
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Luís Nassif, sobre os novos projetos e parcerias que integram a nova política industrial do país, que visam aprimorar processos e sistemas de licenciamento ambiental a fim de impulsionar a sustentabilidade e destravar investimento no setor produtivo. A conversa foi transmitida na TVGGN 20h, desta quinta-feira (10), no Youtube.
Em meio ao desmonte das Agências reguladoras nos últimos anos, por falta de pessoal e de estrutura, Capelli destacou uma nova parceria da ABDI com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), chamado “Destrava Brasil”.
“Esse é um apoio que nós estamos dando às agências reguladoras, que foram desmontadas, estavam sem pessoal, sem sistemas, sem apoio tecnológico. Nós assinamos um acordo com a Agência Nacional de Mineração [ANM], com o Ibama e estamos em vias de assinar com a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], para que a gente possa apoiá-los na modernização da gestão e fluxo processo e também na modernização de sistemas”, contou.
“Neste apoio está previsto a modernização dos sistemas. “Nós estamos contratando, por exemplo, um software para integração de sistemas e para aplicação de inteligência artificial na análise dos processos, na parte burocrática de certidões, documentações, conformidade básica, deixando pro técnico – no final – somente a análise de mérito, com toda a parte processual pronta. Nesse momento, nós estamos licitando esse software de inteligência artificial para ANM, para ter mais flexibilidade, mais rapidez“, explicou Cappelli.
Segundo ele, ação “é importante porque, por exemplo, a companhia Vale tem hoje R$ 350 bilhões em investimentos privados aguardando parecer e análise do Ibama”, disse. “Quer dizer que a gente tem trilhões de reais de investimentos privados que hoje estão travados no gargalo regulatório do Brasil. Nós estamos vendo a situação fiscal do Brasil e nós não vamos dar um grande salto só via orçamento público, precisamos destravar investimento privado e para isso a agilidade e modernização das Agências é muito importante”, ressaltou.
O presidente da ABDI ainda fez uma provocação para a própria população, com obejtivo de ilustrar a necessidade da política industrial. “Tem muita gente que ainda questiona a necessidade de ter política industrial, do por quê o Brasil precisar fazer política industrial, muita gente acha que basta o país ter políticas universais, de saúde, de ambiente regulatório, que por si só a indústria vai em frente, mas o que a gente vê no mundo inteiro não é isso. O que estamos vendo no mundo inteiro é todos apostando em políticas industriais com toda força”, pontou.
Capelli ainda explicou sobre a influência da independência da ABDI para impulsionar todo trabalho necessário. “Fazemos parte de um sistema que é composto pelo Sebrai e Apex, e a ABDI é uma instituição de direito privado, que recebe uma parcela de recursos do CIDE [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico]. Nós temos orçamento próprio e não estamos dentro da programação orçamentária do Governo Federal. Temos recursos garantidos e muito mais flexibilidade”, completou.
Nova Indústria Brasil
Hoje, um dos grandes trabalhos da ABDI é o monitoramento da iniciativa do Nova Indústria Brasil, lançada pelo governo do presidente Lula (PT).
“A ABDI foi criada em 2005 para ser um centro de pensamento de formulação, de elaboração, de monitoramento da política industrial no Brasil. Ao longo desses 19 anos, a Agência teve altos e baixos e viveu um momento difícil nos últimos 7 anos, porque o Brasil ficou sem política industrial. Como você tem uma agência de desenvolvimento industrial se o país abriu mão da política industrial e foi para uma linha neoliberal de destruição da indústria brasileira? Agora estamos retomando esse papel da Agência e o Brasil voltou a ter política Industrial”, afirmou Cappelli.
“O presidente Lula, com o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros, lançaram a Nova Indústria Brasil, que reúne um conjunto de programas, desde crédito através do Plano Mais Produção, até incentivos à transição energética, investimentos em P&D [Pesquisa e Desenvolvimento], para a construção de novas rotas tecnológicas, para os automóveis como o programa Mobilidade Verde. Há um conjunto de políticas industriais em curso, a partir dessas missões que norteiam a Nova Indústria Brasil e é dentro disso que a ABDI está inserida“, prosseguiu.
“Estamos construindo nesse momento na Agência, em parceria com a CNI [Confederação Nacional da Indústria], com a FIESP [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] e outros, todo o monitoramento da Nova Indústria Brasil, de todos esses programas, como o Brasil Mais Produtivo, que é voltado para a pequena e microempresa, para que a gente possa validar a necessidade, a eficácia da política industrial e para que a gente possa fazer a avaliação de impacto de resultado dessa política (…) Enfim, esse monitoramento é muito importante e em função disso: que ele ajuda a nortear e a fazer a validação da política”, completou.
Assista a entrevista na íntegra a partir dos 39 minutos e 54 segundos:
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