Geddel, o caso de impunidade mais assombroso de nosso tempo, por Janio de Freitas

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Foto: Beto Barata
 
Jornal GGN – Preso nesta semana, Geddel Vieira Lima, um dos aliados mais próximos do presidente Michel Temer, é um dos casos mais assombrosos de impunidade e de imunidade na política nos últimos tempos.
 
A opinião é do jornalista Janio de Freitas, que lembra que Geddel fez parte do escandâlo dos Anões do Orçamento, onde sete deputados caíram em uma CPI, em 1993, com exceção do ex-ministro de Temer. 
 
Para o jornalista, a imunidade conseguida por Geddel na época revela claramente o “compadrio inescrupuloso que rege grande parte das relações e das decisões parlamentares”. 

 
Leia mais abaixo: 
 
Da Folha
 
Geddel é caso de impunidade mais assombroso de nosso tempo
 
Por Janio de Freitas
 
Depois de tudo o que Geddel Vieira Lima fez para ser agora definido como “criminoso em série”, é até afrontoso com o próprio Ministério Público, com a Polícia Federal e a Justiça que sua prisão seja por uma dúzia de telefonemas quase ingênuos.
 
Geddel é o caso de impunidade mais assombroso e de imunidade mais inexplicada na política do nosso tempo. Tem um quarto de século desde que se fez notado em Brasília, como integrante dos “Anões do Orçamento”, sete deputados que adulteravam em seu proveito financeiro o orçamento do país, e em 1993 afinal caíram em uma CPI. Exceto Geddel.
 
A impunidade dada então ao jovem peemedebista expõe bem o compadrio inescrupuloso que rege grande parte das relações e das decisões parlamentares. E está nas raízes do tal “presidencialismo de coalizão”, eufemismo acadêmico para fantasiar o sistema de venda, compra e chantagem que dá ou retira apoio aos governos nas Casas do Congresso.
 
Atolado nas fraudes, Geddel, com sucessivas ataques de desespero e choro, implorou ao líder do PFL Luiz Eduardo Magalhães, seu adversário na Bahia, que o salvasse da cassação. Nas últimas horas anteriores ao relatório do tumultuoso deputado Roberto Magalhães, Luiz Eduardo riscou o nome de Geddel na relação de cassados.
 
Abusado, ameaçador, perverso, Geddel pôde seguir sua vocação, e cresceu nos governos de Fernando Henrique, Lula e Dilma. Com Temer, seu “amigo fraterno”, chegou ao Planalto. Sempre envolvido em casos que não levavam a consequências legais. Antonio Carlos Magalhães, testemunha do enriquecimento de seu adversário estadual, até criou um bordão para propagar os avanços do patrimônio injustificável do deputado: “Geddel vai às compras”.
 
Imune, não admitiu e não deixou de se vingar, ainda que fosse só pela língua maldosa, de qualquer chamado de atenção para sua atividade. Dou o testemunho pessoal de teimoso ex-processado por Geddel. Derrotado, me mandou como emissário um jornalista de Brasília: dispunha-se a viajar ao Rio, porque “queria um entendimento” comigo. Foi assim que desperdicei mais uma boa oportunidade.
 
Aécio Neves não diria o mesmo. Disse outras coisas ao seu gosto e proveito. Por exemplo: “Os R$ 2 milhões [recebidos de Joesley Batista] foram um empréstimo”. Ou: “Fui vítima de uma armadilha engendrada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes”. Logo, Aécio tinha com o “criminoso confesso” uma relação íntima, a ponto de a ele recorrer para um empréstimo alto. Aliás, recebido, embora não como empréstimo, mas como doação pedida.
 
Joesley Batista não participou da construção, contratada e comandada por Aécio Neves, da Cidade Administrativa de Minas, obra de grandeza juscelinista. Não foram necessárias armadilhas para o então governador deixar motivos que hoje, enfim, fundamentam inquérito sobre subornos e comissões auferidas das empreiteiras e fornecedores da Cidade.
 
