
Os anos de experimentação do partido Conservador britânico acabaram por trazer “caos, destruição, caos e pandemônio” ao Reino Unido, com os extremistas ideológicos voltando-se contra o próprio partido – o que culminou na renúncia de Liz Truss menos de dois meses após assumir como primeira-ministra.
“Aqueles que apoiaram Liz Truss, aqueles que projetaram o Brexit, aqueles que sempre pediram cortes na esfera pública (…) gritaram muito por sua morte, sem uma pausa seja por vergonha ou remorso”, afirma a jornalista Polly Toynbee, em artigo publicado no jornal The Guardian.
A articulista lista o impacto das medidas adotadas pelos conservadores nos últimos anos, que levaram o país a um quadro recessivo ao ponto de sua economia ter sido “facilmente superada” pelas outras nações que integram a União Europeia.
“A perda da Grã-Bretanha foi muito maior do que aqueles que Truss gostava de chamar de “contadores de feijão”, com sua “economia de ábaco”, podem medir”, ressalta a articulista, lembrando que “reputação não tem preço, embora também seja pesada na balança da confiança dos mercados mercuriais em nossas dívidas”.
A articulista também lembra a capacidade dos conservadores conseguirem se aliar a pessoas de má reputação nos mercados – e, entre elas, ela cita Donald Trump, Jair Bolsonaro, Giorgia Meloni e Silvio Berlusconi.
“É dever dos social-democratas enterrar essa ideologia e lembrar à Grã-Bretanha quem eles realmente são. Eles são o consenso do pós-guerra que Thatcher tentou arrancar”, ressalta a articulista.
Toynbee também conclama os trabalhistas a “aproveitar o momento sem medo, para continuar lembrando aos eleitores o dano que a marca particularmente perniciosa do Brexit conservador causou a eles”, como a maior queda na renda disponível às famílias mais pobres nos últimos 20 anos.
“Esta geração conservadora, a partir de 1980, transformará a Grã-Bretanha no país mais desigual da Europa, com exceção da Bulgária. Use esses fatos de novo e de novo, esfregue os narizes dos conservadores na vergonha do que eles fizeram”, finaliza a articulista, em um texto que pode também ser aplicado aos anos do governo Bolsonaro no Brasil.
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