Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Infeliz Natal, péssimas festas, um 2017 pior ainda, por Rui Daher

Vamos lá, vamos lá, caros leitores, amadas leitoras, assinantes deste GGN, um dos poucos sobreviventes do jornalismo honesto da Federação de Corporações. Especialmente, quando acessam o BRD, o Blog-Boteco do Rui Daher, Pestana e Nestor (eles exigiram a menção por ainda não terem recebido o 13º). Prometi-lhes pagar em 2017, assim que reformar as cortinas da Redação. Não foi possível precisar o mês.

Cacete, amigos. Nem era para estar aqui, tão mordido pelos pernilongos, que o Fernando não matou, mas que o Dória, conforme me asseguram o fará. Desde que eu mude para Interlagos.

Depois da visita que fiz a um banco chinês, recentemente instalado em São Paulo, a recepção que tive de um dos seus diretores, as obras de arte lá afixadas, histórias que ouvi sobre o Antigo Império do Meio, aumentou a minha certeza de que deveríamos estar lendo, estudando, um pouco mais que fosse, sobre o capitalismo que virá por aí. Temer, Serra e Meirelles dele nem desconfiam. Nem precisam, empanturradas suas panças e bancas por várias gerações.

Um bom início seria ouvir e ler com atenção o que vem dizendo o diplomata brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães, além de economistas, sociólogos, historiadores e colunistas sérios e antenados de publicações internacionais. Como exemplo, sugiro Larry Elliott, do The Guardian, “E se Keynes revivesse”, na edição de 21/12 de CartaCapital.

Antes de começar a escrever este texto, dei uma olhada no Jornal de Todos os Brasis e percebi que o momento institucional e econômico nos remete a um enorme umbigo, não importa se estufadinho ou fundinho. Está aí um determinismo histórico que nunca nos foi dado decidir. Nosso processo de cicatrização, origem dos formatos umbilicais, é lento e gradual, a não ser os dos herdeiros de donos de capitanias hereditárias.

Pensam que apenas hoje em dia aturamos ministros safados, iscafes malandros, índios da Força Sindical, tributaristas malufistas no Trabalho, skinheads na Justiça, Padilhas beócios, que não o personagem genial de Jô Soares, Malafaias, Sérgio “Dorian Gray” Moro, OAS, Odebrecht, PEC 55 – peques e assassines -, e que tais.

Sim, muito tem-se questionando esses párias, pouco diante da desfaçatez golpista e inocente ao não se olhar por uma história que se repete, se repete, se repete, e mais não vou, pois cansativo seria, mas, o pior: continuará a ser.

Não critico ser assim. Eu mesmo, infantilmente, vez ou outra, garro a AK-47 para espalhar bosta espinafrada na situação ou algum de seus atores. Este o Brasil de hoje, onde a Casa-Grande mais uma vez subjugou a Senzala – ambas iniciando em maiúsculas, sim. Nomes próprios de quem vence ou perde.

Lembro-me de Paulo Francis, um dia, reclamando que a nossa arte só tratava da pobreza. Não sabia contar histórias da elite. Hoje sabe, à exclusividade. Quando Luiz Sérgio Person (1936-1976) dirigiu o excelente “São Paulo Sociedade Anônima”, o filme foi considerado de esquerda, embora retratasse a alma da elite brasileira.

Neste ano de 2016 que se vai não fizemos mais, esquerda, direita e matizes, do que continuar aprofundando a desigualdade social do País. Períodos diferentes, sempre foram curtos, incipientes e insuficientes. Hidras com cabecinhas do tamanho de alfinetes para a mira do para-belo de Antônio das Mortes, conforme criado por Glauber.

Nada fizemos, como agora não o faremos, e nem o farão as gerações seguintes. O Acordo para a Desigualdade é massa! Forte, vai desde a economia rentista, com a destruição dos setores produtivos, até a homogeneização da cultura, a resistirem nichos Racionais, negros, feministas, ambientalistas, poucos mais. Não acreditem na força da internet e suas redes digitais. Miscigenaram-se ao ponto de caminharem para a polarização que, ao cabo, reproduzirá a mesma supremacia que já existe na desigualdade de classes.

Quanto ao título, não me desejem o mesmo em dobro. Já os tenho. 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

13 Comentários

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  1. Sugestão para dormir

     

    Já que citou ímpetos infantis, AK-47…Sinto-me compelida a compartilhar um método desenvolvido  por mim de higiene mental. Em vez de contar carneirinho para dormir, imagino que a cabeça de todos os filhos da “outra” envolvidos nas mazelas desse País, estão ao alcance de um fuzil e a responsável SOY YO!!!.

