Jornal GGN – A inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o ano de 2020 em alta de 4,52%, o maior resultado desde o registrado em 2016 (6,29%), segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, o índice ficou acima do centro da meta de 4% definida pelo Conselho Monetário Nacional, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em 2019, a inflação foi de 4,31%.
A alta de 14,09% nos preços de alimentos e bebidas pesou no bolso dos brasileiros e, segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica que o avanço contabilizado pelo grupo (o maior desde 2002), foi provocado, entre outros fatores, pela demanda por esses produtos, a alta do dólar e dos preços das commodities no mercado internacional.
Os preços do óleo de soja (103,79%) e do arroz (76,01%) dispararam no acumulado do ano passado, e outros itens importantes na cesta das famílias também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida (26,93%), as frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%).
Segundo Kislanov, a inflação também foi puxada pela habitação (5,25%), cuja alta foi influenciada pelo aumento da energia elétrica (9,14%). Os artigos de residência também pesaram mais, por conta do efeito dólar sobre os preços dos eletrodomésticos, equipamentos e artigos de TV, som e informática. Em conjunto, alimentação e bebidas, habitação e artigos de residência responderam por quase 84% da inflação de 2020.
Já o grupo transportes, segundo maior peso na composição do indicador, fechou o ano com alta de 1,03%, afetado pelo preço da gasolina, que terminou o ano em queda de -0,19%, enquanto as passagens aéreas tiveram uma queda de 17,15% no acumulado anual.
O único grupo a apresentar variação negativa foi vestuário (-1,13%) – segundo Kislanov, o isolamento social pode ter diminuído a demanda por roupas. “Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro”, explica.
Na análise por capitais, a alta dos preços foi generalizada em todas as 16 localidades pesquisadas pelo IBGE em 2020. O município de Campo Grande (6,85%) teve a maior variação do ano, por conta das carnes e da gasolina. Em seguida, foi Rio Branco (6,12%), Fortaleza (5,74%), São Luís (5,71%), Recife (5,66%), Vitória (5,15%), Belo Horizonte (4,99%) e Belém (4,63%), todas acima da média nacional (4,52%). Já o menor índice ficou com Brasília (3,40%).
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