Tempos Modernos (e armadilhados)!
por Túlio Muniz
Faço coro a Luís Nassif (https://jornalggn.com.br/direitos/marcos-mion-tem-razao-em-relacao-a-frase-de-lula-por-luis-nassif/) e à edição da Carta Capital desta semana, acerca da Guerra na Ucrânia, e a outros episódios, como Felipe Neto sobre games, entre tantos, alertando Lula para que tenha cuidado com falas improvisadas. O fato desses chamamentos virem de simpatizantes que não são membros orgânicos do PT redobram sua importância.
O que não faltam são lições de como passos em falso levam a quedas provocadas por narrativas nas mídias e redes sociais: desde a prosaica compra de tapioca com cartão corporativo ao Golpe do impeachment de Dilma, à Lava Jato (e a consequente e injusta prisão de Lula), a eleição de Bolsonaro (e de resto a de Trump, o Brexit, etc).
A comunicação oficial parece titubear na prevenção, talvez por temer afrontar ao Planalto, e iria bem que o próprio PT e o governo chamem a um debate interno e amplo para lavar roupa em casa, e se atualizare se fortalecer diante do conluio da velha mídia com as nem tão novas redes sociais.
A tal Guerra Híbrida não cessa, não cessará, e cuidados devem ser redobrados. Por mais inocente que seja a ida de uma Primeira-Dama às compras de uma gravata para seu companheiro, pagando do próprio bolso e não com o do erário ou de ‘rachadinhas’, não basta que atos e palavras sejam honestos, é preciso que aparentem ser, e que sejam evitados.
É preciso ampliar as estratégias diante do ‘enigma das redes’, do monstro da manipulação, mas abandonando antigas posturas que não mais o afugentam.
A iniciativa tem de partir de cima. Os dois primeiros mandatos de Lula (2003-2066 e 2007-2010) não se deram sob a égide do imediatismo das redes sociais, que a tudo inflamam e imediatam,
possibilitando alastramento célere de narrativas distorcidas acerca de todo e qualquer assunto.
Lula tem que tomar a iniciativa, não só de ouvir críticas mas de convocar o debate, precisa se atualizar diante da velocidade que os tempos atuais impõem, e inovar em assessoria, ouvir antecipadamente antes de agir e falar.
Antes que retumbem os coros que a Lula elegem como oráculo sagrado e intocável, lembremos que ele próprio já assim o fez, em 2002, quando dificilmente teria sido eleito sem seguir instruções quanto a sua postura, e de gente distante de ser de esquerda, como era Duda Mendonça.
Agora, deve evitar confundir assessoria com amizade, embora essas não se excluam. E não que deva se adequar ou se moldar de acordo como senso comum. Pode e deve se aconselhar não só com amigos e aliados, e também com assessores, desde que tenham a postura recomendada pela saudosa companheira Maria da Conceição Tavares, que em Lula antevia ‘um gênio do povo’ e ‘o homem mais inteligente’ que ela conheceu, o que, de fato, ele é.
Fica a sugestão a Lula, de que relembre o perfil de “assessor intempestivo” traçado por Maria da Conceição Tavares, em entrevista ao jornal português Público, quando de seu aniversário de 80 anos:
“Público – Nunca quis ser ministra?
MCT – Não. Não tenho temperamento para ser executiva. Fui deputada porque me pediram.
Público – O Lula nunca a convidou?
MCT – Não. Ele conhece-me, sabe que eu sou pêlo no vento. Eu sou muito mais agressiva do que a Dilma, muito mais. Ela consegue disfarçar a raiva dela, eu não. Quando fico com raiva, fico. Digo na cara das pessoas o que acho. Eu não seria uma boa ministra. Sou uma boa assessora.
Túlio Muniz é professor na Faculdade de Educação-UFC, historiador (graduação e mestrado pela UFC), Dr na área de Sociologia (Un. de Coimbra), Jornalista Profissional. Filiado ao Partido dos Trabalhadores.
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