    Meta bala um… meta bala dois…meta bala três…

    Bons sonhos!

    PS. Devo confessar que minha inspiração está nesta maravilha do cancioneiro latino-americano

    https://www.youtube.com/watch?v=v2jf4W5jgjg

  2. Saí para comprar um panetone

    Saí para comprar um panetone para o meu gato, fazer o que, ele gosta, dei de cara com o Espírito Natalino. Como estava sem minha AK-47, também tenho, saquei o VTNC.

    —Meu filho, te entendo, teu desespero é tão grande que está usando um legado coxinha…

    —Coxinha a PQP, eu uso desde antes da epidemia , só que naquela época a chance de se usar era menas.

    —Você notou que o usurpador não tem barba? 

    —Pouco se me dá que ele tenha barba até no …, deixa pra lá, mas o que tem a barba a ver com as calças?

    —Mais atenção, mais atenção, meu filho, você nunca percebeu que tudo depende da barba e da cor ?

    —Barba e cor ? Tem fumado, injetado, cheirado ou o que ?

    —Ho! Ho! Ho!, o pai de todos, qual a cor dele ? E não faz a alegria de todos, com aquela enorme barba branca e carregando um saco de presentes ?

    —E daí, continuo não percebendo o que tem a ver com as calças.

    —Retardadinho, hein !  Alguém viu a pele da face de Jesus Cristo ? Era lisa ? Nada a cobria ? E o seu Sagrado Coração, estampado nas paredes das casas, por acaso é azul-tucano ?

    —Está ficando um pouquinho mais claro, mas…

    —SigFroid, por si só se explica, inconsciente é de um vermelho rutilante e face coberta. 

    —Entendo, entendo, e para mostrar também algum conhecimento traduzindo para o brasileiro complementei: Carlos Marques, nunca escanhoado, cor óbvia, a propriedade é um roubo, proletariado, sei…sei..

    —E saiba, disse-me o Espírito se despedindo, no calendário mitológico universal, que como os chineses têm nome de animais para os anos, 2017 é o ano da Jararaca.

    Terminei minha missão panetone e retornei para casa soliloquiando, só mesmo o Espírito Natalino para vir com essas bobagens. Mas fiquei intrigado, e se ele estiver um pouquinho certo ?

     

     

     

  3. do que precisamos mesmo é de um bom velhinho…

    do tipo que só a presença causa terror e medo

    ou do tipo Jesus te ama, mas eu não

    ou de qualquer outro tipo que já ao mirar começa a sentir o prazer de nunca errar

     

    rs……………………também só seguindo o ímpeto do meta bala…………………..brincando

    1. Errou, xará!

      Crise de abstinência. Compre o livro “Dominó de Botequim” e terá um ano mais divertido. Mas, se não comprar, ainda te desejo muita felicidade e pouco daquele veneno. Abraço.

  4. infeliz….

    Melhor que nunca estivemos, caro sr. Rui. As hipocrisias nacionais reveladas. Anti capitalistas com bolsos e contas (no exterior) abarrotadas. Os Promotores Públicos de SP, que ficaram meses a procurar o dinheiro do Maluf em contas no exterior e nunca acharam,  não encontraram as milhares de contas de pseudo-socialistas. Que não fariam política desta forma, não é mesmo Dona Marta Suplicy? Paris sabe do que falo.  Dossiê Caiman sempre existiu. Só não quiseram revelar. Um defensor d malufismo, dirão. Eu digo, olhe para além do muro. Onde está o país prometido por tantos calhordas. E outros tantos que ainda os defendem. Feliz 2017. Nunca tivemos tanta consciência da realidade. O que faremos dela? abs. 

    1. Zé Sérgio,

      Obrigado pela companhia em 2016. O prisma que vc. aborda é uma realidade a ser considerada. Muita felicidade para você e que continuemos juntos nestas páginas. Abraços

      1. ze…..

        Graças à “paciência” das pessoas que escrevem na imprensa a cada dia aprendemos um pouco mais. Poucas escrevem sobre o Brasil. Escrevem e conhecem daquilo que informam. Persevere. Fale mais de Piedade/SP. Lugar fantástico de mata, águas, plantações, Serra do Mar, morangos, caquis, carás, inhames, cebolas, gengibres… Tão perto dos paulistas e paulistanos e tão longe do seu conhecimento. É uma síntese daquilo que o sr,. escreve sobre o país. Tão perto de todos e na realidade pouquissimos o conhecem. O livro ainda aguarda o autografo. Quem sabe em alguma palestra pela região. Ótimo 2017 que construiremos. abs.   

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