Lava Jato revelou delatores da Odebrecht à Suíça, fora dos canais oficiais

Em troca, a Suíça acabou antecipando nome de executivos da Odebrecht que estavam sendo investigados sem conhecimento da Lava Jato

Foto: Geraldo Bubniak/AGB

Jornal GGN – Em mais uma demonstração de que a Lava Jato em Curitiba encobriu irregularidades na cooperação internacional com a Suíça, o jornalista Jamil Chade revela nesta segunda (8), em sua coluna no UOL, mensagens apreendidas pela Operação Spoofing que podem anular provas obtidas em processos envolvendo a Odebrecht. A defesa de Lula, inclusive, já contesta a cooperação internacional na Justiça suíça.

Segundo as novas mensagens, a equipe do procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato, enviou em 2016 uma lista antecipando ao Ministério Público da Suíça quem seria os delatores da Odebrecht. O procurador Stephan Lenz usaria a lista para também processar os executivos em seu país. Implicados em mais de uma jurisdição, os executivos aceitaram negociar a delação com a Odebrecht, que pagou uma compensação financeira a todos os colaboradores. Toda a comunicação entre o MP suíço e a Lava Jato em Curitiba, nessa circunstância da lista de delatores, teria ocorrido fora dos canais oficias.

Segundo Chade, ao receber a lista, Lenz rebateu oferecendo à Lava Jato alguns nomes que estavam sob investigação na Suíça, até então sem conhecimento dos procuradores brasileiros.

Em outra mensagens, de outubro de 2016, Dallagnol pede autorização a uma mulher chamada “Carol”, que atuaria junto à Procuradoria-Geral da República, para passar uma planilha com detalhes do acordo da Odebrecht a procuradores americanos e suíços, mais uma vez fora dos canais oficiais, sob “condição de manterem confidencial”

A reportagem destaca que se a cooperação internacional ocorreu de maneira selvagem, ou seja, à revelia do que diz a lei no Brasil, as provas obtidas por meio desse trabalho podem ser anuladas e comprometer sentenças da Lava Jato.

Outras matérias já demonstraram que houve cooperação irregular também na troca de informações com os Estados Unidos. A lei diz que tudo deve passar pela autoridade central, mas muito do que foi trocado, segundo as mensagens hackeadas, teria se dado por e-mail e Telegram, além de viagens mantidas em sigilo – tudo com conhecimento e, às vezes, orientação de Sergio Moro.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador