A síndrome da Banana Republic, por Homero Fonseca

Quando um chefe militar vem a público dizer que a tropa “está comprometida com a democracia”, tem algo errado aí

A síndrome da Banana Republic

por Homero Fonseca

Em situações normais, Forças Armadas não se metem política. Elas não existem para isso. Em situações excepcionais, elas não deviam se meter em política. Só em casos de guerra as Forças Armadas devem agir, não falar. Quem fala pelo Exército são os poderes políticos. É assim no mundo democrático. Está na nossa Constituição de país nominalmente democrático.

Portanto, quando o comandante do Exército vem a público para dizer ao STF que a força está “comprometida com a democracia”, algo está errado.

Parece aquela história de quando o time não vai bem, os cartolas declaram que “o técnico continua prestigiado”. Todo torcedor sabe interpretar a declaração como uma ameaça: se o time perder mais uma, o treinador cai.

Portanto, a declaração do comandante do Exército não é tranquilizadora. Ao contrário, é preocupante.

Seremos eternamente afetados pela síndrome das Banana Republic?*


* Definição do Cambridge Dictionary: Banana Republic: a small country, especially in South and Central America, that is poor, corrupt, and badly ruled / um pequeno país, especialmente na América do Sul e Central, que é pobre, corrupto e mal governado.

Homero Fonseca é pernambucano, escritor e jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor da revista Continente Multicultural, diretor de redação da Folha de Pernambuco, editor chefe do Diario de Pernambuco e repórter do Jornal do Commercio. Foi também professor de Teoria da Comunicação e recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Atualmente, dedica-se à literatura e mantém um blog em que aborda assuntos culturais.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Leia também:

Elogio da preguiça, por Homero Fonseca

Elogio do fracasso, por Homero Fonseca

Elogio da vaidade, por Homero Fonseca

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador