Intervenção militar: Tem sentido a reivindicação dos caminhoneiros? Tem, mas…..

Intervenção militar: Tem sentido a reivindicação dos caminhoneiros? Tem, mas…..

Se ouve pedidos de intervenção militar junto com alguns manifestantes caminhoneiros, isto pode ser considerado algo totalmente incompatível com as reivindicações dos mesmos, mas este pedido tem sentido até determinado ponto, mas é totalmente incompatível com a política do Imperialismo.

Cada dia fica mais claro para a maioria da população que pensa é que o golpe que alguns simplesmente denominam jurídico-mediático, na realidade é um golpe do grande capital internacional.

Já no fim do século XIX e início do século XX vários economistas capitalistas e o próprio Lenin no seu livro “O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”, identificavam o surgimento de uma nova forma de Capitalismo, o capitalismo internacionalizado e ultrapassando as próprias barreiras dos impérios da época. O movimento ainda era incipiente e muitas vezes atrapalhado por lutas nacionalistas capitaneadas principalmente por grupos de direita ou extrema-direita.

Com o fim da segunda-grande guerra, o Imperialismo passou a agir mais livre das amarras nacionais e foi levado aos píncaros da ideologia da máxima eficiência pela socialdemocracia. Estes grupos de indústrias monopolistas internacionais, tem evoluído cada vez mais desembocando na famosa falácia da sociedade pós-moderna.

Porém as fronteiras do desenvolvimento do imperialismo necessitam cada vez mais de se expandir sem a mínima limitação, ou seja, as fronteiras nacionais, por mais permeáveis que sejam as mercadorias ainda encontram limitações impostas pelos precários, porém ainda existentes, parlamentos. Parlamentos estas que eleitos pelo voto universal devem tributo as oligarquias nacionais que de uma forma ou outra impõe restrições a livre circulação de mercadorias e de pessoas.

A União Europeia apesar de ser a máxima representação desta expansão desenfreada do imperialismo, ainda não aceita a entrada de determinados sócios que tem o potencial de se impor em determinados ramos em que a monopolização imperialista esteja já estabelecido. Por exemplo, a negativa para a entrada da Turquia na comunidade é um exemplo claro, escondido através de razões humanitárias ou democráticas. Também os acordos tipo Mercosul e União Europeia são restritos pois setores como do agronegócio os países do Mercosul por apresentarem vantagens competitivas que jamais serão superadas pela U.E. nem que a mesma concentre toda a sua capacidade industrial neste ramo, pois não há como aumentar o tamanho, a disponibilidade hídrica e a insolação na Europa.

O problema principal que podemos identificar no parágrafo anterior não é que os pobres trabalhadores rurais europeus ou ficaram eternamente ligados ao desemprego estrutural ou terão que ser convertidos em trabalhadores urbanos (que também estão em crise de desemprego). As grandes corporações monopolistas nem estão aí com o problema do agricultor europeu, porém estão extremamente preocupados com legislações dos países que impeçam a propriedade da terra aos grandes conglomerados.

Assim como exemplo anterior poderíamos citar inúmeros outros, onde a presença do Estado Nacional impede por legislação a expansão sem freios do Imperialismo, desta forma além da destruição da indústria dos países periféricos é necessário a extinção do Estado Nacional como um fator de constrangimento do capital internacional.

Neste ponto é que começamos a falar no problema proposto no artigo, até que ponto a intervenção militar é algo desejado pelo grande capital e até que ponto as forças armadas são um empecilho para a penetração deste capital imperial.

Muitos não entendem porque o atual golpe não é capitaneado pelas corporações militares, e o porque que uma segunda fase do golpe, com a instalação de um regime militar ainda não vingou.

Talvez a resposta mais simples é que as forças armadas da América Latina ainda não foram internacionalizadas, ou seja, as forças armadas brasileiras por mais entreguistas que sejam ainda a bandeira que eles tem que saudar é a Bandeira Brasileira.

Alguém poderia perguntar se há lugar no mundo em que as instituições militares são internacionalizadas? Totalmente não, mas a OTAN faz de forma atravessada o papel parcial de internacionalização das forças armadas dos Estados Europeus. A OTAN tem vários problemas não solucionados, por exemplo as suas fronteiras não correspondem as fronteiras da Comunidade Europeia, o caso da Turquia é um exemplo clássico, é da OTAN mas não é a Comunidade. Porém o caso mais grave da OTAN é a onipresente presença dos USA, mas como não é o assunto do texto não iremos detalhar.

Mas voltando aos assuntos pátrios, as forças armadas no governo é um empecilho, talvez não no momento, mas num futuro remoto ou próximo, da integração (que poderíamos errar na datilografia e escrevermos entregação que daria no mesmo) de todo o Brasil ao Imperialismo Internacional. Um governo militar não está salvo de aparecer num futuro qualquer algum comandante de uma fração das forças armadas que acreditando no discurso oficial de nacionalismo e amor a pátria, possa criar um projeto “Tiradenteano” para o país.

Mas indo mais fundo no caso dos caminhoneiros pedindo intervenção militar, podemos simplesmente creditar estes pedidos ao equívoco político dos caminhoneiros que não se dão conta que as próprias forças armadas ao nível de comando, estão apoiando o governo que lhes impõe a loucura da política de preços do Pedro Parente, e também podemos atribuir esta falsa imagem que talvez esteja sendo transferida pelas patentes inferiores das forças armadas aos caminhoneiros. Explicando melhor, como um caminhoneiro tem baixa probabilidade de se relacionar com as patentes mais elevadas das forças armadas, mas se tiverem interação com esta instituição será através de suboficiais ou oficiais menos graduados, que escutam de seus superiores o que estes não pensam, mas que tem como discurso, que as forças armadas estão aí para proteger o país e não para proteger quem está entregando o país para o Imperialismo Internacional, os caminhoneiros ficarão certos que uma intervenção militar seria ao seu favor.

Vamos resumir a resposta ao aparente dilema que tem no título deste artigo.

Tem sentido a reivindicação dos caminhoneiros de pedir uma intervenção militar?

Certamente tem sentido, principalmente se a avaliação das forças armadas fossem comandadas por elementos nacionalistas, não vinculados ao imperialismo internacional e fossem num senso amplo, patriotas.

Por que o mas…?

Simplesmente porque dentro do atual comando, entreguista, antipatriótico e antinacionalista é simplesmente pedir para a raposa cuidar do galinheiro.

Redação

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