As acusações de estupro e tortura envolvendo o astrólogo Tales de Carvalho, filho de Olavo de Carvalho, considerado o guru da extrema-direita, não surpreenderam Heloísa de Carvalho, a primogênita de Olavo e irmã mais velha de Tales.
Os fortes relatos de violência partiram de Calinka Padilha de Moura e das duas filhas mais velhas do casal, Julia Moura de Carvalho e Ana Clara Moura de Carvalho, e foram revelados pela coluna de Guilherme Amado, do site Metrópoles.
Sem negar a gravidade das revelações trazidas, a ativista de esquerda, que optou por se desvincular da família e do “bolsolavismo”, comentou à reportagem do GGN que sempre desconfiou da conduta criminosa do irmão em relação às mulheres que fizeram parte de sua vida.
“Eu sempre desconfiei que elas sofriam violência física, violência psicológica e moral, eu já sabia, isso era evidente. Mas a violência sexual, eu tinha grandes desconfianças há muito tempo. Mas nunca tive uma relação muito íntima com minhas cunhadas, minhas sobrinhas”, diz Heloísa.
“Tanto que uma vez até o próprio Olavo me disse: ‘Heloisa, pare de achar que o Tales é um intelectual, ele só pensa com a cabeça de baixo”, rememora a irmã de Tales.
A primogênita de Olavo explicou ao GGN que se mantinha distante da família devido ao fanatismo religioso de Tales – líder da uma suposta seita de aliciamento e pornografia infantil criada por Olavo – e porque o irmão nunca fez questão de estreitar laços.
“Nunca fez questão de conviver comigo, sempre fez questão de afastar as esposas e as filhas de mim. Até porque eu já tinha essa desconfiança da relação dele com a Ana Cipolla desde os 12 anos de idade dela, né?”, diz Heloísa.
Ana Cipolla é enteada de Eugênia, mãe de Tales e Heloísa. O astrólogo passou a conviver com a menina em 2004, quando sua mãe se mudou para Atibaia junto com Marcelo Cipolla, pai de Ana e revisor de diversos conteúdos publicados pelo Instituto Cultural Lux et Sapientia (ICLS), sobre religião, astrologia e matrimônio, de acordo com Heloísa.
Heloísa conviveu com Tales durante três anos para ajudar a cuidar da mãe, vítima de câncer, que também chegou a passar por internações psiquiátricas. “Meu padrasto me chamou para ajudar a cuidar da minha mãe, fizemos um acordo e eu fiquei morando com eles de 2004 a 2007”.
“Desde os 12 anos de idade da Ana Cipolla, eu desconfiava da relação entre ela e Tales. Tinha questionado a minha mãe e ela disse que era só amizade, que não tinha nada a ver, que era amizade de irmão. Mas eu sempre tive lá minhas desconfianças”.
De acordo com o depoimento de uma das vítimas e ex-esposa ouvida pela coluna de Guilherme, Calinka Padilha de Moura, Tales comunicou que consumaria o casamento com a garota quando ela completasse 16 anos, no entanto, a união ocorreu com apenas 15 anos.
Heloísa também relatou que, após uma desavença, seu padrasto Marcelo e sua mãe exigiram que Tales se retratasse com ela ou deixasse a casa, pois sua mãe precisava dos cuidados de Heloísa, e nem Tales nem sua esposa se importavam com isso. Por conveniência, Tales se retratou e, posteriormente, mudou-se para Arujá com sua esposa Calinka e suas duas filhas. Com o tempo, Ana Cipolla também foi morar com eles.
“Inclusive, essa casa que eles moravam foi alugada pelo Marcelo Cipolla, e teve também uma ação de despejo. Porque como o Tales nunca trabalhou na vida, né, vivia de pegar dinheiro com os ‘colaboradores’, como ele diz, acabou atrasando e virou uma ação de despejo contra o Marcello. Isso tudo está documentado“.
“Uma infância conturbada”
Em relação às acusações de tortura psicológica, segundo a primogênita de Olavo, seu pai não diferia muito do irmão no tratamento das esposas, salvo pela ausência de agressão física.
Em uma entrevista exclusiva ao jornalista Luis Nassif, que você pode acessar pelo link abaixo, Heloísa de Carvalho narra a sua infância e adolescência ao lado de um pai “atormentado” que influenciou uma legião de seguidores com visões distorcidas de mundo.
Durante a entrevista, Heloísa fez uma viagem ao passado, revelando detalhes sobre a relação de Olavo com seus pais, seus casamentos e relacionamentos extraconjugais. Além disso, ela discutiu a convivência com sua mãe, que enfrentou depressão e tentativas de suicídio, levando-a a passar por internações psiquiátricas, assim como Olavo, que também teve episódios de internação ao longo de sua vida.
Assista a entrevista completa aqui:
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.