Ciro, o Pequeno.
por Túlio Muniz
Em Outubro de 2019, o GGN publicou artigo de minha autoria (https://jornalggn.com.br/luisnassif/ciromania-por-tulio-muniz/) acerca da guinada à direta que Ciro Gomes já não mais disfarçava. Ciro não travava sua metralhadora verborrágica contra PT e sua maior liderança, Lula após, em 2018, ser preterido por Lula como seu substituto na disputa pela Presidência – e aqui há controvérsia: posteriormente Haddad revelaria que o pedetista recusara convite para encabeçar a chapa.
O tal artigo demonstrou-se fatidicamente assertivo quanto à desnecessidade de insistir em buscar apoio de Ciro Gomes no campo progressista. Era tamanha a prevalência de sua ferocidade que o GGN republicou o artigo, sem reparos, em Junho de 2021. Pois Ciro já denotava que partiria para cima do PT com faca nos dentes e sangue nos olhos em 2022, como de fato fez.
E eis que agora ele ressurge com a mesma falta de brilho, a vociferar contra Lula e o PT de maneira tão insana que Vivaldo Barbosa em artigo recente (https://jornalggn.com.br/politica/ciro-reaparece-onde-sempre-esteve-na-direita-por-vivaldo-barbosa e https://www.viomundo.com.br/politica/vivaldo-barbosa-ciro-reaparece-onde-sempre-esteve-na-direita.html ), o bem definiu como irremediavelmente alinhado à direita na política, com o agravante de ser ele o “vice-presidente nacional do PDT e o Presidente (…) é Ministro do Governo Lula”.
Já lá se vão mais de seis meses entre as eleições e a atual tentativa de Ciro de se relançar no debate político. Nesse ínterim, além de amargar a humilhação do quarto lugar na disputa presidencial, Ciro promoveu a implosão da aliança de esquerda e de centro no Ceará, mantida por cerca de 10 anos entre o PT e o PDT regionais. Do ato obteve o inédito terceiro lugar nas presidências no Ceará, onde sempre vencera, o distanciamento tácito dos próprios irmãos (Cid Gomes, senador, e Ivo Gomes, prefeito de Sobral) e do atual Ministro Camilo Santana (PT, até então aliado incondicional e mantenedor da aliança). O candidato ao Governo imposto por ele (Roberto Cláudio, PDT) terminou em terceiro lugar na disputa, e amargou ver o PT (sobretudo com o engajamento de Camilo) eleger Elmano de Freitas logo no primeiro turno.
O resultado é o PDT cearense atualmente em frangalhos. E um Ciro que, ao manter sua belicosidade contra Lula, reaparece em meio às cinzas que o cobrem e das quais não consegue se libertar.
Entretanto, ele bem que poderia fazer agora o que não fez em 2022: em vez de insistir em encarnar o Anti Lula, deveria disputar espaço com o bolsonarismo, pleno de escândalos que se avolumam, entre os quais um que, ironicamente, o próprio Ciro foi o primeiro a esboçar.
Foi em debate no SBT, em Setembro de 2022 (do qual Lula não participou). Quando Bolsonaro apontou suposta corrupção no passado de Ciro, ele obteve um minuto de direito de resposta, no qual mencionou, em breves 15 segundos, que algo havia de estranho na entrega do petróleo nacional nas concessões a empresas privadas promovidas por Bolsonaro, em particular de países árabes, a valores muito abaixo dos estipulados em mercado.
Uma previsão do escândalo das joias de origem árabe destinada aos Bolsonaro, com fortes indícios de retribuição? Mas nem no decorrer daquele debate ou em qualquer outro momento Ciro retomou o tema, talvez nem dele se lembre. Agora poderia se vangloriar da primazia da suspeita, e disputar campo com o bolsonarismo, em vez de com Lula e o PT.
Ciro segue a denotar perda total de tino político que outrora o caracterizou, e que tem por alvo o governo Lula do qual o PDT faz parte. Um detalhe que, não sendo corrigido, pode levar o partido à irrelevância nacional, como se dá no Ceará.
Não fosse isso Ciro, como bem disse Vivaldo Barbosa ,“nem mereceria referência ou atenção”.
Túlio Muniz é professor na UFC, historiador (graduação e mestrado pela UFC), Dr. na área de Sociologia (Un. de Coimbra), Jornalista Profissional. Filiado ao Partido dos Trabalhadores.
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Não adianta mirar nas incapacidades comportamentais de Ciro, como eu mesmo já fiz antes, para apagar uma verdade indelével:—-….(…) Ciro está certo!
—-(…) O governo lula é uma lástima, por onde quer que se olhe…
Agora, se vamos estabelecer um debate (sério) sobre a impossibilidade de criar um “desenvolvimento nacional” na periferia do capitalismo que apaga suas luzes (porque não tem mais de quem e como extrair mais-valia), aí é outra coisa…
Mas aí teremos que pedir aos autores e editores para se aprofundarem um pouco mais no marxismo, e isso, eu sei, é pedir demais…nem desenhando entenderão…
E eu que já votei num ser cujo cérebro desceu pro fígado, a caminho do intestino grosso…
Ciro Gomes, paraim, se tornou inconfiavel politicamente e mentalmente. Portanto, eu entendo que torna-se inútil perder tempo em tecer qualquer comentário. A flagrante decadência,em tão curto tempo, mostra a dimensão do estrago que ele próprio fez ao seu currículo e a sua história política.
Ciro Gomes é um verme asqueroso. Quando os fascistas invadiram Brasília em 08 de janeiro de 2023 ele ficou caladinho, talvez esperando o sucesso do golpe e o retorno à cena política pelas mãos dos ditadores militares (foi assim que a carreira dele começou). Agora que os terroristas de extrema direita estão sendo perseguidos na forma da Lei, o Barão de Sobral reaparece na imprensa atacando o governo Lula. Ciro Gomes não vale o que come.
Ciro jamais foi de esquerda; nem mesmo de centro-esquerda.
Porém enxerguei nele um político; jamais um agente politiqueiro dos cabeças-de-planilha, dono de um tirocínio incomum nos burocratas radicais. Mas ele assim se revelou. O comparo ao grande Silvio Romero, meu conterrâneo que, nos primeiros anos da República batia de frente com o mainstrean da época, com diagnósticos precisos; mas que quando chamado aos finalmente se mostrava o que era.