O subjornalismo e o caso da gravata de Lula, por Luís Nassif

É humilhante para o jornalismo brasileiro a quantidade de irrelevâncias transformadas em pontos centrais de cobertura

O padrão da imprensa ocidental é bem caracterizado. No topo, os jornais referenciais, que tratam apenas de temas relevantes e influenciam diretamente os centros de poder. Seu produto são as matérias de fundo. Em outros países, é um The New York Times, Financial Times.

Abaixo deles, vem os jornais populares, que tratam os temas de forma superficial e sensacionalista,

Finalmente, a imprensa regional, com os temas locais e baseando-se em agências e nos jornais do primeiro time para a convertida nacional.

No Brasil, durante algum tempo, teve-se a pretensão de que a mídia de opinião se desenvolveria de acordo com o modelo The New York Times, já que seria muito pedir que usassem como modelo o Financial Times.

Hoje em dia, o nível de superficialidade é de rede social. A mídia se transformou em um enorme caça-likes. É humilhante para o jornalismo brasileiro a quantidade de irrelevâncias transformadas em pontos centrais de cobertura, seja pela Folha (que extrapola), Globo e Estadão.

O exemplo recente foi a ida de Janja a uma loja de artigos masculinos  para comprar uma gravata para Lula – que teria encontros com as mais altas autoridades de Portugal.

Nenhum leitor de jornal tem a menor ideia sobre as conversas, sobre acordos diplomáticos. A cobertura concentrou-se exclusivamente no fato da primeira dama brasileira ter comprado uma gravata de marca para o presidente brasileiro.

Luis Nassif

22 Comentários

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  1. Globo e jornalões, cultivando a Estupidez, acham que Direita é Miami (sacoleiras, sonegação), Esquerda é 25 de Março. Oh! Os cães!

  2. Concordo. Não ficarei surpreso se os jornazistas mal intencionados da Globo, CNN, Folha, Estadão estejam planejando gravar um peido de Lula para vazar o áudio exigindo um Impeachment.
    “Isso é um absurdo, IMPERDOÁVEL! – dirá o Merval fazendo aquela expressão característica de quem cheirou merda. “O presidente não pode peidar. Lula peidou e merece ser deposto.”

  3. A questão é que o Lula ano passado tentou pregar que a classe média brasileira (que certamente é pobre na maioria dos países) esbanjava blá…blá..blá que tinha duas TVs… aquele conversa de esquerdista…
    Imagina o pobre de classe média* sendo criticado porque com o suor do seu trabalho compra duas TVs… DUAS TVs… Pecado…

  4. A abordagem do Nassif é oportuna para demonstrar o vazio existencial da nossa imprensa copista. Mas nada que não seja peculiar do modo de ser burgês. Afinal o que interessa é a marca da etiqueta e não a qualidade do produto. Haja hipocrisia!

  5. Infelizmente nossa mídia é coordenada por empresários que só enxergam o lucro e as oportunidades de ganharem mais.
    Essa midia já deixou há anos a boa notícia, o que é importante para o país.
    Deturpam, omitem, sonegam e fazem um bbb de baixo calão.

  6. Fui assinante da folha nos idos no século XX e, talvez, nos primeiros 05 anos do sec. XXI. O nível de saturação chegou a tal ponto que não vi outro caminho que romper com a assinatura com esse infeliz Jornalão – digo isso com muita tristeza. Por vezes reiteradas fui procurado para rever meu posicionamento e voltar a assinar com a Folha de São Paulo, mas em todas as oportunidades disse não. Pensativo de minha decisão, por vezes acreditava que haveria modificação na linha editorial, na condução das matérias etc., mas, não, sempre quando a dúvida me afligia, vinha na sequência uma matéria tendenciosa, incentivadora ao golpismo e da maneira mais abjeta possível. Então, não, jamais voltarei a ler a Folha de São Paulo, pois não vale o esforço, embora reconheça o valor de alguns daqueles que ali ainda publicam suas matérias. Isso é muito triste!

  7. A imprensa cada vez menos relevante. Poucos leitores e nenhuma relevância, mas a Folha SP desativada de importância deve caminhar pra ser um jornal típico do esgoto

  8. A imprensa cada vez menos relevante. Poucos leitores e nenhuma relevância, mas a Folha SP desativada de importância deve caminhar pra ser um jornal típico do esgoto

  9. O pior meu caro Nassif é ver muitos da mídia progressista, que seria uma esperança de jornalismo, embarcar nessas mesmas futilidades.

  10. Se eu fosse uma autoridade faria exatamente isso. Fabricaria uma bobagem qualquer pra imprensa ficar discutindo enquanto assuntos sérios são tratados sem ninguém perceber.
    Na copa de 2022, o Ronaldo cortou o cabelo naquele formato ridículo, ele mesmo confessou, para que os jornalistas parassem de perguntar sobre o joelho dele. Deu certíssimo.

  11. O fato é que falta maladragem à Janja.

    E Lula precisa e era c precisam aprender a falar muito menos e só nas horas certas.

    A declaração sobre on dólar , por exemplo, vai custar-nos muito caro…

  12. Também acho, a mídia não precisaria abordar este assunto. Mas, ele seria tema de discussão na rede social da mesma forma. A simbologia do ato é negativa. Tivemos a posse do
    Lula recheada de valores simbólicos (inclusive o belo vestido da Janja bordado no Timbaúba). Aquilo foi épico. Agora a compra de uma gravata na Zegna é todo o reverso. A gravata custou 1 SM (2 Bolsa Famílias). Imagem é tudo. Passamos uma campanha falando dos 30 milhões passando fome, nada mais incoerente que depois de ganharmos, aparecemos comprando na Zegna. Lula tem o direito de usar coisas muito melhores, mas não precisa ter um desgaste desnecessário da imagem. Manda um aspone comprar. Eu no caso dele, se esqueceu a gravata, pediria emprestada de algum Ministro. Foi uma bola fora, tudo que mídia anti Lula deseja.

  13. Não é jornalismo. Há tempos que resealismo. Se sobrar… quem sabe até surja uma reportagem. No mais, ou repetir mantras; ou um copy and past; ou ainda fofoca idiota, que nem pra denegrir se presta.

  14. Jesse Souza explica bem isso. Isto é racismo. Parece estranho, mas sim, é racismo, pelo que o Lula representa. Lula foi tema pois pode viajar p Egito c avião do amigo? Gravata de nome? Vinho no casamento? etc. O pobre andar de avião e transformar aeroporto em rodoviaria? ir ao shopping, etc. etc

  15. Jornalismo, a profissão mais antiga do mundo, apesar da crença que são as “meninas”, as mais antigas profissionais…—diz a lenda que elas aprenderam a vender seus serviços olhando os primeiros jornalistas… Não dá para entender o “amor” do Nassif pelo FT… um lixo disfarçado com perfume francês… a mesma missão de vender versões autorrealizáveis para o deleite do mercado, como qualquer bordel econômico… Na verdade, eu até concordo com a pataquada da mídia em relação ao lula, mas o fato é que ele tem “ajudado” bastante…—idade? não, uma completa e absoluta falta de compreensão que o jogo político hoje tem um fator que antes não existia, e que nem sabemos hoje se é fim ou meio: as redes sociais…—-Somando o fato que lula ainda acredita que dá para ter um capitalismo bonzinho e asseado no sul do sul, algo como uma galinha que tem um tigre por animal de estimação, ou vice-versa…

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