Candidata a vice-prefeita de João Pessoa, Amanda Rodrigues, denuncia presença do crime organizado na disputa municipal 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Amanda Rodrigues comenta com exclusividade ao GGN a prisão da primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, suspeita de aliciamento violento de eleitores; confira

Vice-prefeita de João Pessoa pelo PT, Amanda Rodrigues. | Imagem: TV GGN

A candidata a vice-prefeita de João Pessoa pelo PT, Amanda Rodrigues, fala com exclusividade ao jornalista Luís Nassif sobre o pânico instaurado na campanha eleitoral municipal, limitada por ações criminosas, com suposta participação de políticos em conluio com crime organizado, em bairros periféricos na capital da Paraíba. [Assista a entrevista na íntegra no final da reportagem].

Na manhã deste sábado, a atual primeira-dama da cidade, Lauremília Lucena, foi presa pela Polícia Federal (PF), na 3ª fase da Operação Território Livre, que investiga o aliciamento violento de eleitores e organização criminosa na disputa municipal. 

A esposa do prefeito da cidade, Cícero Lucena (Progressistas), que busca a reeleição, é suspeita de indicar pessoas para cargos na Prefeitura, em troca de acesso a bairros periféricos da capital. Para isso, Lauremília teria contatos com pessoas ligadas ao crime organizado que detém o controle dessas áreas.

Aqui na Paraíba, especificamente em João Pessoa e na região metropolitana, está bem complicado por conta dessa associação com o crime organizado. Nós que estamos fazendo campanha, tivemos durante esse curto período de eleição várias atividades de campanhas canceladas. Não podemos entrar nas comunidades; quando insistimos e entramos a população não pode falar conosco; por vezes as reuniões são canceladas porque esses moradores não podem receber outros candidatos em suas casas“, conta Amanda, na TVGGN

As digitais da família Lucena no esquema

No último dia 19, na 2º fase da Operação Território Livre, a PF também prendeu a vereadora Raíssa Lacerda (PSB), então candidata à reeleição, suspeita de integrar o esquema criminoso para coagir moradores a votarem em determinados candidatos.

Este último fato, implica ainda a filha de Cícero e Lauremília, a secretária de Saúde da cidade, Janine Lucena, que passou a ser investigada por suposto elo com lideranças da facção Okaida. Essa apuração, no entanto, é de outra Operação, a Mandare, também da PF.

Amanda relembra que à época foram encontradas conversas da filha do prefeito com um preso do Sistema Penitenciário da Paraíba. As mensagens, divulgadas pelo portal Uol, ilustram esse suposto acordo de troca de cargos na administração pública por acesso aos bairros comandados pelo crime.

A filha do Prefeito naquela conversa deixava claro que tinha cumprido esse combinado (…) É muito grave esse fato porque, há cerca de 20 dias, o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] chamou os candidatos para uma uma conversa,  onde dizia que as eleições eram limpas e que não havia necessidade de trazer as tropas federais para João Pessoa”, prossegue Amanda. 

A atuação do Judiciário estadual

Em relação a esta reunião, a candidata a vice destaca que o TRE “endossou todos esses abusos”, uma vez que afirmou que esses fatos eram “isolados” e que a corrida eleitoral seguia de forma tranquila. Contudo, posteriormente, essas prisões foram feitas pela PF. 

O próprio governador do estado João Azevêdo disse era ‘mimimi’, conversa fiada o que estava acontecendo, que não era verdade, porque nós enquanto cidadãos juntamos as candidaturas e fizemos uma coletiva para chamar a atenção da imprensa pedindo eleições limpas”, declara. 

Amanda é esposa do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PT), vítima de lawfare pelo Judiciário estadual. Hoje as operações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal. A Justiça estadual concedeu os pedidos de prisão e de busca e apreensão, mas eles retiraram o nosso grupo da política através daquela Operação Calvário, que foi abusiva e que todas as decisões aqui da Paraíba foram derrubadas pelos Tribunais Superiores. Mas retiram o nosso grupo da política e o Cícero Lucena retorna cometendo todos os ilícitos – que já cometia em outra hora”, alerta.

Segundo a candidata, é necessário que a Justiça haja inclusive para barrar a continuidade desses suspeitos no Executivo municipal. “O Ministério Público Eleitoral deveria pedir a cassação do registro de candidatura do atual prefeito. Isso tudo está acontecendo nas suas ‘barbas’, na sua gestão. É a sua esposa envolvida, é a sua filha envolvida, é a secretária da sua gestão envolvida, e não sou eu que estou dizendo isso”, afirma.

Assista a entrevista na íntegra:

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