ONU denuncia esforços de Israel para inviabilizar ajuda humanitária em Gaza

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Ações acontecem na esteira da acusação de Israel contra funcionários da UNRWA, mas, até hoje, provas concretas não foram apresentadas e ajuda para os palestinos está em xeque

Norte da Faixa de Gaza reduzida a escombros. | Foto: Flickr/ONU

Um documento enviado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, a UNRWA, ao presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis, denuncia uma série de ações de Israel na “tentativa deliberada de inviabilizar o socorro humanitário” a 2,2 milhões de civis na Faixa Gaza.

A carta assinada pelo chefe da UNRWA, o suíço Philippe Lazzarini, em 22 de fevereiro, lista uma série de medidas adotadas por Israel contra a agência há um mês, como a limitação de vistos a funcionários internacionais, desalojamento de sedes históricas, contas bloqueadas e até o confisco de mercadorias pela aduaneira. O documento foi obtido pelo jornalista brasileiro, Jamil Chade, colunista do Uol.

As ações acontecem na esteira do anúncio feito há um mês pelo governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que havia descoberto que 12 dos 13 mil funcionários da agência tinham participado de alguma forma dos ataques do Hamas, em outubro, que desencadearam no conflito em Gaza.

Após a “denúncia” veio o primeiro golpe contra a UNRWA: doadores globais suspenderam suas contribuições. A ONU, então, abriu investigações e demitiu os funcionários acusados, mas informou nesta semana que o governo de Israel ainda não apresentou todas provas de suas acusações.

Na carta, a agência denuncia que “houve um esforço conjunto de algumas autoridades israelenses para confundir enganosamente a UNRWA com o Hamas, para interromper as operações da UNRWA e para pedir o desmantelamento da Agência“.

O governo de Israel defende que a UNRWA deve ser fechada e que uma nova operação deveria ser estabelecida. Mas, para membros de equipes humanitárias, apenas a UNRWA teria a capacidade, competência e capilaridade para chegar aos 2,2 milhões de palestinos que precisam de ajuda.

Essas são algumas das acusações da ONU contra Israel, informadas por Jamil Chade:

  • A Autoridade Fundiária Israelense exigiu que a UNRWA desocupasse seu Centro de Treinamento Vocacional de Kalandia em Jerusalém Oriental, cedido pela Jordânia em 1952), e que pague uma “taxa de uso” de mais de US$ 4,5 milhões.
  • O vice-prefeito de Jerusalém tomou medidas para expulsar a UNRWA de sua sede que ocupava há sete décadas, em Jerusalém Oriental.
  • Os vistos para a maioria dos funcionários internacionais, inclusive os de Gaza, foram limitados a um ou dois meses.
  • O Ministro da Fazenda de Israel declarou que revogará os privilégios de isenção fiscal da UNRWA.
  • As autoridades alfandegárias suspenderam o envio de mercadorias da UNRWA. Segundo a Unicef, por exemplo, mais de mil crianças foram alvos de amputações, muitas delas sem anestesia, já que os produtos foram barrados na fronteira.
  • Um banco israelense bloqueou uma conta da UNRWA.
  • Um projeto de lei foi apresentado no Knesset para excluir a UNRWA dos privilégios e imunidades da ONU
  • Um segundo projeto de lei tenta impedir qualquer atividade da UNRWA em território israelense, o que limitaria o atendimento aos palestinos em Jerusalém e, eventualmente, em Gaza.

Essas ações e declarações prejudicam as operações da UNRWA, criam riscos à segurança da equipe e obstruem o mandato da Assembleia Geral da Agência“, disse o chefe da UNRWA. “Temo que estejamos à beira de um desastre monumental com graves implicações para a paz regional, a segurança e os direitos humanos“, alertou.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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