados da pesquisa eleitoral divulgada nesta quarta-feira, 11 de maio, cujo resultado mostra que Lula lidera a corrida presidencial com 46% de intenções de voto e tem possibilidade de ganhar no primeiro turno, sobretudo se Ciro Gomes (PDT) abandonar a disputa.

No fio no Twitter, Felipe Nunes analisa como Lula e Jair Bolsonaro conseguiram se manter no mesmo patamar de intenções de votos das pesquisas anteriores, sendo que ambos se envolveram em polêmicas nas últimas semanas – Bolsonaro, ao escalar a crise com o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, e Lula ao ser alvo de matérias da grande mídia sobre problemas de comunicação após entrar em pautas como o aborto.

A análise de Felipe Nunes indica que o favoritismo de Lula segue firme em virtude da economia real. O desemprego e a inflação são a principal preocupação do povo brasileiro. Porém, esse favoritismo pode diminuir no decorrer da campanha, conforme Bolsonaro usar a chamada “pauta moral” – que reafirma comportamentos de cunho conservador – para deteriorar a imagem de Lula junto ao eleitorado.

O que diz a publicação de Felipe Nunes, diretor da Quaest:

1 – ECONOMIA EXPLICA VANTAGEM DE LULA

“O favoritismo de Lula continua sendo explicado pela relevância da economia real na vida do cidadão. Para 50%, a economia é o principal problema enfrentado pelo país hoje.” O protagonismo da inflação é “preditor de eleição de mudança”, avalia Nunes. “Não por acaso, 58% dos brasileiros acham que Bolsonaro não merece um segundo mandato como presidente, enquanto 53% acham que Lula merece voltar a ocupar o Executivo federal.”

2 – LULA CRESCE ENTRE MULHERES, MAS CAI ENTRE EVANGÉLICOS

Lula ganhou 3 pontos entre as mulheres: passou para 50% o percentual de mulheres que votam no petista, enquanto apenas 24% votam em Bolsonaro. “Por outro lado, Lula perdeu 4 pontos entre os evangélicos e viu Bolsonaro crescer 9 pontos. Ou seja, os 3 pontos a mais dentro do eleitorado feminino (1.6 pontos no total), foram anulados pelos 4 pontos a menos dentro dos evangélicos (1.2 pontos no total).”

3 – LULA E BOLSONARO NO RINGUE DAS PAUTAS MORAIS PODE AFETAR O PETISTA

Na visão de Nunes, Lula tem que “se preocupar com o efeito negativo que ainda está por vir.”

“Ao contrário do que muitos disseram, 53% dos eleitores não sabem ainda das falas polêmicas de Lula sobre o aborto. No público evangélico, 47% ainda não sabem do assunto.”

“Ou seja, com o decorrer da campanha, e o uso da fala pela campanha de Bolsonaro, a rejeição do eleitorado à legalização do aborto deve diminuir o atual favoritismo de Lula”, apontou Nunes.

Para 50% dos eleitores, uma posição favorável ao aborto afeta negativamente a chance de voto em um candidato, enquanto para 40% não altera nada. Mas entre evangélicos, 62% dizem que podem mudar o voto em função do aborto.

4 – MODERADOS SE AFASTAM DE BOLSONARO

A pesquisa Genial/Quaest de maio ainda detectou que o eleitorado mais moderado tem se afastado de Bolsonaro, à medida em que o atual presidente escala a crise com as instituições.

O estudo sondou o impacto da graça concedida ao deputado Daniel Silveira, condenado pela Suprema Corte por ataques à democracia. “A graça presidencial ao deputado Silveira engajou os setores radicais da campanha (64% aprovaram a medida), mas afastou o eleitor moderado que vinha se aproximando do presidente (54% reprovaram a medida).” No extrato geral, 45% acham que Bolsonaro errou ao decretar o perdão a Silveira.

“O afastamento dos moderados explica por que caiu o número de eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018 que defendem a sua reeleição. Eram 63% em abril e são 58% hoje (-5 pontos)”, observou Nunes.

5 – CAI A REJEIÇÃO A BOLSONARO E SEU GOVERNO

Apesar disso, é o terceiro mês seguido de queda na avaliação negativa do governo Bolsonaro (de 51% em fev/22 para 46% agora em maio). “Também é boa notícia para o presidente a queda contínua de sua rejeição. Entre fev/22 e mai/22, a rejeição à Bolsonaro caiu 7 pontos percentuais.”

6 – CAI DESCONFIANÇA NAS URNAS ELETRÔNICAS

O levantamento mostrou ainda que a faixa de brasileiros que desconfia das urnas eletrônicas caiu de 29% para 22% desde setembro de 2021. “A desconfiança só é mais alta entre os eleitores que torcem pela reeleição de Bolsonaro (36% não confia x 23% confia). No eleitor nem-nem, a confiança nas urnas é de 45%. Ou seja, a agenda de conflito institucional diminui as chances de Bolsonaro atrair o eleitor da 3ª via.”

7 – TERCEIRA VIA NÃO CRESCE

Em todos os cenários testados, nenhum dos nomes da chamada terceira via tem demonstrado potencial de romper a polarização entre Lula e Bolsonaro.

Apesar Ciro Gomes (PDT) chega no máximo a 10% das intenções de voto. O melhor desempenho de João Dória (PSDB) é 5%; de Simone Tebet (MDB), 4%. Os demais estão abaixo dos 3%.

Além disso, o voto em Lula e Bolsonaro está bastante consolidado, com 75% e 76% dizendo que com certeza votam neles; a consolidação do voto de eleitores da terceira via é mais baixa (29%).

A pesquisa Genial/Quaest foi feita entre 5 e 8/05, 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 120 municípios nas 5 regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-01603/2022.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Se o povo é facilmente manipulável pela pauta moral, então o problema não é o miliciano genocida, mas o povo!

    Tem que parar de botar a culpa de fake news, guerra híbrida, etc., apenas na extrema direita! A verdade é que o povo brasileiro é banana demais!!!!!!

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