Acusado de ser o mentor da morte de Marielle coloca apadrinhado na chefia da TV Alerj

Ex-assistente que virou chefe da TV Alerj chegou a usar como foto de capa no Facebook imagem onde aparece abraçado com o acusado de ser o mandante da morte de Marielle

Jornal GGN – O conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão é apontado como padrinho político de Luciano Silva de Souza, ex-assistente de câmera que virou chefe da TV Alerj, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A informação é de reportagem da Folha de S.Paulo.

Nas redes sociais de Luciano, os dois apareceram juntos em diversas publicações. Uma das fotos, onde eles aparecem abraçados, chegou a ser usada como capa de perfil do Facebook do ex-assistente de Câmara.

A reportagem conta que entrou em contato com Luciano para saber mais a respeito da amizade e da indicação para o cargo de chefe da TV Alerj. Ele negou que os dois sejam amigos e até apagou das redes sociais imagens que mostravam sua relação com Brazão.

O conselheiro afastado do TCE-RJ aparece entre os cinco suspeitos de fraudar a investigação sobre o assassinato na vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, denunciados por Raquel Dodge ao Superior Tribunal de Justiça, no seu último dia no cargo de procuradora-geral da República.

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Dodge aponta Brazão como possível mandante do duplo homicídio, cujos executores já foram identificados e respondem no inquérito: o PM reformado Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio de Queiroz.

A reportagem da Folha aponta que seu apadrinhado político, Luciano Silva de Souza, foi nomeado ao cargo de chefe da TV Alerj em fevereiro deste ano, onde passou a gerir um contrato de cerca de R$ 800 mil mensais com a empresa terceirizada Digilab. Souza levou para trabalhar com ele 12 amigos, entre eles estão colaboradores da família Brazão.

No ano passado, Luciano trabalhou na campanha eleitoral de alguns políticos em contratos que somaram R$ 542 mil. O principal cliente foi o PSL do Rio, partido que pagou R$ 183 mil pelos serviços da Publitake, empresa que está no nome do irmão e de um sobrinho de Luciano.

Do comitê de campanha do hoje senador Flávio Bolsonaro, a Publitake recebeu R$ 30 mil. A empresa também prestou serviços contabilizados em R$ 70 mil para a campanha do governador Wilson Witzel (PSC).

A Folha apurou que a Publitake está registrada em um endereço de um condomínio clandestino no bairro de Bangu. E ainda que, nas redes sociais, Luciano citava como nome da produtora que prestou serviços ao PSL não a Publitake mas a Take Filmes, empresa da qual era sócio e que foi considerada inepta pela Receita Federal. O seu sócio na Take Filmes, Anderson William Pimentel Juca, está entre os 12 amigos que levou para a equipe na TV Alerj.

O canal público está prestes a migrar para o canal aberto, por conta disso, a Alerj prepara uma nova licitação para ampliar o custo do contrato dos R$ 800 mil mensais para R$ 1,3 milhão ao mês (cerca de R$ 16 milhões/ano).

À reportagem da Folha, Luciano disse que conquistou o cargo na chefia da TV Alerj depois de entregar seu currículo ao presidente da Assembleia, o deputado estadual André Ceciliano (PT).

“Levei meu currículo. Abordei o presidente na escada no dia da posse. Ele falou: ‘Traz o currículo e deixa aqui’. Não levei fé. É um monte de pedido, né? Graças a Deus aí, é currículo legal, e o presidente deu uma oportunidade de fazer esse sonho virar realidade”, disse Luciano, que iniciou a carreira como office boy em uma produtora, chegando a câmera e editor de imagens em algumas emissoras de TV.

Em nota, Ceciliano confirmou que a nomeação de Souza se baseou em critérios técnicos: “Ele tem passagens por várias emissoras de TVs do Rio de Janeiro, começando há mais de 20 anos como assistente de câmera, repórter cinematográfico e editor de vídeo”.

*Clique aqui para ler a reportagem da Folha na íntegra

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Redação

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