Até parece coisa de Geddel, mas há 15 anos o caso de Furnas Centrais Elétricas retém as investigações graças a outras celebridades do ramo. Se houve armadilha, foi contra os funcionários e os interesses da empresa. O “criminoso confesso”, que é isso mesmo, não estava nessa. Mas o nome de Aécio Neves aparece ao lado de Eduardo Cunha, em duas apreciáveis condições: bloqueadores das investigações e principais denunciados pelos desvios. Aécio não se referiu ao caso em seu recente discurso de defesa no Senado. É, no entanto, um de seus nove inquéritos. Dois estão com Gilmar Mendes, uma garantia. Dos outros, não se sabe se por estarem na Lava afinal estarão também a Jato. 
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Redação

7 Comentários

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  1. Um conto de fadas

    Caputaram o Geddel, o “carainho” envolvido desde outrora com os anões do orçamento.

    Neves, o íntegro, discursa  com pureza de vestal na floresta de corrupção que é o congresso.

    De longe e de fora meus olhinhos infantis vêem personagens de  um antiquíssimo conto de fadas:

    “Branco de Neves e os sete anões”

  2. E o judiciário?

    Quer dizer que a longa vida de criminalidade impune do Geddel é reveladora apenas do 

    “compadrio inescrupuloso que rege grande parte das relações e das decisões parlamentares”. 

    Ora, será que não tem uma mãozinha do judiciário ajudando aí no coziento desse mingau? Quando é que o judiciário dependeu dos parlamentares para investigar e denunciar crimes?

    O Geddel, como milhares de outros tantos atores abastados, titulares de longas e bem sucedidas carreiras criminosas, não poderia existir sem uma formidável ajuda da ação mediadora e protetora das ma$$onaria$$$ do judiciário e seus penduricalhos, evidentemente. A maioria de notáveis e bem sucedidos criminosos iguais a ele já morreu de velho completamente ilesos ou sendo investigados sobre crimes que acabaram prescrevendo convenientemente para todas as partes.

    Ele iniciou-se nas carreiras da criminalidade antes do Cunha e de tanta gente boa que anda por aí alegre leve e solto e bilionário, beneficiários de pastas erradas, embargos auriculares e tantos outros procedimentos regulares ou peculiares ou extraordinários do elástico rito processual brasileiro.

    http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,geddel-vieira-lima-e-alvo-de-denuncias-desde-os-25-anos,70001875745

  3. Mais assombroso? Que exagero.

    Mais assombroso? Que exagero. Temos inúmeros outros. Lá mesmo, debaixo do nariz dele, seus patrões enviaram dinheiro pra Suiça em pleno confisco do Plano Collor. Isso pra mim é muito mais assombroso.

  4. O Intocável

    Nessif: esse sempre ministro (de MT), mesmo sem pasta (dental?) é poderoso e protegido daquele general conspirador, que comandava o serviçpo de inteligência. O Janio é que inventa essas coisinhas. Bobagerm…

  5. O mestre Janio de Freitas

    O mestre Janio de Freitas mais uma vez se supera,e assina comigo os comentarios da minha lavra,sobre a figura desse “serial killer” da bandidagem,de nome Geddel Vieira Lima.Está aí no alto mais uma prova irrefutavel porque tornei-me o protagonista politico do blog.Todas as pedras cantadas por mim,foram sedimentadas por Janio de Freitas,por PHA,pelo proprio Nassif e quejandos.Sobre Geddel afirmei peremptoriamente,tratar-se de um dos mais cretinos,moleque,cagaçeiro,calhorda,cinico,traiçoeiro,enfim,não existe qualificação para um lombrosiano como Geddel.O pior  canalha que a Bahia produziu em toda a sua historia politica.Do Brasil também.Um psicopata que não contava até tres para eliminar seus inimigos.Nem tinha conhecimento que Janio foi vitima dele.Deve agradecer a Deus por estar vivo.Covarde que é,basta uma puxada de orelhas para cuspir os feijões.Era uma vez ACMNeto,o grampinho,vai leva-lo ao inferno abraçado com ele.

  6. Geddel é o caso de impunidade

    Geddel é o caso de impunidade mais assombroso e de imunidade mais inexplicada na política do nosso tempo.

    Qual tempo falas, Janio?

    E sarney, collor (o caçador de marajás da máfia marinho), mi$hell, cunha, serra, fhc, moreira angorá franco…

    São tantos e tantos na fila de um portentoso paredão que os aguarda.

    Uma epifania, essa, o êxtase, que nosotros aguardamos.

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