Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, Analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia, 60 anos do golpe: gerações em luta, Memórias e fantasias de um combatente; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

Crítica e autocrítica, tese e antítese, dualidades fundamentais numa democracia juvenil, por Francisco Celso Calmon

Sempre se espera acertos, contudo, temos que tornar normal, como exceção, falhas, se humanos somos.

China, 13.04.2023 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na posse da Presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Crítica e autocrítica, tese e antítese, dualidades fundamentais numa democracia juvenil

por Francisco Celso Calmon

Não façamos marola para Lula não ultrapassar o centro, mas mantemos o contraditório, sem o qual atrofia a democracia e anatematiza a dialética.

Para que o presidente possa gerir com o seu primado compromisso de ser honesto com o povo, é mister ouvir elogios e críticas.

No segundo governo Lula e no atual o presidente já estimulou a necessidade da crítica, das pressões populares, e ele já demonstrou que tem por método excitar e ouvir os contrários para decidir, principalmente em temas mais técnicos.

Graças aos alertas críticos o governo já reviu e está revendo políticas de seus ministros, como a da reforma do ensino médio, assim como alguns nomes de primeiro e segundo escalões, e a luz amarela para os terceiros e quartos níveis ainda sob domínio de bolsonaristas.

A crítica só incomoda àqueles que só apreciam os aplausos. O corre que os aplausos têm valor quando também há a desaprovação, porque a unanimidade é super exceção no mundo dos interesses diferentes, contrários e as vezes antagônicos.

Quando Lula, à guisa de acalentar o Haddad, o protege das críticas à esquerda, fica parecendo que o Ministro está precisando desse escudo do presidente.

Inibir as análises de viés de esquerda não faz parte da boa pedagogia, pode ter o efeito deletério na base, pois passa a fortalecer os militantes do “sim, senhor”, do maniqueísmo, do raciocínio digital, zero ou um, on ou off, e, sem contestação, pode ser levado a sentir-se onipotente.  

Dilma voltou a ter um título de presidenta, está feliz e confiante em bem desempenhar a missão no Banco dos BRICS, contudo, a redenção ao golpe de 2016 ainda não ocorreu. Nem mesmo simbolicamente quando a passagem da faixa deveria ter sido por ela. O significado político seria de um valor transgeracional. A passagem realizada do mosaico social do Brasil foi bonita, emocionante, porém sem transcendência política.

Dilma confirma o exemplo de guerreira que não se abate e está sempre pronta a novos desafios em prol do que acredita.

Como seu companheiro no Colina e na VAR, cada vitória dela é um pouco nossa também, pois fomos de uma geração-68 de luta e somos produtos de uma mesma história. 

Em 2005 foi a militância de esquerda que foi às ruas em defesa do mandato de Lula, quando da sua prisão foi a militância à esquerda que demonstrou força contrária e depois fixou moradia no acampamento Lula livre em Curitiba, em frente à PF, na qual estava encarcerado.

Foram também militantes esquerdistas que agregaram no final da campanha pela reeleição da Dilma e contribuíram para a diferença da vitória.  

É comum fartos elogios para os que almejam cargos, legítima ambição, todavia, as críticas e os elogios dos que não nutrem esses interesses têm um diferencial.

Sempre se espera acertos, contudo, temos que tornar normal, como exceção, falhas, se humanos somos.

Os que mantêm a utopia de um Brasil democrático e de justiça social lutam com as armas da crítica e nas mobilizações do apoio das ruas.

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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